Dos chamados “grandes” da Ilha, o Maranhão Atlético Clube é o único que tem participação garantida em uma competição nacional do ano que vem (estréia na Copa do Brasil contra o São Caetano), disputa a final do estadual deste ano e ainda é o mais recente campeão maranhense. Mas, com tudo isso, fica apenas em terceiro lugar, na preferência torcida de São Luís, muito distante dos dois líderes. Curioso é o fato de 82,9% dos ludovicenses apaixonados por futebol terem em primeiro lugar no coração um time do Rio de Janeiro ou de São Paulo, contra apenas 17,1%, que, em primeiro lugar, ficam com a Bolívia Querida, o Papão do Norte ou o Bode Gregório.

A mais recente pesquisa Escutec/O Estado, que esteve nas ruas da capital entre terça e quinta-feira da semana passada, ouviu 467 pessoas, 84,2% homens e 15,8% de mulheres. O objetivo da consulta foi avaliar o momento atual do futebol maranhense, e a constatação é a de que, por estar há muito tempo fora do circuito nacional e em razão de um campeonato estadual pouco interessante, hoje nem 2% das duas maiores torcidas sabem qual foi a última escalação do seu time. A inclusão dos clubes da outras cidades maranhenses na consulta serviu para medir o tamanho das colônias interioranas em São Luís. Imperatriz, a segunda maior do estado, mas a 630 km de distância, perde para as representações de Santa Quitéria, Bacabal e Chapadinha.

Quando a pesquisa quer medir a paixão dos entrevistados pelo futebol, apura que 56,1% dos ludovicenses gostam muito do esporte mais popular do Brasil; 13,9% gostam, mas nem tanto, e apenas 9,8% não dão valor. A segunda pergunta aplicada foi sobre o gosto do torcedor pelos times maranhenses, vencendo a nação boliviana (como é chamada a torcida do Sampaio Corrêa), com apenas 1,8% de vantagem sobre os que gostam mais do Moto Club. Simpatizantes do Maranhão Atlético Clube são cerca de um terço da massa torcedora de cada um dos dois mais populares, não tão pouco assim para persistir a afirmação de que a torcida maqueana é suficiente apenas para lotar uma Kombi.

Sampaio Corrêa e Moto Club estão fora do estadual e pararam mais cedo este ano. Talvez em razão disso menos de 2% de seus torcedores seriam capazes de citar a última escalação dos seus times. Do Maranhão, que entra em campo hoje contra o Imperatriz, para fazer o primeiro jogo da decisão do campeonato deste ano, pelo menos 18,8% dos torcedores entrevistados dizem que sabem perfeitamente o time do camisa 1 ao 11.

Nota baixa também para a organização do futebol maranhense, diante do ponto de vista do torcedor da capital. Somadas as notas de 7 a 10, apenas 31,5% consideram o futebol local organizado, enquanto 22% são os que atribuem notas 5 e 6 e 46,4% formam os que dão notas que reprovam, de 4 para baixo. Apesar disso, 42,7% se dão notas de 7 a 10 quando a pergunta é sobre o grau de interesse de cada um pelo futebol maranhense, 19,9% são das notas 5 e 6 e 37,5% se atribuem conceitos de 4 para baixo, revelando, com isso, pouco interesse pelo futebol do estado.

Estrutura

O conceito “melhor estrutura”, do ponto de vista do torcedor, pode estar sendo confundido com tamanho de torcida e conquistas acumuladas nos últimos anos. Sampaio Corrêa e Moto Clube, que atualmente penam até por falta de voluntários para formar suas diretorias, são colocados à frente de todos, inclusive do Maranhão Atlético Clube, dono do Parque Valério Monteiro, sabidamente a melhor estrutura de um clube profissional do estado. A Sociedade Atlética Imperatriz, que também vive de “casa alugada”, mas que tem vencido nos gramados, fica como o terceiro lugar, também à frente do MAC.

Outra sinalização de que o futebol maranhense precisa se reciclar vem da manifestação de cada um sobre o seu apego por Moto, Sampaio, MAC e companhia nos dias atuais. Chegam a 58% os que dizem que já se interessaram mais pelo futebol do estado no passado do que no presente e somente 11,6% dizem o contrário, que hoje têm mais gosto pelo futebol timbira do que em outros tempos. É nessa baixa de interesse que os times do Rio de Janeiro e de São Paulo tomam conta dos torcedores de São Luís.