Nenhuma quantidade de álcool pode ser considerada segura durante qualquer período da gravidez: é o que recomenda a Academia Americana de Pediatria, um dos órgãos de saúde mais influentes do mundo.
A indicação foi embasada por estudo publicado na edição de novembro da revista científica Pediatrics, divulgada nesta segunda-feira, que associa ingestão de bebidas alcoólicas durante a gravidez a problemas neurocognitivos e comportamentais em crianças. O conjunto desses transtornos relacionados ao consumo de álcool por gestantes é chamado de fetal alcohol spectrum disorder, em português, desordens do espectro alcoólico fetal.
Os autores do estudo também relacionam a exposição ao álcool no período pré-natal a problemas de funcionamento e formação do cérebro, coração, rins e ossos, e transtornos como hiperatividade, déficit de atenção e problemas de aprendizagem. No primeiro trimestre da gravidez, o risco para a criança de desenvolvimento de transtornos é 12 vezes maior do que gestantes abstêmias. Para mulheres que consomem álcool durante toda a gestação, a probabilidade é 65 vezes maior.
Um levantamento da entidade americana indica que metade das gestantes nos Estados Unidos revelaram ter consumido bebidas alcoólicas no último mês, e quase 8% relataram uso constante de álcool durante a gestação.
– A pesquisa sugere que a escolha mais inteligente que uma mulher grávida pode fazer é evitar consumo de álcool completamente – declara Janet F. Williams, uma das autoras do estudo que embasou a recomendação do órgão norte-americano.