A guerra contra as rugas

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Dra Lúcia Mandel – Dermatologista

        A conversa é sobre rugas. Ou melhor, sobre como acabar com elas. Discussão antiga, aliás. Riscar as rugas do mapa e ter uma pele lisinha não é nenhum desejo moderno: Cleópatra já praticava seus rituais de beleza, banhando sua pele em leite de cabra para deixá-la macia. Parece que também fazia máscaras com leite azedo, numa espécie de peeling de ácido lático.

        Hoje os recursos são bem mais numerosos, e espantosamente eficientes. Somado a uma maior expectativa de vida, eis um palco promissor para os tratamentos estéticos.

        Você já percebeu que conforme o tempo passa os volumes faciais se modificam? É que a camada de gordura que fica logo abaixo da pele do rosto diminui com a idade. Além disso, as fibras de colágeno que sustentam a pele atrofiam e ficam fragilizadas. A musculatura facial fica mais flácida. Por conta da diminuição dos volumes faciais e da mudança na sustentação da pele surgem alguns tipos de rugas. Por exemplo, o “bigode chinês”, ruga que fica entre o nariz e a boca. Ou as rugas ao redor dos lábios. A própria diminuição do volume dos lábios e das bochechas acontece pelo mesmo motivo.

       As mãos também sofrem com a diminuição da gordura sob a pele: é por isso que em algumas pessoas conseguimos observar os relevos de veias e tendões, que antes não eram vistos. É até intuitivo pensar em usar uma substância que aumente volumes, para contrabalançar essa perda natural. Justamente aí é que entra o preenchedor.

O papel dos preenchedores

       O preenchedor dérmico é um produto colocado com injeção logo abaixo da pele, e que aumenta o volume do local tratado. Simples assim. Mas será que é simples mesmo?

       Existem vários tipos de preenchedores e a escolha de qual material usar sob a sua pele é assunto delicadíssimo. O médico especialista escolhe os de sua preferência, e indica conforme o caso. O preenchedor não pode ser tóxico, não deve causar alergia e nem fazer mal ao organismo. Deve ficar fixo no local da aplicação mesmo com o passar do tempo, até ser reabsorvido pelo seu organismo. E, é claro, deve deixar um resultado natural.

       A história da procura pelo material ideal já causou estragos. Por exemplo, quando se usou a parafina. Esse material causava reações alérgicas, percebidas como nódulos na pele. Depois surgiu o silicone que trouxe muitos efeitos colaterais, fazendo com que o produto fosse abandonado também. Muito recentemente vi efeitos graves com o gel de acrilamida, que causava reabsorção da gordura facial.

Ácido hialurônico e o ácido polilático

        Hoje em dia, os preenchedores mais usados pelos dermatologistas, graças à eficiência e à segurança, são o ácido hialurônico e o ácido polilático. Vou falar um pouquinho sobre cada um deles.

        O ácido hialurônico é um excelente preenchedor, e é o mais utilizado pelos dermatologistas. É bem seguro, não causa reações alérgicas e por isso não requer teste prévio. Ele é reabsorvido com o tempo e, se a pessoa gostou do efeito, volta para um novo tratamento em aproximadamente um ano. O preenchimento pode ser feito em qualquer ruga facial, desde as mais delicadas até as mais profundas. Também é muito bom para aumentar e definir o contorno dos lábios. A aplicação é bastante rápida, leva aproximadamente 30 minutos, e em seguida a pessoa já pode retornar às suas atividades normais. O local da aplicação fica um pouco inchado e vermelho, mas isso logo passa, e eu peço que o paciente coloque compressas geladas se isso trouxer mais conforto.

        O segundo material mencionado, o ácido polilático, é um produto rapidamente reabsorvido, mas que funciona como preenchedor porque estimula a formação de colágeno da própria pessoa. Com isso a espessura da derme aumenta, e a sustentação de toda a pele do rosto melhora. São necessárias em média 3 a 4 sessões para se ter um bom efeito, com intervalo de um mês entre elas. Este novo colágeno costuma durar aproximadamente dois anos.

Outras armas contra o tempo

        As opções não param aí: existem outros materiais. É o caso da gordura do próprio paciente, quando retirada por lipoaspiração, que também é um ótimo material. A gordura é usada principalmente para corrigir o “bigode chinês”, para dar mais volume às maçãs do rosto e no tratamento das mãos. Como exige um procedimento cirúrgico antes do preenchimento propriamente dito, deve ser feito por um cirurgião experiente e capacitado. Outro material, pouco usado no Brasil, é o colágeno, que pode ser bovino ou humano.

        Seja qual for o método escolhido, o sucesso do tratamento depende de um bom profissional, que saiba somar conhecimento técnico com bom senso.

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