Uma boa leitura para Presidenta Dilma

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Escrito por Juliana Mynssen da Fonseca Cardoso*

Há alguns meses eu fiz um plantão em que chorei. Não contei à ninguém (é nada fácil compartilhar isso numa mídia social). Eu, cirurgiã-geral, “do trauma”, médica “chatinha”, preceptora “bruxa”, que carrego no carro o manual da equipe militar cirúrgica americana que atendia no Afeganistão, chorei.

Na frente da sala da sutura tinha um paciente idoso internado. Numa cadeira. Com o soro pendurado na parede num prego similiar aos que prendemos plantas (diga-se: samambaias). Ao seu lado, seu filho. Bem vestido. Com fala pausada, calmo e educado. Como eu. Como você. Como nós. Perguntava pela possibilidade de internação do seu pai numa maca, que estava há mais de um dia na cadeira. Ia desmaiar. Esperou, esperou, e toda vez que abria a portinha da sutura ele estava lá. Esperando. Como eu. Como você. Como nós. Teve um momento que ele desmoronou. Se ajoelhou no chão, começou a chorar, olhou para mim e disse “não é para mim, é para o meu pai, uma maca”. Como eu faria. Como você. Como nós.

Pensei “meudeusdocéu, com todos que passam aqui, justo eu… Nãoooo….. Porque se chorar eu choro, se falar do seu pai eu choro, se me der um desafio vou brigar com 5 até tirá-lo daqui”.

E saí, chorei, voltei, briguei e o coloquei numa maca retirada da ala feminina.

Já levei meu pai para fazer exame no meu HU. O endoscopista quando soube que era meu pai, disse “por que não me falou, levava no privado, Juliana!” Não precisamos, acredito nas pessoas que trabalham comigo. Que me ensinaram e ainda ensinam. Confio. Meu irmão precisou e o levei lá. Todos os nossos médicos são de hospitais públicos que conhecemos, e, se não os usamos mais, é porque as instituições públicas carecem. Carecem e padecem de leitos, aparelhos, materiais e medicamentos.

Uma vez fiz um risco cirúrgico e colhi sangue no meu hospital universitário. No consultório de um professor ele me pergunta: “e você confia?”.

“Se confio para os meus pacientes tenho que confiar para mim.”

Eu pratico a medicina. Ela pisa em mim alguns dias, me machuca, tira o sono, dá rugas, lágrimas, mas eu ainda acredito na medicina. Me faz melhor. Aprendo, cresço, me torna humana. Se tenho dívidas, pago-as assim. Faço porque acredito.

Nesses últimos dias de protestos nas ruas e nas mídias brigamos por um país melhor. Menos corrupto. Transparente. Menos populista. Com mais qualidade. Com mais macas. Com hospitais melhores, mais equipamentos e que não faltem medicamentos. Um SUS melhor.

Briguei pelo filho do paciente ajoelhado. Por todos os meus pacientes. Por mim. Por você. Por nós. O SUS é nosso. Não tenho palavras para descrever o que penso da “Presidenta” Dilma. (Uma figura que se proclama “a presidenta” já não merece minha atenção).

Mas hoje, por mim, por você, pelo meu paciente na cadeira, eu a ouvi.

A ouvi dizendo que escutou “o povo democrático brasileiro”. Que escutou que queremos educação, saúde e segurança de qualidades. “Qualidade”… Ela disse.

E disse que importará médicos para melhorar a saúde do Brasil….

Para melhorar a qualidade….?

Sra “presidenta”, eu sou uma médica de qualidade. Meus pais são médicos de qualidade. Meus professores são médicos de qualidade. Meus amigos de faculdade. Meus colegas de plantão. O médico brasileiro é de qualidade.

Os seus hospitais é que não são. O seu SUS é que não tem qualidade. O seu governo é que não tem qualidade.

O dia em que a Sra “presidenta” abrir uma ficha numa UPA, for internada num Hospital Estadual, pegar um remédio na fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí conversaremos.

