Coração e Álcool.

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Existem muitos dados na literatura médica sobre a interação entre o consumo de álcool e as doenças cardiovasculares (angina, infarto do miocárdio, miocardiopatia – doença que enfraquece o músculo cardíaco -, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica).O propósito deste texto é esclarecer qual o potencial favorável do consumo leve a moderado de bebidas alcoólicas sobre o sistema cardiovascular sem perder de vista seus muitos malefícios.

A ideia de que o consumo rotineiro de bebidas alcoólicas é benéfico para o sistema cardiovascular ganhou força após a publicação de artigo médico que sugeria que a despeito do maior consumo de gordura saturada e de mais altas taxas de tabagismo entre os participante do estudo, os franceses teriam menos doenças cardiovasculares. Como se sabe, os franceses têm como hábito o consumo diário de vinho tinto. Deste estudo surgiu o termo “Paradoxo Francês”.

Muito foi pesquisado desde então e os dados disponíveis permitem afirmar que existe uma relação salutar entre o consumo leve a moderado de álcool e as doenças cardiovasculares. Dito de outra forma, as pessoas que consomem leve a moderadamente bebidas alcoólicas possuem risco reduzido de desenvolver doenças cardiovasculares quando comparadas às abstêmias. Alguns estudos demonstraram redução de risco de doença arterial coronária de até 30%. Porém tal benefício restringe-se a determinadas doses de álcool, que diferem entre homens e mulheres.

A literatura é clara em afirmar que homens podem consumir de uma a duas doses de álcool por dia e as mulheres no máximo uma dose. É muito equivocada a crença de que se pode consumir no final de semana o que não se consumiu durante a semana. Este consumo traz muitos malefícios, como, por exemplo, o aumento do risco de morte súbita. Os dados mostram ainda que o impacto do consumo leve a moderado é positivo naqueles que não possuem doenças cardiovasculares bem como naqueles que já tiveram eventos vasculares, como por exemplo, um infarto agudo do miocárdio.

O que é considerada uma dose de álcool? Aceitam-se as seguintes medidas: 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho tinto ou 40 ml de destilado. Assim, um homem pode beber duas latas de cerveja por dia, enquanto as mulheres apenas uma. A ingestão deve ser, preferencialmente, junto de uma refeição.

E quanto ao tipo de bebida alcoólica? Alguma bebida proporciona mais benefícios cardiovasculares do que outras? O vinho tinto teria um adicional em comparação com outras bebidas: a presença de substâncias, em especial resveratrol e flavonóides (efeitos antitrombóticos e antioxidantes). Porém, nenhum estudo foi eficaz o suficiente para provar que o vinho tinto efetivamente é superior em relação a outras bebidas. Em resumo, o benefício parece ser do álcool propriamente dito, já que outros tipos de bebidas mostraram o mesmo efeito que o vinho tinto. Mais relevante que o tipo de bebida é a quantidade e a forma do consumo.

Sabe-se que o álcool aumenta os níveis do colesterol ligado a proteínas de alta densidade (HDL), considerado o bom colesterol. O HDL é responsável pela remoção do colesterol ligado a lipoproteínas de baixa densidade (LDL), o que previne a ocorrência de aterosclerose. O consumo de até aproximadamente 30g/dia de álcool diminui os níveis de fibrinogênio em até 7.5 mg/Dl. O fibrinogênio, que está associado ao processo de coagulação e formação de trombos (coágulos de sangue), leva à redução do risco de desenvolver problemascoronarianos em até 12,5%.

Resumidamente, pode-se concluir que o consumo leve a moderado de bebidas alcoólicas, independentemente do tipo de bebida, é potencialmente proveitoso para homens e mulheres desde que respeitadas as doses recomendadas. Caso contrário, existem grandes chances de complicações cardiovasculares, como infarto agudo domiocárdio, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial sistêmica, e de problemas hepáticos como cirrose, problemas neurológicos (demência inclusive) e hematológicos (anemia e carência de vitamina).

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