Brasil luta contra hepatite C que mata 400 mil pessoas por ano no mundo

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Um fato científico é a principal manchete da

Plataforma BBC Brasil na noite deste sábado.

Veja abaixo.

 

FígadoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionHepatites atrapalham o funcionamento do fígado; tipo C da doença é o mais letal e não tem vacina

Até 2030, é possível que o Brasil e o mundo consigam conter a hepatite C, um dos maiores problemas de saúde pública globais, com mais de 71 milhões de pessoas infectadas (700 mil delas no Brasil) e 400 mil mortes por ano no planeta.

O motivo principal disso é um grande avanço da medicina: tratamentos com novos antivirais, mais efetivos, de curta duração e com menos efeitos colaterais, têm ganhado escala em diversos países e levado à cura em até 90% dos casos. O Ministério da Saúde universalizou há um mês o acesso a esses novos medicamentos através do Sistema Único de Saúde (SUS), medida que pode ser fundamental para o Brasil alcançar a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de controle da infecção – embora especialista diga que a universalização ainda precisa ocorrer na prática.

Até o início desta década, os únicos tratamentos disponíveis, com uso combinado de um antiviral mais antigo (ribavirina) e interferon (modulador da resposta imunológica), podiam demorar até um ano, com muitos efeitos colaterais, taxas de sucesso relativamente baixas (cerca de 50%) e risco de retorno da infecção quando os medicamentos eram interrompidos.

Os novos antivirais, conhecidos como DAAs (antivirais de ação direta), usados isoladamente ou em associação, ampliaram o arsenal contra o HCV, encurtaram o tempo de tratamento (para 8 a 12 semanas), têm efeitos colaterais toleráveis e atingem taxas de sucesso na casa dos 90%-95%, mesmo em estágios mais avançados de doença hepática. Até pacientes que antes não tinham indicação para um transplante de fígado (pelo alto risco de recorrência da hepatite C) passaram a ter suas chances reavaliadas.

Os mais novos DAAs prometem ser ainda mais efetivos, simplificando o tratamento e resolvendo as infecções causadas por qualquer um dos genótipos do vírus (com a geração anterior havia a necessidade de testes genéticos para definir qual droga deveria ser empregada contra cada tipo de HCV).

Além de curar as pessoas, os DAAs trouxeram a esperança da redução significativa do risco de transmissão da hepatite C, o que levou os especialistas a considerarem a perspectiva de uma eventual eliminação de novas infecções pelo HCV.

Segundo Hugo Cheinquer, professor titular de hepatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, eliminar não equivale a erradicar o vírus, o que dependeria provavelmente de uma vacina (que não existe) aplicada na maior parte da população. Eliminar o vírus até 2030, de acordo com as metas da OMS, significa reduzir em até 90% a chance de novas infecções e a diminuição em até 65% do número de mortes causadas pela hepatite C.

Doença silenciosa

Um dos grandes desafios hoje é identificar quem possui a doença, mas desconhece sua condição, já que ela pode permanecer “silenciosa” por décadas. Outra barreira é garantir que o tratamento seja, de fato, acessível para todos os infectados, já que o custo elevado e a logística de distribuição dos medicamentos podem ser limites importantes para os sobrecarregados sistemas de saúde pública dos países em desenvolvimento.

A infecção pelos vírus da hepatite C (HCV) é transmitida basicamente pelo sangue. A maior parte dos portadores se infectou em transfusões realizadas antes de 1992 (quando ainda não existiam testes específicos para detecção do vírus nos bancos de sangue) ou ao compartilhar agulhas e seringas, principalmente entre usuários de drogas injetáveis. Em quase um terço dos casos se desconhece a origem da infecção (transmissão na gestação, sexo sem proteção ou uso de materiais domésticos ou hospitalares com sangue contaminado são algumas possibilidades).

Teste de hepatite CDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMaior parte dos portadores se infectou em transfusões realizadas antes de haver testes específicos ou ao compartilhar agulhas e seringas

Cerca de 20% dos infectados se curam espontaneamente, mas os demais 80% evoluem para uma infecção crônica (mais ou menos grave) que leva até 20 anos para se manifestar. O vírus provoca um processo inflamatório no fígado que pode causar danos sérios antes de ser detectado.

