Wilson Marques
Autor de livros infanto-juvenis com mais de uma dezena de títulos publicados. É publicitário, jornalista profissional e leitor contumaz, sendo alguns dos objetivos do blog compartilhar experiências, alegrias literárias e aproximar leitores de todas as idades de escritores, ilustradores e outros profissionais ligados ao mundo das letras.
Tem profissional que serve na UEMA NET, na Universidade Estadual do Maranhão, preocupado com o regime de trabalho presencial no setor, diante da ameaça do novo Coronavirus. As atividades ali realizadas, segundo afirmam, poderiam ser em grande parte executadas com a mesma produtividade e eficiência em regime de Home Office, mas a liberação não estaria sendo concedida. São diversos profissionais trabalhando em ambiente fechado, com fluxo de pessoas, e, dizem, sem disponibilização de álcool 70 e outros produtos úteis no combate à infeção. Se, de fato, o trabalho pode ser feito à distância, com certeza uma mudança de rotina deve ser considerada, no sentido de não expor as pessoas, inclusive obrigadas a tomarem coletivos, a riscos desnecessários.
As Girotecas, bibliotecas que começaram a ser utilizadas este ano em São Luís, estão fazendo sucesso entre alunos, professores e gestores de escolas onde o novo modelo foi implantado. Trata-se de equipamentos móveis que reúnem, em uma só unidade, livros, estação de informática, mapoteca, tablets e outros itens voltados para o apoio didático, a pesquisa e o incentivo à leitura. Projeto pioneiro, as Girotecas foram pensadas, como explica o proprietário da Livraria Vozes, empresario Milton Lira, como acervos móveis, com o objetivo de tornar fácil e prático a instalação em qualquer escola, de uma biblioteca completa, prontinha para ser utilizada.
“Antes, não tínhamos biblioteca. Agora, temos uma, que está motivando nossas crianças a lerem mais”, comemora Lidalva de Jesus Costa, diretora da UEB Mariana Pavão, escola municipal localizada no bairro do Anil. Trabalhando na insitituição há trinta anos, a gestora se diz muito feliz com a aquisição, realizada através da Secretaria Municipal de Educação, e vê na nova biblioteca, além de sua imensa importância para o incentivo à prática da leitura, um apoio fundamental para os projetos literários que a comunidade realiza todos os anos. “Anualmente realizamos com nossos alunos o projeto Mariana, te quero lendo e escrevendo. Agora, esse projeto será fortalecido com os benefícios propiciados pela Giroteca”, diz Lindalva.
Na UEB José
Assub, no bairro Santa Cruz, a satisfação é a mesma com os resultados obtidos desde
a chegada do novo equipamento. “Também não contávamos com uma biblioteca e
havia uma ansiedade dos alunos por um ambiente como esse. Agora eles tem um local
adequado e agradável para pesquisar, para ler e podem até fazer empréstimos,
levando livros para casa”, observam as gestoras Elza Bastos e sua adjunta, Ana
Rafaela Coelho. “Foi um verdadeiro presente, que veio para incentivar o hábito
da leitura, ajudar no desempenho dos nossos alunos e alunas, fomentar a
pesquisa”, complementam, lembrando que até reunião de pais tem acontecido no
novo espaço.
Além de livros físicos, a Giroteca conta ainda com diversos títulos virtuais. E, observa Milton Lira, entre seus 1500 títulos do acervo básico, estão presentes obras de autores maranhenses. “Isso porque esse é um projeto que não pretende incentivar apenas a leitura, mas também a produção literária em nosso estado, que atualmente está bastante forte e precisa chegar cada vez mais visibilidade”, finaliza Milton.
Como se livrar de uma dívida? Para a maioria, pagando. Para alguns, simplesmente eliminando o credor. No início do século vinte, um homicídio (na verdade um duplo homicídio) deixou a população da pacata São Luís em alvoroço. O crime, relatado no livro “História do antigomobilismo em São Luís”, de Ramssés de Souza Silva, aconteceu no dia 10 de novembro de 1913, sendo a motivação absolutamente torpe.
Querendo livrar -se de uma dívida no Café São José (esquina da Rua
Grande com a Rua do Passeio) o argentino Antônio Bazano e os espanhóis Antônio
Lugo, Henrique Gomez e Manuel Sanchez tramaram a morte do seu proprietário, o
português Tomaz de Aquino Silva.
