Adesão social em época de pandemia

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Adesão social em época de pandemia

            Em meu último artigo, publicado nesse jornal, destaquei alguns eventos advindos da pandemia e fiz um contraponto com a flexibilização levada a efeito por praticamente todos os estados brasileiros e em alguns municípios. Observava, que a medida de flexibilização das atividades econômicas e sociais, proposta, por decretos de estados e municípios, ocorre em franco processo ascendente da pandemia, tendo em vista que não se constata ainda, um achatamento (rebaixamento) na curva epidemiológica de contágios e disseminação do vírus, entre nós. Considerei isso, uma temeridade no trato da saúde da população, considerando que nos encontramos em franco processo pandêmico.

             Por outro lado, constata-se, a cada dia, que os danos ocasionados pelos avançar da pandemia, são cada vez maiores, os quais, que vem provocando profundas alterações, em todos os sentidos,  no psicológico das pessoas, na gestão pública e em muitos outros setores e atividades humanas, tais como: econômica, cultural, esportiva, recreativa, educacional e laboral, na qualidade de vida etc. Diante disso, estados e municípios podem se ver obrigados e pressionados, a tomarem decisões, como por exemplo a famigerada flexibilização, que ao invés de favorecer  retomada efetiva e segura dessas atividades, nas referidas localidades, provocar, ao contrário, uma situação ainda pior que a atual, promovendo o advento da chamada segunda onda da pandemia.

           Acredito, que muito em breve, iremos avaliar, através de dados e números a repercussão dessas medidas governamentais, sociais e empresariais e se as mesmas foram adequadas e protetivas, ou se foram estapafúrdias ou negligentes. O tempo nos dirá!

           Há dois pontos, ao meu ver, bastante relevantes a se colocar. O primeiro é o papel e a responsabilidade da todos nós, individualmente e enquanto da sociedade civil, frente ao manejo correto da pandemia. O segundo, é que a pandemia, por ser um evento que tem seus fundamentos fincados na saúde pública, já que se trata da contaminação e da disseminação de um vírus, as recomendações desse setor deverão ser amplamente  aplicadas, indistintamente entre todos para impedirmos que o vírus e a sua respectiva doença cause mais danos, além dos que já causou.

           As medidas no âmbito da saúde públicas, que estão sendo recomendadas, no mundo inteiro, já são bastante evidentes, que são efetivas para se frear a onda de contágios desse micro organismo. Por isso mesmo, a cada dia, são destacadas que tais medidas, como usar máscaras e as auto higiene, não podem ser relaxadas para se evitar a contaminação pelo Corona vírus. Sabe-se, ainda, que por se tratar de algo novo em saúde, os recursos preventivos como vacinas e os tratamentos efetivos para controlar a doença Covide-19, ainda não surgiram ainda, embora já haja uma luz no fim do túnel que nos sinaliza para em breve temos tudo isso a nossa disposição.

             A impressão que se tem, é que as recomendações, rigorosamente sanitárias, de uma forma ou de outra, estão sendo cumpridas, não a contento, mas estão. Isto é, as pessoas parecem que estão usando mais máscaras e realizando melhor sua auto higiene, com o uso de água, sabão, e álcool em gel, hipoclorito etc. fato que, certamente, se realizado de forma correta, interferirá, inegavelmente, com a transmissibilidade do vírus.

             Por outro lado, quando examinamos a outra extremidade da questão, que é o comprometimento social da população, ante a pandemia, a mim me parece, um total fracasso. As pessoas estão muito pouco engajadas às medidas recomendadas pelos organismos internacionais de vigilância sanitária, para o enfrentamento da crise pandêmica. No dia seguinte, ao anuncio das medidas de flexibilização, como já havia dito, em franca pandemia, a cidade voltou a funcionar, quase normalmente, como se nada estivesse acontecendo. Voltaram os problemas de engarrafamento no trânsito, as aglomerações em muitos ambientes, a correria para as lojas e o comercio, intensificaram os contatos entre as pessoas, em bloco passaram a frequentar os mesmos ambientes. Com todo respeito, nos dava a impressão que alguém abriu a chave da porteira e o gado, desesperado, foi para o campo.