Em teoria, quanto mais cedo a detecção e o tratamento, maiores as chances de cura, com menos impactos para a saúde. A doença é hoje uma das principais responsáveis pela insuficiência hepática, cirrose, câncer do fígado e a necessidade de transplante do órgão. Cerca de 20% das infecções crônicas evoluem para cirrose e, de 1% a 5% para câncer de fígado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as hepatites virais (incluindo as hepatites A,B,C,D e E) mataram 1,4 milhão de pessoas em 2016, mais do que malária, tuberculose ou aids.

Nos EUA, por exemplo, de acordo com dados dos Centros de Controle de Doenças (CDC), a hepatite C atinge hoje 4,1 milhões de pessoas (quase 4 vezes o número de portadores do HIV, causador da aids), mata mais do que qualquer outra infecção e o número de casos só vem aumentado, principalmente em função da epidemia de drogas opioides.

Brasil

Dados do Ministério da Saúde estimam que 700 mil pessoas estão cronicamente infectadas com o HCV. Aproximadamente dois terços desse montante não sabem que têm a doença. Foram realizados 319 mil diagnósticos de 1999 até 2016 e, cerca de 67 mil pessoas já receberam os novos tratamentos contra hepatite C.

De acordo com Cheinquer, descontados os casos tratados e os óbitos no período, cerca de 100 mil pessoas estão hoje na “fila de espera” dos novos medicamentos no SUS, além daqueles que ainda vão ser identificados. O plano para atingir a meta da OMS até 2030 prevê o tratamento de cerca de 600 mil pessoas.

Um modelo matemático da eliminação da hepatite C, apresentado pelo Ministério da Saúde no último Congresso Internacional do Fígado, que aconteceu em Paris no início de abril, mostra que um esforço concentrado do país, a partir de 2018, para aumentar a detecção de casos nas populações de alta prevalência e a ampliação do acesso aos novos medicamentos, tornaria possível alcançar os objetivos da OMS.

Segundo Edison Parise, presidente do Instituto Brasileiro do Fígado, da Sociedade Brasileira de Hepatologia, a boa notícia é que no mês passado, o tratamento no Brasil, antes restrito a pacientes com doença avançada (apenas graus 3 e 4 de fibrose no fígado), foi universalizado para todos pacientes que testem positividade para o vírus, independentemente da gravidade da doença.

Tirar universalização do papel

Cheinquer também avalia que universalizar o acesso no Brasil é um avanço. No entanto, ele aponta uma série de questões estruturais que podem limitar o uso dos medicamentos. “Em diversas regiões do país, uma consulta com um especialista e a espera pelos novos tratamentos pode levar até um ano. A lista de espera não leva em conta a gravidade dos casos. Pacientes com a doença mais avançada, muitas vezes, não podem esperar tanto tempo. Quem tem recursos pode até importar os antivirais, mas quem não tem condições financeiras vai ter que aguardar. É importante tirar a universalização do papel e colocá-la em prática”, diz ele.

O Ministério da Saúde informa que os medicamentos que já estavam disponíveis vêm sendo distribuídos regularmente para as unidades de alto custo, porém os que foram recentemente incorporados ao SUS, no protocolo revisado de 2018, têm prazo de 180 dias para chegarem às unidades. Quanto à demora no atendimento, nas regiões com problemas locais, a capacidade poderia ser expandida recorrendo à atenção básica, e não exclusivamente aos serviços de assistência especializada.

Outra questão central, segundo Parise, é identificar quem ainda está fora da fila de espera.

“No mundo todo houve uma recontagem dos casos prováveis de hepatite. Certamente as prevalências antigas superestimaram o número de portadores da doença. No Brasil não foi diferente. Hoje estamos falando em 0,5% a 0,6% da população. Acreditamos que ainda reste um considerável contingente de pacientes a ser detectado, e que esses casos se concentrem em indivíduos acima de 40-45 anos, que devem ser os pacientes testados prioritariamente. Outras populações de risco incluem usuários de drogas injetáveis, encarcerados e pacientes submetidos a hemodiálise”, afirma.

Ainda segundo o Ministério da Saúde, entre as estratégias para ampliação do diagnóstico e tratamento será necessário realizar nos próximos anos 9,5 milhões testes rápidos para hepatite C e tratar 50 mil pacientes anualmente.

Medicamentos contra hepatite CDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNova leva de medicamentos têm eficácia muito superior

Reino Unido: o primeiro a eliminar?

Em janeiro, o NHS (sistema público de saúde do Reino Unido) anunciou que pretende eliminar a hepatite C até 2025, cinco anos antes da meta definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que tornaria o país o pioneiro em dar uma resposta efetiva à eliminação do HCV.

