Um ano de muitos problemas internos e conturbação política, até com troca de presidente no Vasco, terminaram com o rebaixamento à Série B. Precisando de muitos resultados para permanecer na elite, a equipe cruzmaltina nem sequer se ajudou, pois perdeu para o Vitória por 2 a 0, em São Januário, diante da torcida, que fez a sua parte, e apoiou o Gigante da Colina, mas não foi o suficiente. O choro de Pedrinho simbolizou bem a tristeza que se abateu no estádio vascaíno.
Mas verdade que nenhum resultado ajudaria a salvar o Vasco da degola, já que o Atlético-PR venceu o Flamengo, o Náutico empatou com o Santos e, mesmo o Figueirense, igualmente rebaixado, superou o Inter.
O Vitória encerra a competição na 10ª posição, com 49 pontos, honrosa para um time que voltou a figurar na elite do futebol brasileiro neste ano e jamais foi ameaçado pelo rebaixamento. Ao longo do campeonato, o Rubro-Negro chegou a brigar por vaga na Libertadores, mas caiu de rendimento no segundo turno e ficou apenas com a classificação para a Copa Sul-Americana no fim das contas.
Com espaço dado pela zaga do Vasco, o Vitória começou o jogo pressionando especialmente pelo lado direito com o lateral Wallace. Mas a torcida não se deixou abater, gritando sem parar para apoiar o time cruzmaltino e, aos cinco minutos, Edmundo começou a se irritar com o arbitragem quando uma levava a bola pela direita, foi derrubado, mas nada foi marcado. A primeira boa chance vascaína aconteceu aos oito, quando Madson cobrou falta pela direita, a zaga não afastou bem e a bola sobrou para Alex Teixeira soltar o pé para defesa segura do goleiro Gléguer. No minuto seguinte, Matheus arriscou de longe e errou o alvo.
O Vitória voltou a se animar aos dez minutos quando Jackson percebeu a penetração de Leandro Domingues. O camisa 10 chegou chutando, mas, desta vez, mandou por cima da meta defendida por Rafael. A postura ofensiva dos baianos proporcionou um contra-ataque aos donos da casa aos 14. Edmundo lançou Alex Teixeira, mas Leonardo Silva estava atento, desviou e Gléguer afastou de vez o perigo com os pés.
Neste momento, o Atlético-PR abriu o placar diante do Flamengo, em Curitiba, resultado que não favorecia o Vasco, e, por isso, não foi mostrado no placar eletrônico de São Januário. Mesmo aparentemente sem saber da má notícia, o time vascaíno parecia nervoso, tanto que Odvan levou um cartão amarelo sem a bola estar em jogo por empurrar repetidamente um adversário antes do escanteio ser cobrado.
Aos 22, o grito de gol quase ecoou em São Januário. Madson mandou uma bomba, Edmundo, em posição de impedimento, apareceu na cara de Gléguer, que espalmou nos pés de Matheus. O meia fez o gol, que foi invalidado devido à posição irregular do Animal. A rede foi balançada dois minutos depois, mas não do jeito que a torcida cruzmaltina imaginava. Marquinhos tocou para Leandro Domingues entrar livre na área e vencer o goleiro para fazer 1 a 0 a favor dos visitantes.
O Vasco não se ajudava, mas o Inter bem que fazia sua parte ao inaugurar o placar contra o Figueirense. Na Arena da Baixada, no entanto, o Atlético-PR aumentava a vantagem sobre o Flamengo para 2 a 0. Em São Januário, quem seguia melhor era a equipe baiana. Leandro Domingues desequilibrou em dois lances. Aos 29, o meia aplicou um drible da vaca em Odvan, mas adiantou demais a bola, e , aos 31, em cobrança de escanteio, Leonardo Silva deu uma cabeçada que passou raspando.
Sem tranqüilidade para criar bons lances, a saída encontrada por Madson, aos 39, foi arriscar de longe e o chute passou bem perto. O Vitória segurava o resultado, enquanto o placar se movimentava no Paraná. O Fla reagiu, mas o Furacão também marcou e o placar de 3 a 2 para o time da casa ainda não adiantava para o Vasco. Com apenas um resultado a seu favor, precisando de vitória do Santos, que empatava sem gols, ou do Fla, que perdia, o Gigante da Colina deixou o campo com a torcida em silêncio com um incentivo no placar eletrônico: “Vascaínos, vamos virar esse jogo. Aplauda e incentive o nosso time”.
A torcida voltou para o segundo tempo com ainda mais ânimo e o Vasco também. Gléguer apareceu bem em dois lances fazendo uma bela defesa na cabeçada de Leandro Amaral aos cinco, e pegando firme um chute de Madson no minutos seguinte. Aos sete, a bola desviada na zaga quase entrou na própria rede do Vitória. Só dava Vasco e Odvan tentou alcançar bola pelo alto que sobraria para Leandro Amaral cara a cara com o goleiro. Aos dez, Edmundo recebeu de Leandro Amaral, penetrou na área rubro-negra e bateu cruzado sem direção.
O Vasco seguia pressionando mesmo sem os resultados ajudarem, pois o Atlético-PR vencia e o Náutico segurava o empate contra o Santos. O único resultado favorável acontecia em Florianópolis, pois, mesmo o Figueirense empatando diante do Inter, a vitória vascaína bastava para ultrapassar o rival catarinense.
