Um dos maiores ‘gaps’ do ensino superior brasileiro veio à tona quando estudantes brasileiros de graduação foram para universidades de ponta, fora do Brasil, por meio do Programa Ciência sem Fronteiras.
A maioria deles conta que estranhou a quantidade reduzida de disciplinas das instituições dos países estrangeiros.
Um estudante universitário de uma escola como a Universidade Harvard, nos EUA, considerada a melhor do mundo tem, em média, 15 horas/aula por semana.
Para se ter ideia do que isso significa, quem faz engenharia na Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o maior centro de ensino de engenharias e Ciências Exatas do Brasil, tem quase três vezes mais aulas.
A metodologia aplicada em universidades como Harvard é que cada hora de aula demanda, em média, uma hora extra de estudos e de leituras do aluno. Ou seja, as 15h viram 30h.
Além disso, a universidade espera que o aluno se envolva em atividades de pesquisa, empresas-júnior, trabalhos sociais e culturais e que faça esporte.
Com tudo isso, a formação fica completa e a grade fica cheia.
Enquanto isso, o aluno da Politécnica da USP mal ter tempo para estudar para as disciplinas obrigatórias.
Este entreva na educação brasileira é comumente abordada pelos chefes do Programa Ciência sem Fronteiras.
O diretor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, defende a redução da grade obrigatória de aulas.
O problema, de acordo com Guimarães, é fazer com que as universidades brasileiras topem essa redução.
Para o diretor da Politécnica e candidato a reitor da USP, José Roberto Cardoso, a redução das horas-aulas liberaria professores para fazer mais pesquisa. E, quem sabe, poderia até fazer com que a quantidade de vagas se expandisse.
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Da coluna Abecedário, da Folha de SP On Line