Para isso, o NHS convocou os laboratórios produtores dos novos tratamentos para discutir uma redução no custo das novas tecnologias antivirais. Parte do acordo envolve auxílio da indústria farmacêutica na identificação de potenciais pacientes.

Mais do que tratar, para o NHS, o problema central é identificar os portadores, principalmente as pessoas que se infectaram há muito tempo e os grupos sociais que tendem a ficar mais longe dor serviços de saúde, como os usuários de drogas. Testes rápidos (de sangue ou saliva) que possam ser realizados em qualquer lugar (não apenas em laboratórios ou postos de saúde) e testes de autoaplicação (como os que existem hoje para diagnosticar o HIV) poderiam trazer mais pessoas para o tratamento.

FígadoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSerá necessário realizar no Brasil, nos próximos anos, 9,5 milhões testes rápidos para hepatite C e tratar 50 mil pacientes anualmente

O exemplo do Egito

O Egito, país com a maior prevalência de hepatite C do mundo (7% da população de 15 a 59 anos tem uma infecção ativa pelo HCV), iniciou já em 2015 um extenso programa de combate à doença. A epidemia no país foi desencadeada nos anos 1950, após um programa para tratamento em massa da esquistossomose, que foi feito sem o uso de agulhas e seringas devidamente esterilizadas.

Acredita-se que mais de 1,3 milhão de pessoas já foram curadas. O programa egípcio envolveu a criação de um site, onde as pessoas infectadas podem se inscrever para receber o tratamento gratuitamente, negociação com a indústria farmacêutica para revisão do preço dos antivirais disponíveis e, finalmente, a produção local de um dos medicamentos, o que reduziu o custo total do tratamento para menos de 1% do valor praticado nos países desenvolvidos.

A lista de espera para tratamento foi zerada em 2016 e, os esforços das autoridades de saúde se concentram agora em identificar outros possíveis 3 milhões de portadores do vírus, que não sabem que são portadores.

Egito, Austrália, França, Geórgia, Alemanha, Islândia, Holanda, Japão e Qatar são os nove países considerados exemplos nas estratégias de combate à hepatite e que devem atingir as metas da OMS até 2030.

Havendo vontade política de todas esferas de poder e coordenação das ações, o Brasil, quem sabe, em breve, pode fazer parte dessa lista.

*Jairo Bouer é médico-psiquiatra pela Universidade de São Paulo (USP), biólogo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestrando em antropologia evolutiva na University College London (UCL). Colaborou com os principais veículos de mídia no Brasil, como Rede Globo, CBN, Folha de S. Paulo, Estado de São Paulo, Revista Época e UOL.

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Bactéria do intestino pode afetar estado de espírito das pessoas

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É nesse campo que pesquisadores estão trabalhando ao investigar como os trilhões de micróbios que sobrevivem em nós e nos habitam – o que é chamado de nosso microbioma – afetam a nossa saúde física.

Até mesmo transtornos como depressão, autismo e doenças neurodegenerativas, como o mal de Parkinson, podem de alguma forma estar relacionadas a essas pequenas criaturas.

Nós sabemos há séculos que o modo como nos sentimos afeta o nosso intestino – apenas pense no que acontece com você antes de uma prova ou de uma entrevista de emprego -, mas agora isso está sendo visto como uma via de mão dupla.

Grupos de pesquisadores acreditam estar à beira de uma revolução que usa “micróbios do humor” ou “psicobióticos” para melhorar a saúde mental.

O estudo que deu a partida para esse conceito foi realizado na Universidade de Kyushu, no Japão, em 2004.

Cientistas demonstraram que camundongos “livres de germes” – aqueles que nunca tiveram contato com micróbios – produziram duas vezes a quantidade de hormônio do estresse quando afligidos do que os camundongos normais.

Os animais eram idênticos, exceto pelos micróbios. Isso foi considerado um forte indício de que a diferença era resultado de seus micro-organismos. E o trabalho se tornou a primeira pista do impacto que a medicina microbiana teria na saúde mental.

“Todos nós voltamos sempre àquele primeiro artigo, à primeira leva de neurocientistas japoneses que estudaram os micróbios”, diz Jane Foster, neuropsiquiatra da Universidade McMaster, no Canadá. “Foi realmente muito importante para nós que estavámos estudando depressão e ansiedade”.

Como as bactérias poderiam estar alterando nosso cérebro?

Há agora uma rica corrente de pesquisa relacionando camundongos sem germes a mudanças no comportamento e até mesmo na estrutura do cérebro.

