Elas servem de combustível para quem malha, enganam a fome, têm poucas calorias e ainda regulam o intestino. Como escolher entre tantas barrinhas, de cereais, protéicas, energéticas, de fibras ou de frutas – o melhor tipo para você?
Atletas e adeptos de todo tipo de malhação há muito descobriram as vantagens de consumi-las no dia-a-dia. Não só eles. Sedentários e até crianças também. Práticas, as tais barrinhas vieram mesmo para ficar. Tanto que fazem parte de uma ala privilegiada a dos produtos que mais crescem no setor de alimentos.
Caíram na boca do povo como barras de cereais, mas podem conter substâncias capazes de inseri-las em outras categorias, como explicam os entendidos da indústria. Há, por exemplo, as chamadas energéticas (não necessariamente à base de cereais), as de proteínas, as de frutas, as de fibras e até as que mesclam proteínas e carboidratos. “As finalidades nutricionais também são diferenciadas”, ressalta a nutricionista Vanderlí Marchiori, diretora da Associação Paulista de Nutrição.
As de cereais propriamente ditas fornecem energia rápida para o exercício físico e podem substituir o lanche nunca uma refeição, olha lá! As energéticas são mais indicadas para quem tem uma rotina de treinos exaustivos. Já as protéicas vêm bem a calhar para quem persegue músculos poderosos. “Dependendo do plano de exercícios, devem ser ingeridas logo após a atividade para ajudar na regeneração das fibras musculares”, diz Venderlí. “Já as barrinhas de frutas prensadas são ideais para quem não gosta de carregá-las in natura”.
Os fabricantes buscam produtos cada vez menos calóricos e, claro, mais saborosos. Recentemente a United Mills lançou as chamadas sobremesas de bolso nos sabores musse de chocolate, torta de banana e morango com chantilly, todas com 69 calorias. A Good Light está investindo em um novo processo para retirar totalmente o açúcar. A idéia é de que seu produto, já magrinho, tenha bem menos do que as atuais 73 calorias. O público infantil também é alvo desse segmento. No ano passado a Quaker criou uma linha de barrinhas em tamanho menor do que o padrão. “Elas de fato são mais indicadas do que doces em geral, mas devem ser consumidas eventualmente”, comenta o nutrólogo Celso Cukier, do Instituto de Metabolismo e Nutrição, em São Paulo. “Nada substitui uma fruta ou um suco natural no lanche das crianças”, observa.
1 ENERGÉTICAS PRA VALER
Elas são maioria entre as barras de cereais no mercado. Fabricadas por pelo menos dez empresas, contêm no mínimo 16 gramas de carboidratos por porção, inclusive na versão light. “São ótimas para o lanche de quem pratica exercícios”, elogia a nutricionista Fabiana Casé, da Clínica Harmonya, no Rio de Janeiro. Como muitas delas têm poucas fibras e muita gordura atenção! , não são indicadas para quem precisa perder ou manter o peso, tem doença cardiovascular e intestino preso. Algumas, como a fabricada pela Hershey’s, apresentam ainda a famigerada gordura trans. Em pouca quantidade, é bom ressalvar 0,2 grama por porção, que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) considera pouco significativa. Tem até uma versão específica para atletas, a Power Bar Performance, fabricada pela Nestlé. Só que outra vez, fique ligado essa é realmente pra lá de energética. Para se ter uma idéia, as de baunilha e banana têm 240 calorias!
2 PRECISA DE MAIS MÚSCULOS?
Se a resposta for sim, aposte nos halteres e coma mais proteínas. “As barras que contêm pelo menos 4 gramas do nutriente são uma boa ajuda”, garante Fabiana Casé. Fabricantes do setor de cereais, como a United Mills, já investem nesse segmento. A Gold Nutrition, por exemplo, lançou recentemente uma linha que inclui barras ricas em soja. Seguindo a mesma trilha, a Nutrimental está colocando no mercado barras com 14 gramas desse grão, tido como alimento funcional e, portanto, capaz de evitar doenças. “Pouco calóricas, têm vitaminas, ferro, cálcio e fibras. Boa opção também para quem precisa controlar ou perder peso”, avalia Vanderlí Marchiori.
3 CEREAIS INTEGRAIS
Uma das críticas de nutrólogos e nutricionistas às barrinhas é que a fórmula normalmente consiste numa mistura de farinhas refinadas, farelos e poucos grãos integrais. Ou seja, a combinação tem alto índice glicêmico. Isso quer dizer que a glicose é liberada rapidamente e logo a fome dá as caras de novo. Para os diabéticos, são um péssimo negócio, porque esse mecanismo, no tipo 2 da doença, obriga o pâncreas a fabricar mais insulina. Uma novidade no quesito cereal integral é a granola em barra, da General Mills Brasil. “Ela é destinada a pessoas mais interessadas em saúde do que em sabor para enganar a vontade de comer um doce”, diz a nutricionista Chris Ribeiro, analista técnica da empresa. “Com baixo teor de sódio e zero de gordura trans, é boa sobretudo para hipertensos”, opina Vanderlí.
4 FRUTAS EM BARRA
Vitaminas, minerais e fibras. Todos esses nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo estão nas frutas. E podem ser encontrados também em muitas barrinhas, como a de banana passa prensada coberta com fina camada de chocolate branco ou ao leite, da Banana Brasil. “São gostosas, têm fibras e pouco sódio. O que estraga são os 3 gramas de gordura. Melhor se tivessem, no máximo, 2,5 gramas”, opina a nutricionista Fabiana Casé. Bem mais magras são as versões light do fabricante: banana com café e banana com flocos de morango, entre outras. A Nutrimental e a Bauducco lançaram tortinhas do tipo fast-food, também menos calóricas. No entanto, comparadas com outras do gênero, não apresentam grande vantagem no teor de gorduras.
5 DE OLHO NAS FIBRAS
Para ser considerado rico nessa substância e assegurar seus benefícios à saúde cardiovascular e ao bom funcionamento intestinal, o alimento tem que oferecer mais de 2 gramas de fibras por porção. Apesar da fama de ser fonte de fibras, a grande maioria das marcas, infelizmente, traz menos do que isso. Um levantamento feito por nutricionistas revelou que apenas algumas barrinhas fornecem algo próximo desse valor. São elas: Amendoim e Frutas Tropicais, da Ritter; Light de Castanha de Caju e Avelã com Chocolate, Light com Cobertura de Goiaba, Fruta e Fibra, Light de Frutas Amarelas, Light de Maçã e Canela, Light de Banana com Chocolate e Light de Frutas Vermelhas com Chocolate todas da Nestlé; Soja com Canela e Gengibre, Soja com Morango e Chocolate, Soja com Chocolate e Soja com Castanha e Chocolate, da Gold Nutrition e Fibraxx Chocolate, da Milani.
A QUESTÃO DO GLÚTEN
Embora a indústria alimentícia não produza barrinhas especiais para os celíacos, algumas versões estão liberadas para os portadores da doença
Cada vez mais consumidas pela população em geral, as barras de cereais são proibidas para quem não digere frações das proteínas da aveia, do centeio, da cevada e do malte, que é um subproduto da cevada. “Por enquanto eles têm que se contentar com a barrinha de banana passa, da Banana Brasil, que é livre de glúten”, diz Raquel de Oliveira Leite, nutricionista de São Paulo.