             As pessoas, tem dificuldades muito claras de entender, que o distanciamento social, manter espaços seguros entre as pessoas, restringir ambiente de aglomerações, reduzir ao máximo saídas para ambientes públicos ou atividades em público, etc. São recomendações, fundamentais para impedirmos a transmissibilidade do vírus, e com isso evitarmos o Covid-19. Nós humanos, somos os vetores na transmissão de vírus. O clichê, “Fique em casa, foi descumprido pela absoluta maioria da população brasileira”.

           Além, certamente, de serem inspiradas na necessidade de termos cada vez mais saúde e qualidade de vida, pois essas medidas impedem a transmissibilidade, em massa desse vírus, embora sejam, fundamentalmente, sociais e que dizem respeito ao papel o de cada um de nós individualmente e em grupo e foram as que as autoridades sanitárias do planeta, perceberam serem as mais seguras e mais efetivas no combate ao corona vírus, mesmo assim a maioria não entende dessa forma.

           Outro aspecto, é que as medidas também sinalizam para o fortalecimento do amor ao próximo, para assegurarmos mais nosso compromisso social, para sermos mais solidários e para a conquistarmos o desejado bem comum. Lamentavelmente, foi o que vimos muito pouco. A sociedade mesmo diante da mais importante ameaça à saúde e a vida, dos tempos modernos, descumpre, frontalmente essas recomendações, tornando bem mais difícil e prolongado o enfrentamento desse problema em nosso planeta.

      Pode-se compreender esse comportamento social, a partir de alguns fatores, os quais, terão impactos diferentes em cada uma das pessoas. Ei-los: A ignorância da população sobre a transmissão e sobre a doença COVID-19. Atitudes de indiferentismo e de pouco-caso, atribuídos por muitos, ante a situação. A politização do assunto pandemia, nos meios sociais e políticos. O despreparo do poder público no manejo da crise. A falta de bons exemplos e de protocolos claros, de autoridades públicas no manejo da pandemia. O receio ao empobrecimento das pessoas. O pavor de perderem seus empregos. A frustração às restrições sociais. O stress ocasionado pelo abandono de atividades regulares e corriqueiras, sobretudo estudo, trabalho e lazer. O viver em confinamento domiciliar. A diminuição progressiva da tolerância emocional no processo de permanecer por longo tempo em casa. A frustração e os aborrecimentos ocasionados pelo rompimento social. A inatividade da vida domiciliar. Os conflitos familiares já existentes que se reativaram com a volta para casa. São alguns, entre tantos outros fatores, que podem afetar bastante a motivação e o interesse das pessoas no enfrentamento da pandemia. O fato é que precisamos de todos para enfrentarmos o que está aí.

            Em meu último artigo, publicado nesse jornal, destaquei alguns eventos advindos da pandemia e fiz um contraponto com a flexibilização levada a efeito por praticamente todos os estados brasileiros e em alguns municípios. Observava, que a medida de flexibilização das atividades econômicas e sociais, proposta, por decretos de estados e municípios, ocorre em franco processo ascendente da pandemia, tendo em vista que não se constata ainda, um achatamento (rebaixamento) na curva epidemiológica de contágios e disseminação do vírus, entre nós. Considerei isso, uma temeridade no trato da saúde da população, considerando que nos encontramos em franco processo pandêmico.

             Por outro lado, constata-se, a cada dia, que os danos ocasionados pelos avançar da pandemia, são cada vez maiores, os quais, que vem provocando profundas alterações, em todos os sentidos,  no psicológico das pessoas, na gestão pública e em muitos outros setores e atividades humanas, tais como: econômica, cultural, esportiva, recreativa, educacional e laboral, na qualidade de vida etc. Diante disso, estados e municípios podem se ver obrigados e pressionados, a tomarem decisões, como por exemplo a famigerada flexibilização, que ao invés de favorecer  retomada efetiva e segura dessas atividades, nas referidas localidades, provocar, ao contrário, uma situação ainda pior que a atual, promovendo o advento da chamada segunda onda da pandemia.

