A chegada do verão traz de volta o medo de novas epidemias de dengue. De acordo com dados do Ministério da Saúde, algumas cidades brasileiras têm índices alarmantes de infestação pelo mosquito causador da doença nas residências. O Levantamento do Índice Rápido do Aedes (Lira) mostra que o Rio de Janeiro tem o maior índice de infestação no país.
Enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma taxa inferior a 1%, a taxa na capital carioca é de 2,92%. Em algumas localidades, como o Complexo do Alemão, um total de 14% das casas foi tomado pelo mosquito. Apesar do alto índice de infestação, o risco de epidemia é menor neste ano devido ao grande número de casos da doença registrados em 2008. Isso torna grande parte das pessoas imunizadas contra o vírus. Mas, se não forem tomadas medidas de controle dos focos, não está afastada a possibilidade de surtos nos próximos anos.
Outras regiões brasileiras também encontram-se com risco de epidemia da doença. Minas Gerais, Bahia e Maranhão têm cidades com alto índice de casos nos primeiros meses do verão, podendo evoluir para surtos nos próximos meses. Os próximos meses serão cruciais.
Fevereiro e março são o período que ocorre maior incidência de chuvas. Isso favorece a proliferação da doença porque a fêmea do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, deposita seus ovos em poças de água limpa.
Sob a coordenação e financiamento do Ministério da Saúde, Estados e municípios têm investido em ações para combater a doença que consistem, principalmente, na eliminação dos focos de proliferação do transmissor. Como o mosquito vive dentro das casas e tem hábitos diurnos, pequenas poças acumuladas em pneus velhos, vasos de plantas e garrafas vazias passam a ser reservatórios potenciais para ovos e larvas, o que facilita a proliferação. Ao picar uma pessoa infectada pelo vírus da dengue, o mosquito se torna transmissor ao picar outras pessoas, passando o vírus que se aloja em suas glândulas salivares.
Além das campanhas de conscientização e das ações de controle, outras iniciativas, como a implementação de saneamento básico, devem ser priorizadas em áreas carentes, inclusive com a oferta de água encanada e tratamento adequado de esgoto e lixo.
Como prevenir a proliferação da doença
— Cobrir qualquer local em que haja água acumulada, como caixas d’água e tonéis
— Não guardar pneus em áreas abertas
— Manter as lajes cobertas, sem poças d’água, e varrê-las diariamente
— Guardar as garrafas de cabeça para baixo
— Manter os pratos de vasos de plantas sem água ou com um pouco de areia
— Esfregar, com bucha, recipientes com plantas aquáticas
Sintomas
A partir da picada do mosquito infectado, o período de incubação da doença é de sete a 10 dias. Os primeiros sinais são febre, dor de cabeça e incômodo atrás dos olhos. Na sequência, surgem vermelhidão e coceira pelo corpo.
Vírus
Existem quatro sorotipos diferentes do vírus. No Brasil, estão em circulação os sorotipos 1, 2 e 3. Quem já contraiu um sorotipo não se infecta novamente pelo mesmo, mas ainda está suscetível aos outros.
A dengue é mais grave quando uma pessoa que já contraiu anteriormente um sorotipo apresenta a doença pela segunda vez, causada por um sorotipo diferente, o que pode levar à dengue hemorrágica. Neste caso, há possibilidade de manifestações hemorrágicas, como pequenas manchas avermelhadas por todo o corpo, hematomas e queda da pressão arterial, aumentando a gravidade do quadro. Quando isso ocorrer, deve-se, imediatamente, procurar atendimento médico.
O sorotipo 4 do vírus ainda não foi detectado no Brasil, mas está presente em vários países vizinhos, como Venezuela, Peru e Guiana Francesa.
Exames para o diagnóstico da doença
— Hemograma
— Sorologia, para determinar se a pessoa possui anticorpos contra o vírus da dengue
— Tipagem do vírus, que determina o sorotipo pelo método de PCR
Tratamento
O tratamento depende da gravidade da doença, variando desde um simples repouso e administração de analgésicos até a internação para a reposição de líquidos na veia por soro. A pessoa com suspeita de dengue não deve utilizar medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico (AAS, aspirina etc.), pois as substâncias podem aumentar o risco de hemorragias.