A origem das doenças metais

 

 

A Psiquiatria clássica, sempre tentou localizar no cérebro as origens das doenças mentais, muito embora há muitos tempo se sabe da natureza multicausal dessas doenças. Nesse sentido a psiquiatria e a neurologia sempre caminharam juntas ao ponto de, por muitos anos, a junção dessas duas especialidades ter sido designada de neuropsiquiatria. Com o avançar dos conhecimentos sobre as causas dessas doenças percebeu-se que outras áreas do conhecimento, especialmente a psicologia, a sociologia, a antropologia, exerciam uma influência relevante nesse contexto pois, dificilmente explicaríamos sua natureza tão complexa, a partir tão somente do conhecimento  médico.

Na atualidade, com bases científicas sólidas e baseadas em evidências clínicas sabe-se que a sede material de onde se origina tais doenças é neurobiológica sendo o cérebro o ponto mais importante para se explicar tais ocorrências. Ao mesmo tempo, disciplinas como a genética, a bioquímica, a imunologia, a farmacologia e a neurofisiologia, clínica exercem um importante papel na rede complexa de suas causas.

Um conhecimento que vem contribuindo de forma especial para esse esclarecimento , é a neuroquímica e a neurofisiologia do sistema nervoso central, pois ambos os aspectos, garantem através de seus mecanismos vitais,  a totalidade das atividades cerebrais. Além disso, todos os estudos realizados nessas área demonstram que doenças como as fobias, depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a esquizofrenia e muitos outras, são explicados a partir de disfunções que acontecem em determinadas áreas do cérebro desses enfermos.

Os estudos de farmacologia das doenças mentais fornecem informações relevantes sobre as bases materiais das origens dessas doenças. A farmacologia psiquiátrica, recurso imprescindível para o tratamento das doenças mentais, transformou o prognóstico sombrio que existia sobre a evolução desses transtornos, em algo promissor  garantindo chances reais de uma boa recuperação. De tal forma que graças a essa evolução, desse conhecimentos, doenças como a esquizofrenia e depressão, consideradas doenças muito graves no passado, hoje são enfermidade que tem um prognóstico favorável, com possibilidade desses enfermos levarem uma vida saudável.

O cérebro como sede dessas doenças

É uma das partes mais importantes do sistema nervoso central situado no interior do crânio, pesa cerca de 1,3 kg, é uma massa de tecido cinza-róseo. Quando cortado, o cérebro apresenta duas substâncias com tonalidades diferentes: uma branca, que ocupa o centro, e outra cinzenta, que é a parte externa do cérebro e forma o córtex cerebral. Esse está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas. Cada uma delas responsável por uma atividade específica. É no cérebro que ocorrem diferentes fenômenos os quais garantem e promovem, entre outras coisas, o comportamento sadio e/ou patológicos dos indivíduos. É um órgão formado por um trilhão de células nervosas, entre as quais cem bilhões de neurônio, todos encarregados de executar suas múltiplas funções.

A célula que compõe o cérebro é o neurônio, célula altamente especializada na execução dos processos de controle, armazenamento, geração  e transmissão da informação intercelular. Estes neurônios, juntamente com as outras células cerebrais se relacionam entre si constituindo em uma grande rede, onde todas se comunicam com milhares de outras e vive-versa. São bilhões destas células organizadas anatômica e funcionalmente para garantir a integridade do órgão e do nosso comportamento. Funcionam de forma articulada e sincronizada promovendo nossa saúde ou ao contrário as doenças mentais.

De tal forma, que os estudos atuais de neurociência das doenças metais demonstram que grande parte das disfunções que ocorrem ao nível dessas atividades cerebrais são responsáveis pelas doenças mentais e dependendo da natureza destas alterações e o local do cérebro onde elas ocorram, definir-se-ão o tipo clínico dessas clínica da doença.

 

Dia Internacional Contra a Corrupção

Hoje, dia 9 de dezembro, comemora-se o dia Internacional contra a Corrupção. Esse dia refere-se a instalação da Convenção internacional das Nações Unidas contra o crime, realizada em 2003, em Mérida nos Estados Unidos. A ideia da convenção era fortalecer as medidas de prevenção e combate a corrupção em todo mundo e nosso pais e signatário, inclusive a comemoração alusiva ao dia 09 foi sugestão da delegação brasileira na convenção.

