Homenagem justa ao Delegado Silas Amaral

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http://www.marcoaureliodeca.com.br/2014/04/11/delegado-maranhense-recebe-segunda-homenagem-internacional/

 

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Abaixo os preconceitos contra os doentes mentais

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 Cada vez mais a sociedade civil deste país se insurge contra as incongruências e a violência contida nos preconceitos e nos estigmas sociais. Preconceitos de todos os tipos: contra gays, negros, pobres, prostitutas, nacionalidades e sobre tudo, contra os doentes mentais. Nesse particular, estes são profundos e antigos, pois desde os primórdios da psiquiatria que se sabe dos danos e prejuízos ocasionados por eles e pelos estigmas que há em torno desses doentes.

Preconceitos e estigmas são na realidade condições pejorativas desvalorativas dirigidas contra alguém ou contra algo que ocorra na realidade. São conceitos antecipados, que antecedem o que de fato ocorre, o que representam ou mesmo o que são na realidade. Os preconceitos estão quase sempre inseridos em um contexto social, psíquico ou cultural ou a condições específicas que fazem parte dos indivíduos. Em geral os preconceitos são estigmatizantes e segregacionistas onde indivíduos e/ou condições psicossociais são desqualificados e postos á margem. São repletos de violências contra o que, e a quem se dirige.

A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, há quatro anos, desenvolveu a campanha “A Sociedade Contra o Preconceito”, lançada durante o XXIX CBP. Essa campanha ganhou notoriedade de tal forma que culminou com o projeto “Psicofobia é um Crime” que, após várias audiências públicas, apresentou emenda ao projeto de reforma do Código Penal, para criminalizar a segregação de portadores de transtornos mentais.

O programa “Psicofobia é um Crime” visa institucionalizar nossa luta de combater os preconceitos e os estigmas que ocorrem na psiquiatria. Trata-se de um manifesto consciente, responsável, humanizador, que visa extirpar os preconceitos e/ou qualquer outra forma de descriminação que exista sobre os doentes mentais. É uma forma de demonstrar nossa indignação e disposição de lutar contra aos preconceitos á esses doentes, aos médicos psiquiatras e a psiquiatria como especialidade médica.

Através deste Programa “Psicofobia é um Crime”, já avançamos muito. Artistas, poetas, políticos e escritores, já se apresentaram na abertura dos nossos Congressos de Psiquiatria tratando de tais preconceitos relatando suas experiências como portadores de alguns transtornos psiquiátricos ou de alguns parentes seus. Além disso, redes de tvs e grandes jornais nacionais atualmente se dirigem á ABP para ouvi-la quando o assunto é sobre doença mental, fatos que nunca houve na história da psiquiatria desse país.

Entre essas figuras de notoriedade pública destacamos o grande humorista Chico Anízio, o narrador e comentarista esportivo Luciano do Vale, o grande poeta maranhense Ferreira Gullar e tantas outras personalidades públicas, não menos importantes, já se pronunciaram contra os estigmas contra os doentes mentais.

É bom que se diga que as doenças mentais obedecem às mesmas regras, leis e princípios que regem as demais doenças humanas, só diferindo quanto a forma de se expressarem clinicamente, e nada mais. São doenças que, como muitas outras, se tiverem precocemente um bom diagnóstico e um tratamento adequado terão um prognóstico favorável e muitos desses enfermos se recuperam inteiramente ao ponto de levarem uma vida absolutamente normal, como qualquer um.

A evolução nos critérios de diagnósticos dessas enfermidades, os avanços farmacológicos e outras formas de tratamentos bem como os avanços nos recursos laboratoriais hoje disponíveis são consideradas avanços absolutamente importante no controle clínico e epidemiológico dessas enfermidades. Fatos que vem colaborando sobre maneira para a derrubada dos estigmas aqui encontrados.

De tal forma que essa imagem malévola, demoníaca, amedrontadora, segregacionista bem como de que os doentes mentais são doentes violentos, é um puro legado dos preconceitos e dos estigmas que existem contra esses pacientes que, que por extensão, resvala na psiquiatria como especialidade médica, nos psiquiatras, nos hospitais psiquiátricos e, porque não dizer, nos tratamentos a eles oferecidos.

A meu ver, o que deveria ser feito e, que infelizmente não o é, seria dispormos de uma política pública que tratasse desse assunto de forma decente, ampla, humanizada, tecnicamente eficiente, para se oferecer aos doentes mentais e ás suas famílias. Ocorre, todavia, que os governos de forma irresponsável e negligente não dão a menor bola para essa área da saúde pública. Os pacientes são segregados, tratados de forma negligente e desumana o que reforça muito mais os preconceitos e estigmas que há sobre eles.

De tal forma que se houvesse de fato uma reforma da assistência psiquiátrica e em saúde mental, oferecendo a esses enfermos os que eles de fato necessitam e tem direito constitucional, estaríamos de fato destruindo seu pior inimigo, os preconceitos, que há em seu entorno.

 

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Um Brasil triste na época do carnava

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Neste último 27 de fevereiro, as vésperas do carnaval uma das mais importantes festas populares desse país, onde muitos participam inspirados no “samba, suor e cerveja”, onde a alegria, a descontração o entusiasmo são os que comandam a festa, ocorreu um fato lamentável e entristecedor que descolore a alegria contagiante desse momento: a absolvição dos bandidos do mensalão, que estavam sendo julgados por crime de formação de quadrilha.

