Chegada de Lampião no Inferno
Grandes clássicos da literatura de cordel tem como personagem central o cangaceiro Lampião, a exemplo desse A chegada de Lampião no Inferno, deliciosamente interpretado por Mário Arruda.
Grandes clássicos da literatura de cordel tem como personagem central o cangaceiro Lampião, a exemplo desse A chegada de Lampião no Inferno, deliciosamente interpretado por Mário Arruda.
Fãs de Che Guevara devem ler com estômago embrulhado o “Guia Politicamente incorreto da América Latina” (Leandro Narloch e Duda Teixeira – Editora Leya) . Na primeira parte da obra, que se ocupa em desancar monstros sagrados da Esquerda latina, o guerrilheiro argentino que se transformou num dos maiores ícones das lutas libertárias dos tempos modernos é rebaixado à condição de assassino sanguinário, líder paranoico e gestor público estúpido.
Costumamos ouvir que antes da revolução Cuba era uma espécie de quintal dos Estados Unidos, onde havia gente miserável, ricaços americanos iam se refestelar em cabarés e mafiosos mantinham rentáveis negócios escusos. Bem, isso era verdade, admitem os autores. Como era verdade também que Cuba era uma ilha de prosperidade comparada a outros países da região, na qual atividades como um florescente turismo puxava outros setores da economia (a exemplo da construção civil), que não paravam de crescer.
Se era assim, o que levou o país a ser palco de uma revolução socialista? O problema era a política, e o grande responsável atendia pelo nome de Fulgêncio Batista.
Depois de assumir o poder pela segunda vez, em 1952, Batista instituiu uma ditadura. Um regime que brindou os cubanos com prisões, desaparecimento de opositores, perseguição de empresários que não o apoiavam e torturas, além de censura e proibições. E que gerou um clima de revolta que foi naturalmente canalizado para o principal opositor do regime, Fidel Castro, líder que, em 1959, à frente de um grupo de guerrilheiros, terminou por derrubar o ditador.
Os cubanos, é lógico, comemoraram a volta da democracia. Porém, após a queda de Batista, teve lugar uma peripécia decisiva: o embate entre a classe média e o grupo de guerrilheiros que, comandados por Fidel Castro, haviam angariado imensa popularidade durante a luta contra o ditador. Sorrateiramente, ensina o Guia, o grupo dominou o governo provisório recém-instalado, declarou-se marxista-leninista e fundou o regime no qual Che Guevara (cujo currículo politicamente incorreto virá a seguir) iria se destacar.
Tirar o filho do colégio e continuar sua formação em casa. Foi essa a decisão radical da família da jovem Lorena Dias, de 17 anos. Preocupados com o bullyng que a menina sofria, com as greves e a presença de drogas na escola em que estava matriculada em Contagem (MG), os pais decidiram se responsabilizar pela sua educação, e deu certo. No final do ano passado, Lorena foi aprovada em jornalismo em Brasília, depois de prestar o Enem. Mas, como o ensino domiciliar não é reconhecido no Brasil, precisou entrar na justiça para poder frequentar as aulas na universidade.
A liminar favorável à jovem foi concedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede na capital federal, para que ela obtivesse o certificado de conclusão do ensino médio. Uma decisão inédita no país, de acordo com Alexandre Magno, diretor jurídico da Aned (Associação Nacional de Educação Domiciliar). E que ainda pode ser derrubada pelo IFB (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e o Inep (Instituto ligado ao MEC), que emitem o documento.
De qualquer modo, a história de Lorena contribui para manter exposta essa vergonhosa chaga que parece não ter cura no Brasil: o do quase completo fracasso do nosso sistema público de educação. Não é à toa que ao menos 2.000 famílias praticam ensino domiciliar no país, segundo a Aned. E muito mais praticariam se tivessem as condições financeiras e intelectuais para tanto, a fim de não exporem seus filhos a um sistema que está longe de ser o que nossos jovens e crianças realmente merecem.