Os Srs. já imaginaram se houvesse uma mobilização global na face da terra onde todos os continentes em um só voz e com a participação de todos indistintamente desbancassem, de uma vez por todas, com essa praga chamada corrupção, que assola o mundo? Já imaginaram um mundo livre dela, e mesmo que houvesse, os que a praticassem fossem punidos de forma mais rigorosa? Imaginem, se dispuséssemos  uma justiça ágil que obrigasse esses larápios devolvessem todos os bens, que fossem saqueados ao erário publico? Que governantes corruptos fossem para as cadeias?

Muitos estão dizendo; isso e utopia, isso não existe. Mas, eu pergunto: não são as utopias e os sonhos, que nos fazem mudar? Alguém que não sonha, cresce na vida, progredi ou avança em seus propósitos? O que seria de nos se não sonhássemos? Posso afirmar, que sem sonhos a vida perde o sabor e o sentido, nada ocorre de importante quando não se sonha. Ocorre, que permanentemente somos convocados a enfrentar tantos desafios e tantos percalços, que nos resta pouco tempo para sonhar.  O mundo sem corrupção e possível, e o que  todos querem, e o desejo de todos.

Ocorre, que para se chegar onde se quer devemos fazer por onde. Não se muda nada sem agirmos, tudo começa no pensamento nas se materializa na ação. A corrupção, como ação criminosa e repudiável se alimenta de praticas espúrias que fomentam indignação e revolta. São crimes abomináveis e praticados, por bandidos em geral vestidos de terno e gravata, que a rigor exercem funções de notoriedade publica, se apossam do erário publico sem qualquer pudor, culpa ou remorso e os “ganhos” os aplica em seu próprio beneficio. Esses larápios,  aparecem vindo de todos os lados, sem avisar e, de forma lenta e insidiosa, semelhante a uma peste daninha, vai minando e destruindo todos os setores da vida publica ou privada, dilacerando prerrogativas de muito valor como a honradez, a ética, a moralidade na gestão da coisa publica, a justiça, e principalmente as instituições.

Ninguém, muito menos uma sociedade, resiste aos efeitos deletérios e devastadores da corrupção. Lamentavelmente e uma presença marcante e forte no mundo contemporâneo.

Em recente relatório internacional sobre corrupção nosso pais figura na 72 posição no ranque internacional da corrupção. Um fato curioso e que a população apesar de ainda se indignar diante das praticas de corrupção vem se tornando tão comum  e tao frequente frequente essa pratica em nossas instituições que parece que alguns segmentos dessa mesma população já se acostumou com esse câncer. Algo muito parecido ocorre quanto a onda de violência que assola o nosso pais e principalmente nosso estado. As vezes a impressão que se tem e que se tornou tão banal  corriqueiro se falar em assalto, assassinato, roubo e muitos outros crimes que já nãos nos assustamos como antes, isto e, estamos incorporando em nossa cultura essas praticas, situação que ao meu ver nos imobiliza a todos .  E tanto a pratica violência, em suas diferentes facetas, quanto a pratica da corrupção parecem que ambas as condições que fazem parte do nosso dia a dia.

Todavia, não devemos deixar que isso ocorra, devemos aproveitar o mote desse dia internacional para fortalecer movimentos internacionais, nacionais ou locais para se contestar de forma acirrada contra essas praticas antihumanas e abomináveis. Devemos manter sempre acesa a chama anticorrupção e ante tudo que seja antiético e imoral para garantir nossa sustentabilidade como seres humanos.

Na tentativa de controlar essa pratica da corrupção no pais, o governo federal propõe que a corrupção seja considerada um crime hediondo. Essa condição implicaria em punições ,ais severas contra esses bandidos corruptos. Este projeto já foi aprovado na Câmara Federal, seguira para o Senado e, se aprovado ira para a sansão da presidente.

Em 01 de agosto desse ano, foi sancionada a lei brasileira anticorrupção de numero, 12.846 a qual dispõe sobre a responsabilização objetiva, administrativa e civil de pessoas jurídica pela pratica de atos contra a administração publica nacional ou estrangeira sendo possível alcançar o patrimônio da pessoa jurídica incidindo penas altas sobre o faturamento dessas empresas, caso se envolvam com atos de corrução ativa ou passiva.

