Evolução dos antidepressivos

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Falar abertamente sobre a depressão nem sempre é fácil, pois há ainda um misto de desconhecimento e preconceito, principalmente com relação aos medicamentos usados no tratamento. Porém, com a evolução da ciência, novas classes terapêuticas surgiram e são cada vez mais eficazes no controle e no tratamento da depressão.
De acordo com o médico assistente do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Frederico Navas Demétrio, os medicamentos têm evoluído ao longo dos anos e atuado no organismo de maneira mais eficaz, com diminuição significativa dos efeitos adversos. Entre eles, a pouca interferência no peso e na libido, além de baixa probabilidade de interação medicamentosa, inclusive com anticoncepcionais, o que é um ganho para as mulheres.
— Essa nova era do tratamento é marcada por um importante avanço dentro da terceira geração de medicamentos antidepressivos, os chamados duais — afirma Demétrio.
O especialista explica que, nos últimos 20 anos, os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) — considerados antidepressivos de segunda geração — foram os medicamentos mais prescritos para o tratamento da depressão. Eles mostraram eficácia com menores índices de eventos adversos observados nos antidepressivos de primeira geração (chamados de tricíclicos), responsáveis pelo baixo índice de adesão ao tratamento pelos pacientes.
— No entanto, quando se comparam os ISRS aos da terceira geração, estes últimos conseguem um incremento na eficácia do tratamento por atuar também na noradrenalina, além da serotonina — completa o especialista.
Aliada ao tratamento medicamentoso e à psicoterapia, é importante a prática de atividades físicas, pois liberam endorfina, substância que causa sensações de alegria e bem-estar. Isso acontece porque o cérebro do depressivo apresenta alterações químicas que precisam ser equilibradas, especialmente no sistema nervoso, responsável pelos níveis de humor, alegria, tristeza, energia e interesse.
Pesquisa divulgada em setembro de 2009 pela Organização Mundial da Saúde alerta que nos próximos 20 anos a depressão deverá ser a doença mais comum do mundo, mais prevalente do que enfermidades cardíacas ou câncer. Na divisão entre sexos, a mulher tem maior tendência à depressão do que os homens, segundo Demétrio, por conta das questões hormonais. Ele esclarece ainda que o desequilíbrio químico causado pelo quadro depressivo tem grandes efeitos nos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM) e na menopausa.
Sintomas da doença
— Humor deprimido
— Perda de interesse em fazer coisas que antes eram motivo de prazer
— Insônia ou muita sonolência
— Falta de concentração e dificuldade de tomar decisões
— Agitação ou lentidão
— Alterações no peso e no apetite
— Fadiga diária
— Sensação de inutilidade
— Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.
Segundo Demétrio, a falta de percepção desses sinais dados pelo organismo ou a insistência em interpretá-los como normais ou passageiros pode mascarar a doença, favorecendo uma piora do quadro.
— Ao contrário de uma gripe ou febre, o tratamento deve continuar por vários meses após o desaparecimento dos sintomas. Caso contrário, poderá haver uma recaída do paciente. Por isso que a orientação médica é tão importante na remissão da depressão — conclui o especialista.
Alguns tipos de depressão
— Bipolar: alterna períodos de euforia e de estabilidade
— Psicótica: com delírios ou alucinações 
— Atípica: padrão diferente do habitual, com aumento do peso e apetite
— Pós-parto
— Sazonal: relacionada à época do ano, geralmente outono e inverno 
— Melancólica ou endógena: depressão típica
— Distimia: depressão leve, crônica, de curso variável

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