Uma trágica lição. Poderia a overdose de medicamentos de Heath Ledger ser prevenida ?

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Dr José Xavier de Melo Filho</font A morte do ator australiano Heath Ledger de 28 anos – que atuou no filme “O Segredo de Brokeback Moutain” ganhou as manchetes internacionais após a confirmação de uma intoxicação causada pela mistura de ansiolíticos, analgésicos e remédios para dormir.
Duas semanas após a morte do ator australiano foram recheadas de dúvidas. Foi suicídio? Drogas ilícitas?. A confirmação após os testes toxicológicos das autoridades médicas de Nova York que teria sido uma combinação letal mas acidental de drogas que haviam sido prescritas por médicos porém com consultas diferentes. Trouxe a discussão uma tema antigo porém sabidamente perigoso – Interação medicamentosa.
A combinação entre remédios é perigosa porque pode neutralizar ou potencializar o efeito das substâncias.
Algumas vezes o médico pode ser induzido ao erro quando o paciente omite a medicação que já estava tomando durante a consulta ou se automedica.
O certo são as lições a serem tiradas desse episódio. Quase que instantâneamente já vem sendo questionado nos Estados Unidos e Nova Zelândia a liberalidade de comerciais de medicamentos nas televisões,que faz parte do cotidiano dessas populações, que na maioria dos países já foram banidos. Os medicamentos são apresentados em comerciais, assim como é feito com cremes dentais, automóveis ou coca-cola diet. Não são produtos banais, são medicamentos potentes, onde propagandas podem induzir o seu uso ou pressionar os profissionais a incorporar em suas prescrições. Outro questionamento é o acompanhamento de pacientes por múltiplos médicos. Não necessariamente os médicos têm contato um com os outros. Drogas psiquiatricas são largamente usadas por psiquiatras e o que aconteceu nos anos 90 e nessa década, é que elas agora são prescritas por médicos de atenção primária e que nem sempre são os mesmos na próxima consulta. Não é incomum os pacientes apresentarem várias prescrições de vários médicos e várias associações. No caso de associações de ansilolíticos, antidepressivos, indutores de sono e medicamentos para dor, devem ter um médico que centralize a prescrição e o acompanhamento, nesse caso mais específico- um psiquiatra. Da mesma forma quando consulto idosos idosos que já percorreram vários especialistas e várias prescrições foram feitas, indico sempre que haveria a necessidade de um geriatra para coordenar seu tratamento e tentar amenizar os efeitos adversos da polifármacia.
Algumas precauções podem ser tomadas os riscos da interação medicamentosa: evite a associação de medicamentos que não seja prescrito por médicos. Vá regularmente ao médico e dê preferência a um profissional que conheça o histórico de sua doença. Leve sempre as últimas receitas para que ele conheça os medicamentos que você esta tomando ou ingeriu recentemente. Atenção deve ser redobrada se você tiver mais de 50 anos e sofrer de doenças como hipertensão, diabetes e distúrbios neurológicos. Alguns alimentos podem causar reações com os medicamentos, Ex: alimentos como folhas verdes potencializam os anticoagulantes, nunca usar medicamentos anti-hipertensivos como captopril logo após os alimentos, pois serão inativados. O álcool potencializa medicamentos que agem no sistema nervoso central. É o caso de tranquilizantes, antidepressivos, hipnóticos, anticonvulsivantes e alguns sedativos. O álcool pode potencializar ou neutralizar o efeito do remédio.
No caso específico da morte trágica do ator australiano os relatos de 6 drogas prescritas(oxicodone,hidrocodone,diazepam,alprazolam,terazepam e doxilamine) todas com efeitor depressor para o Sistema Nervoso Central que poderia levar a uma parada respiratória. Isso criou uma grande polêmica e questionamento dos familiares do ator e da própria sociedade. Se associação dos medicamentos era necessária? Se as doses prescritas pelos médicos foram aumentadas ? Se os medicamentos foram associados a drogas lícitas ou ilicítas ? Porque o ator tinha várias prescrições ? Se ele foi informado dos riscos da associação dessas drogas?
O comunicado das autoridades não revela a concentração de cada droga encontrada em seu corpo.

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