Mas a vida completamente estéril deles não é nada parecida ao mundo real. Estamos constantemente entrando em contato com micróbios em nosso meio ambiente – nenhum de nós é livre de germes.

No Hospital Universitário de Cork na Irlanda, o professor Ted Dinan está tentando descobrir o que acontece com o microbioma de seus pacientes deprimidos.

Para os médicos, um microbioma saudável é um microbioma diverso, que contém uma grande variedade de espécies diferentes de micro-organismos.

“Se você comparar alguém que está clinicamente deprimido com alguém que está saudável, há uma diminuição na diversidade da microbiota (flora intestinal)”, diz Dinan.

“Não estou sugerindo que esta seja a única causa da depressão, mas acredito que, para muitos indivíduos, ela contribui para o surgimento da doença.”

O pesquisador argumenta ainda que alguns estilos de vida que enfraquecem nossas bactérias intestinais, como uma dieta pobre em fibras, pode nos tornar mais vulneráveis.

Microbioma

Pesquisa recente mostra que as pessoas são mais micróbios do que humanas – se você contar todas as células do seu corpo, apenas 43% pertencem à espécie humana.

O resto é o microbioma e inclui bactérias, vírus, fungos e arquea (organismos que eram classificados de forma equivocada como bactérias, mas que têm características genéticas e bioquímicas diferentes).

Isto é conhecido como o “segundo genoma” e também está sendo associado a doenças como Mal de Parkinson, doença inflamatória intestinal, depressão, autismo e ao funcionamento de drogas contra o câncer.

Mistério da depressão

A possível relação de um desequilíbrio no microbioma intestinal com a depressão também é um conceito intrigante.

Para testar esta hipótese, os cientistas do centro de microbiomas APC, na Universidade College Cork, começaram a transplantar o microbioma de pacientes deprimidos para animais. O procedimento é conhecido como transplante fecal.

Ele mostrou que, se você transfere as bactérias, também transfere o comportamento.

“Ficamos muito surpresos com a possibilidade de, apenas pegando amostras de microbioma, reproduzir muitas das características de um indivíduo deprimido em um rato”, diz o professor John Cryan à BBC.

Estas características incluíam, por exemplo, a anedonia – o modo como a depressão pode levar as pessoas a perderem o interesse pelo que normalmente consideram prazeroso.

Para os ratos, esse prazer era obtido com uma água com açúcar que eles queriam beber cada vez mais, mas com a qual passaram a não se importar quando receberam o microbioma de um indivíduo deprimido, diz Cryan.

Evidências semelhantes da relação entre o microbioma, o intestino e o cérebro também estão emergindo em relação ao mal de Parkinson.

A doença é claramente um distúrbio cerebral. Os pacientes perdem o controle de seus músculos à medida que as células cerebrais morrem, e isso os leva a apresentar um tremor característico.

Agora, o professor Sarkis Mazmanian, microbiologista médico do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), tem argumentado que as bactérias intestinais parecem ter um papel nisso.

“Os neurocientistas clássicos considerariam uma heresia pensar que é possível entender os eventos no cérebro pesquisando o intestino”, diz ele, que no entanto encontrou diferenças “muito fortes” entre os microbiomas de pessoas com Parkinson e daquelas sem a doença.

Estudos em animais geneticamente programados para desenvolver o Parkinson mostram que as bactérias intestinais estão ligadas ao surgimento da doença.

E quando as fezes foram transplantadas de pacientes com Parkinson para ratos, estes desenvolveram sintomas “muito piores” do que quando foram usadas fezes provenientes de um indivíduo saudável.

Mazmanian diz à BBC que “as mudanças no microbioma parecem estar induzindo os sintomas motores do Parkinson.”

“Estamos muito animados com isso porque nos permite apontar o microbioma como um caminho para novas terapias”, afirma.

Ainda que fascinante, a evidência que liga o microbioma ao cérebro é, por enquanto, preliminar.

Os pioneiros desse campo de pesquisa veem, entretanto, uma perspectiva interessante no horizonte – uma maneira totalmente nova de influenciar nossa saúde e bem-estar.

Se os micróbios influenciam nossos cérebros, então talvez possamos mudar nossos micróbios para melhor.

Mais estudos

Mas será que alterar as bactérias no intestino de pacientes de Parkinson pode mudar o curso da doença?

Fala-se de psiquiatras que prescrevem micróbios do humor ou psicobióticos – efetivamente um coquetel probiótico de bactérias saudáveis – para impulsionar nossa saúde mental.