           Acredito, que muito em breve, iremos avaliar, através de dados e números a repercussão dessas medidas governamentais, sociais e empresariais e se as mesmas foram adequadas e protetivas, ou se foram estapafúrdias ou negligentes. O tempo nos dirá!

           Há dois pontos, ao meu ver, bastante relevantes a se colocar. O primeiro é o papel e a responsabilidade da todos nós, individualmente e enquanto da sociedade civil, frente ao manejo correto da pandemia. O segundo, é que a pandemia, por ser um evento que tem seus fundamentos fincados na saúde pública, já que se trata da contaminação e da disseminação de um vírus, as recomendações desse setor deverão ser amplamente  aplicadas, indistintamente entre todos para impedirmos que o vírus e a sua respectiva doença cause mais danos, além dos que já causou.

           As medidas no âmbito da saúde públicas, que estão sendo recomendadas, no mundo inteiro, já são bastante evidentes, que são efetivas para se frear a onda de contágios desse micro organismo. Por isso mesmo, a cada dia, são destacadas que tais medidas, como usar máscaras e as auto higiene, não podem ser relaxadas para se evitar a contaminação pelo Corona vírus. Sabe-se, ainda, que por se tratar de algo novo em saúde, os recursos preventivos como vacinas e os tratamentos efetivos para controlar a doença Covide-19, ainda não surgiram ainda, embora já haja uma luz no fim do túnel que nos sinaliza para em breve temos tudo isso a nossa disposição.

             A impressão que se tem, é que as recomendações, rigorosamente sanitárias, de uma forma ou de outra, estão sendo cumpridas, não a contento, mas estão. Isto é, as pessoas parecem que estão usando mais máscaras e realizando melhor sua auto higiene, com o uso de água, sabão, e álcool em gel, hipoclorito etc. fato que, certamente, se realizado de forma correta, interferirá, inegavelmente, com a transmissibilidade do vírus.

             Por outro lado, quando examinamos a outra extremidade da questão, que é o comprometimento social da população, ante a pandemia, a mim me parece, um total fracasso. As pessoas estão muito pouco engajadas às medidas recomendadas pelos organismos internacionais de vigilância sanitária, para o enfrentamento da crise pandêmica. No dia seguinte, ao anuncio das medidas de flexibilização, como já havia dito, em franca pandemia, a cidade voltou a funcionar, quase normalmente, como se nada estivesse acontecendo. Voltaram os problemas de engarrafamento no trânsito, as aglomerações em muitos ambientes, a correria para as lojas e o comercio, intensificaram os contatos entre as pessoas, em bloco passaram a frequentar os mesmos ambientes. Com todo respeito, nos dava a impressão que alguém abriu a chave da porteira e o gado, desesperado, foi para o campo.

             As pessoas, tem dificuldades muito claras de entender, que o distanciamento social, manter espaços seguros entre as pessoas, restringir ambiente de aglomerações, reduzir ao máximo saídas para ambientes públicos ou atividades em público, etc. São recomendações, fundamentais para impedirmos a transmissibilidade do vírus, e com isso evitarmos o Covid-19. Nós humanos, somos os vetores na transmissão de vírus. O clichê, “Fique em casa, foi descumprido pela absoluta maioria da população brasileira”.

           Além, certamente, de serem inspiradas na necessidade de termos cada vez mais saúde e qualidade de vida, pois essas medidas impedem a transmissibilidade, em massa desse vírus, embora sejam, fundamentalmente, sociais e que dizem respeito ao papel o de cada um de nós individualmente e em grupo e foram as que as autoridades sanitárias do planeta, perceberam serem as mais seguras e mais efetivas no combate ao corona vírus, mesmo assim a maioria não entende dessa forma.