Não cuspa na minha cara, não pise no meu diploma. Não me culpe da sua incompetência.

Somos quase 400mil, não nos ofenda. Estou amanhã de plantão, abra uma ficha, eu te atendo. Não demora, não.

Não faltam médicos, mas não garanto que tenha onde sentar. Afinal, a cadeira é prioridade dos internados.

Hoje, eu chorei de novo.

* É cirurgiã geral no Hospital Estadual Azevedo Lima, no Rio de Janeiro (CRM-RJ 822370).

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Parto normal em extinção no Brasil

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Desde fins do século XIX, quando a medicina conseguiu finalmente difundir as técnicas de anestesia e os procedimentos para evitar infecções, realizar os partos por meio de um procedimento cirúrgico é uma opção ao alcance das mulheres em grande parte do planeta. Descoberta quase por acidente, quando em 1500 um castrador de porcos suíço conseguiu autorização para abrir a barriga da mulher, que reclamava de fortes dores, as cesarianas progressivamente tornaram os partos mais seguros e menos sofridos, principalmente quando há risco para gestantes e bebês. No ranking da Organização Mundial de Saúde  (OMS), o Brasil aparece em segunda colocação entre os países com mais cesarianas em relação ao total de nascimentos. De 2000 a 2010, dos novos brasileiros que vieram ao mundo, 43,8% foram partos por cesariana, deixando o país atrás apenas do Chipre, que teve 50,9%.

O Ministério da Saúde passou a ver com preocupação esse índice, que ultrapassa em muito os 15% considerados adequados pela OMS. A concentração maior se dá na rede privada, que atualmente faz 80% dos partos por cesariana. Na rede pública, os partos por cirurgia são 40%. “Há uma epidemia de cesarianas no Brasil”, afirma Dário Pasche, diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES), do Ministério da Saúde. Para ele, há um misto de comodismo e questões de mercado por parte dos médicos, que acabam evitando o parto normal. Estados Unidos, França e Argentina tiveram, entre os anos de 2000 a 2010,  taxas de 31,8%, 20,2% e 22,7% de cesarianas, respectivamente.

Nos próximos meses, o Ministério da Saúde vai lançar um conjunto de ações para estimular os partos normais e evitar o que chama de cesarianas desnecessárias ou antecipadas na rede pública e conveniada ao SUS – aqueles hospitais particulares onde as internações são pagas pela saúde pública. Uma resolução que aguarda a assinatura do ministro Alexandre Padilha estabelece meta de redução de 10% em cada unidade da rede pública. Outra medida nesse sentido é um edital de pesquisa internacional, cuja criação está sendo auxiliada pela Fundação Bill e Melinda Gates. O objetivo do estudo é encontrar caminhos para reduzir os casos de partos cirúrgicos desnecessários – algo que passa tanto pelas políticas de saúde pública quanto pela transformação da cultura entre as gestantes.

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Anvisa pede cautela em uso de remédio contra a osteoporose.

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O médico deve avaliar, caso a caso, se vale a pena prolongar para além de três anos o uso dos bisfosfonatos no combate à osteoporose.

É o que alerta um boletim elaborado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) com base em estudos clínicos e de casos internacionais que avaliaram o uso desses medicamentos por mulheres na pós-menopausa.

Por conta da redução na produção de estrogênio após a menopausa, estima-se que a osteoporose atinja um pouco menos de 20% das mulheres com 50 anos ou mais.

Entre os homens, as taxas estimadas não passam de 6%, descreve o boletim. Leia na íntegra: Anvisa pede cautela em uso de remédio contra osteoporose

O trabalho não questiona o benefício dos bisfosfonatos -remédios mais usados contra a doença- de forma geral, mas alerta que não há garantias de efetividade da droga após uso prolongado.

“Não há evidência clara de benefício pelo uso além de três anos e há relatos de eventos adversos desagradáveis, apesar de pouco frequentes”, diz Márcia Fernandes, técnica da agência que trabalhou na produção da análise.