Num momento em que a qualidade dos textos jornalísticos arrisca ser esquecida por completo, a diretoria de Comunicação da Assembléia Legislativa toma uma iniciativa na contramão desse processo e lança o seu Manual de Redação. A publicação, que parece ser pioneira na Casa, tem como referência manuais já consagrados de grandes órgãos de comunicação nacionais, a exemplo do manual da Folha de São Paulo. O manual da AL foi lançado na sexta-feira passada durante workshop para profissionais da imprensa do legislativo, evento que teve por objetivo apresentar aos assessores parlamentares a estrutura e serviços do Complexo de Comunicação da Assembléia, que conta com TV, Rádio e Web Mídias.
Alguém já disse que chega a idade em que se a pessoa acordar e não sentir dor em nenhuma junta, é porque está morto, despachado desta para melhor. Tempo em que o sujeito se dispõe a trocar seu mundo (inclusive o virtual), por uma Neosaldina, um Anador ou um Dorflex.
Essa fez lembrar “Esqueceram de Mim”, filme que sempre assisto quando estou pulando de canal e ele aparece na tela. Sendo que o episódio não transcorreu em Nova York ou coisa parecida, mas na Raposa. Aconteceu que um grupo de seis pessoas (duas mulheres e quatro homens, segundo deu no G1), planejou uma Sexta Feira Santa inesquecível na ilha de Carimã. Fizeram tudo direitinho. Contrataram o barqueiro, que levou a turma até o local, e depois de curtirem a natureza ficaram esperando o retorno do dito cujo, que simplesmente não apareceu para pegá-los de volta. Literalmente ilhado, o grupo ficou a mercê dos elementos da natureza, até serem resgatados pelos bombeiros por volta das 22h, depois de passarem a tarde inteira sem água e comida. Pelo que se sabe, o tal barqueiro, cuja clientela deve aumentar exponencialmente depois desse golpe de marketing, não foi localizado para explicar os motivos do abandono.
Tanto o cinema como a literatura já nos ofereceram boas e exóticas inspirações para a gastronomia. Entre os que gostei estão “A Festa de Babete”, “Bagdá Café”, “Como Água para Chocolate”, “Tomate Verdes Fritos”. Entre os esquisitos assisti “O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante”, “Delicatessen” e “A comilança”. Dos últimos não sei dizer se gostei do filme. Da comida, certamente não.
Já na literatura, o livro “O leopardo”, de Tomasi di Lampedusa, traz uma das descrições de comida mais marcantes que já li, no trecho que narra o jantar oferecido por Don Fabrizio aos seus convidados sicilianos.
“[…] o aspecto daquele monumental pastiche era digno de evocar frêmitos de admiração. O castanho dourado da cobertura, o aroma de açúcar e de canela que emanava, não eram o início da sensação de prazer que saia de dentro quando a faca cortava a crosta: primeiro surgia uma fumaça carregada de aromas e se percebia os fígados de frango, os ovos cozidos, os pedaços de presunto, de frango e de trufas na massa untuosa, quentíssima de macarrões curtos, no qual o estrato de carne conferia uma preciosa cor camurça”. (Quem se interessar pelo desafio da receita pode consultar no Google “Timballo di Maccheroni”).
O texto, assim como a imagem, a depender da estética, influi no apetite para o bem e para o mal. Mas a verdade é que comer bem depende de muitas outras coisas, inclusive do temperamento. O importante, quem sabe, é saber desvendar lentamente cada sensação e se deliciar com pequenas ou grandes doses do doce ou salgado, do azedo ou apimentado.
No livro “Cem Anos de Solidão”, o personagem Aureliano Segundo, com fama de glutão, foi desafiado por uma mulher conhecida pela alcunha de A Elefanta para ver quem aguentava comer mais. Foi derrotado pelo temperamento.
“Enquanto Aureliano Segundo comia às dentadas, desbocado pela ansiedade do triunfo, a Elefanta seccionava a carne com a arte de um cirurgião e a comia sem pressa e até com um certo prazer…. “Tinha aprendido a comer por meio da absoluta tranqüilidade do espírito”.
