Vivemos a era da boa forma e do estilo de vida saudável. Pensando nisso, a indústria alimentícia lançou as versões diet e light para diversos tipos de alimentos. Agora, o que invade os supermercados são as versões com 0% de gordura. E os consumidores, em busca de mais saúde, acabam comprando-os como promessas de qualidade de vida. Porém, essas variações não são garantia de uma dieta saudável.
Para efeitos nutricionais, alimentos sem gordura são todos aqueles que não têm lipídios. Nessa categoria, incluem-se, por exemplo, as gelatinas e as frutas (com exceção do abacate). Elas diferem dos alimentos industrializados que dizem ter zero de gordura.
— Esses possuem uma quantidade mínima de lipídios, que, na porção a ser ingerida, representa 0% — explica a nutricionista Úrsula Tatiana Rodrigues.
A “leveza” desses produtos, no entanto, não deve ser interpretada como um sinal verde para o consumo irrestrito.
— Muitos deles aumentam a quantidade de açúcar, que é tão prejudicial quanto a de gordura, para preservar a consistência e as suas características. Alguns ainda têm um alto índice calórico, fazendo com que engordem da mesma forma — alerta a nutricionista.
À parte essa ressalva, os alimentos com 0% de gordura podem sim ser uma opção mais saudável se comparados a seus similares “gordos”. Nos supermercados, já é possível encontrar desde iogurtes a embutidos, como presuntos e mortadelas, além de queijos e sorvetes que se encaixam nessa categoria.
A produtora de moda Patrícia Justino Vaz, 31 anos, é uma das que confere a porcentagem de gordura na embalagem.
— Aprendi a gostar desses alimentos, mas não sou neurótica com isso. Porém, em casa, sempre procuro ter um desses na geladeira — afirma.
Para que o corpo não fique viciado, Patrícia varia marcas e opta por produtos naturais, quando possível.
— Me sinto mais disposta e até mais magra — comenta.
Até as redes de fast food já estão de olho nesse mercado. É o caso das lanchonetes especializadas no frozen yogurt — iogurte congelado com cremosidade de sorvete. Além de ter 0% de gordura, é pouco calórico, fazendo com que seja uma boa opção para um lanchinho eventual nas praças de alimentação.
— Em uma sociedade em que a obesidade já atinge tantas pessoas, ter uma opção mais saudável nas praças de alimentação é muito importante — afirma a nutricionista Kátia Godoy Cruz.
Mais uma vez, os nutricionistas aconselham: não é porque é light que deve ser consumido em grandes quantidades.
— Comer e não ficar saciado é um dos maiores problemas dos produtos diet e light — afirma o nutricionista Rodrigo Valim. A explicação é simples: os lipídios não são esses vilões que andam propagando. Além de provocar a sensação de saciedade, eles são fundamentais para a absorção das vitaminas A, D, E e K.
— Não se deve deixar de comer nenhum grupo de alimentos. O segredo é o equilíbrio — ensina Úrsula Rodrigues.