Morre aos 76 anos o compositor Sivuca

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Morreu na noite desta quinta-feira, aos 76 anos, o instrumentista, arranjador e compositor Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca. Ele estava internado há dois dias no Hospital Memorial São Francisco, em João Pessoa, e lutava contra um câncer na garganta.

Sivuca será sepultado às 17h no Cemitério Parque das Acácias, onde é velado desde a madrugada. Era casado com a também compositora e cantora Glória Gadelha, nascida em Sousa, Paraíba.

Natural de Itabaiana, cidade do interior da Paraíba, Sivuca começou a carreira aos 9 anos, tocando em feiras e festas populares. Aos 15, mudou-se para Recife, onde adotou seu nome artístico.

Em 1945, se inscreveu num programa de calouros da Rádio Clube de Pernambuco e foi selecionado pelo maestro Nelson Ferreira, que o indicou para tocar num programa da Rádio do dia seguinte. Foi Nelson Ferreira quem lhe deu o nome de Sivuca.

Na Rádio Clube de Pernambuco, em 1946, Sivuca conheceu Luiz Gonzaga, que ofereceu um contrato de trabalho para ele na Rádio Nacional. Na época, ele não pôde afastar-se do Recife por ter compromisso assinado com a Rádio Clube. Entretanto, quatro anos depois, estreou na Rádio Record, em São Paulo, com a grande Orquestra Record, dirigida pelo maestro Gabriel Migliori.

O primeiro grande sucesso de Sivuca, Adeus, Maria Fulô, foi lançado em 1950 e regravado numa versão psicodélica pelos Mutantes, nos anos 60.

Em 1955, foi morar no Rio de Janeiro. Após apresentações na Europa como arcodeonista num grupo chamado Os Brasileiros, chegou a morar em Lisboa e Paris. Também morou em Nova York de 1964 a 1976, onde foi autor do arranjo do grande sucesso Pata Pata, de Miriam Makeba, com quem então excursionou pelo mundo até o fim da década de 60.

Confira a seguir a carreira discográfica de Sivuca:

1957 – Motivo para Dançar nº 2, Sivuca e Seu Conjunto
1959 – Africaníssimo – Duo Ouro Negro com Sivuca
1965 – Rendez-vou a Rio nº 2, Barcley
1968 – Sivuca med Putte Wickmans orkester
1969 – Putte Wickman e Sivuca
1970 – Joy. RCA – Estados Unidos
1972 – Sivuca. Vanguard – Estados Unidos
1977 – Sivuca e Rosinha de Valença
1978 – Cabelo de Milho; Forró e Frevo nº 1
1979 – Forró e Frevo nº 2
1980 – Onça Caetana. Forró e Frevo nº 3
1981 – Forró e Frevo nº 4
1982 – Sivuca e Chiquinho do Acordeom
1985 – Sivuca – Som Brasil. Sonet
1986 – Chico’s Bar – Sivuca e Toots Thielemans Sonet
1987 – Sivuca e Rildo Hora – Sanfona e Realejo
1990 – Um pé no asfalto
1992 – One Good Turn – Sivuca e Erik Petersen
1992 – Pau Doido
1997 – Sivuca – Enfim Solo

Fonte: Redação Terra

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Uma noite com Jair Rodrigues

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A mídia no Brasil sempre foi injusta com alguns segmentos da Música Popular Brasileira. Refiro-me em especial aos cantores do gênero popular e também aos que participaram de momentos marcantes na história da MPB. Gente que não toca de jeito nenhum na programação das emissoras de rádio e praticamente não aparece na TV.

Ontem à noite acompanhei uma apresentação do cantor Jair Rodrigues, no teatro Arthur Azevedo durante a realização do Prêmio Universidade FM. Foi simplesmente sensacional o que vi. Uma aula ao vivo do que é a Música Popular Brasileira. Tive a oportunidade de viajar no tempo e conhecer um pouco da história dos grandes festivais realizados principalmente na década de 60.

Vi um homem simples em transformação no palco. Ele tem voz, estilo, presença de palco e muita, mas muita energia mesmo. Em certo momento da apresentação, Jair com a lucidez de sempre pergunta a alguém na platéia: você gosta de poesia? Vou contar uma para você:

“Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bundalelê”.

Era uma crítica ao que a mídia chama de sucesso nacional.

Jair lembrou o encontro com Alcione. “Logo quando ouvi pela primeira vez disse: você canta muito menina”. Disse que gostaria de apresentá-la ao dono da gravadora Philips. Ela disse que tinha uma viagem marcada para a Itália e na volta iria me procurar. Achava que ela nunca mais apareceria. Dois meses depois ela voltou e não é que a danada me procurou mesmo! “Naquela época eu chegava na gravadora e apresentava um artista que cantava bem e logo o dono da gravadora chamava para fazer um disco, hoje é diferente não funciona assim”, contou.

Jair passeou pela história dos festivais. Cantou “Prá não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré e “Disparada”, de Geraldo Vandré e Theo de Barros; “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinan; em “Arrastão”, de Vinícius de Moraes e du Lobo fez uma saudação à inesquecível Elis Regina; “Majestade, o sabiá”, de Roberta Miranda e “Deixa isso pra lá”, de Alberto Paz e Edson Menezes, era o precursor do hap em grande celebração. O show foi exatamente isso. Em apenas seis músicas, Jair contou a história da MPB.

O suficiente para contagiar o público. “Ele é um louco, tem muita energia, subiu e desceu do palco, passeou no teatro”, comentava o compositor José Pereira Godão. “Maravilhoso, espetacular”, reagiu Mano Borges. Ganhamos a noite. Essa ficará para a vida inteira.

Mais tarde, tive a oportunidade de encontrá-lo em um local da cidade. Contei que estava no teatro e tinha acabado de ver o seu espetáculo e aplaudí-lo de pé. Nasci exatamente na época em que o Jair começa a brilhar nos festivais. E por isso nunca o tinha acompanhado em um show antes. Mas, enfim, o tempo me deu a oportunidade de vê-lo ao vivo.

Jair Rodrigues é um desses artistas injustiçados pela mídia. Não toca em rádio e não aparece na TV. A exemplo dele poderia citar aqui outros nomes, mas prefiro deixar a reflexão para cada um daqueles que definem o que vai ou não para a mídia. O que deve ou não ser sucesso. Da minha parte, o meu muito obrigado ao Jair pela grande noite que ele proporciou a todos que estiveram no Teatro Arthur Azevedo. E salve a Música Popular!!!!

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