Tereza Ribeiro
O Farol da Educação do Renascença está caindo aos pedaços, literalmente. Depois de um longo período de abandono o prédio foi recuperado no final da administração passada, permaneceu fechado após a reforma e agora se encontra novamente em visível estado de degradação: o forro da entrada desabou, o capim tomou conta dos espaços onde deveria haver um jardim, e uma família de gatos, gentilmente alimentada pela vizinhança, se mudou para o local.
Vale lembrar que os Faróis se constituíram em um dos projetos de maior visibilidade do governo Roseana Sarney em seus primeiros mandatos, na área do livro e leitura. Ele permitiu que bibliotecas espalhadas em bairros de São Luís e em diversas cidades do interior se transformassem em referência para as comunidades, sobressaindo-se não apenas como espaços de pesquisas para os estudantes, como também como equipamentos vitais no sentido de se enfrentar o imenso desafio que é difundir a leitura entre jovens e adolescentes.
Com o tempo, porém, o que se verificou é que a luz que brilhou no início foi minguando. E os Faróis, aos poucos deixados de lado, foram lançados, mesmo no último governo da instituidora Roseana Sarney, numa espécie de orfandade, até chegarem ao ponto em que se encontram hoje: com suas instalações degradadas, acervos defasados e, em muitos casos (pois presumo que a situação do Renascença não é única), com suas portas fechadas.
É de se imaginar que o caso esteja sendo estudado pela administração de Flávio Dino. Mas a população tem urgência em saber, num momento em que lá se vão três meses de mandato, de que modo o governo pretende agir com relação a esse assunto que é da mais alta importância para a área da educação, do livro e da leitura. De qualquer modo uma coisa é certa: não será aceitável que os Faróis permaneçam fechados, negando, sobretudo, aos nossos jovens e crianças, mais um dos muitos direitos que lhe são subtraídos, que é o de acesso a esse bem cultural insubstituível que é o livro.
Sempre tive desejo de que meus títulos para crianças chegassem, de preferência sem nenhum custo, nas mãos de leitores que por uma série de fatores tem pouco acesso a bens culturais, como é o caso dos livros. Isso agora está sendo possível, pelo menos em parte, graças ao projeto Passeios pela História e Cultura do Maranhão, realizado por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura com patrocínio da Cemar. O projeto consiste na reedição de seis livros acondicionados numa caixa, que serão doados a fim de enriquecer os acervos de bibliotecas de escolas comunitárias e também dos Faróis da Educação. Haverá ainda, como parte das atividades, visita a algumas escolas para bate-papo com o autor, apresentação de peça com o Grupo Xama Teatro e presença do Bibliosesc (o caminhão biblioteca do SESC). O projeto, com lançamento dos livros, será lançado na próxima quinta-feira, às 19h, no Odylo Costa Filho, na Praia Grande.
Tenho me perguntado o que o governador eleito Flávio Dino pensa fazer no sentido de dar o tratamento devido à questão do livro e incentivo à leitura no Maranhão. Construir novas bibliotecas? Reequipar os Faróis? Investir na formação de mediadores de leitura e nos acervos das escolas públicas? A situação atual está longe de ser a ideal. Basta pensar, por exemplo, que São Luís, capital com cerca de um milhão de habitantes, conta com apenas duas bibliotecas: a Benedito Leite (estadual) e a José Sarney (municipal), no bairro de Fátima. Na situação de carência em que a gente vive, são várias as prioridades, e bem conhecidas: segurança, saúde, infraestrutura, etc. Mas não podemos esquecer que formação, leitura, conhecimento, é do mesmo modo assunto de inquestionável prioridade. Na verdade, não dá para imaginar uma sociedade desenvolvida e dona do seu destino, sem que esses esforços passem pela busca e aquisição do conhecimento que só encontramos, todo mundo sabe, nos livros.