José Xavier de Melo Filho
Cardiologista

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O prêmio de maior prestigio nos meios acadêmicos do planeta se confunde com história de seu criador Alfred Nobel, que nasceu em Estocolmo na Suécia em 12 de outubro de 1833. Aos nove anos, sua família imigrou para Rússia, onde ele e seus irmãos receberam uma excelente educação de professores particulares. Seus pais tiveram quatro filhos.Deles o mais introvertido era Alfred, que desde cedo demonstrou interesses por assuntos que nada tinham a ver com os negócios da família, como poesia e literatura. Aos 16 anos já era um químico competente e falava fluentemente inglês, francês, russo, alemão e sueco. Viveu em Paris e nos Estados Unidos e só retornou a Suécia em 1863. Dedicou-se a desenvolver a nitroglicerina como explosivo e explorá-la comercialmente. O projeto era mais que arriscado. Tanto que durante os experimentos houve vários acidentes, com conseqüências trágicas: uma explosão matou seu irmão caçula. Foi muito criticado, o prefeito de Estocolmo, negou-lhe permissão para montar uma nova fábrica. Assim Nobel mudou-se para uma balsa, onde desenvolveu a nitroglicerina gelatinizada em versão aperfeiçoada e mais potente(dinamite em bastão). Fez grande fortuna com seus inventos, tornou-se milionário e detentor de mais de 350 patentes, mas teve a decepção de vê-los utilizados com fins bélicos. Eis aqui o grande perigo das grandes descobertas e seus descaminhos, assim foi com a energia nuclear e poderá ser com as células troncos. Era um idealista, mas tinha consciência dos perigos que envolviam o uso indevido de sua invenções, por isso sempre apoiou os movimentos em prol da paz.
A concepção dos prêmios ocorreu, quando em decorrência da morte do irmão, um jornal publicou o obituário de Alfred Nobel por engano, acreditando que fora ele a falecer. O jornal o descreveu como um homem que tornava possível matar pessoas mais rapidamente. Naquele momento, elel percebeu que não era assim que desejava ser lembrado. Apaixonado pela ciência, era na essência, um pacifista, e acabou se revelando uma das mentalidades mais geniais de seu tempo. Após sua morte em San Remo, Itália em 1896, deixou um testamento incomum. No documento legou uma fortuna estimada em cerca de 9 milhões de dólares para criação de uma fundação destinada a premiar “aqueles que durante o ano precedente tenham realizado o maior benefício à humanidade”
O prêmio Nobel é atribuido à pessoas que fizeram pesquisas importantes, inventaram técnicas pioneiras ou deram contribuições destacadas à sociedade, em cinco categorias;física,química,fisiologia e medicina,literatura e promoção da paz entre nações. A premiação é realizada anualmente ,em Estocolmo, Suécia ,no dia 10 de dezembro, aniversário de morte de Alfred Nobel. O prêmio consiste numa medalha de ouro, um diploma com a citação da condecoração e uma soma em dinheiro, algo em torno de 1 milhão de dólares. O prêmio pode ser ganho individualmente ou repartido em até 3 pessoas. Os laureados têm o direito de recusar os prêmios. Entretanto, fatos assim só ocorreram por pressões políticas, como em 1937, quando Hitler proibiu os alemães de receber o Prêmio Nobel, pois ficou furioso quando o Prêmio da Paz de 1935 fora concedido a um jornalista antinazista, Carl Von Ossietz, que havia revelado os planos secretos de rearmamento da Alemanha. Ossietz foi enviado a um campo de concentração em razão de seus artigos pacifistas. Vinte anos depois, a situação se repetiu quando o russo Boris Pasternak foi obrigado pelas autoridades soviéticas a abrir mão do Nobel de Literatura de 1958. Também houve quem por ideologia, não aceitasse a honraria, como o francês Jean-Paul Sartre(Nobel de Literatura de 1964) e o norte-vietnamita Le Duc To(Nobel da Paz de 1973).
Politica e egos à parte, os membros da Fundação Nobel também não são infalíveis e por certo cometeram equívocos que, na opinião de muitos, foram imperdoáveis. Talvez o maior deles tenha sido o ‘’esquecimento” do polonês naturalizado norte-americano Albert Sabin, inventor, na década de 50, da vacina que praticamente erradicou a poliomielite do planeta. Unanimidades foram poucas, valendo destacar Albert Einstein, Nobel de Física de 1921.
O conflito no Oriente Médio rendeu muitos prêmios. Menachem Begin, então primeiro ministro israelense, e Anuar Sadat, presidente egípcio e depois Yasser Arafat, líder da OLP e Shimon Peres que ocupava o cargo de ministro das Relações Exteriores de Israel, e mais Yitzhak Rabin, primeiro ministro israelense e o ex-presidente Jimmy Carter dos Estados Unidos,todos agraciados com o Prêmio Nobel da Paz.
Os trabalhos premiados em Medicina vão desde a descoberta de novas drogas, como a insulina(1923),as sulfas(1939),a penicilina(1945),a cortisona(1950) e também o desenvolvimento de técnicas revolucionárias, desde os primeiros progressos significativos em sutura vascular e transplante de órgãos(1912) até o aparecimento do eletrocardiograma(1924),da tomografia computadorizada(1979) e os últimos avanços em ressonância magnética(2003). O metabolismo do colesterol(1985) ,bactéria Heliobacter pylori e o seu papel na úlcera péptica e gastrite(2005)
O colombiano Gabriel Garcia Marques,o chileno Pablo Neruda, português José Saramago e recentemente o turco Ohran Pamuk foram ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura, deixando nosso Jorge Amado e a sua Gabriela a ver navios .