           Outro aspecto, é que as medidas também sinalizam para o fortalecimento do amor ao próximo, para assegurarmos mais nosso compromisso social, para sermos mais solidários e para a conquistarmos o desejado bem comum. Lamentavelmente, foi o que vimos muito pouco. A sociedade mesmo diante da mais importante ameaça à saúde e a vida, dos tempos modernos, descumpre, frontalmente essas recomendações, tornando bem mais difícil e prolongado o enfrentamento desse problema em nosso planeta.

      Pode-se compreender esse comportamento social, a partir de alguns fatores, os quais, terão impactos diferentes em cada uma das pessoas. Ei-los: A ignorância da população sobre a transmissão e sobre a doença COVID-19. Atitudes de indiferentismo e de pouco-caso, atribuídos por muitos, ante a situação. A politização do assunto pandemia, nos meios sociais e políticos. O despreparo do poder público no manejo da crise. A falta de bons exemplos e de protocolos claros, de autoridades públicas no manejo da pandemia. O receio ao empobrecimento das pessoas. O pavor de perderem seus empregos. A frustração às restrições sociais. O stress ocasionado pelo abandono de atividades regulares e corriqueiras, sobretudo estudo, trabalho e lazer. O viver em confinamento domiciliar. A diminuição progressiva da tolerância emocional no processo de permanecer por longo tempo em casa. A frustração e os aborrecimentos ocasionados pelo rompimento social. A inatividade da vida domiciliar. Os conflitos familiares já existentes que se reativaram com a volta para casa. São alguns, entre tantos outros fatores, que podem afetar bastante a motivação e o interesse das pessoas no enfrentamento da pandemia. O fato é que precisamos de todos para enfrentarmos o que está aí.

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Consumo de álcool e outras drogas na pandemia – IV

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               O Brasil figura entre os países que mais bebem no mundo. Os índices são alarmantes e cada vez mais ocorrem problemas advindos desse consumo, no plano da saúde, do social, da segurança, da violência urbana e doméstica e da economia e estes problemas se sobressaem, entre os tantos outros que temos em nosso país, ao ponto dessa questão, ser considerada um problema de saúde pública.

           Em média, cada pessoa no mundo bebe 6,2 litros de álcool puro/ano. Apenas 38,3% da população mundial faz uso dessas bebidas. Isso é, a minoria bebe pela maioria. Os que bebem, na verdade, estão consumindo 17 litros/ano, em média. O alto consumo provoca mais de 3,3 milhões de mortes/ no mundo e por volta de 200 doenças, estão relacionadas direta ou indiretamente ao consumo excessivo de álcool.

              Há em nosso país, um milhão de pontos de venda de bebidas alcoólica, isso corresponde, a mais ou menos, um ponto de venda para cada duas mil pessoas e isso é um número bastante elevado considerando que essa aditividade comercial, colabora bastante para as pessoas beberem. Nosso padrão de consumo de álcool é excessivo regular, isto é, as pessoas em geral bebem de forma exagerada (beber em binge), até se embriagarem, padrão de consumo, nefasto à saúde física, social e mental.

            O álcool etílico, farmacologicamente, é uma substância de múltiplas ações no Sistema Nervoso Central- SNC. Ele, deprime as atividades do cérebro, muito embora, o consumo de baixas doses, é euforizante. Paradoxalmente, em doses baixas, reduz a ansiedade e promove certo relaxamento e bem-estar. Porém, em doses excessivas e regulares, faz o contrário, provoca crises de ansiedade e mal-estar difuso, sono irregular, alterações do apetite, da atenção, da memória de curto prazo e do pragmatismo.

            O álcool é também hedônico (induz ao prazer), pois age, preferentemente, em áreas cerebrais responsáveis pelo prazer humano. Essa área é designada, na nomenclatura científica, como área de recompensa cerebral – ARC ou área do prazer. Justamente, por ser uma região do cérebro altamente rica em DOPAMINA, neurotransmissor cerebral, encarregado, entre outras coisas, de proporcionar prazer. Por isso, o álcool ingerido em pequenas doses, melhora o desejo, o desempenho, o apetite sexual, a disposição, o interesse, a capacidade cognitiva e as relações sociais. Em excesso, é altamente patogênico e faz, justamente, o contrário.

