O efeito da televisão nas crianças, principalmente nos bebês, é um assunto bastante controverso. Todos os anos, surgem muitos estudos e estatísticas sobre os hábitos de televisão das crianças e alguns deles podem parecer alarmantes.
Fotógrafo: Pavel Losevsky | Agência: Dreamstime.com A maioria dos especialistas concorda que os bebês com menos de 2 anos de idade não devem assistir televisão |
Uma criança norte-americana comum assiste cerca de quatro horas de televisão por dia [Fonte: AAP (em inglês)], embora 20% das crianças com menos de 2 anos tenham televisão no quarto. Entre os bebês com 3 meses de idade ou mais velhos, 40% assistem à TV, com a porcentagem aumentando significativamente entre as crianças com idade de 2 anos e mais novas [Fonte: Seattle Post-Intelligencer (em inglês)]. Em 2003, um estudo descobriu que crianças entre 6 meses e 6 anos passam em média duas horas por dia diante de “mídias com telas” como televisores, computadores e videogames [Fonte: CBS News (em inglês)]. O estudo também revelou uma relação entre o tempo gasto assistindo televisão e a dificuldade de leitura.
Muitos desses estudos fizeram com que médicos, educadores e outros especialistas recomendassem um limite no consumo de televisão pelas crianças. A campanha recebeu outro incentivo quando um estudo concluído no início de agosto de 2007 mostrou que os programas voltados para bebês podem prejudicar o desenvolvimento infantil. Esses programas contêm pouco diálogo, se baseando em imagens sobrepostas que, com freqüência, não estão relacionadas entre si ou são difíceis de explicar. O estudo menciona as lâmpadas de lava como exemplo de uma imagem ou conceito que é difícil de explicar para um bebê. Os vídeos, porém, são bastante populares nos Estados Unidos: a série “Baby Einstein” faturou mais de US$ 500 milhões [Fonte: Boston Globe (em inglês)] e a Disney comprou a empresa em 2001 [Fonte: Denver Post (em inglês)].
Muitos pais afirmam que eles usam esses vídeos como babás, exibindo um DVD do “Baby Einstein” para as crianças para que a mamãe e o papai possam limpar a casa, preparar o jantar ou se incumbir de outros afazeres. Os pesquisadores, contudo, dizem que o problema é que esses vídeos não proporcionam os benefícios que alegam e podem até causar danos.
O problema não está apenas no conteúdo dos vídeos, pouco diálogo ou interatividade e imagens que mudam rapidamente, mas também em como os cérebros dos bebês se desenvolvem. O cérebro de um bebê é muito sensível antes dos 2 anos de idade. Ele ainda está desenvolvendo conexões neurais e crescendo em tamanho. Em razão dessa sensibilidade, é importante que os bebês tenham bastante estímulo interativo para aprender e se desenvolver. Os pesquisadores defendem que os vídeos não proporcionam esse estímulo.
O estudo, que foi publicado no Journal of Pediatrics, observou mil famílias, analisando crianças que tinham idades entre 8 e 16 meses. Das crianças pesquisadas, 32% assistiam aos vídeos, sendo que 17% delas o faziam por pelo menos uma hora por dia. Para determinar como os programas semelhantes ao “Baby Einstein” afetaram o desenvolvimento, eles se concentraram no vocabulário. Em média, a cada hora por dia que uma criança assistiu a esses programas, ela aprendeu de seis a oito palavras menos se comparada a crianças da mesma idade. As crianças que tinham idades entre 17 e 24 meses não pareceram ter sido afetadas pelo programa de nenhuma forma.
O responsável pelo estudo, Frederick Zimmerman, da Universidade de Washington, afirmou que “não há uma evidência clara de que haja um benefício nos DVDs e vídeos para bebês e há uma certa sugestão de dano” [Fonte: Forbes (em inglês)].
Então as crianças pequenas devem ser proibidas de assistir à TV? Na próxima página, vamos dar uma olhada no que mais os pesquisadores tinham a dizer e no que alguns especialistas recomendam para os bebês que assistem a TV.