Aos 15, Madson bateu falta e Gléguer brilhou novamente com mais uma defesaça. O ritmo alucinante do início da segunda etapa foi diminuindo quando o Figueirense virou diante do Inter para 3 a 1 com dois gols seguidos. Neste momento, nenhum resultado ajudava o time cruzmaltino a se salvar, incluindo o do próprio Vasco.
Jorge Luiz perdeu mais uma chance pelo alto, aos 28, mas, logo depois, o Vitória aproveitou o desespero do rival para fazer o segundo gol. Ricardinho fez boa jogada dentro da área e tocou na saída de Rafael. Adriano entrou de carrinho para colocar 2 a 0 no placar. Pedrinho não segurou a emoção e foi às lágrimas no banco se reservas. A torcida também já incrédula começou a deixar São Januário. Sob os gritos de “Não é humilhação, o Vasco é tradição”, a torcida”, os cruzmaltinos aparentemente se conformaram com o rebaixamento.
Leandro Domingues ainda ameaçou o gol cruzmaltino aos 37 minutos, mas Rafael fez a defesa. Já em clima, o Vasco tentava desordenadamente diminuir a vantagem dos visitantes. Mas não havia organização para virada ou para qualquer tipo de reação. A tristeza estava na face de cada vascaíno, que acreditou até o último minuto na virada. A virada, no entanto, só começa em 2009, quando o time cruzmaltino vai buscar retornar ao seu lugar de direito: a Série A do Brasileirão.
Zeca Soares, nesses meus trinta e tantos anos nunca imaginei ver o nosso Vasco da Gama disputando uma segunda divisão. Contudo, no decorrer deste campeonato, com toda a serenidade que a idade nos oportuniza, duas situações ficaram evidentes: o Vasco dificilmente escaparia do descenso – dada a fragilidade técnica do grupo de jogadores – e o maior responsável disso seria, também jamais esperei dizer isso, o nosso ídolo maior, e, desde junho deste ano, presidente do clube: Roberto Dinamite. Da deficiência da equipe todos sabiam, somente era num nível mais profundo do que o de anos recentes. Quanto a Roberto Dinamite – repito: lamento em dizer isso – foi o artífice dessa tragédia anunciada, a partir de sua completa incapacidade administrativa e ausência de determinação e comando, demonstradas na condução do futebol cruzmaltino. Somente vou relembrar alguns episódios: indica para diretor de futebol do clube um certo senhor “Neca”, empresário do ramo de supermercados que, além de não ser profissional da área, dizia-se afastado há vários anos da cena futebolística – qualquer clube mediano do Brasil tem um profissional experiente dirigindo o departamento de futebol; deixou no comando do time, por várias rodadas, Antônio Lopes, um técnico absolutamente ultrapassado – compare com os técnicos de Botafogo, Flamengo e Fluminense, é uma piada – , que nunca esteve entre os melhores profissionais da área, e pior de tudo: homem de confiança de Eurico Miranda. Roberto somente o demitiu quando a situação era insustentável. Se tivesse comando, e Lopes dignidade, era o primeiro a sair, no momento da ascensão da nova diretoria; Roberto tirou Lopes, e consegui ser mais patético, chamou o amigo Tita – foi um bom jogador – mas que como técnico o maior time que tinha dirigido foi o Remo (PA); Para o lugar de Tita, não melhorou, chamou Renato Gaúcho, “técnico”, – se é que se pode designá-lo assim – inexperiente para remover um clube, com elenco deficiente, de uma zona de rebaixamento. Na realidade Renato é um grande parceiro/chapa de vários jogadores, e sua figura não inspira a mínima confiança e autoridade – nunca será um profissional reconhecido da área; Para solucionar problemas do elenco contratou atletas veteranos, como Odvan e Pedrinho, que apesar do vínculo afetivo com o clube, jamais poderiam estar disputando uma série “A” ou “B” do brasileiro – talvez a série “C” – eles teriam vaga no time do Sampaio deste ano? Duvido muito; Nessa situação alucinada de desespero, o que Dinamite deveria ter feito – a exemplo de que tantos dirigentes do futebol maranhense já fizeram, vide este ano o exemplo de Sérgio Frota no Sampaio – era arrumar recursos, seja inclusive com empréstimos particulares e contratar uns três ou quatro jogadores de um nível razoável, que certamente evitariam a queda para a segundona. Agora é muito fácil a torcida – dirigida pela maioria da imprensa – imputar culpa de tudo a Eurico Miranda. Miranda, durante vários anos deu diversos títulos ao Vasco, seu erro foi não saber a hora de sair de cena e deixar sua gestão se degenerar, assumindo tonalidades de corrupção, patrimonialismo e autoritarismo. Se Roberto não tinha projeto, que somente ficasse bradando como opositor e legislador – ajudaria muito mais. Se fosse um administrador capaz e correto, não ficaria somente reclamando da gestão anterior a cada novo problema ou nova dívida que emergisse. Que ele e sua equipe consigam uma melhor performance em 2010. Agora é hora de planejar e trabalhar para os próximos anos, implantando o profissionalismo e esquecendo o amadorismo. Saudações, Eden Jr.