Não é possível driblar o bafômetro

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            Única forma segura de driblar bafômetro é não beber.

              
                Fatores como idade, sexo, peso e estômago cheio podem alterar brutalmente medição.
              Uma pessoa pode eliminar álcool a velocidade duas vezes mais lenta que outra, ou mais.

           Não existe fórmula mágica para ingerir bebidas alcoólicas e mesmo assim escapar do teste do bafômetro, alertam toxicologistas. Embora exista uma correlação mais ou menos bem conhecida entre quantidade de álcool bebido e tempo para que a bebida deixe de ser flagrada no hálito e no sangue, a variação de pessoa para pessoa, e de contexto para contexto, é tão grande que não vale a pena se arriscar. No entanto, se você não vai abrir mão de uma ou duas doses e mesmo assim quer dirigir, o conselho é: sente e espere. Muito. 

           Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), em São Paulo, como regra geral, é possível dizer que quem consome um único chope ou uma única taça de vinho (ou, no caso de bebidas destiladas, meia dose de uísque) deve esperar entre uma hora e meia e duas horas antes de poder assumir o volante com tranqüilidade. No entanto, a variabilidade entre as pessoas é tão grande que esse tempo pode dobrar, mesmo quando doses idênticas são consumidas (confira o infográfico acima para uma estimativa, envolvendo esses intervalos de confiança e englobando até três doses).

           “Em alguns experimentos, foi possível perceber essa variação de forma bem clara”, conta Cristiana Leslie Corrêa, especialista em toxicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e diretora técnica da empresa Planitox. “Fizemos um teste com uma quantidade de uísque em torno de 100 ml. Após 5 horas, quase todas as pessoas já tinham eliminado o álcool do organismo, mas algumas demoravam a metade desse tempo, enquanto outras levavam ainda mais tempo”, afirma a pesquisadora, que lembra que “etilômetro” é o termo correto a ser aplicado ao popular bafômetro.

           Uma das principais variáveis que precisam ser consideradas é o sexo da pessoa: homens, por natureza, metabolizam mais rápido o álcool, porque as enzimas (moléculas orgânicas que aceleram reações químicas) de seu estômago agem mais eficazmente do que as do organismo feminino. É preciso levar em conta também o peso corporal de cada indivíduo para saber com precisão como o álcool será metabolizado, ressalta Silvia de Oliveira Santos Cazenave, perita do Instituto de Criminalística de Campinas e professora de toxicologia, também na PUC-Campinas.  

           “Seria incorreto dizer que, com mais massa corporal, o álcool tem mais massa na qual se dissolver. Mas, como ele se distribui de forma relativamente regular pelos vários tecidos e órgãos, a comparação até faz algum sentido”, afirma Cazenave. Faz uma diferença significativa ingerir bebida alcoólica com o estômago vazio ou cheio, diz Cristiana Corrêa. “A presença do bolo alimentar no estômago atrasa a absorção do álcool”, lembra a especialista. Na dúvida, avalia ela, é melhor ser conservador e supor que seu organismo está mais para o lento do que para o apressadinho nesse quesito.

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           O que o etilômetro avalia, de forma indireta, é a proporção de álcool no sangue, por meio de uma correspondência entre o que está presente no ar bafejado e o que existe na corrente sangüínea. Existem incertezas nessa correspondência, mas “dificilmente” alguém com níveis perigosamente elevados de álcool no sangue vai passar impune pelo teste da baforada, afirma Cazenave.

           E o inverso também é verdadeiro: ninguém precisa temer ser flagrado pelo bafômetro após comer bombons de licor. “Isso é uma grande bobagem. O que pode acontecer, por azar, é a pessoa usar o etilômetro sem lavar a boca e logo após comer o bombom. Num caso como esse, é até possível que a mucosa da boca fique com níveis elevados de álcool. Para evitar qualquer possibilidade disso, basta a pessoa lavar a boca com água e esperar 15 minutos”, diz a pesquisadora.

                   Idade

           Se fatores como sexo e peso já parecem complicar a equação do metabolismo de álcool, é importante lembrar que a idade de quem bebe também influencia, segundo Cazenave. “Pessoas acima dos 60 anos tendem a absorver e eliminar o álcool mais devagar. Por outro lado, se ao longo da vida desenvolveram tolerância à bebida, por causa da ingestão contínua, isso pode se inverter”, lembra ela.

           A própria velocidade com que a pessoa está consumindo determinada bebida alcoólica interfere na metabolização da substância. Nesse caso, o bom senso vale: beber grandes goles rapidamente leva a uma concentração mais alta de álcool no sangue (e no hálito) do que ingerir a bebida devagar e sempre.

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