A pesquisadora Kirsten Tillisch, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, questiona: “Se mudarmos as bactérias, podemos mudar o modo como reagimos?”.

Ela diz, entretanto, que são necessários estudos muito maiores que realmente investiguem quais espécie e até subespécies de bactérias podem estar exercendo efeito sobre o cérebro e o que elas estão produzindo no intestino.

“Há conexões claras aqui. Acho que nosso entusiasmo e nossa empolgação se explicam porque não tivemos, até agora, tratamentos ótimos (para males como Parkinson). Então é muito empolgante pensar que há um caminho totalmente novo que podemos estudar e com o qual podemos ajudar as pessoas, talvez até para prevenir doenças.”

O microbioma – nosso segundo genoma – está abrindo uma maneira inteiramente nova de se fazer medicina, e seu papel está sendo investigado em quase todas as doenças que se pode imaginar, incluindo alergias, câncer e obesidade.

Impressiona o quão maleável esse segundo genoma é e como isso está em contraste com o nosso próprio DNA.

A comida que comemos, os animais de estimação que temos, os medicamentos que tomamos, como nascemos – tudo modifica nossos habitantes microbianos.

“Prevejo que nos próximos cinco anos, quando você for ao médico fazer seu exame de colesterol, por exemplo, você também vai ter o seu microbioma avaliado. O microbioma é o futuro fundamental da medicina personalizada”, afirma John Cryan.

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Enzima ‘comedora’ de plástico muda processo de reciclagem

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Cientistas britânicos aperfeiçoaram uma enzima natural que pode digerir alguns dos plásticos mais poluentes do mundo.

O tipo PET, mais comum em garrafas plásticas, leva centenas de anos para se decompor no meio ambiente.

A enzima modificada, conhecida como PETase, pode começar a desintegrar o mesmo material em apenas alguns dias.

Isso poderia revolucionar o processo de reciclagem, permitindo que os plásticos sejam reutilizados de forma mais eficaz.

Originalmente descoberta no Japão, a enzima é produzida por uma bactéria que “come” o PET.

A Ideonella sakaiensis usa o plástico como sua principal fonte de energia.

Pesquisadores relataram em 2016 que encontraram a cepa vivendo em sedimentos em um local de reciclagem de garrafas na cidade portuária de Sakai, no sul do Japão.

“O PET passou a existir em grandes quantidades nos últimos 50 anos, então não se trata de uma escala de tempo muito longa para uma bactéria evoluir para comer algo criado pelo homem”, diz o professor John McGeehan, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, que participou do estudo.

Poliésteres, o grupo de plásticos a que o PET (também chamado polietileno tereftalato) pertence, existem na natureza.

Com dados da BBC Brasil

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Oftalmologia do HU-UFMA é um dos 14 melhores do Brasil

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O Centro de Referência em Oftalmologia do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), vinculado a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ficou em 14º lugar entre 85 instituições de todos o país na prova nacional de oftalmologia. Com ela os residentes conquistam o título de Especialistas em Oftalmologia concedido pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e pela Associação Médica Brasileira (AMB).

A prova foi realizada no mês de março, em São Paulo, e teve ao todo 787 médicos inscritos, 3 destes residentes do HU-UFMA. O resultado do exame nacional coloca o hospital à frente de serviços tradicionais em oftalmologia como os da UNICAMP, UFMG, UFPI e UFPR.

O coordenador da Residência em Oftalmologia do HU-UFMA, Bonifácio Júnior, parabeniza os residentes e destaca o empenho de toda a instituição para que os profissionais sejam cada vez melhor capacitados. “A residência tem buscado melhorias ano após ano, em todos os aspectos. Os residentes têm saído cada vez mais preparados, com uma formação muito boa. Eles têm um volume de procedimento cirúrgico muito alto, diferente de outras instituições e isso enriquece muito o crescimento deles enquanto profissionais”.

A residência em Oftalmologia oferece três vagas anualmente. Os residentes são inseridos na rotina do serviço, perpassando por momentos de aulas teóricas, vivência no ambulatório, centro cirúrgico, imersão em pesquisas científicas, dentre outros. A residência tem uma duração de três anos, iniciou em 2012 e já entregou para a sociedade 9 oftalmologistas.

Uma parceria entre o HU-UFMA e a Escola Paulista de Medicina permite que no início da residência os aprovados participem de um curso básico em São Paulo. Bonifácio Júnior destaca que como essa área é muito específica, normalmente os alunos saem da faculdade sem um conhecimento mais profundo, por isso a importância dessa introdução.