                 Outro dado epidemiológico importante, é que 65% da população brasileira bebe e entre 10 a 13% dessa população são dependentes de álcool (alcoólatras). No Brasil, Quase 3% da população, acima de 15 anos de idade é considerada alcoólatra, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Representa mais de 4 milhões de pessoas, nessa faixa etária. Segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (II-LENAD), 32% da população brasileira bebe moderadamente e 16%, bebem de forma nociva.

                Como vimos acima, o uso de álcool ocasiona mais de 3 milhões de mortes por ano no mundo. No Brasil, cerca de 40 mil pessoas morrem por acidente automobilístico e 60 mil por homicídios. Esses dados mostram claramente a relevância desses problemas entre nós, nos chamando a atenção para a gravidade dessas questões.

             A OMS demonstra que o consumo de bebidas alcoólicas em pessoas acima de 15 anos, acelerou na década: em 2006 o consumo per capita/anual, era de 6,2 litros de álcool puro, em 2016 essa média passou para 8,9 litros/ano. O aumento é de 43,5%. Esses índices referendam estudos nos quais constatam que a população jovem brasileira está bebendo muito, ao ponto de, até 17 anos de idade 7% dessa população já serem dependentes de álcool. Isso é um problema muito grave do ponto de vista médico e psiquiátrico, pois todos esses jovens, com esse tipo de doença mental (alcoolismo), irão precisar de ajuda e tratamento profissionais.

             O consumo nacional de álcool está acima da média mundial, que é de 6,4 litros percapta/ano. Além do mais, o Brasil é o terceiro país na América Latina e o quinto em todo o continente com o maior consumo de álcool per capita. O uso de álcool em crianças e adolescentes pode chegar a 7% aos 12 anos e até a 80% aos 18 anos, com riscos de lesões e mortes acidentais, suicídio, gravidez não planejada, sexo não protegido, problemas sociais e escolares, e a longo prazo, maior risco de dependência e lesões estruturais do cérebro.

          Por último, sabe-se que o consumo excessivo do álcool está associado com mais de 60 condições clínicas (agudas e crônicas): entre estas, hipertensão arterial, diabetes e muitas outras doenças agravadas pelo consumo de álcool. Além, evidentemente de todos os outros problemas já citados anteriormente, sobretudo, sociais, como a violência doméstica e urbana, questões laborais, comportamento sexual de risco, entre outros. Sobre isso, o ponto que a OMS mais destaca é o impacto do consumo exagerado de álcool e o sistema imune. E, isso vem ocorrendo nessa época da pandemia do COVI-19. Estudos demonstram que houve um aumento de 50% no consumo de bebidas destilados e de 40% no de bebidas fermentadas.

                Evidentemente, que isso sinaliza para uma situação complicada considerando que o que mais precisamos, no presente momento, é que as pessoas estejam bem de saúde e, sobretudo com seu sistema de defesa arrojado (imunidade pessoal) para se contrapor à infecção pelo Corona vírus, tendo em vista que esse é um sistema é que irá nos defender dessa agressão viral. As angustias individuais, impostas pelas restrições sociais (isolamento social), o medo e pavor das pessoas de se contaminarem pelo vírus, as enormes frustrações por romperem suas atividades sociais e de trabalho, as perdas financeiras, o desemprego e a queda da renda, mortes de parentes e amigos devido a COVID-19. Enfim, todas essas mazelas que estamos passando, são razões suficientes para explicar parte dos motivos das pessoas estarem atualmente bebendo mais.