Do planejamento para a execução, foi um pulo. Que, no entanto, deu errado. Por motivo de doença, naquele dia fatídico Tomaz não foi trabalhar, sendo substituído por seu irmão, José Diniz, que acabou sendo morto a facadas juntamente com Jorge Ribeiro, adolescente empregado no estabelecimento. Depois do bárbaro ataque, os assassinos envolveram as vítimas em um saco de estopa que foi abandonado no salão do estabelecimento e fugiram. Mas logo foram descobertos e presos.
Alguns criminosos foram extraditados para seus países. Já Antônio Bazano permaneceu preso no Brasil, para, depois de ser solto, levar uma vida pacata vivendo seus últimos dias na Rua Jacinto Maia, antes Rua da Cascata.
Os protagonistas do crime, que entrou para a crônica policial da
cidade com o nome de Caso Bazano, vieram para São Luís contratados pelo francês
Georges Guinard para trabalharem na primeira oficina mecânica da cidade, a Garage
Franceza, que funcionou nos fundos do Seminário Santo Antônio.
Nhozinho Santos não introduziu apenas o futebol em São Luís. Quando, em outubro de 1905, retornava de Liverpool, na Inglaterra, onde formou-se em técnico de Indústria Têxtil, trazendo bola, chuteiras, regras do jogo e outros apetrechos do novo esporte, fazia também parte da sua bagagem um Speedwell, primeiro automóvel a circular pelas ruas da cidade.
O registro histórico, revelando ainda tratar-se de um carro de fabricação inglesa, marrom e com quatro lugares, está no livro “Passado e presente do ‘antigomobilismo’ em São Luís”, de autoria do pesquisador Ramssés de Souza Silva. Publicado por iniciativa da Associação Maranhense de Carros Antigos (Amava), mais do que história, o livro é repleto de curiosidades, a começar pelo termo ‘antigomobilismo”do título, neologismo que se refere à prática de colecionar, restaurar ou trabalhar com veículos ou maquinários antigos. Ao longo do texto, muitos outros fatos interessantes, tornando sua leitura não só instrutiva, como também bastante agradável e divertida.
A partir da ação pioneira de Nhozinho Santos, mostra o livro, aos poucos a frota de carros em São Luís foi crescendo. E, como não havia escolas ou regras disciplinando a operação dos nossos primeiros veículos automotores, estes eram dirigidos, naturalmente, por leigos e curiosos. O que logo resultaria, como dá para imaginar, em acidentes. Em 17 de janeiro de 1912, às 10 horas, relata o autor, Olavo Lafayette Galvão abriu a lista de vítimas, sendo atropelado sem gravidade na Rua de Santana. No início de setembro do mesmo ano, por imperícia do chouffer, como foi noticiado nos jornais, registrou-se evento mais grave. Segundo publicou “O Correio da Manhã” do dia 6 de setembro, o sinistro ocorrera na Alameda Gomes de Castro, ao lado de onde hoje se encontra a Biblioteca Pública Benedito Leite. Causa: o inexperiente motorista Fellipe Santiago perdeu o controle do veículo e tentando pará-lo, perdeu um dos pneus, fazendo o veículo tombar. À bordo, a cantora Renée d’Orleans e a soprano Marie Teskine, artistas do Cinema-Palace, que sofreram várias escoriações.
E 1914, quando já se tomavam as primeiras medidas no sentido de coibir problemas ocasionados pelo trânsito, veio o primeiro caso com vítima fatal: foi quando um adolescente ao correr atrás de uma bola, foi colhido por um veículo que descia a Rua do Sol. Por fim, depois de sustos e atropelos, veio a primeira multa aplicada a um motorista em São Luís. Foi no dia 10 de outubro de 1914, contra um condutor que descia a Rua Rio Branco sem respeitar o limite de velocidade : inimagináveis, para os dias de hoje, 12 quilômetros por hora.
Segundo o autor, a ideia da construção do livro partiu da necessidade de se registrar os principais passos da trajetória da Amava ao longo dos seus onze anos de existência. O resultado, como o leitor verá, foi também um delicioso apanhado histórico sobre os primórdios do automobilismo na cidade.
Isso é muito legal. Depois das já
consolidadas feiras literárias de São Luís, Imperatriz e Caxias (ambas encerradas
recentemente), outros eventos voltados para o livro e a leitura começam a
surgir em cidades do interior do estado. De 24 a 26 próximos, é a vez de
Itepecuru-Mirim promover sua FLIM, Festa Literária de Itapecuru-Mirim, em sua
segunda edição. O evento acontece na Praça Cônego Albino Campos, num espaço especialmente
montado no centro da cidade.