Haverá em nossa cidade algumas manifestações pontuais alusiva a esse dia, vamos participar, gritar, contestar exortando a importância de um mundo, de um pais e de uma cidade sem corrupção. Vamos ficar  apostos e fechar o cerco contra essas impostores e, uma arma a nosso favor e a denuncia. Denunciar corrupção aos órgãos competentes e um dever cívico e ético na medida um que fortalece as ações  de enfrentamento desse problema.

 

O consumo do álcool entre as mulheres

              Resultados de pesquisas recentes mostram que as mulheres brasileiras estão bebendo mais e de forma exagerada, o que sinaliza para o agravamento desse problema entre nós. O consumo do álcool sempre foi significativo na pulação brasileira, tanto é que nosso padrão de consumo se encontra entre os mais elevados do mundo. Os dados foram revelados pelo II Levantamento Nacional sobre o Consumo de Álcool e outras Drogas (II LENAD), realizado pela Universidade Federal do São Paulo e pelo Instituto Nacional de Políticas sobre Drogas – INPAD, publicado há alguns meses.
             A pesquisa mostra que de 2006 a 2013 as mulheres aumentaram em 20% o consumo de álcool. Além disso, o que mais chamou atenção é que o padrão de consumo da bebida entre elas se modificou: além de beberem mais, o fazem de forma rápida. Esta forma de beber é conhecida como “beber em binge” que é definido como um padrão de consumo de cinco doses de álcool em uma mesma ocasião e em pouco tempo, condição que leva à embriaguez mais rapidamente.
             Todos sabem que alcoolismo, do ponto de vista médico, é uma doença grave, que evolui de forma crônica e que um dos sintomas cruciais dessa doença é o descontrole na ingesta.  Assim, a pessoa, quando começa a beber, tem grande dificuldade em parar, de tal forma que muitos só conseguem quando já se encontram absolutamente embriagados. Outros sequer se lembrarem do que se passou durante o consumo do álcool.
             Os dados do levantamento confirmam que as pessoas estão começando a beber muito cedo, em torno dos 12 anos. 7% dos adolescentes com idade entre 12 a 17 anos já são dependentes do álcool. Entre os jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% são dependentes. São índices muito altos que representam ameaça real à saúde mental, social e física desses jovens brasileiros.
             Em entrevista recente, falei sobre as fronteiras entre o bebedor social e o alcoólatra, e, na oportunidade, mostrei que um dos mais importantes indicadores do beber social está no fato do consumo do álcool não provocar qualquer dano psicológico, social ou físico ou mesmo de outra natureza ao indivíduo. Já no alcoolismo, a presença de problema social, psicológico ou físico ante o consumo do álcool sugere um padrão disfuncional ou psicopatológico de consumo.
               No primeiro grupo encontram-se as pessoas que bebem no sentido recreativo, por lazer e prazer e, no segundo grupo, encontram-se os bebedores disfuncionais, abusadores e os alcoólatras. A situação atual é muito preocupante do ponto de vista médico, psiquiátrico e social: 1) as pessoas estão começando a beber muito cedo (12 anos);
2) 7% dos adolescentes já são dependentes de álcool;
e 3) as mulheres estão bebendo mais e em “binge”. Essas são condições encontradas na pesquisa que mostram o tamanho do problema que temos de enfrentar nos próximos anos. No caso de se iniciar o consumo precocemente, já se tem conhecimento, na neurociência, de que o cérebro desses jovens em torno de 12 anos ainda está em desenvolvimento, portanto não preparado para suportar a presença do álcool ou de outras drogas, condição que fatalmente irá provocar surgimento de inúmeras doenças mentais, físicas e sociais relacionadas aos danos cerebrais.
               Imagine-se em um país como o nosso, que praticamente a metade da população é jovem, desengajada de trabalho, com baixo acesso à educação e com renda incerta. Isso tudo associado ao uso compulsivo e doentio do álcool definirá uma juventude sem perspectivas, forçosamente enferma pelas doenças provocadas pela dependência química e, na conjuntura atual, sem assistência médica e psicossocial. Em relação ao consumo de álcool entre às mulheres, já sabemos que elas respondem diferentemente ao álcool se comparadas com o consumo dos homens, isto é, as mulheres são menos tolerantes e mais sensíveis a molécula do álcool, graças à sua genética e à sua estrutura física, metabólica e funcional. Doses baixas de álcool provocam mais danos ao seu organismo.
               As doenças mentais e a dependência ao álcool se instalam mais facilmente entre mulheres, além de se embriagarem mais facilmente. Isso explicaria o aumento cada vez maior de casos de Síndrome Alcóolico-Fetal – SAF, que cresce assustadoramente entre as mulheres que ingerem álcool quando grávidas.
               Os fatos revelados na pesquisa reafirmam o que tenho dito há anos: a necessidade de uma política pública mais arrojada, mais consistente e mais embasada em evidências epidemiológicas sobre o consumo de álcool na população brasileira, especialmente em relação a crianças, adolescentes e mulheres. A continuar como se está, com autoridades que fazem vista grossa ao problema e não assumem as responsabilidades que lhes competem, as consequências fatalmente serão nefastas para todos nós.

Para onde querem levar o país com a cubanização da saúde

            Apesar de terem sido largamente anunciado os argumentos das entidades médicas que se posicionaram contrárias ao “programa mais médicos”, o Governo Federal, de forma autoritária, antidemocrática e pela força de seu poder, fez valer o referido programa, apesar das mais de 560 emendas sugeridas para melhorá-lo do ponto de vista técnico, ético e político.  Ocorre, que todo o esforço empreendido pela classe médica e por alguns parlamentares foram em vão, pois o programa está sendo implantado, os médicos estrangeiros já estão trabalhando, os Conselhos de Medicina, por força da justiça, estão concedendo os registros provisórios desses médicos estrangeiros, os tutores estão sendo escolhidos e o cursinho de português a todo vapor.

Mesmo assim, permanece viva em cada um de nós a consciência do dever cumprido ao denunciar a inconsistência desse programa em suas bases, pois muitos outros fatores que não foram contemplados no  “mais médicos” e que colaboram para o agravamento da situação atual da saúde deste país  nos levam a acreditar em sua inocuidade, ineficiência e enganação para enfrentar os reais problemas de nossa saúde pública.

Por outro lado, nota-se a surpreendente importância que este governo está dando para programa, pois de forma autoritária e com notório despudor executa-o a todo custo, dê-se no que der, pois não há qualquer argumento que o faça repensá-lo. Vejam a desconsideração que o mesmo apresentou em relação às inúmeras contribuições que lhes foram oferecidas, especialmente pelas entidades médicas deste país no sentido de aperfeiçoá-lo. A arrogância do Ministro da Saúde, aliada à inflexibilidade ideológica e a interesses políticos ao implantá-lo, rompe com leis, com as regras institucionais e com as tradições médicas deste país nos levando a acreditar que o programa, de fato, é parte de uma audaciosa e requintada ambição política que certamente fomenta projetos de poder, juntamente com os que ocupam a cúpula de seu partido.

Eu não consigo entender, na qualidade de cidadão brasileiro, médico e membro titular do CRM do meu estado, como propostas lúcidas, consequentes, responsáveis, inovadoras, éticas e tecnicamente competentes, como as que foram recomendadas pela classe política e entidades médicas para este governo, possam ter sido tão desprezadas, rechaçadas e vilipendiadas pelos mandatários do poder, responsáveis pela elaboração do programa.

O constrangimento ao vê-lo funcionando é geral, por ser imoral, ilegal e enganador. Por outro lado, nos revolta ver um conjunto de documentos, tradições e leis importantes que regulam o funcionamento da saúde pública de nosso país sendo mutilados pelo próprio governo. Vejam o que fizeram com o Exame “Revalida”, instituído pela Lei Federal de nº 9.394/96, a qual assegurava que todos os diplomas obtidos em universidades estrangeiras deveriam ser revalidados nos termos e nas condições da referida lei.

Vejam o que fizeram com os Conselhos de Medicina, que são obrigados, por decisão judicial, a certificarem de forma provisória médicos estrangeiros a trabalharem com nossa população e não sabemos nada sobre suas habilidades, sua formação, suas competências e o pior, somos obrigados a fiscalizar suas práticas! Isto é uma tremenda brincadeira e um tremendo casuísmo vergonhoso. Onde já se viu médico trabalhar com um tutor representado por outro médico brasileiro? Outra aberração histórica e vergonhosa.

