O Rio Branco vai pagar o preço, literalmente, de estar distante do centro do futebol num país de dimensões continentais. A equipe acreana fará apenas sete viagens (de ida e volta) durante o octogonal decisivo da Série C do Brasileirão, mas a distância percorrida cobre uma volta ao mundo (calculada em 40 mil quilômetros) – e ainda sobra o suficiente para uma ida de São Paulo à Alemanha.
Para jogar em Pelotas (RS), Campina Grande (PB), Campinas (SP), Aracaju (SE), Goiânia (GO), Belém (PA) e Duque de Caxias (RJ), o Rio Branco vai viajar aproximadamente 52,4 mil quilômetros. Em todo o Campeonato Espanhol, por exemplo, o Mallorca – que fica numa ilha ao leste da parte continental – percorre 29 mil quilômetros.
O custo dessa maratona acreana, claro, não é baixo. Se um torcedor quiser acompanhar o time por conta própria, vai desembolsar mais de R$ 11 mil só em passagens. A sorte do Estrelão, como é chamado o Rio Branco, é contar com uma ajudinha do governo do Acre.
Passagens com 50% de desconto
O clube recebeu R$ 100 mil em cada uma das três fases já disputadas na Série C. Para o octogonal, ganhará mais R$ 200 mil. E um membro do governo acreano entrou em contato com uma companhia aérea, que fez um desconto de 50% para todos os trechos a serem percorridos pela delegação. Os gastos serão de R$ 220 mil, no total.
– Nossa receita não cobre os gastos. O que temos é um patrocínio de R$ 130 mil ao mês, mais o aluguel de umas lojas, que nos dá R$ 30 mil – explica o presidente Natal Xavier, empolgado com a fase do Estrelão. – É o melhor momento do clube. Mas o Rio Branco já esteve na Série B, é bom que se diga.
Lá se vão 17 anos desde a última participação acreana na Segundona do Campeonato Brasileiro. Em 1991, o Rio Branco ficou em 60º lugar entre os 64 participantes. O rival Independência ficou em último. No ano anterior, o Estrelão terminara na 19ª colocação entre 24 competidores.
Nesse período, apenas outros quatro estados não passaram pela Série B: Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins. São justamente esses os únicos que estão abaixo do Acre no ranking da CBF por estados. Na lista por equipes, o Rio Branco ocupa a 91ª posição.
Apesar da pouca expressão do futebol acreano, o time não chega como azarão ao octogonal decisivo da Série C. O Estrelão, que ganhou seis dos últimos sete estaduais, tem o melhor aproveitamento entre os oito finalistas: 72,9% (11 vitórias, dois empates e três derrotas). Em casa, venceu os oito jogos.
Nas duas primeiras fases, o Rio Branco fez e levou muitos gols: foram 33 marcados e 23 sofridos em dez partidas. Nos seis jogos da terceira fase, a defesa se acertou, levando só três gols. Em compensação, o ataque diminuiu seu índice, marcando nove vezes.
Histórias do Estrelão
O Rio Branco esteve envolvido em dois episódios pitorescos, um deles neste ano. Há um mês, o meia Rossine desfalcou o time contra o Luverdense pois não conseguiu embarcar no vôo com a delegação. O motivo: havia sido expulso do avião pelos comissários de bordo por provocar tumulto, supostamente embriagado.
Em 1997, a confusão foi causada pelo goleiro Valtemir, no Maracanã. Revoltado com o árbitro Cléver Gonçalves numa partida contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, partiu para cima dele e o agrediu com chute e socos. O Rio Branco, que vencera por 2 a 1 em casa, terminou goleado por 5 a 1 no Rio de Janeiro.
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