Questões sobre infertilidade e fertilização feminina

0comentário

Problema de ovulação, síndrome do ovário policístico e endometriose são alguns dos fatores que contribuem para a infertilidade feminina. Com a evolução da medicina, essa condição deixou de ser um fantasma para muitas mulheres, que hoje contam com tratamentos que podem reverter o quadro. A ginecologista Rosa Maria Neme responde algumas das principais dúvidas sobre o tema.
— Quais as principais causas da infertilidade feminina?
Endometriose, ovários policísticos, causas tubárias ou problemas na ovulação.
— Tomar anticoncepcional por muito tempo pode deixar a mulher infértil?
O anticoncepcional, quando suspenso, pode atrasar o retorno da ovulação em, no máximo, seis meses. Portanto, o uso de anticoncepcional por muito tempo não deixa a mulher infértil.
— Há como reverter a infertilidade antes de decidir pelo uso de técnicas de fertilização?
Tudo dependerá da causa da infertilidade. Na endometriose, em alguns casos, o tratamento cirúrgico pode reverter a infertilidade, assim como algumas alterações das tubas uterinas. No caso do ovário policístico e da ovulação, alguns medicamentos podem ser úteis para corrigir essas alterações.
— Qual o conceito da fertilização?
O conceito correto é de reprodução assistida. Essa especialidade ajuda os casais a engravidar por meio da manipulação extracorpórea do sêmen _ no caso da inseminação intrauterina _ e do óvulo e espermatozoide, no caso da fertilização in vitro.
— Quais as técnicas existentes em fertilização humana?
Há o coito programado (estímulo da ovulação e programação da relação sexual no dia do pico da ovulação), a inseminação artificial e a fertilização in vitro.
— Qual a diferença entre fertilização in vivo e in vitro? E qual o procedimento de cada método?
A fertilização in vivo é mais conhecida como inseminação artificial. Realiza-se uma indução da ovulação na mulher e, na época em que ela ocorrer, prepara-se o sêmen do parceiro, que é introduzido na cavidade uterina. Já na fertilização in vitro o médico captura um óvulo e coloca milhares de espermatozoides ao seu redor. O mais capacitado o fecundará. O embrião fica por dois a três dias no laboratório, em um ambiente que imita o corpo da mulher (controle da temperatura, umidade, gás carbônico e partículas no ar). Após esse período, é transferido para o útero, e pode ocorrer ou não a chamada implantação — fenômeno em que o embrião se prende ao útero. Sem a implantação, não ocorre a gravidez.
Na técnica ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), o médico seleciona o espermatozoide e o injeta no óvulo. Nesse procedimento, o embrião também é transferido para o útero de dois a três dias depois, podendo haver ou não a implantação. Esse método é recomendado para homens com baixíssimas taxas de espermatozoides no sêmen ejaculado.
— Em quais casos cada técnica é indicada?
A indução de ovulação pode ser indicada para mulheres que apresentem distúrbios de ovulação (sem comprometimento da função das tubas uterinas), fazendo com que haja uma melhora do processo ovulatório e uma gestação de forma natural. A inseminação intrauterina é indicada para casais em que o parceiro apresenta algum distúrbio discreto de mobilidade ou quantidade dos espermatozoides, já que há uma melhora da qualidade do sêmen que é preparado no laboratório e é injetado diretamente dentro do útero.
Já a fertilização in vitro é indicada para mulheres com alteração da função das trompas, com sêmen do parceiro normal ou não. A técnica de ICSI é indicada quando há ou não alteração da função das trompas, ou com sêmen com menos de 1 milhão de espermatozoides na concentração (o normal é acima de 20 milhões).
— Quais as chances de sucesso em cada método de fertilização?
Tudo dependerá da idade da paciente, da função do ovário (em mulheres que fizeram várias cirurgias nos ovários, o resultado tende a ser pior), da integridade do útero (onde ocorre a implantação). Em média, para uma mulher de 35 anos, a chance de engravidar pela inseminação artificial é de cerca de 18% e para a fertilização é de cerca de 40%.
— Existe algum risco para a mulher nesses procedimentos?
O risco é muito pequeno, desde que sejam realizados em centros especializados. Pode haver risco de gestação nas trompas (o embrião se implanta no local errado), risco de sangramento durante o procedimento de punção dos ovários para coleta dos óvulos na fertilização in vitro, risco de hiperestímulo da ovulação causando situações de instabilidade circulatória para a mulher (quando a dose de hormônio administrada pelo médico é muito alta e o ovário produz muitos óvulos e, consequentemente, a taxa de hormônio produzido no corpo é muito grande, causando alterações vasculares no corpo da mulher).
— A fertilização artificial sempre resulta em nascimento de múltiplos?
A taxa de gestações únicas é sempre maior que a de múltiplos. Tudo também dependerá do número de embriões que são transferidos para o útero. Atualmente, recomendamos a transferência de dois a três embriões, a fim de evitar gestações múltiplas, que aumentam o risco de prematuridade e complicações na gravidez.

Dra. Rosa Maria Neme (CRM SP-87844) – A Dra. Rosa Maria Neme é graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (1996) e doutorado em Medicina na área de Ginecologia pela Universidade de São Paulo (2004). Realizou residência-médica também na Universidade de São Paulo (2000). Além de dirigir o Centro de Endometriose São Paulo, ela integra a equipe médica do Hospital Israelita Albert Einstein, Samaritano, São Luiz e Sírio Libanês.

O Centro de Endometriose São Paulo conta com serviços voltados à assistência global da saúde da mulher e valorização da beleza feminina. A iniciativa deste projeto pioneiro é da Dra. Rosa Maria Neme, que possui diversos trabalhos publicados sobre a endometriose e larga experiência no tratamento desta doença. Ela lidera uma equipe clínica formada por médicos e profissionais nas áreas de ginecologia, radiologia, cirurgia do aparelho digestivo, urologia, clínica geral, anestesia especializada no tratamento de dor, dermatologia, fisioterapia, nutrição e psicologia.

Sem comentário para "Questões sobre infertilidade e fertilização feminina"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS