Se fosse possível ‘salvar’ sua memória como fazemos com informações no disco rígido de um computador, você faria isso? Essa é uma questão que alguns cientistas esperam poder nos fazer em breve.
Equipes de cientistas trabalham para descobrir tecnologias que ‘eternizem’ nossas mentes.
Desde os primeiros desenhos riscados em paredes de cavernas na pré-história, o homem vem tentando transcender sua memória, passando pela imagens fotográficas, entre outras.
As mais recentes tentativas vêm pelos servidores da internet.
Se for possível fazer um ‘back up’ do cérebro, as consequências serão profundas.
Conheça alguns desses projetos e entenda o que eles pretendem alcançar e de que forma.
Eterni.me
Eterni.me é um serviço que propõe guardar a sua memória ou de um ente querido seu.
Funciona da seguinte maneira: em vida, o cliente dá ao Eterni.me acesso a todas as suas contas em sites como Facebook, Twitter e provedores de e-mail. E também faz uploads de fotos, de históricos geográficos de locais onde esteve e até de coisas que viu usando a ferramenta Google Glass.
As informações são coletadas, filtradas e analisadas antes de serem transferidas para um avatar (uma pessoa virtual que tenta imitar a aparência e personalidade do usuário).
O avatar aprende mais sobre a pessoa à medida que interage com ela ao longo da vida. O objetivo é que o avatar possa, no decorrer do tempo, refletir com cada vez mais precisão a personalidade desta pessoa.
“A ideia é criar um legado interativo, uma forma de evitar (que a pessoa) seja totalmente esquecida no futuro”, disse Marius Ursache, um dos criadores do Eterni.me.
A equipe por trás do Eterni.me é formada por engenheiros, designers e pessoas de negócios, faz parte do programa de fomento ao empreendedorismo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês, Massachusetts Institute of Technology, MIT) e será lançado em breve.
O MIT é um centro universitário de educação e pesquisa privado localizado em Cambridge, Massachusetts, nos Estados Unidos. Um dos líderes mundiais em ciência, engenharia e tecnologia.
Cérebro ‘back up’
E, se em vez de simplesmente escolhermos o que queremos capturar em formato digital, pudéssemos gravar tudo, absolutamente tudo o que uma mente contém?
Isto não é ficção científica. Em teoria, exigiria três avanços básicos.
Os cientistas teriam de descobrir como preservar o cérebro de alguém após sua morte. Depois, a informação contida nesse cérebro precisaria ser analisada e arquivada. Finalmente, a mente da pessoa precisaria ser ‘recriada’ em outro cérebro construído artificialmente.
Cientistas de todo o mundo já trabalham para tentar criar um cérebro humano artificial. Nele poderia ser feito o upload de um arquivo de segurança da memória de um ser humano – ou, pelo menos, essa é a ideia.
O MIT, nos Estados Unidos, oferece um curso de conectomia – um campo ainda emergente da ciência onde pesquisadores tentam criar um mapa contendo todas as conexões existentes em um cérebro humano.
Especialistas trabalhando em outro projeto, o ‘US Brain’, tentam registrar a atividade cerebral de milhões de neurônios. E, na Europa, o projeto “EU Brain” tenta construir modelos integrados capazes de simular esta atividade.
Corrida do Ouro
O desafio é grande, mas não parece haver escassez de investimentos nesse campo. O Google, por exemplo, vem investindo pesado no projeto Google Brain, que tenta simular aspectos do cérebro humano.
O diretor do projeto, o Ray Kurzweil, tornou-se o líder de uma comunidade de cientistas. Eles dizem acreditar ser possível fazer um back updigital de um cérebro humano – e dizem que ainda estarão vivos quando isso acontecer.
O Google também contratou o britânico Geoff Hinton, cientista da computação e um dos maiores especialistas do mundo em redes neurais – os circuitos por meio dos quais a mente humana pensa e lembra.