Os 08 mensaleiros, que já haviam sido condenados por seus crimes e que já cumprem suas penas, nesse novo julgamento, o Supremo Tribunal Federal- STF, entendeu que não houve formação de quadrilha com esses envolvidos com o maior crime de bases políticas desse país, conhecido como mensalão.

A decisão, nos deixou a todos de “queixo caído”. O próprio Presidente do STF, Ministro Joaquim Barbosa, visivelmente indignado com o resultado dissera em alto e bom tom, que os argumentos utilizado pelos ministros que votaram a favor da absolvição desse criminosos, havida sido pífios, e esse adjetivo significa tudo que possui valor irrisório; reles, vil; grosseiro; ordinário e comum. O termo pode também ser utilizado como uma característica de quem é ordinário, baixo; canalha, de tal forma que quando ele qualifica de pífios os argumentos desses ministros pró mensaleiros realça as incongruências e a incredibilidade no resultado desse julgamento ocorrido na maior corte de justiça desse país. O presidente visivelmente indignado diz textualmente: “essa é uma tarde triste para o STF, pois com argumentos pífios foi reformada, foi jogada por terra, extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária sólida extremamente bem fundamentada que foi aquela tomada por esse tribunal, no segundo semestre de 2012” ao se referir ao rigoroso trabalho que fora feito no STF, na primeira etapa desse processo, que resultou na condenação desses políticos criminosos.

Para nós brasileiros “pobres mortais” já estamos cansados de tantas incongruências e contradições e de conviver com tantos descompasso no exercício da justiça, da  política e na gestão da coisa pública esse resultado, passa a ser mais uma que teremos que “engolir guela abaixo”. O impacto maior sobre nós foi no campo ético pois esperávamos que o STF, ratificasse o que já haviam decido por ocasião  do primeira fase do julgamento desses mensaleiros que pela abrangência e variedade dos crimes que cometeram, pagassem suas penas como estavam previstas, mas contraditoriamente, retiraram a modalidade de pena que fizeram jus (regime fechado) e o tempo de permanência de cada um na cadeia.

A decepção se espalhou pelo Brasil a fora. Todos os brasileiros, desencantados com o resultado desse julgamento e comprometidos com a moral publica, manifestou sua indignação com uma frase clássica: já sabia que iria dá nisso. Mas uma vez vence o poder, a engenharia política mau versada, vence as contradições como nunca visto antes. O favoritismo, o utilitarismo, condutas antiética e muitas outras falcatruas tomam corpo entre nós e em nossa instituições nos decepcionando. Isto é, de fato estamos mergulhados em uma das piores crises no âmbito da moralidade pública e esse resultado mostrou isso.

O resultado do julgamento em 2012, reacendeu em todos nós o sentimento de credibilidade, de confiança e de punidade da justiça, que vinha com sua imagem combalida e prejudicada pelas contradições que lá ocorriam e, ao vernos os “bandidos de colarinho branco” sendo levados para a cadeia, ente os quais, o ex-ministro e chefe da quadrilha da “república petista”, zé Dirceu, renovaram-se nossas esperanças e confianças  no exercício da justiça.

Porém, como diriam os antigos, “a alegria de pobre dura pouco”, pois nesse novo julgamento, ocorrido no dia 27 de fevereiro de 2014, como diz o próprio Joaquim Barbosa onde “a decisão sólida extremamente bem fundamentada que fora tomada por esse tribunal, (no primeiro julgamento) foi jogada por terra, extirpada do mundo jurídico com argumentos pífios”, e essa expressão reascende em nós o implacável sentimento de impunidade, de desalento, de tristeza e de severa decepção nas instituições desse país encarregadas de promoverem a justiça.

A impressão que se tem é que tudo fora uma farsa, um jogo de cartas marcadas ou mesmo uma “encenação feitas por hábeis profissionais” simplesmente para encobrir a “verdadeira intenção dos mandatários do poder” que é de libertar esses criminosos, isentando-lhes de suas responsabilidades e das penas pelos crimes que cometeram e daqui ha pouco estarem do nosso lado desfrutando dos benefícios de um estado injusto contra nós trabalhadores  brasileiros.

De qualquer forma resta-nos a esperança, qual seja, a de permanecermos acreditando que isso um dia irá mudar. Um dia onde prevalecerá a plena justiça e a honradez e, delas nos orgulhar.  A esperança de nascer outros Joaquim Barbosa, corajoso, contestador, combativo, irreverente e justo, para nos ajudar a prender esses falsos brasileiros que “vão para a cadeia com sorrisos nos dentes, de punho cerrados vociferando frases de efeito com: vamos pra luta companheiros”. Um dia onde a maioria possa decidir sobre os rumos que querem seguir na vida e não uma meia dúzia de não-patriotas, oportunista e aproveitadores que tiram proveito de seus cargos e funções no estado. A esperança enfim de vivermos em um mundo justo onde ele mesmo é a ordem natural e o grande alicerce da dignidade humana.

 

 

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Não estamos perdemos a “guerra para as drogas

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Cerca de 210 milhões de pessoas em todo o mundo – 4,8 por cento da população entre  15 e 64 anos de idade, consumiu drogas no ano passado. Estes dados das Nações Unidas foi anunciado por seu setor encarregado desse assunto (UNODC), o qual aponta para uma “estabilização” quer do consumo esporádico quer do consumo abusivo. “Contudo, está em alta a procura desenfreada de substâncias fora do controle internacional”, diz o relatório, isto é, drogas que não estão nas listas internacionais de substâncias proscrita para o consumo. Entre essas os canabinóides sintéticos, com efeitos semelhantes aos da “cannabis” natural, também conhecidos por “especiarias”.

“Os ganhos a que assistimos nos mercados de drogas tradicionais estão a ser anulados por uma moda de consumo de “drogas designer” (desenho) ou drogas sintéticas que imitam os efeitos das substâncias ilegais”, afirma o Diretor Executivo da Agência, das Nações Unidas, o Sr. Yuri Fedotov.

Qualquer lado que se vá, aí estarão elas sempre conosco, sejam drogas sintética, semi-sintética ou natural. A busca por drogas é a tônica da sociedade contemporânea onde esse comportamento se inseri entre outros, também contraditórios, impostos pelos novos  tempos e paradigmas que estamos inventando para vivermos.

Se formos atrás das causas desse consumo compulsivo, teríamos muitas dificuldades para identificá-las pois uma das caraterísticas desse fenômeno é ter natureza multicausal, onde diferentes fatores pessoais, sociais e transculturais, irão exercer um papel importante na gênesis desses problemas.

Vejam. Nesta semana foram anunciados pela grande mídia a presença no solo brasileiro de duas outras drogas com caraterísticas psicoativas deletérias e que já se encontram na lista de substâncias proibidas da ANVISA, são a metilona e a 25i. Ambas as substâncias são deglutidas, alcançam o cérebro de forma muito rápida e apresentam efeitos comportamentais imediatos. Essas ações poderosas no cérebro pode inclusive provocar óbitos facilmente, segundo os toxicologistas.

A primeira delas, a metilona se assemelha à Dietilamida do Ácido Lisérgico – LSD, substância alucinogênica ( induz a alucinação)  e deliriogência (induz a delírios) ocasionando surto psicóticos agudos que evolui de forma dramática para muitas doenças mentais.

A outra, denominada de 25i, ainda desconhecida, parece com o Ecstasy, uma metanfetamina. Entre os efeitos da primeira, destaca-se a sensação de “despersonalização” que como o próprio nome diz, os usuários se desorientam quanto a si mesmos. Perdem sua identidade temporariamente ficando a mercê da própria sorte. Esse é um sintoma muito grave que em alguns casos pode ocorrer mesmo que a pessoa deixe de usar a droga.

A outra droga se assemelha ao ecstasy, uma metanfetamina. É denominada de 25I-NBOMe conhecida como 25i. Entre os sintomas que mais chama a atenção nesse produto é o comportamento extremamente violento que o usuário apresenta quando as coisas não estão saindo à contento.

Segundo informações da Polícia Federal, são drogas por demais conhecidas em alguns países. No Brasil, a metilona já foi encontrada em São Paulo e também no Rio Grande do Norte. A 25I, em São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso e segundo a própria Polícia as drogas são sintetizadas na Índia e na China. Mas o caminho obrigatório para vir para o Brasil é via Europa. Eram drogas, até bem pouco tempo, vendidas livremente na internet. Seus consumidores são jovens de classe média alta que as utilizam.

Nos Estados Unidos as duas drogas mataram pelo menos 19 pessoas no ano passado e lá,  como aqui, já foram proscritas. A metilona foi proibida nos Estados Unidos em abril do ano passado. A 25I, há apenas três meses. Reino Unido e Dinamarca também baniram as duas.  Outros países, como Rússia, Israel e Canadá, proibiram pelo menos uma delas.

Um fato digno de nota é que somente em 2014, mais de 30 drogas desconhecidas foram levadas para análise no Instituto Nacional de Criminalística, no Distrito Federal, demonstrando a corrida frenética por drogas de todos os tipos, como dissemos acima, para o consumo abusivo. Acorrida entre oferta de novas drogas e a procura das mesmas é tão intensa que “todas as novas drogas sintéticas e semissintéticas que chegam no território nacional deveriam ser inseridas imediatamente, após a apreensão em situação de crime naturalmente, em uma lista que vai caracterizá-las como drogas proscritas, proibidas”, diz Carlos Antônio de Oliveira, da Associação Nacional dos Peritos Criminais.

A luta, às vezes, parece desigual, nos dando uma “sensação de desalento angustiante” ou como dizem alguns, “perdemos a guerra para as  drogas”. Ocorre, que esses não entendem que a guerra que estamos enfrentando não é “conta as drogas”, pois essas não guerreiam, é sim contra um estado desorganizado que não dispõe de política pública eficiente sobre esse tema, contra um estado desigual, injusto, incompetente, contra uma organização criminosa cada vez mais poderosa que nos ameaça a todos, é contra um ser humano autofágico e desorientado na vida, que não  sabe sobre seu rumo. Essa é a guerra que teremos que enfrentar. As drogas em si não nos ameaçam, até porque não podem fazê-lo, embora todas elas tem um poder de nos destruir, mas o que está em “jogo é seu uso” e é sobre isso que temos que guerrear e lutar sempre.

 

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O mau-humorado em foco

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Um problema muito comum nos dias atuais e que gera graves problemas de todos os tipos é o mau-humor, condição psicológica desagradável, reprovável socialmente e que sempre mereceu a atenção especial dos neurocientistas e psiquiatras. O mau humor, do ponto de vista médico, está relacionado à instabilidade do humor, que é uma das funções indispensáveis à saúde mental dos indivíduos.