A Residência Médica, de acordo com a Lei 6.932 de 07/07/1981, constitui modalidade de ensino de pós-graduação, destinada a médicos, sob a forma de Curso de Especialização, caracterizada por treinamento em serviço, em regime de tempo integral e sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional.

Centro de Referência Oftalmológica

Anexo do HU-UFMA, está localizado na Rua Silva Jardim (ao lado da Unidade Presidente Dutra). Realiza atendimentos ambulatoriais e cirurgias de alta e média complexidade. O serviço conta com salas de ambulatório, salas cirúrgicas, sala de recuperação pós- anestésica, salas de treinamento e recebe pacientes de todo o Maranhão.  Entre os procedimentos mais procurados estão a cirurgia de catarata, com cerca de 150 cirurgias por mês.  Em média, são realizadas 1900 consultas por mês e 320 cirurgias oculares, nas mais diversas subespecialidades, a exemplo, da correção de estrabismo, do transplante de córnea, da cirurgia antiglaucomatosa, entre outros.

Sobre a Ebserh

Desde janeiro de 2013, o HU-UFMA é filiado à Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação que administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.

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Modelo de carro voador será entregue em 2019

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Metade avião, metade carro, o TF-X pode ser o nosso futuro meio de transporte.

Trata-se de um carro voador que pode ser dirigido na rua ou pilotado no ar. Também cabe em uma garagem, além de atender às exigências de tráfego viário e aéreo dos EUA.

Com as asas dobradas, o TF-X pode ser dirigido na estrada, e se você quiser voar com ele, basta apenas acioná-las e se preparar para a decolagem.

“O TF-X é o futuro, ou talvez o veículo do futuro”, diz Chris Jaran, CEO da Terrafugia, a empresa responsável.

“Ele não precisa de um aeroporto; essa é a diferença fundamental. Acho que os veículos voadores, que podem ser dirigidos por qualquer um, vão ser lançados em menos tempo do que imaginamos”, acrescenta.

O primeiro modelo deve ser entregue no ano que vem.

Com dados da BBC Londres

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Uema ganha patente de inseticida que combate o Aedes aegypti  

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O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu, este mês, à Universidade Estadual do Maranhão (Uema) a patente de invenção do Processo de Preparo do Extrato Hidroalcoólico das Folhas do Nim (Azadirachta indica A. Juss) com ação ovicida e larvicida sobre o Aedes aegypti, ou seja, elimina ovos e larvas do mosquito.

Os professores Adriana Leandro Camara (ex-professora da Uema), Mamede Chaves e Silva (Departamento de Química e Biologia da Uema), Maria Célia Pires Costa (Departamento de Química e Biologia da Uema) e a egressa do Curso de Ciências Biológicas da Uema, Paula Eilany Silva Marinho, são os inventores do processo.

A invenção é gerada por processo de preparo e aplicação de compostos inseticidas, obtidos a partir do extrato hidroalcoólico das folhas do Nim para eliminação de ovos e larvas do mosquito transmissor de várias doenças como a dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.

“O Nim é uma árvore de grande abundância no Maranhão. Na própria universidade, encontramos bastante essa espécie. Do extrato das folhas da árvore, pode-se obter um produto viável, de fácil manipulação, de baixo custo, sem efeito tóxico ao homem e que possa ser comercializado e usado em campanhas de controle do Aedes aegypti onde há infestação por esse mosquito”, aponta a professora e doutora Adriana Camara, atualmente, professora do Departamento de Ciências Fisiológicas da UFMA.

De acordo com Adriana Camara, a obtenção da patente vai impulsionar a possibilidade de comercialização do processo e geração de recursos para a Uema. “Temos 12 anos ainda como detentores do direito sobre essa tecnologia e pretendemos utilizá-la de modo a gerar recursos para ser investidos em mais pesquisas na universidade”, ressalta.

Como titular da patente, a Uema tem o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento, de produzir, colocar à venda, usar, importar o processo ou produto obtido diretamente pelo processo patenteado.

A Uema já tinha a expectativa de direito sobre a patente desde 2010, quando foi depositado o pedido.

A patente tem validade em todo o território nacional de 20 anos, contados a partir do dia 29 de outubro de 2010, data exata do depósito.