Um desses eventos adversos é a fratura atípica (por exemplo, no meio do fêmur). Já as fraturas nas vértebras e no fêmur na altura da virilha são tidas como típicas em pacientes com osteoporose.

As conclusões da Anvisa vão na mesma linha do relatório divulgado, em setembro de 2011, pela FDA (agência americana que regula remédios e alimentos). À época, a agência afirmou que os bisfosfonatos só tinham benefícios comprovados na prevenção de fraturas até três anos. E informou que, após o quinto ano, não havia mais melhoria na densidade óssea.

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Um dispositivo semelhante a um bracelete é primeira novidade em 20 anos para o tratamento da doença do refluxo gastrensofágico, um distúrbio digestivo crônico.

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Um dispositivo semelhante a um bracelete é primeira novidade em 20 anos para o tratamento da doença do refluxo gastrensofágico, um distúrbio digestivo crônico.

Segundo estudo publicado na edição online do New England Journal of Medicine, o bracelete — que circunda a válvula na junção do esôfago com o estômago e a ajuda a permanecer fechada quando uma pessoa não está comendo ou bebendo — melhorou os sintomas em 92 de cem pacientes com refluxo gastrensofágico crônico e permitiu a 87% dos pacientes parar de usar remédios contra acidez, conforme mostraram os resultados de um estudo de cinco anos, já no seu terceiro ano. Dos pacientes avaliados, 94% se mostraram satisfeitos com o tratamento.

— É um avanço significativo. O dispositivo é simples, elegante e funcional e fornece uma oportunidade de ajudar uma grande quantidade de pacientes — comemora C. Daniel Smith, diretor do Departamento de Cirurgia da Clínica Mayo de Jacksonville, especialista no tratamento da doença do refluxo e coautor do estudo C. Daniel Smith.

No passado, as únicas opções de tratamento disponíveis eram agentes supressores de ácidos ou cirurgia. Mas os supressores de ácido não resolvem diretamente o problema básico da válvula ineficaz, deixando os pacientes com sintomas persistentes. E a cirurgia pode resultar em efeitos colaterais penosos, como inchação ou incapacidade de vomitar em 20% dos pacientes.

Esses efeitos colaterais raramente ocorreram nos casos de tratamento com o novo dispositivo, diz Smith.

Problema que afeta um em três pessoas nos Estados Unidos, segundo estimativa da Associação Americana de Gastrenterologia, o refluxo gastrensofágico pode levar a sérios problemas de saúde.

Ele é causado pelo funcionamento deficiente da válvula chamada esfíncter, que se situa na parte inferior do esôfago e superior do estômago. O esfíncter, um anel feito de músculo, normalmente permanece fechado quando uma pessoa não está comendo. Isso impede que substâncias ácidas ou sucos gástricos saiam do estômago e entrem no esôfago.

Se o músculo se torna fraco ou relaxa de forma inapropriada, os ácidos do estômago sobem e chegam até a mucosa do esôfago, causando dor e queimação — comumente conhecida como azia — e regurgitação. Isso pode ocorrer a qualquer tempo e com qualquer pessoa, de qualquer idade.

Substâncias ácidas em excesso podem danificar o esôfago e resultar em uma condição pré-cancerosa, conhecida como esôfago de Barrett,  e em câncer esofágico, cuja incidência está aumentando rapidamente nos EUA, diz Smith. A epidemia de refluxo gastrensofágico crônico pode ser a explicação para o crescimento de casos de câncer, ele diz.

Smith vem oferecendo o dispositivo a pacientes que se qualificam desde março de 2012 , quando a FDA (Food and Drug Administration, a repartição do governo dos EUA que controla a comercialização de alimentos e medicamentos) aprovou o seu uso. Ele realiza cerca de 200 cirurgias relacionadas ao refluxo gastrensofágico por ano.

O implante do dispositivo é minimamente invasivo e toma de uma a duas horas. Depois do procedimento, os pacientes passam uma noite no hospital. Os pacientes que se qualificam para usar o dispositivo são aqueles com refluxo gastrensofágico crônico, com sintomas não controlados totalmente por medicamentos supressores de acidez.