O Brasil nunca ganhou um Prêmio Nobel, chegamos perto algumas vezes, com Carlos Chagas em 1921, com Dom Evaristo Arns e o seu combate a ditadura militar que acabou sendo vencido por Dalai Lama. Também a pediatra Zilda Arns foi uma das suas candidatas. Neste quesito, os latino-americanos gualtematecos, argentinos, chilenos e mexicanos estão a nossa frente.
Infelizmente não temos o Prêmio Nobel de Futebol para disputar !!!
Não deixando de esquecer, Prêmio Nobel(e não Nóbel, como se costuma pronunciar), é o mais cobiçado e respeitado troféu de nossa época, os vencedores, representantes da comunidade científica e intelectual, alcançam o reconhecimento máximo por seu trabalho, é o salto do anonimato para a fama, seguida de admiração de leigos e especialistas. Consagração total.

O que poderemos esperar no 3º milênio para a expectativa de vida? Biologicamente nós fomos planejados, se bem concebidos, bem gestados e bem desenvolvidos, para vivermos 115 anos. Média de 120 anos para o sexo feminino e média de 110 anos para o sexo masculino.
O homem é o mamífero de vida mais longa. Julgou-se outrora, que o elefante teria uma duração de até 150 anos. A longevidade do elefante asiático e do africano, respectivamente, 48 e 69 anos.
Viveremos tanto, graças ao nosso cérebro, que vem ditando a condição humana por 2 milhões de anos. Na pré-história a expectativa de vida era inferior a 15 anos, o tempo necessário para se alcançar a maturidade sexual e manter a perpetuação da espécie.. Só viemos atingir novas marcas após consequirmos vencer três grandes obstáculos: a fera, o frio e a fome. O homem aprendeu a lidar com os seus próprios músculos, triplicando as suas forças, envergou um tacape e aprisionou a fera. Homeotérmico, animal de sangue quente, não sobreviveu ao frio, desenvolveu a técnica do fogo e conseguiu se aquecer. Aprendeu a arte de plantar e dominar a fome. Vencemos estes três elementos, com a sabedoria que só os animais cerebrinos possuem.
A história escrita tem apenas 10 mil anos. Há 2.000 mil anos em Roma, a vida média era de 22 anos. Os colonos ingleses de Norte América, nos idos de 1.700, viveram 27 anos. Ontem, em 1900 no Brasil a idade média era de 30 anos.
A partir daí houve uma estagnação, devido a ação devastadora do micróbio, liderado pelo Bacilo de Koch. Mais uma vez, o homem usou os recursos do cérebro para vencer o inimigo. Com a física, aprendeu a esterilizar. A química descobriu os medicamentos e a biologia desenvolveu a vacinação, a sua maior vitória em todos os tempos.
Vencido o micróbio, chegamos aos dias de hoje, vivendo em média 70 a 80 anos. Aterosclerose e câncer, os grandes responsáveis pelas mortes nos dias atuais estão com os dias contados. Todas as causas de mortes ainda estão aqui, inclusive a fera, mas não ameaçam mais.
Já estamos sentindo claramente que o homem, no primeiro século do próximo milênio ultrapassará a vida média dos 100 anos.
É a idade da sabedoria. O jovem, o produtor, o reprodutor. Tudo bem, porém muito carente de sabedoria. O velho que mantém saúde é o mais poderoso da sociedade. Quem manda no mundo? Três em quatro são velhos. Para ser Papa, antes de tudo é preciso provar que é velho. Para viver sem pressão e oxigênio como o astronauta não pode ter idade inferior a 40 anos. É necessário ter a idade para se conhecer. A velhice dá uma força que não se consegue em nenhuma universidade.
Ao longo da vida o homem encontra desafios. Aos 40 anos de idade, a necessidade de usar óculos. Apenas 300 anos o tempo de descoberta dos óculos. No exato momento que ultrapassava este limite da expectativa de vida. Ele precisaria enxergar para melhor viver. Duas dentições seria muito pouco para vivermos bem alimentados. Aí inventamos a prótese dentária, a 3ª geração dos dentes. Fomos ao longo da vida aprendendo a substituir parte do corpo que foram falecendo.
Para que viver tanto? A natureza não nos programou para 115 anos e ficarmos a lamentar por 95 anos. A natureza sempre tem uma grande proposta. A faixa mais longa será a velhice. Não devemos nos espelhar nos velhos de hoje. Um velho improvisado, que não estava preparado e programado. No futuro teremos velhos com idéias na cabeça, com brilho nos olhos, com amor no coração e agilidade nos pés.
Os que ultrapassaram a casa dos 100 anos, muitos desses estão ainda ativos e saudáveis. Atribuíram a sua longa vida a diversas causas: ancestrais longevos, alimentação correta e o peso controlado, gênio alegre, não propenso a preocupações, estilo de vida com bastante exercício e sono, não fumantes a abstêmios (ou bebedores moderados).