O termo que traduz essa condição clínica é distimia, do grego dys (“defeituoso, anormal ou irregular”) e thymia (relativo ao humor). Portanto, significa “mau funcionamento do humor”. Foi reconhecida como condição médica nos anos 80 e é uma forma leve de depressão. Seus sintomas cursam pelo menos por dois anos, embora, à rigor, esse tempo seja bem maior no curso natural da doença. Quando ela se instala na infância, meninos e meninas são igualmente atingidos; quando ocorre na adolescência e na vida adulta, as mulheres são mais atingidas.

Esse transtorno mental atinge, pelo menos, 180 milhões de pessoas no mundo, que, se não tratadas, tendem a se tornar pessoas isoladas, das quais 30% podem desenvolver quadros depressivos graves. O mau humor é herdado, embora fatores ambientais interfiram no processo. Quase sempre inicia-se na adolescência, desencadeado por um acontecimento marcante. Porém, como essa fase da vida já é, de modo geral, conturbada, há dificuldade de identificar a doença.

A doença é sorrateira, instala-se de forma lenta e insidiosa, tornando as pessoas pessimistas, mau humoradas, irritáveis e rabugentas, reclamam de tudo e quase sempre estão  insatisfeitas. Apesar de cursar sem gravidade, semelhante a outras formas de depressão, a distimia prejudica muito a funcionalidade dessas pessoas, do ponto de vista cognitivo, familiar e social, embora, apesar disso, os elas mantêm seus trabalhos, estudos e outras atividades do dia-a-dia.

A perda do prazer e o desinteresse por tudo são características marcantes da doença. Levam uma “vida descolorida e sem sabor”. Não sentem graça em quase nada, se desanimam facilmente, são desmotivados, sempre reclamam e quase sempre estão descontentes com tudo. Quando esboçam alegria ou prazer, é de forma breve e discreta.

O distímico apresenta auto-estima prejudicada. Não se dão valor, menosprezam suas atitudes e não valorizam o que fazem. Não se dão importância embora, outras pessoa os valorizem. Tendem ao isolamento social e têm poucos amigos, falam pouco e na maioria das vezes se voltam muito para si mesmos e só veem o lado negativo de tudo.

Outros sintomas vão surgindo ao longo do tempo: desmotivação para os estudos, para o trabalho, para atividades de lazer, vida social e muitas outras atividades. Por isso mesmo quase sempre perdem a esperança e passam a nutrir ideias de que são incapazes.

Queixas como insônia ou hipersônia; perda ou exagero no apetite; dificuldade de concentração e na memória, levando a queda significativa no desempenho nas atividades que exijam uma boa performance dessas funções, poucos amigos e vida social limitada e uma sensação de falta de capacidade. Alguns chegam ao ponto de apresentar pensamentos suicidas e com clara tendência para abuso de tranquilizantes, álcool, tabaco e outras drogas.

Esses traços psicopatológicos acabam marcando psicológica e socialmente essas pessoas, as quais passam a ser vistas como “rabugentas, pessimistas, mau humoradas, negativas, etc”. Só procuram auxílio psiquiátrico se houver uma crise depressiva, pois “acham que são assim mesmo” e que não vão mudar.

A Distimia deve ser tratada com medicamentos, pois os estudos demonstram que a base da doença está em disfunções de algumas áreas do nosso cérebro (sistema límbico, o hipotálamo e o lobo frontal) que comandam a fisiologia do nosso humor. Como é uma doença de evolução longa, se não houver uma intervenção, haverá cronificação da doença, dificultando a recuperação das pessoas. Em geral, são utilizados medicamentos altamente eficazes e deve-se sempre associá-lo à psicoterapia, sobretudo, a cognitivo-comportamental.

 

 

 

 

 

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Não estamos perdemos a “guerra para as drogas”

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Cerca de 210 milhões de pessoas em todo o mundo – 4,8 por cento da população entre  15 e 64 anos de idade, consumiu drogas no ano passado. Estes dados das Nações Unidas foi anunciado por seu setor encarregado desse assunto (UNODC), o qual aponta para uma “estabilização” quer do consumo esporádico quer do consumo abusivo. “Contudo, está em alta a procura desenfreada de substâncias fora do controle internacional”, diz o relatório, isto é, drogas que não estão nas listas internacionais de substâncias proscrita para o consumo. Entre essas os canabinóides sintéticos, com efeitos semelhantes aos da “cannabis” natural, também conhecidos por “especiarias”.

“Os ganhos a que assistimos nos mercados de drogas tradicionais estão a ser anulados por uma moda de consumo de “drogas designer” (desenho) ou drogas sintéticas que imitam os efeitos das substâncias ilegais”, afirma o Diretor Executivo da Agência, das Nações Unidas, o Sr. Yuri Fedotov.

Qualquer lado que se vá, aí estarão elas sempre conosco, sejam drogas sintética, semi-sintética ou natural. A busca por drogas é a tônica da sociedade contemporânea onde esse comportamento se inseri entre outros, também contraditórios, impostos pelos novos  tempos e paradigmas que estamos inventando para vivermos.

Se formos atrás das causas desse consumo compulsivo, teríamos muitas dificuldades para identificá-las pois uma das caraterísticas desse fenômeno é ter natureza multicausal, onde diferentes fatores pessoais, sociais e transculturais, irão exercer um papel importante na gênesis desses problemas.

Vejam. Nesta semana foram anunciados pela grande mídia a presença no solo brasileiro de duas outras drogas com caraterísticas psicoativas deletérias e que já se encontram na lista de substâncias proibidas da ANVISA, são a metilona e a 25i. Ambas as substâncias são deglutidas, alcançam o cérebro de forma muito rápida e apresentam efeitos comportamentais imediatos. Essas ações poderosas no cérebro pode inclusive provocar óbitos facilmente, segundo os toxicologistas.