Como se não bastasse, todas estas idiossincrasias políticas aplicadas à saúde pública brasileira, ficamos mais uma vez estarrecidos e indignados ao se saber que a Comissão Mista do Congresso Nacional (Deputados e Senadores) aprovou no dia 01 deste mês o Relatório sobre o programa mais médico (MP 621/2013), apresentado pelo Deputado Rogério Carvalho do PT (Sergipe), mantendo as mesmas incongruências e idiossincrasias éticas e técnicas do programa e o pior, atribuindo ao Ministério da Saúde a prerrogativa de conceder os vistos de trabalho para médicos estrangeiros, prescindindo de uma função histórica dos Conselhos Regionais de Medicina que desde 1947 detinham esta honrosa atribuição.

Por conta disso todas as entidades da classe médica representada pela Associação Médica Brasileira – AMB; Associação Nacional dos Médicos Residentes – ANMR; Conselho Federal de Medicina – CFM; e a Federação Nacional das Academias de Medicina – FNAM lamentam que esta Comissão Mista tenha aprovado este relatório da forma como está, apesar de todo esforço que fora feito pelas entidades médicas, por parlamentares, por pesquisadores de renome nacional, e por universidades deste país de onde emanaram as propostas relevantes que tocam em pontos essenciais ao bom exercício da medicina e à qualificação do atendimento em saúde de nossa população. É lamentável, porém vamos ver para onde estão querendo nos levar.

 

 

 

 

Atividade Física, saúde mental e bem estar social

Ontem, comemorou-se em todo mundo, o dia mundial da atividade física certamente um das datas mais importantes que temos para referenciar a uma atividade, a meu ver, indispensável para garantir e promover a nossa saúde, bem maior da nossa existência.

No mundo, nos últimos trinta anos, a prática e o conceito de atividade e exercício físico, coisas diferentes, vêm se transformando. Na década 70 houve a introdução do famoso método Cooper que provocou uma verdadeira revolução no mundo todo no conceito e na prática da atividade física, movimento internacional sumarizado na famosa expressão “mexa-se” onde as pessoas começaram a perceber o quanto era importante prática da atividade e o exercício físico na promoção da saúde.

Na década de 80, prevaleceu o movimento universal da atividade física aeróbica nesta época surgem as academias e a figura do “personal training”, profissionais importantes na orientação e execução das atividades. Na década de 90 deflagra-se o culto ao corpo através do exercício físico, o fisiculturismo, e todos, homens e mulheres indo atrás do corpo belo e “sarado”, uns passaram a viver quase compulsivamente na nas academias de ginástica e fisiculturismo, atrás do corpo musculoso e bonito. Finalmente nesta evolução histórica surge a propostas designada de Wellness que é a busca de um novo estilo e qualidade de vida, através da atividade física regular, de uma dieta equilibrada e de uma atitude mental positiva, constituindo-se o bem-estar geral e como se pode alcançá-lo, que, como se pode notar esta proposta coincide com a designação de saúde conforme a OMS: bem estar físico, psíquico e social.

Todas estas fases colaboraram para a construção de uma consciência individual e social que vem a cada dia ganhando força total que é a de que praticar atividade física é um recurso indispensável para a promoção da saúde em seus diferentes sentidos.

Do ponto de vista neurofuncional, emocional e psiquiátrico sabe-se que uma boa parte das doenças mentais que acometem a população em geral advém de uma vida sedentária, desvinculada de qualquer atividade física. Depressão, transtornos de ansiedade, fobias, por exemplo, são enfermidades que poderiam evoluir de forma diferente, caso seus portadores praticassem uma atividade ou exercícios físicos. Nosso cérebro, que é a sede material das nossas vivências e de grande parte destas doenças, produz várias substâncias neurobiológicas e neuroquímicas indispensáveis à saúde mental e muitas delas só se efetivam na vigência de atividades física, e, por conseguinte, sem as quais irão fatalmente provocar problemas de saúde mental.

