O lançamento de “Na Trilha do Cangaço – O Sertão que Lampião”, do fotografo Márcio Vasconcelos, nesta terça (31), as 19h30, no Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Rua do Sol, 302), em São Luís, celebra um momento significante da fotografia maranhense.
Desde que chegou ao Maranhão, na segunda metade do século XIX, a fotografia foi utilizada de diversas maneiras, começando por retratar moradores de São Luís e Alcântara, ofício iniciado por aqui por um jovem viajante dos EUA de 22 anos.
Depois, a fotografia apresentou paisagens de todas as regiões do Estado, na passagem do séc. XIX para o XX, ingressou no fotojornalismo e é sempre memória de acontecimentos cotidianos e pontais, como ainda é,hoje, na era digital.
Disseram na Europa, ainda no século XIX, que a fotografia libertou a pintura da prisão de ter de representar o real, em tempo de Expressionismo.
Nos últimos anos, no Maranhão, a fotografia parece apresentar-se no caminho inverso e está parecendo pintura. É bela
[Lembrando que o termo belo é complexo e gerador de controvérsias e debates, a grande maioria ideias infrutíferas, cansativas e entendidas somente por meia dúzia de ‘mentes brilhantes’ que ninguém ousa contestar]
Na fotografia, o belo vem de um ofício, é simples e gera um debate idem.
Márcio Vasconcelos já mostrou carnes em matadouros em tons vermelhos fortes. Belo? Repugnante?
A impressão é que, na trajetória de Marcio Vasconcelos, o que é visível como belo parece consequência, suave e sutil da memória, de um ofício. Ele busca mesmo é o registro, a pesquisa, como é comum entre fotógrafos que saem pelo mundo afora.
Fica legal assim. Cláudia Andujar buscou os Yanomami. Era o que interessava a ela. A presença do belo é decorrência e não suplantou o ofício, a missão. E isso é ótimo. E como é emocionante olhar as fotos que ela fez.
Da cultura popular ao centro histórico de São Luís, que parece morar em Márcio Vasconcelos, a busca de raízes maranhenses na África, ele chegou a um momento tranquilo em que o ofício o levou, neste momento, a uma viagem ao Sertão do Nordeste.
Como foi em décadas de ‘madrugas’ em festas de São João. Todo mundo brincando e Marcio Vasconcelos lá, fotografando.
E é por ai. Quem for a Rua do Sol hoje verá traços de toda essa trajetória dele pela fotografia.
Se é maturidade, arte, inovação ou ‘o belo’, é com a galera entendida.
As fotos mostram um passeio pelo mundo de Lampião, um mundo que ainda vive no Nordeste de hoje. Simples e belo.
Um instante preciso na trajetória da fotografia no Maranhão, pontualmente na Rua do Sol, muito perto de onde funcionou o ateliê de Gaudêncio Cunha, profissional que teve a fotografia da paisagem do Maranhão como ofício, na paisagem do Maranhão na passagem do século XIX para o XX. Belíssimas!
Com informações e fotos enviadas pela assessoria de comunicação do jornalista Fernando Oliveira.
Foto de Gaudêncio Cunha do acervo do MHAMA.