Pipi na rua

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Comentava outro dia com um amigo paulista que vive em São Luís, sobre o hábito desenfreado que tem muitos ludovicenses de urinar na rua.

A impressão que se tem, eu dizia, é que o tipo de cidadão em questão, quando pensa em verter água, lembra, antes de qualquer coisa,  de um poste, um jardim ou um muro na via pública para só depois se dar que para isso existem os chamados WC.

A conversa veio a propósito da grade que a direção da Biblioteca Benedito Leite ergueu circundando a escadaria do prédio a fim de impedir ou inibir, imagino eu, a aproximação de mijões que marcadamente tem predileção pelas colunas daquela casa.

Mas o amigo fez um contraponto, tentando demonstrar que não devemos ser tão exigentes com nossas mazelas quando o nosso vizinho está em situação igual ou pior.

Enfim, lembrou que a coisa não acontece só aqui. Que em São Paulo também, e no Rio de Janeiro, e que provavelmente em muitas outras cidades, muita gente faz pipi em ruas e praças, como cachorros marcando territórios. E falou de um modo tão convicto que me senti tentado a acreditar que mijar ao relento constitui-se quase um traço da cultura nacional ainda pouco estudado pelos especialistas.

Como sou do tipo que só chego a uma resposta que imagino definitiva quando a discussão já acabou, digo agora o que diria ao meu amigo se a conversa continuasse. Que não devemos justificar nossas mazelas pelas mazelas alheias. Que procedimentos condenáveis devem funcionar não como argumentos de defesa para os descalabros que cometemos, mas como exemplos a não serem seguidos.

Por que justificar nosso caos penitenciário em função, por exemplo, do que acontece no Rio ou em São Paulo, em vez de trabalhar para nós sermos os exemplos, os bons exemplos?

Por que sair regando de urina nossos muros e calçadas pelo fato de lá fora ter gente fazendo igual?

Para começar a transformação, uma sugestão: que em lugar do pipi público, o sujeito entre na biblioteca, leia um bom livro e repita, diariamente, essa operação.

Com certeza as coisas vão mudar, e para melhor.

4 comentários para "Pipi na rua"


  1. Simone Gratz

    “Por que justificar nosso caos penitenciário em função, por exemplo, do que acontece no Rio ou em São Paulo, em vez de trabalhar para nós sermos os exemplos, os bons exemplos?” Também penso assim, Wilson. Um erro não justifica outro. Mas nesse caso da pipizada desenfreada que acontece em nossa cidade, além de chamar atenção dos mijões, temos que cobrar o poder público a instalação de banheiros públicos. Ali mesmo, no entorno da Biblioteca, não conheço nenhum. Quem não quer ” marcar território” quando o aperto chega, tem que ter uns trocados a mais pra consumir em lanchonetes e, assim, se aliviar sem sujar a cidade. Bora começar a campanha: Mais banheiros públicos, menos pipi pra fora? bj

    • wilsonmarques

      Tem toda razão, Simone. E banheiros públicos de qualidade, e não daquele tipo sem manutenção, que o sujeito vai fazer pipi e acaba vomitando. Provavelmente muitas matérias já foram feitas sobre o assunto, mas nunca é demais. Aliás, gostaria de saber que riscos essa pipizada oferece para a saúde pública. bj

  2. vivaldo pantaleão cordeiro

    Vocês já disseram quase tudo.Achei interessante que apenas um mijão,agora dois,se pronunciaram.Essa atitude lamentável tem o aval do poder público que não dota os logradouros de banheiros .É verdade que banheiro só não adianta,precisamos de educação nas nossas casas e nas escolas em todos os níveis.Não é só no entorno da nossa biblioteca,a praça Deodoro é um mictório só.

    • wilsonmarques

      É isso aí, Vivaldo. A Praia Grande também, visitada por todos os turistas que passam por aqui, não foge à triste regra.

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