A primeira delas, a metilona se assemelha à Dietilamida do Ácido Lisérgico – LSD, substância alucinogênica ( induz a alucinação)  e deliriogência (induz a delírios) ocasionando surto psicóticos agudos que evolui de forma dramática para muitas doenças mentais.

A outra, denominada de 25i, ainda desconhecida, parece com o Ecstasy, uma metanfetamina. Entre os efeitos da primeira, destaca-se a sensação de “despersonalização” que como o próprio nome diz, os usuários se desorientam quanto a si mesmos. Perdem sua identidade temporariamente ficando a mercê da própria sorte. Esse é um sintoma muito grave que em alguns casos pode ocorrer mesmo que a pessoa deixe de usar a droga.

A outra droga se assemelha ao ecstasy, uma metanfetamina. É denominada de 25I-NBOMe conhecida como 25i. Entre os sintomas que mais chama a atenção nesse produto é o comportamento extremamente violento que o usuário apresenta quando as coisas não estão saindo à contento.

Segundo informações da Polícia Federal, são drogas por demais conhecidas em alguns países. No Brasil, a metilona já foi encontrada em São Paulo e também no Rio Grande do Norte. A 25I, em São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso e segundo a própria Polícia as drogas são sintetizadas na Índia e na China. Mas o caminho obrigatório para vir para o Brasil é via Europa. Eram drogas, até bem pouco tempo, vendidas livremente na internet. Seus consumidores são jovens de classe média alta que as utilizam.

Nos Estados Unidos as duas drogas mataram pelo menos 19 pessoas no ano passado e lá,  como aqui, já foram proscritas. A metilona foi proibida nos Estados Unidos em abril do ano passado. A 25I, há apenas três meses. Reino Unido e Dinamarca também baniram as duas.  Outros países, como Rússia, Israel e Canadá, proibiram pelo menos uma delas.

Um fato digno de nota é que somente em 2014, mais de 30 drogas desconhecidas foram levadas para análise no Instituto Nacional de Criminalística, no Distrito Federal, demonstrando a corrida frenética por drogas de todos os tipos, como dissemos acima, para o consumo abusivo. Acorrida entre oferta de novas drogas e a procura das mesmas é tão intensa que “todas as novas drogas sintéticas e semissintéticas que chegam no território nacional deveriam ser inseridas imediatamente, após a apreensão em situação de crime naturalmente, em uma lista que vai caracterizá-las como drogas proscritas, proibidas”, diz Carlos Antônio de Oliveira, da Associação Nacional dos Peritos Criminais.

A luta, às vezes, parece desigual, nos dando uma “sensação de desalento angustiante” ou como dizem alguns, “perdemos a guerra para as  drogas”. Ocorre, que esses não entendem que a guerra que estamos enfrentando não é “conta as drogas”, pois essas não guerreiam, é sim contra um estado desorganizado que não dispõe de política pública eficiente sobre esse tema, contra um estado desigual, injusto, incompetente, contra uma organização criminosa cada vez mais poderosa que nos ameaça a todos, é contra um ser humano autofágico e desorientado na vida, que não  sabe sobre seu rumo. Essa é a guerra que teremos que enfrentar. As drogas em si não nos ameaçam, até porque não podem fazê-lo, embora todas elas tem um poder de nos destruir, mas o que está em “jogo é seu uso” e é sobre isso que temos que guerrear e lutar sempre.

 

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O mau-humorado em foco

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Um problema muito comum nos dias atuais e que gera graves problemas de todos os tipos é o mau-humor, condição psicológica desagradável, reprovável socialmente e que sempre mereceu a atenção especial dos neurocientistas e psiquiatras. O mau humor, do ponto de vista médico, está relacionado à instabilidade do humor, que é uma das funções indispensáveis à saúde mental dos indivíduos.

O termo que traduz essa condição clínica é distimia, do grego dys (“defeituoso, anormal ou irregular”) e thymia (relativo ao humor). Portanto, significa “mau funcionamento do humor”. Foi reconhecida como condição médica nos anos 80 e é uma forma leve de depressão. Seus sintomas cursam pelo menos por dois anos, embora, à rigor, esse tempo seja bem maior no curso natural da doença. Quando ela se instala na infância, meninos e meninas são igualmente atingidos; quando ocorre na adolescência e na vida adulta, as mulheres são mais atingidas.

Esse transtorno mental atinge, pelo menos, 180 milhões de pessoas no mundo, que, se não tratadas, tendem a se tornar pessoas isoladas, das quais 30% podem desenvolver quadros depressivos graves. O mau humor é herdado, embora fatores ambientais interfiram no processo. Quase sempre inicia-se na adolescência, desencadeado por um acontecimento marcante. Porém, como essa fase da vida já é, de modo geral, conturbada, há dificuldade de identificar a doença.

A doença é sorrateira, instala-se de forma lenta e insidiosa, tornando as pessoas pessimistas, mau humoradas, irritáveis e rabugentas, reclamam de tudo e quase sempre estão  insatisfeitas. Apesar de cursar sem gravidade, semelhante a outras formas de depressão, a distimia prejudica muito a funcionalidade dessas pessoas, do ponto de vista cognitivo, familiar e social, embora, apesar disso, os elas mantêm seus trabalhos, estudos e outras atividades do dia-a-dia.

