Saiu meu novo livro, “Jonas no ventre do grande peixe” em cordel, releitura em versos da aventura do profeta que ao desobedecer a Deus, quase perde a própria vida. O conto, como se sabe, vem da Bíblia, livro que relata a trajetória do povo hebreu. Fonte inesgotável de histórias, ela nos traz um patrimônio riquíssimo que faz parte da nossa cultura geral, influenciando nossa maneira de ser e de pensar. E desperta fascínio não apenas em quem dela se aproxima por questões de fé, mas qualquer leitor sensível que descobre em suas páginas o fascínio de uma literatura de alto nível.
Encontramos de tudo na Bíblia. Ensinamentos morais transmitidos por meio das parábolas, narrativas aonde o leitor tira conclusões por si só. A força poética dos Salmos. E, é claro, as inúmeras histórias, encontradas sobretudo no Antigo Testamento, e que continuam encantando adultos e crianças: A arca de Noé, José e seus irmãos, Sansão e Dalila, e tantas outras que ouvi contar e recontar na infância. Sendo que a de Jonas no ventre da baleia, ou do grande peixe, me fascinava mais que as outras.
Segundo o relato, Jonas recebeu de Deus ordens para pregar ao povo de Nínive. Por achar que aquela gente pecadora não merecia tamanha atenção, o profeta desvia seu rumo e embarca com destino a Tarsis. Porém, o que acontece em seguida é terrível: ao descobrir a desobediência do seu servo, Deus faz enfurecer o mar levando tamanho perigo à embarcação na qual Jonas viajava, que ele termina sendo lançado nas águas e devorado por um grande peixe.
E ainda assim vive.
Como? Eu me perguntava, num exercício que era mais intelectual do que de fé.
Alimentar-se, eu pensava, não seria exatamente um problema. Daria para comer porções que o bicho comia; e para beber da água que ele bebia.
Mas de que modo manter-se imune, por exemplo, ao fulminante poder digestivo do estômago do animal?
Esse pensamento talvez atrapalhasse a percepção do que havia de beleza no caráter fantástico da história. E também comprometesse o entendimento do seu propósito doutrinário. Mas, seja o que for, Jonas e outras histórias bíblicas permaneceram na minha memória narrativa. Tanto que agora os faço reviver em rimas populares com as belas ilustrações de Naomy Kuroda.
Tenho certeza que você valorizou a mensagem de Deus para o ser humano, pois Deus tem maneiras misteriosas para ensinar o caminho da retidão.