O carnaval é careta

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Festa dos Loucos na Idade Média: folia do calendário cristão em que o Diabo saía da garrafa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pra quem pensa que está abafando em sair no carnaval vestido de mulher ou de fralda com chupeta na boca cantarolando mamãe eu quero mamar, é bom conhecer mais sobre a versão da folia na longínqua idade média.

A coisa começava na noite de ano-novo, durava quatro dias e se chamava, com muita propriedade, Festa dos Loucos.

Durante o período, segundo relata Alan de Botton o mundo virava de cabeça pra baixo.

Membros do clero jogavam dados em cima do altar, zurravam como burros em vez de dizer amém, faziam competições de bebedeira na nave, peidavam como acompanhamento à ave-maria e faziam sermões de galhofa, baseados em paródias do Evangelho (o Evangelho Segundo o Traseiro da Galinha, o Evangelho segundo a Unha do Pé de Lucas).

Após beber canecas de cerveja, eles seguravam os livros sagrados de ponta-cabeça, faziam orações para vegetais e urinavam de cima das torres dos sinos.

Casavam burros, amarravam pênis gigantes de lã em suas batinas e tentavam fazer sexo com homens ou mulheres dispostos a tanto.

E tudo isso com a garantia antecipada de perdão, uma vez que a festa era do calendário cristão, e tinha fins absolutamente terapêuticos: seu propósito era ajudar os homens a esvaziarem a alma e a reafirmarem, pelo resto do ano, seu compromisso com a fé, a paz e o amor ao próximo.

Cristão ou não, eram estripulias que fazem nossos foliões modernos parecem ovelhinhas brincando de roda no Paraíso. E o nosso carnaval parecer não tão liberal quanto se imagina, mas sim conservador e um bocado careta.

 

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