A atuação de um suposto golpista do Maranhão pode ser a ponta de um grande esquema que visa lesar financeiramente clubes que disputam competições oficiais da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).O golpe foi descoberto e confirmado, na noite de segunda-feira e tarde desta terça-feira, pela reportagem da Rádio Santamariense.
O alerta vai para dirigentes de pequenos clubes do País que buscam um lugar ao sol no futebol brasileiro.
Numa conversa telefônica gravada com o suposto golpista, o radialista Alexandre de Grandi se passou por integrante da diretoria do Inter-SM e negociou com um indivíduo, de sotaque nordestino, identificado como Vladir Barreto Pontual, a compra de documentos que comprovariam a escalação irregular de um jogador da equipe do Engenheiro Beltrão, na estréia com derrota do Inter-SM na Série C do Campeonato Brasileiro.
“Eu quero deixar bem claro que eu não quero nenhum centavo de vocês. Minha fonte pediu para que eu fizesse um levantamento da ficha do Engenheiro Beltrão, que venceu o Inter-SM por 1 a 0. Então eu passei para ele a ficha técnica, e ele (fonte), me disse: temos uma irregularidade. E nós constatamos mesmo um atleta irregular. A rescisão dele com um clube maranhense teria acontecido no dia 04/07, o que configuraria atuação irregular pelo Engenheiro Beltrão contra o Inter-SM no dia 05/07”, afirma Vladir.
De posse dos documentos, a diretoria do clube poderia pleitear os três pontos conquistados pelo time paranaense, o que colocaria a equipe do técnico Paulo Porto em primeiro lugar na chave 15 da competição.
Ao que tudo indica, se trata de um golpe, que estaria sendo aplicado, pelo menos, desde 2003.
A primeira vítima do suposto golpista, ao que se tem notícia, foi a equipe do Rio Branco Futebol Clube, do Acre, que disputava a Copa do Brasil.
O clube foi lesado em R$ 400,00, sob a promessa de receber documentos que comprovariam a escalação irregular de um atleta da equipe do CFA.
O próprio presidente do Rio Branco, Natalino Xavier da Silveira, em entrevista, nesta terça-feira, para a Rádio Santamariense, confirmou o golpe.
“Realmente aconteceu esse golpe. Um cara ligou para cá e disse que tinha jogador irregular. Ai fizemos um depósito na conta dele, que depois sumiu e nunca nos mandou a documentação prometida”, garante.
O Rio Branco nunca viu a cor dos documentos pelo qual pagou.
“É golpe, é golpe. Alimenta-o, e faz ficar esperando no banco o depósito. Outra coisa, encaminha o caso para a Polícia Federal, para que eles o prendam ainda dentro do banco”, incentiva.
O episódio envolvendo o jogo Inter-SM e Engenheiro Beltrão chegou ao conhecimento do delegado Carlos Alberto Dias Gonçalves, do 3 Distrito Policial (DP), que deslocou três investigadores até a sede da Rádio Santamariense. Durante uma hora e meia, os policiais, o presidente e o vice de futebol do Inter-SM, Carlos Rempel e Vilmar Tâmbara, analisaram, na tarde desta terça-feira, as gravações.
Após conferirem as provas, os investigadores informaram que irão solicitar as quebras dos sigilos bancário e telefônico do suspeito, bem como representar pela prisão preventiva do indivíduo, que deverá responder por estelionato, conforme explicou o investigador Foquinho.
“Através dessas informações vai ser dado andamento na investigação, destacando o trabalho em conjunto que a Rádio Santamariense fez conosco, nessa solicitação de auxílio à polícia, e nos repassando as informações, que de antemão já podemos alertar que é um golpe nacional, com grande repercussão monetária aos clubes. Ele é uma pessoa bem articulada, têm conhecimento de nomes, clubes federações. Em fim, é uma pessoa bem preparada que facilmente induz as pessoas a acreditarem nele”, conclui.
Não está descartada a possibilidade dos policiais viajarem a São Luiz do Maranhão para efetuar a prisão do suposto golpista.
Vladir Barreto utilizaria o mesmo modus operandi em suas investidas.
Procura contato com emissoras de rádio com credibilidade e oferece o “serviço”.
O repórter Paulo Henrique Nascimento, da Rádio Difusora do Acre, sem saber que estava sendo ludibriado, foi quem fez o meio de campo” entre o golpista e a direção do Rio Branco.
“Ele falava sobre regularização de jogadores, e pediu que eu intermediasse uma conversa dele com o presidente do clube na época. Mas quando ele conversou comigo, ele não falou sobre valores, apenas pediu o contato com o presidente para que ele pudesse ajudar o clube ao revelar as supostas irregularidades de jogadores”, informou o repórter.
Na conversa por telefone com a reportagem da Rádio Santamariense, Vladir Barreto se identifica como funcionário do site Terra, que trabalha com futebol há 16 anos e envolve o nome da Federação Maranhense de Futebol (FMF), onde afirma conhecer pessoa influente, tudo visando dar maior credibilidade a informação que está prestes a vender.
“Eu trabalho para o portal Terra e não posso estar me envolvendo com essas coisas. Então, eu vou pedir que o senhor (Alexandre De Grandi), não espalhe a informação, principalmente, para a CBF”, solicita.
Em seguida, ele afirma que cada documento custa R$ 47,65.
Seriam cinco documentos para comprovar a irregularidade.
“Agora eu vou lhe passar o número de uma conta para poder pagar a homologação desses documentos no cartório e a taxa do cartório. É pouca coisa, não se preocupe não. São apenas R$ 47,65 por cada um dos cinco documentos, mais uma taxa de sedex para mim, no valor de R$ 66,80”, informa.
Em 15 de maio de 2007, uma equipe de agentes Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Luiz do Maranhão, prendeu Vladir Barreto, que se identifica como radialista, por falsificar circular do Governo do Estado do Maranhão e a assinatura do chefe de Gabinete, à época, Luiz Pedro de Oliveira.
O indivíduo era acusado de cobrar de R$ 200,00 a R$ 500,00 para empregar candidatos a cargo no Governo Maranhense
*Com informações de Alexandre De Grandi
Fonte: Rádio Santamariense