Danos precoces de memória, déficits de atenção, isolamento social, fobias distúrbios de relação social, são entre outros, os distúrbios onde o exercício físico exerce um papel muito importante na recuperação destes enfermos. Muitas doenças senis, pré-senis e neurológicas como doenças de Parkinson, Alzheimer, acidentes vasculares cerebrais, epilepsias, etc, melhoram clinicamente e se recuperam mais facilmente quando praticam estas atividades.

O prazer, uma das mais importantes aspirações humanas, só é garantido quando os níveis de produção das endorfinas cerebrais são adequados e, caso haja o contrário, teremos vários problemas médicos e comportamentais. Esta substância além de garantir o prazer é um poderoso analgésico endógeno. E, a atividade física é que garante a disponibilidade deste aminoácido.

Enfim, viva o dia 06 de abril, viva a atividade física, viva os professores de educação física, os personais training e todos que dedicam suas vidas promovendo saúde e bem estar de todos e se de fato querem ter mais saúde, mexam-se.

Novos conhecimentos sobre as origens da dependência química.

Neste artigo, destaco uma das mais importantes contribuições científicas na área da dependência química, no que diz respeito às bases etiopatogênicas, isto é, as origens deste transtorno.

Por se tratar de um fenômeno ultracomplexo as contribuições para o entendimento destas doenças vem de várias áreas do conhecimento: psicologia, sociologia, fisiologia, bioquímica etc. e, cada uma destas contribuições são relevantes e muito importanes.

Um assunto muito atual, que está sendo debatido no mundo todo pela neurociência e pela psiquiatria é o conceito de Patologia Dual, aplicada a área da saúde mental. Este conceito é definido como sendo a concomitância entre um transtorno mental e a dependência química de uma droga em que ambas as condições fariam parte de um mesmo complexo neuropatobiológico, isto é, um substrato neurofisiológico único com manifestações clinicamente diferentes. Ocorre que este conceito novo vem ocasionado muita confusão pela semelhança que pode existir com o conceito de comorbidade tema já tratado neste jornal em artigos anteriores.

Por comorbidade entende-se a coexistência de mais de um transtorno psiquiátrico em uma só pessoa, como é o caso do alcoólatra ser portador de depressão, o esquizofrênico ser dependente de cocaína, o fóbico ser tabagismo e assim por diante. Ocorre que nestes casos as doenças têm origens distintas umas das outras, são independentes, e não se vinculam quanto a sua causalidade e seu aspecto clínico. Na patologia dual, a dependência química, é um endofenótipo, isto é, é uma característica estrutural interna de nosso organismo que não pode ser observada a olho nu, associado a um transtorno mental mais abrangente, que é uma doença mental.

A patologia dual, embora seja um conceito novo, o mesmo vem despertando interesses muito grandes entre os cientistas que trabalham na área da dependência ao ponto da Associação Mundial de Psiquiatria já dispor de um departamento que trata desta nova abordagem do problema da dependência de drogas.

Este novo conceito de dependência modifica a conduta tradicional em relação ao doente mental e o próprio dependente porque a abordagem de uma ou outra condição de forma independente não é suficiente justamente porque ambas fazem parte de um mesmo complexo neuropatobiológico.

A dependência também apresenta aspectos genéticos bem caracterizados, por exemplo, 10% (em média) das pessoas que fazem uso ou abuso de substâncias (álcool e outras drogas) desenvolvem dependência química que sugerem uma predisposição genética. Por outro lado, a alta prevalência de adição entre doentes mentais, com índices acima de 60%, sugere ser a patologia dual um endofenótipo ligado a esta condição psicopatológica. Ao mesmo tempo, em que a dependência química nesse grupo de indivíduos aumenta significativamente a vulnerabilidade aos transtornos mentais de base. Na clínica verificamos estes achados quando usuários de crak, álcool e cocaína  além de dependentes destas drogas apresentam característica de concomitância de outra patologia mental, sobretudo com distúrbios de personalidade, depressão e transtornos de ansiedade.

            A dificuldade no diagnóstico da patologia dual decorre, segundo os pesquisadores, do fato dos complexos sintomáticos estarem compartimentalizados diferentemente nas classificações psiquiátricas atuais (CID-10 e DSM-IV), que não levam em consideração que complexos sintomáticos clinicamente diferentes estejam relacionados aos mesmos substratos neurobiológico e etiológicos.

