Ser escritor no Brasil é a mais patética de todas as profissões. Não sou eu que estou dizendo. Foi o The New York Times que disse. Segundo o jornal, em reportagem publicada recentemente em seu site, mesmo participando de diversos encontros literários em países como Alemanha, Suécia e Itália, a carreira é desprezada no País. O texto adverte ainda que caso visitem o Brasil, é sensato autores de livros não declararem o ofício, pois as pessoas irão rir e ainda questionar sobre o que de fato ele faz para sobreviver. Em tempo: o episódio me fez lembrar uma historinha, que não sei se é verdade ou lenda, envolvendo João Ubaldo Ribeiro. Conta-se que um dia uma empregada doméstica do autor de Viva o povo brasileiro, vendo o patrão dia após dia em frente ao teclado da máquina de escrever (a história é das antigas), teria perguntado: Mas diga, seu João, em que o senhor trabalha mesmo?
Ainda que melindrado (a verdade dói!) e achando que a autora do texto (jornalista Vanessa Bárbara) comete um exagero sugerindo que escritores em visita ao Brasil possam ser alvo de galhofa caso declarem seu ofício, concordo em larga medida com o que diz o jornal. A profissão de escritor no Brasil chega mesmo a ser patética (ainda que o ato de escrever não o seja). Porém, mais patético ainda é conviver com a falta de escolas, com a desvalorização dos professores, com bibliotecas de acervos sofríveis e com nossas crianças e jovens, a quem é roubada a oportunidade de ser leitor, sendo cooptados, entre outros males, pelo crime organizado.
É, colega, a coisa é feia!
É feia, Gerald, mas a gente enfeita. Só reforçando: a profissão de escritor no Brasil pode até ser patética, mas o ato de escrever, muito pelo contrário, é digno e honroso.