            Observa-se, que a absoluta maioria dessas pessoas que estão bebendo e usando outras drogas excessivamente, já eram consumidores habituais e a pretexto desses fatores acima, mensionados, aumentaram, sobremaneira, esse consumo. Portanto, não é algo novo ocasionado pela pandemia. Pessoalmente, acredito que os novatos que estão iniciando a beberem agora, são bem menores.

            Outro fato, é que temos um número expressivo de jovens, adultos e da terceira idade, alcoólatras, que se encontram em plena vigência de suas doenças e a maioria deles, sem qualquer tratamento psiquiátrico ou acompanhamento psicossocial, fato esse, os tornam mais vulneráveis às recaídas, tornando-os, portanto, mais propensos a beberem mais.

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Doenças mentais e pandemia

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           As doenças mentais, são doenças que evoluem cronicamente e são, intensamente, prevalentes no mundo e contribuem para morbidade, para a incapacitação funcional, social e laboral e para a mortalidade prematura. Estima-se que 25% da população geral apresentarão um ou mais transtornos mentais ao longo da vida (Rodriguez et al, 2009). Se somados aos transtornos neurológicos, esses grupos de doenças representam 14% da carga global de doenças, sendo que na América Latina atinge 21% (OMS, 2008).

                Estas, enfermidades se caracterizam por quadros clínicos bem definidos os quais atingem os pensamentos, as percepções, as emoções, os sentimentos, o humor, funções executivas e o pragmatismo, entre outras alterações. Segundo a OMS, entre os transtornos mentais, destacam-se: transtorno depressivo (depressão), o Transtorno Afetivo Bipolar – TAB, e suas diferentes formas clínicas, os Transtornos de Ansiedade e seus tipos clínicos a Esquizofrenia e suas formas clínicas e outras psicoses. Destacam-se, também, as Demências, a deficiência intelectual e Transtornos de Desenvolvimento, incluindo o Autismo.

                A depressão, é o transtorno que tem o maior impacto epidemiológico entre as doenças mentais. É um dos principais transtornos e o que mais causa incapacidade laboral em todo o mundo. Afeta, predominantemente, mulheres e está muito relacionada ao suicídio. Globalmente, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo são afetadas por essa doença.

            Tristeza (patológica), perda de interesse ou prazer, sentimento de culpa ou rebaixamento da autoestima, alterações do sono e do apetite, cansaço e falta de iniciativa, alterações da concentração, da memória e da motivação, são sintomas frequentes. Os depressivos, em geral apresentam múltiplas queixas clínicas sem nenhuma causa aparente. A doença tende a ser crônica e se manifesta de forma recorrente. A capacidade laborativa, as relações sociais e familiares e o desempenho escolar estão formalmente prejudicados. Em seu estado mais grave, a depressão pode levar ao suicídio.

         Fatores e acontecimentos externos aos indivíduos podem influenciar fortemente o processo depressivo, não sendo, portanto, uma questão só determinada por fatores biológicos, genéticos ou hereditários. A situação pandêmica do presente momento, certamente, ocasionará um número bem maior desses transtornos, na população geral, em qualquer faixa etária. As frustrações, as grandes perdas a que estamos submetidos, principalmente por mortes, perdas do emprego e do trabalho, da renda, o isolamento social, a avalanche de notícias sobre a doença, são cada vez fatores que nos abalam, profundamente.

              Sobre o Transtorno Afetivo Bipolar, sabe-se que atinge cerca de 60 milhões de pessoas no mundo. Consiste tipicamente em episódios alternados de mania e depressão, intermediados por períodos de humor normal (intercrítico). Os episódios de mania envolvem humor elevado ou irritado, atividade exagerada, fala apressada, inquietação, irritabilidade, autoestima inflada e uma menor necessidade de sono. As pessoas que têm episódios de mania, embora não experimentam episódios depressivos, também são classificadas como tendo transtorno bipolar.