Mas nem todos os  participantes do estudo se sentiram bem com o dispositivo. Ocorreram eventos adversos sérios em seis pacientes e o dispositivo foi removido em outros quatro, sem qualquer consequência significativa a longo prazo. Casos de disfagia — dificuldade de deglutição — foram observados em 68% dos pacientes, depois do implante do dispositivo. Mas esse efeito colateral diminuiu gradualmente, com o tempo.

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Importância da flora intestinal na redução de peso

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A flora microbiana intestinal pode desempenhar um papel importante na perda de peso, revelou uma pesquisa realizada em ratos e publicada na última quarta-feira.

Cientistas da Universidade Harvard (EUA) constataram importantes mudanças na flora intestinal de ratos submetidos a uma cirurgia bariátrica conhecida como bypass gástrico, ou derivação gástrica, realizada com o objetivo de reduzir o tamanho do estômago — um procedimento cada vez mais utilizado em todo o mundo para o tratamento da obesidade.

Os cientistas transferiram os micróbios intestinais “alterados” para o intestino de outros ratos e observaram uma perda de peso nos animais.

— Ao colonizar o intestino dos ratos com a flora intestinal de outros ratos, alterada por um bypass gástrico, os animais perderam até 20% de seu peso, exatamente como se também tivessem sido submetidos à intervenção cirúrgica — explicou Peter Turnbaugh, de Harvard, um dos principais autores da pesquisa.

— Nosso estudo leva a crer que os efeitos específicos do bypass gástrico na flora intestinal contribuem para sua capacidade de provocar uma perda de peso — completou Lee Kaplan, co-autor do estudo e diretor do Instituto sobre a Obesidade, o Metabolismo e a Nutrição, do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston (EUA).

— Se pudermos encontrar um meio de manipular a flora intestinal para criar os mesmos efeitos, isso abriria caminho para uma nova arma contra a obesidade — acrescentou.

Kaplan acredita que se for possível reproduzir, mesmo que parcialmente, esses efeitos no metabolismo sem intervenção cirúrgica, o método já ofereceria uma terapia totalmente nova para tratar a obesidade, que poderia beneficiar os pacientes impossibilitados ou que não querem se submeter a uma cirurgia bariátrica.

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Homens têm cada vez menos espermatozóides

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Artwork of human male chromosomes & sperm

Estudos mostram queda na qualidade do sêmen ao longo dos anos em todo o mundo, inclusive o Brasil. Stress, obesidade, poucas horas de sono e poluição do ar podem ser os culpados.

Nos últimos anos, estudos de diversos países chegaram a uma conclusão preocupante: a quantidade e a qualidade dos espermatozoides no sêmen dos homens estão diminuindo. Ainda não é possível afirmar se a fertilidade está sendo afetada por esse fenômeno, mas essa redução não deixa de ser alerta importante sobre a saúde masculina. O sêmen é considerado um “termômetro” da saúde do homem, de forma que a queda na sua qualidade, mesmo que não implique em dificuldades de reprodução, não é um bom sinal.

Um dos estudos mais relevantes, realizado com 26.609 homens na França e publicado em dezembro do ano passado no periódico Human Reproduction, mostrou uma redução de 32% na concentração dos espermatozoides em um período de 17 anos. A média para homens de 35 anos de idade caiu de 73,6 milhões por mililitro de sêmen para 49,9 milhões.

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A complexa engenharia da fome

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A cada janeiro, milhares de pessoas começam a malhar, renovando seu desejo e sua vontade de perder peso no ano que está se iniciando. Na maioria dos casos, o esforço acaba produzindo pouco ou nenhum efeito na balança, e a resolução de Ano-Novo logo é abandonada.

Novos estudos sugerem, no entanto, que se as pessoas fizeram o tipo correto de exercício físico, elas podem mudar a forma como o corpo reage com a comida. Mais do que queimar calorias, a atividade física pode afetar os hormônios responsáveis pelas sensações de saciedade e de fome.

Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Wyoming, dos Estados Unidos, acompanhou um grupo de mulheres que praticavam corridas e caminhadas em dias alternados e, em seguida, descansavam por uma hora.

Após cada uma das três situações (caminhada, corrida e repouso), os cientistas mediam os níveis de alguns tipos de hormônio presentes no sangue, e então as mulheres eram encaminhadas a um refeitório, onde podiam se servir em um bufê.

A experiência demonstrou que o exercício física aumenta a produção de grelina — também conhecida pelo sugestivo nome de “hormônio da fome” — que condiciona o quanto devemos comer. Em outras palavras, malhar pode dar fome.

O apetite humano, no entanto, é uma engenharia complexa, que envolve o tráfego de sinais entre o cérebro, os intestinos, as glândulas, as células gordurosas, os genes e a psique.

No estudo da Universidade de Wyoming, quando as voluntárias corriam, seus níveis de grelina disparavam, indicando que elas atacariam com gosto o bufê. Mas não era isso que acontecia. De fato, após a corrida, as mulheres consumiam centenas de calorias a menos do que aquelas que tinham sido gastas durante o exercício.

A restrição, segundo os pesquisadores, ocorreu porque, simultaneamente à grelina, outros hormônios também tiveram seus níveis aumentados, incluindo alguns responsáveis pela sensação de saciedade. Esses hormônios, descobertos apenas recentemente e ainda não totalmente compreendidos, dizem para o corpo que ele já está suficientemente “abastecido” e que pode parar de comer.

O aumento dos níveis dos hormônios de saciedade “silenciou” a mensagem enviada pela grelina. No entanto, quando as voluntárias descansavam e, principalmente, quando caminhavam, os níveis sanguíneos dos hormônios de saciedade não eram alterados. No caso das caminhantes, o efeito foi o contrário: elas consumiram mais calorias no bufê do que as gastas durante o exercício.

Um estudo relacionado, publicado em dezembro passado, observou os efeitos de um exercício moderado, equivalente a uma corrida curta. Constatou-se que, após 12 semanas de atividades, os homens e mulheres que participaram do estudo, antes sedentários e com sobrepeso, começavam inconscientemente a parar de se empanturrar.

Os pesquisadores ofereceram aos voluntários milkshakes. Alguns continham maltodextrina, um adoçante que acrescentava 600 calorias à bebida. Outros, sem a maltodextrina, tinham 246 calorias.

Antes de se iniciarem o programa de exercícios, os voluntários comiam mais no almoço e durante o resto do dia após tomar a mistura mais calórica do que a versão com baixas calorias. Seu sistema de regulação do apetite estava enlouquecido. Mas, após três meses de exercícios, eles passaram a consumir menos calorias durante o dia quando tomavam o milkshake com mais calorias.

— Os exercícios melhoraram a capacidade do corpo de avaliar e ajustar a quantidade de calorias consumidas — explica Catia Martins, da Universidade de Ciência e Tecnologia Norwegian, em Trondheim (Noruega), que liderou o estudo.

Mas o processo não funciona com todos os exercícios. Correr, aparentemente, “aprimora” melhor o mecanismo de satisfação do corpo do que a caminhada. E a persistência também conta. É preciso que os treinamentos se estendam por vários meses para ajustar o controle do apetite, ressalta Catia.

 

Conheça o hormônio da fome

> A grelina foi descoberta por pesquisadores japoneses em 1999, mas foram cientistas britânicos que associaram esse hormônio à sensação da fome e, por consequência, um estimulante de apetite.

> A grelina é produzida principalmente pelo estômago, mas também pelas células épsilon do pâncreas e pelo hipotálamo.

> Quando o estômago fica vazio, a secreção da grelina se intensifica e o hormônio passa a atuar no cérebro, dando a sensação de fome. Quando nos alimentamos, a secreção da grelina diminui e a sensação da fome passa.