A perda do prazer e o desinteresse por tudo são características marcantes da doença. Levam uma “vida descolorida e sem sabor”. Não sentem graça em quase nada, se desanimam facilmente, são desmotivados, sempre reclamam e quase sempre estão descontentes com tudo. Quando esboçam alegria ou prazer, é de forma breve e discreta.

O distímico apresenta auto-estima prejudicada. Não se dão valor, menosprezam suas atitudes e não valorizam o que fazem. Não se dão importância embora, outras pessoa os valorizem. Tendem ao isolamento social e têm poucos amigos, falam pouco e na maioria das vezes se voltam muito para si mesmos e só veem o lado negativo de tudo.

Outros sintomas vão surgindo ao longo do tempo: desmotivação para os estudos, para o trabalho, para atividades de lazer, vida social e muitas outras atividades. Por isso mesmo quase sempre perdem a esperança e passam a nutrir ideias de que são incapazes.

Queixas como insônia ou hipersônia; perda ou exagero no apetite; dificuldade de concentração e na memória, levando a queda significativa no desempenho nas atividades que exijam uma boa performance dessas funções, poucos amigos e vida social limitada e uma sensação de falta de capacidade. Alguns chegam ao ponto de apresentar pensamentos suicidas e com clara tendência para abuso de tranquilizantes, álcool, tabaco e outras drogas.

Esses traços psicopatológicos acabam marcando psicológica e socialmente essas pessoas, as quais passam a ser vistas como “rabugentas, pessimistas, mau humoradas, negativas, etc”. Só procuram auxílio psiquiátrico se houver uma crise depressiva, pois “acham que são assim mesmo” e que não vão mudar.

A Distimia deve ser tratada com medicamentos, pois os estudos demonstram que a base da doença está em disfunções de algumas áreas do nosso cérebro (sistema límbico, o hipotálamo e o lobo frontal) que comandam a fisiologia do nosso humor. Como é uma doença de evolução longa, se não houver uma intervenção, haverá cronificação da doença, dificultando a recuperação das pessoas. Em geral, são utilizados medicamentos altamente eficazes e deve-se sempre associá-lo à psicoterapia, sobretudo, a cognitivo-comportamental.

 

 

 

 

 

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A família e o tratamento de dependentes de drogas

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A dependência química é uma patologia grave, em que inúmeros fatores colaboram para sua configuração clínica e psicossocial. Desenvolve-se de forma lenta e insidiosa e vai aos poucos tomando conta do sujeito. Considero, entre todas as doenças mentais, ser a que tem o maior poder deletério, considerando que praticamente todas as dimensões humanas são destruídas pela doença. Aos poucos vai (re)definindo a vida e o comportamento dos usuários, provocando uma verdadeira “mutação ontológica” chegando a ser tão patogênica que os próprios usuários não se dão conta  das mudanças que estão ocorrendo.

Baseando-se nas transformações que vão ocorrendo nesse sujeito devido à progressão do consumo das drogas, pode-se dizer que há uma personalidade antes e depois de se adoecer. Adotam um novo estilo de vida e quanto mais dependentes, maiores serão tais mudanças. As novas características comportamentais que vão surgindo se dão com a evolução da doença, os comportamentos anteriores vão dando lugar a comportamentos antiéticos, irresponsáveis, desajustados, violentos, podendo inclusive surgir sintomas psicopatológicos graves provocados pelos danos cerebrais por uso dessas substâncias.

Por outro lado sabe-se que as pessoas que adentram ao mundo das drogas são sujeitos sociais, que não estão desvinculadas dos contextos sócio-ambientais e que não estão sós na vida. Têm família, amigos, patrões, colegas e se relacionam com muitas áreas que fazem parte de sua existência. Além do mais, muitos estudam, trabalham, produzem, de tal forma que as transformações nele provocadas certamente atingirão outras dimensões relacionais de diferentes maneiras.

Em razão disso, a família, por ser a instância mais próxima de nós e a mais importante da formação de nossa personalidade, é a mais afetada por esse problema. Concomitantemente às mudanças que vão ocorrendo com o usuário de droga, existirão progressivamente novas adaptações funcionais na sua família.

Passam então a travar uma luta inglória e ferrenha contra o problema que se insurge. Resistirão a se “ajustar” a esse “novo sujeito”. Passam, então, a viver uma vida cruel e sofrida onde o sentimento predominante é de desalento, desamparo, revolta, indignação, pena, tristeza e solidão, além de frustração e impotência.

A família não é apenas a mais afetada, é também a primeira a buscar ajuda e apoio diante do problema. Buscam esse apoio primeiro entre si, depois em outros parentes, amigos, vizinhos, padre, pastor, patrão e assim por diante.  Mesmo assim, a ajuda e a mudança esperada muitas vezes não chegam.

A angústia, a revolta, o medo crescerão, passarão a fazer parte dessa família, ao ponto de algumas delas se desesperarem sem saber o que fazer. Apesar de ser nela que desaguarão todas essas mazelas, é também nela que estão as bases para se ajudar o usuário. É na família que haveremos de encontrar  apoio e orientação para se ajudar um dependente químico. Desde a motivação para fazer um tratamento, até mudanças comportamentais entre os próprios membros da família, necessárias à recuperação desse enfermo.

É tão importante o apoio que a família deve dar a essas pessoas, que pode definir o prognóstico de recuperação dos doentes. Os dependentes químicos que têm apoio familiar recuperam-se bem mais se comparados com aqueles que não têm esse apoio. Apesar disso, nessa luta, nem sempre os pais são vitoriosos, tendo em vista a gravidade desse transtorno. Ao mesmo tempo, não se pode pensar em desistência, pois há sempre uma esperança de recuperação .

