Quimioterapia e radioterapia prolongam vida
A combinação de quimioterapia e radioterapia aumenta em até cinco anos a esperança de vida das pessoas que sofrem de glioblastoma — a variante mais comum e letal de tumor cerebral primário —, segundo uma pesquisa publicada pela revista médica The Lancet.
De acordo com o estudo da Organização Europeia para a Pesquisa e o Tratamento do Câncer e do Instituto Nacional do Câncer do Canadá, a administração do agente quimioterapêutico temozolomida junto da radioterapia oferece essa perspectiva para os doentes.
Os autores da pesquisa lembram que, ao longo dos últimos 30 anos, a radioterapia pós-operatória foi o tratamento mais comum do glioblastoma, apesar de oferecer uma curta expectativa de vida (entre nove e 12 meses, no máximo). Mas os últimos testes realizados pelos médicos “finalmente mostraram resultados promissores”, já que o tratamento combinado com radioterapia e temozolomida “reduziu o risco de morte por glioblastoma em 37%, em comparação aos casos nos quais só houve radioterapia“.
Após dois anos, 27% dos pacientes que recebiam temozolomida e radioterapia continuavam vivos, frente aos 10% de sobreviventes entre os que só receberam radioterapia. Três anos depois, a porcentagem de pacientes vivos que tinham recebido o tratamento conjunto era de 16%, e o dos que só se submeteram à radioterapia, de 4%. Passados cinco anos, as porcentagens eram de 9,8% no grupo do tratamento combinado e de 1,9% entre as pessoas que só receberam radioterapia.
No entanto, o mais importante, segundo a equipe dirigida pelo médico Roger Stupp, é que as melhoras na expectativa de vida se deram por igual em todos os grupos estudados, inclusive nos considerados com pior diagnóstico, como as pessoas de mais idade ou os pacientes dos quais não foi possível retirar os tumores por meio de cirurgia.
Outro elemento importante da pesquisa é que se constatou que os pacientes que viveram mais tempo com o tratamento combinado tinham tumores que apresentavam o gene MGMT desativado. Os autores sugerem que essa descoberta torna necessário analisar os tumores para ver o status do citado gene, a fim de saber de antemão os pacientes que serão beneficiados em maior medida pela combinação de radioterapia e quimioterapia.
Para concluir, adverte-se que, “apesar dessa melhora, que permite uma maior expectativa de vida, a maioria dos pacientes morre em um período curto de tempo“.
“O tratamento combinado pode ser eficaz para reduzir o volume e a violência do tumor, mas realmente não modifica o comportamento natural da doença, por isso é pouco provável que esta via leve a uma cura”, afirmaram os pesquisadores.