> Ao contrário do que se poderia esperar, a quantidade de grelina nos obesos é menor do que nas pessoas com o peso ideal. Os obesos, no entanto, têm maior sensibilidade a esse hormônio. Já os magros secretam grandes quantidades de grelina enquanto dormem, um efeito que não é verificado nos obesos.

> A grelina também desempenha um papel importante no aprendizado, na memória e na adaptação a novos ambientes.

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Fabricantes de adoçantes são multadas

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As produtoras dos adoçantes Doce Menor Stevia Mix e Stevip foram multadas por propaganda enganosa pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça.

A Gold Nutrition Indústria e Comércio terá de desembolsar R$ 200.510,69, e a Stevia Brasil Indústria Alimentícia deve pagar R$ 125 mil.

O processo de investigação, iniciado em 2005, concluiu que o consumidor era induzido a acreditar que o produto era adoçado por uma substância de origem natural, derivada da planta Stevia rebaudiana, quando na verdade a quantidade desse item na composição do adoçante é mínima, diz o DPDC.

De acordo com o órgão, o adoçante Doce Menor Stevia Mix tinha apenas 1% da substância em sua fórmula. No caso do Stevip, a substância natural era o terceiro item de maior composição na fórmula. Apesar disso, o rótulo informava que o produto era “à base de estévia”.

Além disso, informou o órgão, os rótulos não traziam informação sobre a composição do produto e a concentração de adoçantes sintéticos, como o ciclamato de sódio e a sacarina.

“A quantidade de stevia nesse produtos é muito pequena e não justifica que tenham esse nome”, afirmou o diretor do DPDC, Amaury Oliva.

“A composição precisa estar clara no rótulo. Todo produto natural tem um apelo maior que o químico”, disse.

As empresas já fizeram alterações em seus rótulos, informou o DPDC, mas ainda assim foram multadas pelo erro passado. Segundo Oliva, ainda é possível recorrer da multa à Secretaria Nacional do Consumidor.

A empresa afirmou que todos os esclarecimentos foram dados na época da intimação e negou que não houvesse no rótulo informação sobre a composição do Stevip.

“Nunca houve interesse em enganar quem quer que fosse, muito menos nosso consumidor”, escreveu a assessoria.

As substâncias derivadas da planta possuem capacidade adoçante até 300 vezes superior à do açúcar comum. A erva é usada há séculos na medicina e culinária tradicionais do interior do Brasil e do Paraguai. O efeito dos derivados de stevia sobre os níveis de glicose do sangue é insignificante, e não há indícios de que eles causem problemas de saúde.

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Consumo abusivo de bebidas energéticas traz danos ao coração e sobe a pressão arterial

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Trabalho, estudo, buscar filhos na escola, frequentar academias. No final de semana, churrasco em casas de amigos, festas, atividades de lazer. Para aguentar tantas atividades, milhares de pessoas consomem bebidas energéticas ou produtos naturais, como o guaraná em pó. Porém, se forem consumidos em excessos, podem trazer danos à saúde.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite a venda de bebidas energéticas no país desde 1998, depois de analisar a segurança desses produtos. Atualmente, as bebidas energéticas são dispensadas da obrigatoriedade de registro junto a Anvisa e regulamentadas como alimentos pela Resolução RDC 273/2005. A nutricionista Leilane Fernandes, da Gerência de Alimentos da agência, afirma que as embalagens devem conter obrigatoriamente as seguintes advertências, em destaque e em negrito: “Crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades: consultar o médico antes de consumir o produto” e “Não é recomendado o consumo com bebida alcoólica”. Ela esclarece que ainda há o suplemento de cafeína para atletas e o suplemento energético para atletas que são regulamentados pela Resolução RDC n. 18/2010. O suplemento de cafeína para atletas é o produto destinado a aumentar a resistência aeróbia em exercícios físicos de longa duração, enquanto suplemento energético para atletas é o produto destinado a complementar as necessidades energéticas em virtude do gasto calórico aumentado. Em relação ao guaraná em pó, Leilane explica que o produto é classificado como novo alimento e não possui e não tem comprovação de efeitos energéticos. A quantidade de cafeína no guaraná em pó varia de acordo com a matéria-prima utilizada dependendo do estágio de maturação do fruto, condições de cultivo, processo de obtenção. A regulamentação sobre o tema não exige uma padronização dos componentes ativos desse produto, visto que não há necessidade de ter um limite mínimo para que se alegue algum efeito, nem limite máximo considerando que quantidades de cafeína naturalmente presentes no guaraná são consideradas seguras. Por determinação de Anvisa, os rótulos das bebidas consideradas energéticas devem trazer orientações sobre o consumo e advertências para grupos específicos.

