Dor nas costas. Com a vida moderna nas grandes cidades, tempo gasto no trânsito e o dia todo dentro de um escritório, quem nunca reclamou? Difícil, pois de acordo com o neurocirurgião e especialista em cirurgia de coluna vertebral Alexandre José Reis Elias, 90% da população terão pelo menos um episódio ou crise de dor na coluna ou lombalgia no decorrer da vida. E os motivos para isso estão cada vez mais frequentes.
— Podemos dizer que o número de pessoas que sofrem de dor nas costas tem aumentado principalmente em função do sedentarismo, do sobrepeso e do estresse — afirma o médico.
Como definir quando a dor nas costas é passageira ou pode indicar um problema mais grave? Elias explica que o problema mais comum é a lombalgia aguda, com duração da dor inferior a 12 semanas. Trata-se de uma dor que aparece na coluna lombar (entre a última costela e as nádegas), que piora muito ao fazer qualquer movimento com o corpo. Por isso, o paciente anda com o corpo duro. A causa mais comum é algum movimento errado que o paciente fez (carregar peso em excesso ou de forma errada, abaixar o tronco para pegar algum objeto com as pernas esticadas, fazer rotação do corpo mantendo os pés parados no chão em vez de rodar todo o corpo, pegar algum objeto em uma estante alta inclinando o corpo para trás).
Quando a dor nas costas dura mais de 12 semanas, é caracterizada como lombalgia crônica. Por ter causa multifatorial, é bem mais difícil de ser tratada, requerendo a procura de um centro especializado em dor, com equipe multidisciplinar formada por neurocirurgião, reumatologista, fisiatra, ortopedista etc. Independentemente da duração da dor, o indicado é, com o surgimento dos sintomas, que a pessoa procure um especialista para avaliar a gravidade do problema e iniciar o tratamento.
— Apesar de rara, a causa da dor pode ser a presença de fraturas, tumores ou até mesmo uma infecção da coluna. Somente com uma avaliação médica podemos saber se é alguma doença mais grave ou não — completa.
Dicas para evitar a sobrecarga na coluna e a dor
— Não durma de bruços, mas de lado e com um travesseiro entre os joelhos. Ou de barriga para cima, com um travesseiro atrás dos joelhos.
— O colchão não deve ser muito mole nem muito duro. Os semiortopédicos são uma boa opção, porém não existe regra, e a escolha é individual.
— Na hora de sair da cama, vire o corpo para o lado e comece a se levantar de lado.
— Para transportar objetos pesados que estão no chão, agache-se dobrando os joelhos, próximo ao objeto, e pegue-o sem inclinar a coluna. Não carregar peso excessivo (exemplo: maior que três quilos).
— No escritório, utilize cadeiras que não reclinem para trás, com apoio para os braços. Sente-se usando todo o encosto e mantenha os pés totalmente encostados no chão. A tela do computador deve ficar na altura dos olhos para a coluna cervical (pescoço) ficar em posição confortável.
— Carregue mochilas nas costas, usando as duas alças. Cuidado com o excesso de peso, principalmente nas crianças.
— Sapatos de salto alto podem acarretar dor na coluna lombar. Calce-os eventualmente e, caso provoquem dor, evite o uso.
— Dirija sempre com as costas apoiadas no banco e os braços parcialmente flexionados (não esticados totalmente).
— Gestantes devem manter atividade física supervisionada e ficar dentro do peso. As dores lombares em grávidas são comuns e, na maior parte das vezes, não representam nenhum problema sério de coluna. Procure um especialista em coluna para fazer o diagnóstico correto, tratamento e prevenção de novas crises.
— Massagem e outras terapias podem trazer alívio e bem-estar, mas sempre com a indicação de um especialista.
— Para os pacientes com forte dor aguda, é indicada a fisioterapia analgésica com RPG. Para os pacientes que melhoraram, recomenda-se RPG ou pilates para tentar prevenir novas crises.