Texto/Secap /Governo do Maranhão

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Farmacogenética, o caminho à Medicina Personalizada

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No programa Manhattan Connection (Canal Globo News) deste domingo, o psiquiatra brasileiro Guido Boabaid falou de Farmacogenética, que é a ciência que estuda a variabilidade genética dos indivíduos com relação a medicamentos específicos. O assunto está sendo debatido com mais ênfase nos últimos meses no Brasil

Os testes farmacogenéticos mostram que determinados indivíduos podem reagir diferentemente ao mesmo tipo de medicamento, dependendo de sua etnia ou outras variações genéticas.

Guido Boabaid é diretor médico da GnTech Tests, empresa de Santa Catarina que faz os testes farmacogenéticos no Brasil.

O teste, desenvolvidos pelos laboratórios americanos da Iverson Genetics e da AssureRX, detectam como o medicamento se comporta dentro do individuo. No caso da psiquiatria, os antidepressivos e Antipsicóticos.

O teste genético ajuda o médico a indicar o melhor antidepressivo. O problema maior é o preço que, no Brasil, ficará em torno de R$ 4 mil.

Os testes farmacogenéticos consolidam o que está sendo chamado de Medicina Personalizada, ou MP, que é um modelo médico que propõe a personalização dos serviços de saúde. Nesse caso, os avanços são que as decisões médicas, as práticas e os produtos estão sendo adaptados para o organismo de cada ser humano.

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Tratamento inédito de casos graves de febre amarela

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Das pessoas infectadas com febre amarela, 10% a 15% desenvolvem a doença de forma muito grave, podendo resultar em hepatite fulminante e morte.

O vírus destrói quase todo o fígado e pode provocar danos cerebrais irreversíveis.

Muitas vezes, o transplante de fígado é a única chance de sobrevivência do doente.

Luiz Carneiro D’Albuquerque, professor titular da USP e chefe de transplantes de órgãos abdominais do Hospital das Clínicas, revela que este tratamento é inédito no mundo, por isso ainda está em fase de aprendizado.

O Hospital das Clínicas de São Paulo já realizou cinco transplantes de fígado, acompanhados de videoconferências realizadas com outros centros especializados.

Atualmente, o hospital treina outras instituições e médicos para esse procedimento.

A evolução neurológica desses pacientes costuma ser muito dramática, o vírus pode ocasionar encefalite e edema cerebral.

Segundo o professor, agora, é necessário aprender em que momento o transplante deve ser feito. Todos os cinco pacientes que passaram pelo tratamento apresentam, até agora, quadro clínico estável.

Com dados do Portal da USP/Jornal USP

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Hospital Universitário faz transplante de córneas em bebê

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Para receber córneas, recém-nascido passa por reconstrução da pálpebra

A visão é um dos cinco sentidos do corpo humano. Todos querem ter a oportunidade de enxergar o mundo e se deslumbrar com as cores existentes nele. O que fazer quando já se nasce com parte desse sentido comprometido? Uma pequena guerreira, nascida em Loreto, a 696 km de São Luís, com apenas um mês de vida, precisou passar por uma cirurgia de reconstrução de pálpebra e um transplante de córnea, para que não perdesse a visão do olho esquerdo.

A bebê está se recuperando bem e passa por acompanhamento. A cirurgia foi realizada no Centro de Referência Oftalmológica do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), na última semana de 2017, pelos oftalmologistas Renato Ferraz e Adriana Bertrand, esta última convidada especialmente para conduzir a reconstrução de pálpebra. Como a criança nasceu sem essas dobras, a córnea ficou exposta e ressecou, formando uma úlcera. O diagnóstico era ceratite infecciosa associada, que consiste na inflamação da córnea.

As distrofias de córneas congênitas que levam a necessidade de transplante em crianças tem uma incidência muito baixa. De acordo com a responsável técnica do Banco de Olhos do HU-UFMA, Roberta Farias, chega a menos de 10%. “Não é comum transplante de córnea em bebês, pois as doenças congênitas que precisam desse tipo de cirurgia são menos frequentes, tendo uma incidência maior em adultos”.

A oftalmologista destaca os cuidados especiais quando relacionados as crianças menores de oito anos. “A criança tem o corpo muito reativo, da mesma maneira que ele cicatriza muito fácil, ele também reage mais fácil a uma doação, e quando isso acontece, ela acaba rejeitando com mais facilidade a córnea”.

Os cuidados são para a vida toda. Segundo a médica, o paciente vai ter uma recuperação visual, mas com sequelas.  “Qualquer dano oftalmológico que ocorra na vida de uma criança com menos de oito anos de idade, a chance de ter sequela para o resto da vida é grande. Nesse intervalo, é que acontece o período do desenvolvimento visual e, por isso, ela precisa de um acompanhamento intenso, para que a visão possa ser estimulada”.