Com o tema “Brasilidade nas histórias de
Viriato Corrêa” e organização da Academia Itapecuruense de Ciência, Letras e
Artes (AICLA), a Festa contará com oficinas, exposições, palestras, música, dança,
teatro e artes visuais. Além, é claro, de muitas surpresas, encontros e
descobertas.
Sorte e vida longa à Flim!
E, só para registrar: ao que tudo indica, a Feira do Livro de São Luís encerrou com muita gente satisfeita. Certamente não foi a feira dos sonhos (se é que é possível uma feira dos sonhos!), mas coisas bacanas aconteceram. Estiveram presentes escritores importantes, como Cristovão Tezza e Ninfa Parreiras; rolaram lançamentos super interessantes, a exemplo de O Mulato em quadrinhos, de Iramir Araújo. E embora muitos defendam o Centro Histórico como o local ideal para a realização da Felis e rejeitem espaços como o Multicenter Sebrae, onde aconteceram as duas ultima feiras, não haverá cristão para reclamar com relação a segurança, estacionamento, banheiros limpos (em oposição ao pesadelo dos banheiros químicos) e, sobretudo, acessibilidade. Esperemos os números.
Acabo de receber pelos Correios exemplares dos livros “Fábulas de La Fontaine” em cordel e “As aventuras de Wiraí”, ambos selecionados pelo governo federal por meio do PNLD Literário 2019. Com ilustrações belíssimas de Cibele Queiroz, ambos os títulos foram publicados pela Kits Editora e agora serão distribuídos a escolas de todo o Brasil para atender alunos do Ensino Fundamental.
Fábulas de La Fontaine traz para o leitor algumas das mais famosas fábulas de Esopo, grande artista da antiguidade, que, mais tarde, teria suas histórias revisitadas por um outro gênio das letras, o poeta francês La Fontaine. Entre as fábulas escolhidas está a célebre “A cigarra e a formiga”.
Já as aventuras de Wiraí, também em cordel, nos apresenta em rimas a tocante história de um pequeno guajajara que se perde da mãe na floresta. Empreendendo seu caminho de volta, o pequeno herói faz amizades, escapa de ciladas, até reencontrar com o pai, que o reconduz à aldeia num clima de profunda comoção. O conto faz parte do rico repertório dos guajajara, ou tenetehara, povo que habita regiões da Amazônia maranhense.
Agradeço a todos os gestores de escolas que através do programa escolheram
os meus livros. E espero, é claro, que suas leituras sejam de prazer e muito
aprendizado.
Muita gente pensa que graças à mágica da computação e dos programas ultra sofisticados, fazer uma animação virou um passeio. Não é bem assim. Realizar uma animação é quase sempre um processo trabalhoso, que envolve muita gente e que, normalmente, não sai barato. Para dar uma ideia do que a produção de uma animação envolve, pedi ao parceiro Kirlley Velôso (juntos estamos produzindo um episódio piloto do Touchê e sua turma) para listar num passo a passo as diversas etapas envolvidas.
Acompanhe. 1. Definir tema /personagens.
2. Materializar os personagens (ilustrando-os)… criando um ‘guia de estilo’ com expressões, ideias de movimentos, estética a ser usada.
3. Criação de roteiro(os).
4. Criação de storyboard pra definir ações, enquadramentos, cenários, lapidação de diálogos.
5. Escalação de elenco (atores que interpretarão os personagens).
6. Gravação de vozes, com tratamento e mixagem de áudio.
7. Animação de cenas em takes separados / colorização de cenários / sincronismo labial.
8. Edição geral de takes para montar o episódio completo.
9. Inserção de sonoplastia (passos, porta rangendo, chave balançando, movimento de puxar, correr, etc).
10. Inserção de trilha sonora.
11. Masterização completa de áudio.
12. Finalização completa com inserção de ‘cards títulos’ e créditos.
Uma trabalheira, não é?
Mas também super prazeroso. Fica o convite para acompanhar o projeto nas redes sociais. @wilsonmarques.ma
O patrono da Feira do Livro de São Luís deste ano será Aluísio de Azevedo. Mais uma vez a organização opta por um autor que já faz parte da história em vez de um autor ou autora que esteja vivo e atuante. Mas, segundo a coordenadora da Felis, a decisão não segue nenhuma orientação especial, tendo sido essas escolhas circunstanciais.