De acordo com o presidente da Sociedade Espanhola de Patologia Dual, Néstor Szerman, as altas taxas de prevalência de patologia dual orientam a afirmar que todos os programas dirigidos a indivíduos com doença mental grave deveriam se organizar como programas de patologia dual, já que isto é mais a regra que a exceção.  

Esta, portanto, é mais uma importante porta que se abre no rumo do tratamento e recuperação destes milhares de dependentes de drogas que há mundo e em nosso país e que seja sempre bem vinda estas aportações científicas, pois só quem ganha somos nós.

 

Há algo na vida mais importante que as mulheres?

Há dois dias comemorou-se o Dia Internacional da Mulher, data que por tamanha importância, não poderia deixar de tecer alguns comentários, até como demonstração de gratidão, respeito e reconhecimento pela importância que as mesmas dispõem na minha vida.

Deixei meu coração e meus pensamentos soltos para que pudesse dizer o que sentia sem a preocupação de retocá-los ao falar sobre as mulheres. Comecei a me fazer inúmeras perguntas e as respostas sempre apontavam para as mulheres. Se não, vejamos: o que há de mais importante na vida do que as mulheres? O que seria de nós homens se as mulheres não existissem? Como nasceríamos sem as mulheres? Como iríamos prorrogar a espécie humana, sem as mulheres?   Como seria nosso crescimento, nosso desenvolvimento, sobretudo nos primórdios? Quem nos amaria, sem ser as mulheres? Quem nos defenderia quando estamos inseguros e indefesos? Quem nos colocaria no colo nas angústias, no sofrimento e na dor? Quem cuidaria dos nossos filhos mais que as mulheres? Quem nos daria prazer com paixão? Quem nos acompanharia até a morte e umas preferem inclusive morrer a deixar que o homem morra?

Fui mais longe quando constatei que minha inquietude refletida nestas perguntas obscureceu minha razão, ao ver que em tudo a mulher está presente, e, exercendo um papel indispensável em vários sentidos da vida. Poderia eu, até sem exagero, dizer que não fossem as mulheres, nós não existiríamos ou se viéssemos a existir certamente não seria na forma como nós nos concebemos, pois está na mulher, nossa maior inspiração.

Então, percebo que é muito pequeno o tributo às mulheres quando se consagra apenas um dia, mesmo sendo internacional, para exaltá-las e referenciá-las, pois são elas as grandes razões da vida. Portanto deveríamos exortar nossa gratidão sempre, todos os dias.

Este reconhecimento do valor de vocês mulheres na vida não é só meu e sim de todos. Apesar disto, ainda não sanamos nossa dívida com vocês. Fomos maus, injustos, preconceituosos, arrogantes ao segregá-las, subjugá-las, discriminando-as ao longo da história.

Foram séculos de dominação machista sem a qual cresceríamos bem mais do que crescemos na vida, porém graças a sua arrojada capacidade de luta, sua tenacidade, braveza e inconformação, estão virando jogo adquirindo reconhecimento, importância, notoriedade e valor e, sobretudo dignidade pela relevância de seu ser.

Há quem diga, erroneamente, que por trás de um grande homem há uma grande mulher. Nenhuma mulher está por trás de homem nenhum, a mulher ou está na frente ou no mínimo ao seu lado, para compartilhar. Homem e mulher são faces distintas de uma mesma moeda. Nenhum é mais importante do que o outro, sobretudo em gêneros. Homem e mulher devem estar um do lado do outro sempre para dar sentido à vida.

Quero, portanto, nesta minha crônica, homenageá-las tão somente, reconhecendo de forma muito modesta o quão são importantes e imprescindíveis na vida, ao mesmo tempo pedir a Deus que as protejam sempre e que prossigam com suas lutas de reconquitas.

Para finalizar gostaria de enviar um beijo e um abraço muito carinhoso às mulheres mais importantes de minha vida, sem as quais não chegaria a lugar algum: Rita Palhano, minha mulher, Pilar e Ludmila, minhas filhas e a minha mãe Lalá Palhano, que embora já tenha falecido, a mantenho viva dentro de mim. Parabéns às mulheres!

 

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