Livro conta a História da Medicina em São Luís

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Capa lourdinha

Ótima novidade editorial presente na próxima feira literária de São Luís, que acontece em outubro, é o livro “História da Medicina em São Luís. Médicos, enfermidades e instituições”, da professora e patrona do evento, historiadora Maria de Lourdes Lauande Lacroix. A obra, produzida de forma independente e impressa com patrocínio da Alumar foi lançada recentemente, e é resultado de um trabalho exaustivo, de quase cinco anos de pesquisas, viagens e entrevistas.  História da Medicina em São Luís contempla o período histórico que vai desde a colônia, passando pelo século XIX até chegar ao século XX.  Dividido em oito capítulos, o texto resgata temas instigantes a exemplo de doenças e práticas de cura na época colonial, hospitais públicos e privados e médicos do século XIX, entre outros.

Em entrevista  exclusiva a O Estado a professora falou sobre a obra, que tem Coordenação Editorial de Flávio Reis e Projeto Gráfico de Nazareno Almeida e Flávio Reis e capa de Nazareno Almeida e Edgar Rocha.

O Estado – Suas últimas pesquisas são sobre a cidade de São Luís. Por que um novo tema?

Maria de Lourdes Lacroix – Continuo estudando a cidade, em outro viés, enfoque circunstancial, como ocorreu em outros trabalhos. O médico coordenador de um Congresso Brasileiro de História da Medicina que iria acontecer em São Luís, em 2012, sugeriu que eu fizesse uma palestra sobre a história da medicina local. Aceitei o desafio, embora “nunca por mares antes navegados”.

O Estado – Qual o enfoque do livro?

Maria de Lourdes Lacroix – Não é uma pesquisa detalhada sobre a questão da saúde, sobre o funcionamento dos hospitais ou o procedimento técnico dos médicos. É um levantamento histórico, mostrando o que foi criado, as instituições e respectivas expansões, as doenças, o ensino local da medicina, seus avanços, entre outros registros.

O Estado – Como a senhora planejou o trabalho?

Maria de Lourdes Lacroix – Comecei pelos primórdios, pelos séculos XVII e XVIII. A época da ausência de médicos e cujas soluções buscadas por nativos, colonos e africanos combinavam práticas empíricas usando vegetais, animais e minerais, associados ao apelo sobrenatural. A população era assistida por jesuítas, curandeiros, curiosos, ervateiros e velhas parteiras. Acompanhei o barbeiro cirurgião, antigos físicos e cirurgiões até as primeiras escolas europeias de medicina, em ininterrupto progresso. No século XIX, observei a atuação de maranhenses de volta da Europa, Rio e Bahia, doutores de outras províncias, portugueses, franceses e ingleses, todos, médicos generalistas, levando suas caixas de botica com medicamentos de urgência para fazer cirurgias, sem anestesia. Médicos que dedicavam parte de seu tempo ao trabalho gratuito em hospitais e filantrópico aos desvalidos, auxiliados pelas irmandades. Aos poucos, as boticas foram substituídas pelas casas de manipulação ou farmácias.

O Estado – E quais as novidades do século XX?

Maria de Lourdes Lacroix – É o século da medicina liberal, do predomínio do médico e das especialidades. Nas primeiras décadas, os jovens clínicos gerais assumiram novos procedimentos com a novidade de alguns aparelhos facilitadores do diagnóstico. Achei por bem ressaltar algumas figuras de muita competência e humanidade, percorrendo a cidade, com suas maletinhas a assistir os doentes, a domicílio ou consultando em salas contíguas às farmácias. Só na década de 1930 chegaram especialistas com seus consultórios, fase em que a demanda compeliu à organização de outros hospitais e clínicas especializadas.

O Estado – A senhora reservou um espaço para ensino da medicina no Maranhão?

Maria de Lourdes Lacroix – Claro. O ensino da medicina em nosso estado foi bastante retardado. Um decreto de abril de 1813 previu a organização de academias médico-cirúrgicas na Bahia, no Rio de Janeiro e no Maranhão, porém somente em 1957, a Igreja Católica fundou a Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão. Em 1966, a Faculdade foi incorporada à Fundação Universidade do Maranhão, tomando nova nomenclatura (UFMA), em 1972.

O Estado – E os problemas?

Maria de Lourdes Lacroix – Nem a expansão do ensino nem a criação de mais hospitais e clínica representaram um ótimo atendimento à clientela. O déficit de leitos e consultórios não atende à população crescida desordenadamente, a tecnologia abriu um abismo entre o médico e o paciente, não há um tratamento humanizado e de boa qualidade pelas próprias circunstâncias adversas também ao próprio médico. Percebemos a profunda modificação nas condições em que se desenvolve a prática da medicina em São Luís.

O Estado – A senhora é a patrona da Feira do Livro de São Luís este ano. Como se sentiu com a homenagem?

Maria de Lourdes Lacroix – Muito feliz, honrada pela homenagem que atribuo à mulher, a professora e à História

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