No caso da Feira deste ano, por exemplo, o nome apontado foi o da escritora Arlete Nogueira, que recusou a honraria. Já ano passado, explica a coordenadora, a preferência recaiu sobre um autor morto porque a Felis corria o risco de não acontecer. Nesse caso, justifica, escolher um escritor para depois dizer que não teria feira seria no mínimo constrangedor. Segundo Rita, a ideia é que a Feira siga homenageando autores vivos, como forma de incentivar e prestigiar suas produções. Esperemos 2020.
Em uma de minhas viagens a Caxias tomei conhecimento de algumas lendas muito interessantes. Como, por exemplo, a da Veneza, que conta a desafortunada história de uma pobre garota que vendo-se obrigada pela madrasta a atravessar uma perigosa floresta, termina atacada pelas feras.
Conta-se também que nos subterrâneos da igreja do Rosário
esconde-se uma serpente monstruosa, que de quando em vez se move provocando
rachaduras no piso e nas paredes. Enriquecendo esse plantel de criaturas
horripilantes, temos ainda o Pé de Garrafa, que, como personagem, me pareceu um
dos mais intrigantes. Trata-se de um monstrengo cujos pés, como o próprio nome
denuncia, tem formato de garrafa, e que anda, por condenação, a perseguir quem
não tem nada a ver com sua desgraça.
A lista de lendas, causos e histórias de Caxias continua, e imagino ser
tão grande quanto a imaginação do seu povo. Mas de qualquer modo estas e mais a
lenda da Mãe d’Água foram suficientes para eu escrever um pequeno livro para as
crianças inspirado no tema.
A ideia, assim como em outros textos que publiquei com a turma do
Touchê, é resgatar elementos da nossa cultura popular, reavivando nos pequenos
leitores o interesse pela nossa cultura e tradições.
Por enquanto, “O Pé de Garrafa e outras lendas Caxienses” encontra-se apenas em versão digital, no site da Amazon. Mas esperamos que em breve tenhamos o livro impresso e devidamente ilustrado pelo Eduardo Azevedo, que produziu a capa.
Li “Os tambores de São Luís” na juventude e, como bom ludovicense, coloca a experiência como das mais marcantes na minha trajetória de leitor. Mas nem em sonho poderia imaginar que muitos anos depois iria participar do relançamento dessa que é considerada a obra-prima do escritor Josué Montello. O projeto, do qual me orgulho, foi finalizado este ano, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura com patrocínio do grupo Cemar Equatorial, e permitiu devolver aos leitores de Montello esse magistral romance que se encontrava esgotado e fora de catálogo.
Um monte de gente, é claro, trabalhou junto para que tudo desse certo. A começar pela parceria da Casa de Cultura Josué Montello, dirigida por Joseane Souza e da prontidão das herdeiras do escritor, que não hesitaram em autorizar a nova publicação. Em São Paulo contamos com a colaboração de Thais Ometto e Thais Pedroso, que cuidaram do projeto gráfico, edição de arte e diagramação. Contamos também por lá com a experiente editora Leda Cintra, uma entusiasta desde cedo desse trabalho. Agradeço também ao Zema Ribeiro, responsável pela última revisão; ao José Serra, da Virada Comunicação, que tocou a produção gráfica. E Edgar Rocha, autor da foto da capa.
Nesta edição especial o romance foi dividido em dois volumes acondicionados
num box. Acompanha ainda um livreto com informações sobre a obra e autor. Para
divulgar o livro, principalmente entre os jovens, foi ainda programado o ciclo
de palestras “Os tambores de São Luís em debate”, em que
pesquisadores e especialistas, com a mediação da jornalista Talita Guimarães, têm
aprofundado o entendimento e estimulado as discussões em torno do romance. Os
encontros continuam acontecendo na Casa de Cultura Josué Montello, com portas
abertas ao público.
Vale lembrar que antes dos Tambores, também por meio da Lei e com
patrocínio da Cemar, publicamos “Janelas fechadas”, primeiro romance
de Josué Montello. E “O tesouro de D. José e outros contos”, seu
primeiro livro para crianças, como parte das homenagens pela passagem dos cem anos
de nascimento do escritor. Que venham novos desafios!