Porém, quando ocorre o infortúnio de a família também adoecer, juntamente com o dependente químico, o que é muito comum nos dias atuais, a ponto de se fragilizarem e não terem mais condições de ajudar o dependente, recomenda-se que busquem tratamento não só para o doente, mas em seu próprio benefício.

 

 

 

 

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Uso problemático de eletrônicos, de jogos e da internet

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Este é o segundo artigo que publico neste jornal exaltando os problemas que vem surgindo na sociedade moderna a partir do uso disfuncional de objetos eletrônicos, da internet e de jogos.  Para a finalidade desse artigo, definiremos uso disfuncional como sendo o mau uso, ou sem finalidade precípua, ou ainda, uso patológico ou disfuncional que é o realizado por diferentes razões as quais prejudicam a vida ou funções de quem o executa. O uso disfuncional é patológico sem finalidades funcionais e prejudicial a todos, especialmente  o sujeito.

A condição de uso disfuncional de algo pode ocorrer em qualquer contingência, entre as quais o uso da internet em seus diferente aspectos. Pode ocorrer com o uso de álcool e de outras drogas, com sexo, com comida, com mentira, com jogos e com outras ações etc. Em qualquer das condições capazes de provocar esse transtorno, o prazer, o bem estar e a satisfação, se destacam entre suas motivações e reforço. Com o surgimento da internet em 1994 com a perspectiva de facilitar a vida do homem moderno, de ampliar seus conhecimentos,  de incrementar seus estudos, de facilitar as pesquisas, de melhorar as relações entre os seres humanos e o mundo, a internet passou a propiciar muito prazer e contentamento a todos os usuários. Isso tudo reforçado pela forma simples de acessá-la, pois basta digitar um endereço no www e utilizar @, em frações de segundos as pessoas se conectam com tudo e com todos em uma velocidade surpreendente  nunca antes visto.

A internet então redefini o mundo em dois  momentos: um antes e outro depois do seu surgimento. Tudo muito rápido e sem esforço. De fato é um sistema ultra-complexo que levou anos de evolução para chegarmos onde chegamos. Foi uma invenção científica e tecnológica surpreendente em todos os sentidos pois ao longo da vida jamais houve algo assim, apesar dos bilhões de anos vividos  na face da terra.

Foi uma descoberta que proporcionou ao homem contemporâneo muitos privilégios, prerrogativas e muitos ganhos. Transformou-se em algo tão importante que hoje não imaginamos o mundo, uma empresa, um negócio ou uma sociedade, sem a utilização da internet. Fica difícil nós conseguirmos viver sem os recursos dessa ferramenta, sob qualquer ponto de vista, além do mais está sempre evoluindo e aperfeiçoando suas finalidades e seus alcances. Está mudando tudo tanto em nossa volta, quanto dentro de nós mesmos.

Com o advento dos mais variados tidos de artefatos eletrônicos, cada vez mais sofisticados e eficientes, surge uma geração de usuários que estão adoecendo, pois já perderam a noção do uso funcional do www. Se tornaram aficionados, obcecado pela web ao ponto de perderem o limite de seu uso, onde o sentido de suas vida está exclusivamente baseados na relação com esses objetos ou atividades a ela relacionada. Praticamente tudo se torna subordinado à internet: se comunicar, ler as notícias em tempo real, saber tudo sem sair de casa, brincar, se comunicar, falar, sorrir, se distrair conversar com alguém, se relacionar, pesquisar etc., com uma notável expansão nos últimos anos.

Dentro dessa perspectiva e com avanço tecnológico surgem os jogos eletrônicos, que se transforma em são outros desafios. Desde os trabalhos iniciais de Alan Turing em 1950, sobre a  Inteligência Artificial, até os jogos que são praticados atualmente por crianças, adolescentes e adultos, muita coisa mudou e evoluiu muito. Os jogos são atividades que podem ser aplicados a qualquer ambiente virtual: educação (aprendizagem), área terapêutica (no tratamento de diversas doenças), no entretenimento, na competição, na diversão na vida real. Jogar é brincar, brincar constitui uma das maiores aspirações dos seres humanos nas fases da vida e tudo que e divertido gera atração.

O surgimento de um mundo novo, sedutor e apaixonante via internet e o aperfeiçoamento dos jogos eletrônicos como disse anteriormente fez com que um grande números de pessoas adoecessem também com esses jogos. Os estudos em torno desse transtorno cresce a cada dia não só pelo volume cada vez maior de pessoas acometidas por esse problema, quanto pela sua severidade. É tão importante isso que já está sendo cogitada a inserção de novos diagnósticos em manuais psiquiátricos designados de: dependência de jogos eletrônicos e de dependência de Internet. Em escala mundial, estima-se que haja em torno de 3% de dependentes de jogos eletrônicos e 9% apresentando uso problemático ou já são dependentes da internet. Estima-se que haja no Brasil 8 milhões de pessoas dependentes de internet. O transtorno acomete predominantemente pessoas do sexo masculino, especialmente adolescentes e adultos jovens.

