A morte súbita de Jett, filho de 16 anos do ator John Travolta, assustou pais de todo o mundo. O adolescente era portador de uma doença rara e de nome esquisito, o mal de Kawasaki. O distúrbio inflama as artérias, podendo causar danos permanentes ao coração. Em cada grupo de 100 mil crianças, de cinco a nove contraem a doença. As principais vítimas são asiáticas.
Jett recebeu o diagnóstico aos dois anos. Segundo a cardiologista pediátrica Ieda Jatene, a maioria dos casos de Kawasaki (80%) ocorre em crianças de até cinco anos. Como a doença ainda não tem causa definida pela medicina, seu diagnóstico é difícil.
— Se o paciente apresentar cinco dos seis sintomas sugeridos, provavelmente é portador da Kawasaki e merece atenção especial — afirma Ieda.
A enfermidade, porém, não é uma sentença de morte.
— A doença não provoca danos neurológicos. Cerca de 20% a 25% dos pacientes ficam com sequelas cardíacas e necessitam de acompanhamento médico. Apenas 0,8% morrem depois do surgimento do distúrbio — calcula o cirurgião vascular Eduardo Vieira, acrescentando que os portadores desse distúrbio devem fazer periodicamente exames de ecocardiograma para verificar o funcionamento do coração.
Tire suas dúvidas
A doença de Kawasaki tem alguns sintomas de infecção respiratória e escarlatina. Quando é que os pais devem se preocupar com o distúrbio?
Principalmente com febre alta e persistente, que vai e volta. Se a criança fica febril por mais de dois dias, sem melhora, os pais devem levá-la ao pediatra imediatamente.
Uma criança que teve a síndrome apresenta deficiência mental?
Não. O distúrbio não afeta as artérias cerebrais, e o paciente não apresenta problemas de fala, locomoção ou déficit de aprendizagem. Todas as funções cerebrais são preservadas. Há apenas uma restrição: pacientes com sequelas cardíacas severas não podem fazer grandes esforços físicos e necessitam de acompanhamento médico constante.
O transplante é indicado para as que ficam com complicações cardíacas?
Sim. O transplante cardíaco é uma opção terapêutica para pacientes com danos graves, pois melhora a qualidade de vida. Outra alternativa é o implante de pontes de safena ou mamária para desobstrução das artérias comprometidas.
Fontes: Eduardo Vieira, cirurgião vascular e endovascular