 

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Cirurgia de Ponte de Safena é melhor para diabéticos

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Apesar de ser muito invasiva, a cirurgia para implantação de pontes (como de safena e mamária) se mostrou mais eficiente do que a colocação de stent –uma espécie de mola que “abre” as artérias — em diabéticos com problemas cardíacos severos.

A conclusão é de um estudo inédito realizado em conjunto por 140 instituições de todo o mundo. Com 200 participantes, o Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP) foi o centro com mais representantes nos 1.900 pacientes do estudo.

O grupo foi acompanhado por cerca de cinco anos. Os primeiros dados, publicados hoje no “New England Journal of Medicine”, mostram diferenças significativas.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

“É a primeira vez que um estudo de grandes proporções e envolvendo centros de pesquisa de ponta de todo o mundo compara diretamente os dois métodos em pacientes diabéticos”, avalia Whady Hueb, coordenador do estudo no Incor e um dos autores do artigo.

No grupo que passou pela cirurgia, as mortes por problemas cardíacos foram bem menores do que os com stent: 11% contra 7%.

Os pacientes submetidos à cirurgia também tiveram menos infartos após o procedimento. Os diabéticos que colocaram stents ainda tiveram mais chances de voltar para a sala de operações para novos procedimentos.

O trabalho ainda não oferece uma explicação para a superioridade da cirurgia em pacientes diabéticos. Os voluntários ainda serão acompanhados por mais dois anos, e um outro artigo deve dar a conclusão sobre a diferença.

O resultado contraria uma tendência geral de preferência por procedimentos médicos menos invasivos.

As colocação de pontes é uma cirurgia de grandes proporções. Sob anestesia geral, o paciente tem seu tórax aberto e o osso que une as costelas, serrado. O médico constrói um caminho alternativo para restabelecer o fluxo de sangue para o coração usando uma veia retirada do corpo do próprio operado.

Já a angioplastia e colocação de stent são minimamente invasivos e em geral feitos sob anestesia local. Com um cateter, um minúsculo balão é levado até a artéria e, quando inflado, desobstrui o caminho para o fluxo do sangue. Uma pequena “mola” é então colocada no local para manter a artéria aberta.

Isso não significa de jeito nenhum que a angioplastia com colocação de stent tem de ser descartada. É um procedimento seguro e eficiente. Na hora de decidir, o médico vai fazer uma avaliação específica para decidir o que é melhor em cada momento.

Os resultados iniciais do trabalho devem desagradar a indústria farmacêutica. Parte dos recursos para o levantamento foi oferecida por empresas ligadas aos stents.

EXERCÍCIO NÃO BASTA

Um outro estudo, que analisou os efeitos dos exercícios físicos na redução de problemas cardíacos em diabéticos acima do peso, foi interrompido dois anos antes do previsto devido à falta de indícios de que as atividades físicas de fato tivessem efeito nesse sentido.

Depois de 11 anos acompanhando mais de 5.000 pessoas, os pesquisadores perceberam que não havia diferenças significativas nos problemas cardíacos entre os que foram submetidos a uma dieta balanceada acompanhada de exercícios físicos moderados e os voluntários que não seguiram esse modelo.

Apesar de não ter diminuído os problemas cardíacos, quem fez exercícios físicos teve outros benefícios, como perda de peso e menos uso de medicação. Os pesquisadores agora estão investigando os dados para entender por que não houve melhora cardíaca.

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