Eis algumas dicas que nos auxiliam na identificação do problema: preocupação persistente com a Internet; utilizar a Internet com frequência cada vez maior; insucesso frequentes em controlar, diminuir ou parar o uso da Internet; os usuários passam mal, sentem-se cansados, instáveis, deprimidos ou irritados quando tentam parar o uso da Internet; ficam conectados mais tempo do que planejado; comprometem relacionamentos importantes como o emprego,  os estudos ou outros compromissos, devido ao uso da Internet; mentem para terceiros sobre a quantidade de tempo que utiliza a Internet; usam a Internet como forma de escapismo de problemas cotidianos. No caso de dependentes de jogos eletrônicos, praticamente os sintomas são os mesmos. Portanto, muito cautela para não adoecer nesse sentido pois é uma doença grave, com prognóstico desfavorável e que exige um tratamento especial para a reabilitação desses enfermos.

 

 

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O cérebro cansado

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Muitos problemas de saúde mental que adquirimos no dia a dia advém do fato de não respeitarmos nossas necessidades vitais, uma delas é o repouso. Há pessoas que se vangloriam de trabalhar muito, de não terem folga, de não ter tempo pra nada, de não repousarem,  de não tirar férias como se isto fosse algo vantajoso ou algo de muito valor para elas. O contingente de pessoas que se encontram com esse estilo de vida é cada vez maior, ao ponto dos ergonomistas terem cunhado o terno workaholics (viciados em trabalho) para designá-los.

Os estudos sobre o trabalho excessivo e o impacto disso em nossa saúde mental vem crescendo muito e esses vem demonstrando que é uma tremenda ilusão se trabalhar exageradamente em nome de qualquer coisa. Essa prática é insalubre e corresponde a uma espécie de castigo auto imposto, em que tais pessoas estão de fato fazendo muito mal para si mesmos. Nos últimos anos, a higiene mental e a neurociência vem demonstrando que o “ócio” recarrega a bateria e refaz uma séries enormes de percas adquiridas pelo excesso de trabalho. O cérebro semelhantemente ao corpo e os músculos precisa de repouso e de descanso. Muitas empresas hoje no mundo já incorporaram a noção de entremear horas de lazer e horas de trabalho entre seus colaboradores, por perceberem que os mesmos produzem mais e melhor.

A chamada estafa mental é uma condição muito ruim do ponto de vista neurofuncional ou neurofisiológico. É a fase final de um mecanismo de neuroadaptação que o sujeito se impõe como resultado de atividades exageradas. O organismo, sabiamente, se encarregará  de denunciar estes abusos antes de o indivíduo entrar em um estado de falência total por estafa mental. Nestas condições o sujeito apresenta muitas queixas físicas e psicológicas, sendo o cansaço um dos sintomas mais importantes, onde a pessoa parece mesmo que não consegui mais pensar e nem fazer nada. É como se nosso cérebro estivesse exausto, bloqueado e parou total. Nem dormir conseguem.

O neurocirurgião do Hospital das Clínicas de SP, Dr. Fernando Gomes Pinto, explica que quando os lobos frontais, regiões muito importantes de nossa vida mental, são usados em excesso eles entram em processo de esgotamento e exaustão então é preciso parar, relaxar e descansá-los. Muitas funções que são regidas por essas regiões do cérebro se alteram em razão do cansaço, pois sabemos que semelhante ao que ocorre com o lado físico, o mental também precisa de ócio e repouso.

Os sintomas mais frequentes que observamos entre as pessoas que trabalham excessivamente e que não repousam, são: fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e até problemas digestivos.  Referem ainda perda de memória, inquietação, dificuldade na concentração e déficit de atenção e aprendizagem, quando o cérebro atinge a estafa é porque não estamos conseguindo dividir nossa atenção para todos os pontos. “Funciona mais ou menos como uma estrela em que todas as pontas precisam ser iguais. É muito importante expandir e equilibrar a vida pessoal, emocional, conjugal, financeira, familiar, profissional e sobre tudo separar um tempo para o lazer. E essa equação tem que ser diária”, exemplifica o neurocirurgião.

Outros estudos mostram que o cérebro não consegue raciocinar e se concentrar 100% do tempo, demonstrando que é preciso manter algumas horas do dia sem pensar no trabalho, sem fazer contas e sem se preocupar com qualquer coisa.

A estafa mental além de comprometer o desempenho na rotina diária, especialmente quanto a produtividade e a qualidade do que se faz, muitas outras doenças mentais e físicas podem ser desencadeadas por ela: depressão, hipertensão, fobias, ansiedade e até problemas cardíacos e gástricos. Esses e outros males modernos muitas vezes são frutos das alterações do sistema nervoso central que ocorrem em função do excesso de responsabilidades e tensões acumuladas que provocam um desgaste metabólico e mental muito grande.

Outro grave equívoco, que já esta estabelecido em nossa sociedade e em nossa cultura, é pensarmos que relaxar é beber muito, é se embriagar, é passar noites seguidas em festa, é exagerar em atividades físicas ou mesmo em dietas. Todas estas atividades são muito importantes e já fazem parte do nosso calendário de atividades sociais só, que pra que tudo isso tenha um sentido saudável, relaxante ou antiestafa,  tem que ser praticadas com moderação. O exagero e o excesso nunca serviu para equalizar nossa vida, muito menos para promover e garantir nossa saúde física e mental.

Diante de tudo isso o que recomendamos é que essas pessoas estafadas do ponto de vista laborativo, que estão doentes e não sabem, mudem seu estilo de vida.  Os especialistas recomendam uma série de medidas, entre estas: dieta equilibrada, uso moderado de álcool, exercícios regulares de acordo com a disposição física e a manutenção do equilíbrio emocional para controlar o estresse. Reabilitação fisioterápica e condicionamento físico são fundamentais para a manutenção da atividade física e profissional. Nem só de trabalho vive o homem.

 

 

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