Banco de Olhos

Até o momento, só neste primeiro mês do ano 24 pacientes passaram por transplante de córnea no Centro de Referência Oftalmológica do HU-UFMA, que realizou no ano passado 246 transplantes. As doações em 2017 somam 124, o que corresponde a 248 córneas captadas.

O transplante de córnea é um procedimento que traz para o doador uma grande melhoria na qualidade de vida. Nesse sentido, o Banco de Olhos do HU-UFMA se mostra fundamental para a eficácia desse processo ao zelar pela qualidade dos tecidos transplantados, buscando acompanhar todas as etapas de doação, processamento e acondicionamento desses órgãos.

A médica Roberta Farias destaca que a fila de espera para um transplante de córnea no Maranhão demora cerca de três anos. “A doação é um processo de conscientização. Ela é importante para que esse tempo de espera na fila diminua e para que possamos zerar a fila”.

Centro de Referência Oftalmológica

Anexo do HU-UFMA, está localizado na Rua Silva Jardim (ao lado da Unidade Presidente Dutra). Realiza atendimentos ambulatoriais e cirurgias de alta e média complexidade. O serviço conta com salas de ambulatório, salas cirúrgicas, sala de recuperação pós- anestésica, salas de treinamento e recebe pacientes de todo o Maranhão.  Entre os procedimentos mais procurados estão a cirurgia de catarata, com cerca de 130 cirurgias por mês.  Em média, são realizadas 1900 consultas por mês e 320 cirurgias oculares, nas mais diversas subespecialidades, a exemplo, da correção de estrabismo, do transplante de córnea, da cirurgia antiglaucomatosa, entre outros.

Sobre a Ebserh

Desde janeiro de 2013, o HU-UFMA é filiado à Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação que administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.

Fernando Oliveira, gestor de comunicação do HU-Ufma

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Médicos podem receitar canábis como medicamento em Portugal

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O site Observador, um dos mais influentes de Portugal, informa que a Ordem dos Médicos de Portugal reconhece que existe forte evidência da eficácia da canábis nalguns usos terapêuticos, mas avisa que a sua prescrição deve ser exclusivamente médica, enquanto medicamento e não na forma fumada.

Num parecer do Conselho Nacional da Política do Medicamento da Ordem dos Médicos é dito que a evidência atual “permite considerar a potencial utilização [da canábis]” em alguns casos, como no alívio da dor crônica em adultos, como anti-vômito no tratamento do cancro, na esclerose múltipla ou no controlo da ansiedade.

Contudo, o uso de canábis ou canabinoides como medicamento de uso humano deve ser sujeita a aprovação pelas entidades regulamentares em saúde”, como a Autoridade Nacional ou Europeia do Medicamento.

A Ordem dos Médicos avisa que, pela sua potencial toxicidade, a prescrição da canábis deve ser exclusivamente médica e com regulamentação específica, como é feito com os derivados de morfina, por exemplo.

O parecer aponta para desafios concretos no uso de canábis para fins terapêuticos, sobretudo em relação ao consumo direto da planta de canábis, lembrando que “nenhum país europeu autoriza atualmente a canábis fumada para fins médicos”.

 

Segundo o parecer homologado pela Ordem, as eventuais alterações legais que possam facilitar o uso direto de canábis para fins medicinais não devem negligenciar os potenciais riscos de saúde publica, incluindo o abuso na sua utilização como droga recreativa”.

Sobre a segurança do uso da canábis, o parecer aponta para uma associação entre o seu consumo e o desenvolvimento de dependência, esquizofrenia e outras psicoses, bem como agravamento de dificuldade respiratória.

Quanto à eficácia da canábis no uso clínico, a Ordem considera que existe forte evidência no tratamento da dor crónica, como anti-emético associado ao tratamento oncológico (anti-vómito), no auxílio do tratamento da esclerose múltipla e no controlo da ansiedade.

Existe ainda moderada evidência sobre o uso de canábis na melhoria do sono em pessoas com apneia obstrutiva do sono, fibromialgia, anorexia por cancro e stress pós-traumático.

O parecer recorda que não existe contudo ainda qualquer evidência que permita verificar eficácia da canábis no tratamento do cancro, sintomas de intestino irritável, epilepsia, esclerose lateral amiotrófica, doença de Parkinson ou esquizofrenia, apesar dos estudos desenvolvidos nestas áreas.

Confereir matéria completa no site Observador, de Portugal

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