Na semana passada escrevi sobre o desafio das emissoras de rádio: montar uma programação e ter locutores durante a madrugada. Um amigo que acessou o meu blog postou a seguinte resposta:
“A preocupação deve estar também na renovação e atualização dos profissionais. É complicado colocar uma boa programação em todos os horários com locutores com estilo da década de 50, 60. Os chefes das rádios precisam torná-las dinâmicas, modernas, ou então, com a difusão da internet, cada vez menos terá espaço para esse nosso velho companheiro”.
A resposta merece uma reflexão. Inicialmente não vou sair em defesa das gerações do rádio nas décadas de 50 ou 60, mas também não posso deixar de listar alguns fatores que considero muito importantes. Grandes nomes que fizeram história no rádio maranhense vieram dessas décadas e continuam fazendo grande sucesso hoje. Outros grandes nomes já não estão entre nós, mas serão sempre lembrados assim.
De lá para cá muita coisa mudou e os profissionais também. Alguns estão melhores, outros pararam de verdade. É assim em toda e qualquer profissão. Durante esses anos todos muita gente nova se destacou. Surgiram as novidades, entre elas, o computador, o CD, o celular, o satélite, a internet, enfim… Tudo isso tornou a nossa vida mais fácil. Ficou mais fácil fazer rádio. Podemos dizer assim.
Temos hoje muito mais estrutura e melhores condições de trabalho, mas infelizmente não posso dizer o mesmo em relação ao material humano. Estarei completando 20 anos de profissão e confesso que não está fácil encontrar alunos com perfil que o rádio necessita. No geral, os alunos que nos procuram estão na reta final da faculdade e ameaçados de figurarem na lista de desempregados. O mercado absorve muito menos do que as faculdades preparam. E alguns veículos parecem não perceberem o quanto é importante preparar uma nova geração.
Tenho feito muitos testes e constatado a falta de preparo dos alunos. Gente com muita vontade de aprender, mas com pouca ou quase nenhuma oportunidade. Lembro-me que, certa vez, uma aluna perguntava: o que é que toca nesse programa de chorinho? A grave pergunta evidenciava uma carência da grade curricular das faculdades. Daí a preparação inadequada das gerações de hoje.
E por fim, gostaria de lembrar que é preciso ter vocação para fazer rádio. Considero isso o mais importante dos requisitos para quem pretende entrar para essa profissão.
Fiz questão de escrever sobre este assunto a partir da resposta postada pelo amigo em meu blog porque considero a atualização (dos antigos) e a formação (dos atuais) profissionais do rádio, algo extremamente vital para o veículo.
Primoroso e muito lúcido o texto. Parabéns.
Concordo quando você menciona a falta de oportunidades , e não as escolhas por dedos do amigo do fulano , ou do filho do fulano