            A esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, são transtornos psiquiátricos graves que afeta cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo. Essas psicoses, entre as quais a Esquizofrenia, atinge 1% da população geral e se caracteriza por: distorções no pensamento, na percepção, nas emoções, na linguagem, no juízo de realidade, na consciência do “eu” e alterações na adequação do comportamento, alterações estas, que os levam a agir de forma bastante desorganizada. As alucinações (ouvir, ver ou sentir coisas que não ocorrem na realidade) e delírios (falsas crenças ou suspeitas firmemente mantidas mesmo quando há provas que mostram o contrário), são sintomas muitos comuns nessas psicoses. A doença, geralmente, tem início no fim da adolescência ou no começo da vida adulta. O tratamento farmacológico e o apoio médico e psicossocial são bastante eficazes, ao ponto desses suportes, médico e psicossocial, garantem o retorno desses enfermos a uma vida produtiva e integrada socialmente.

             Em razão da pandemia e com as limitações na oferta de serviços psiquiátricos, recomenda-se, que as famílias desses pacientes, que estejam em tratamento psiquiátrico ou mesmo os que já receberam alta médica, que reforcem esses cuidados com esses enfermos e redobrem os cuidados com eles, pois a possibilidade de recaídas em momentos de pandemia, torna essa situação bem mais difícil de ser manejada. Chamo atenção, especialmente, para a manutenção e regularidade no uso dos medicamentos que os mesmos fazem uso.

             Quanto as Demências, cerca de 50 milhões de pessoas as apresentam. É um transtorno crônico, evolui, em geral, de forma lenta e progressiva, havendo deterioração da função cognitiva (capacidade de processar o pensamento e outras funções mentais) fora do envelhecimento normal. As demências prejudicam a memória, o pensamento, a orientação no tempo e espaço, compreensão, a capacidade de calcular, a capacidade de aprendizagem, de linguagem e de julgamento. O transtorno deteriora o controle emocional, o comportamento social, a motivação e outras particularidades, como o pragmatismo e a capacidade executiva. Essas doenças, são ocasionadas por micro lesões do cérebro, entre essas, destaca-se a Doença de Alzheimer.

            Segundo a OMS a “ deficiência intelectual é caracterizada pela diminuição de habilidades em várias áreas de desenvolvimento, como o funcionamento cognitivo e o comportamento adaptativo. Essa condição diminui a capacidade de adaptação às exigências diárias da vida”. A OMS, diz ainda: ”os sintomas de transtornos invasivos de desenvolvimento, como o autismo, são comportamento social, comunicação e linguagem prejudicados e uma estreita faixa de interesses e atividades, que são únicas para o indivíduo e realizadas repetidamente. Os transtornos de desenvolvimento frequentemente se originam na infância ou na primeira infância. As pessoas com esses transtornos ocasionalmente possuem algum grau de deficiência intelectual”.

            Semelhantemente, às recomendações fornecidas às famílias e aos depressivos, esquizofrênicos, portadores de transtornos ansiosos e de TAB, aqui também, no caso dos Autistas e deficiente intelectuais, os cuidados deverão ser redobrados, pois, esses pacientes em crises, terão dificuldades especiais em avaliar, rigorosamente, os riscos de adquirirem o COVID -19 e piorarem muitas suas doenças de base. Portanto, cuidem cada vez melhor de seus enfermos, para que se Deus quiser, transitemos melhor esses graves momentos.

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Doenças mentais e pandemia

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           As doenças mentais, são doenças que evoluem cronicamente e são, intensamente, prevalentes no mundo e contribuem para morbidade, para a incapacitação funcional, social e laboral e para a mortalidade prematura. Estima-se que 25% da população geral apresentarão um ou mais transtornos mentais ao longo da vida (Rodriguez et al, 2009). Se somados aos transtornos neurológicos, esses grupos de doenças representam 14% da carga global de doenças, sendo que na América Latina atinge 21% (OMS, 2008).

                Estas, enfermidades se caracterizam por quadros clínicos bem definidos os quais atingem os pensamentos, as percepções, as emoções, os sentimentos, o humor, funções executivas e o pragmatismo, entre outras alterações. Segundo a OMS, entre os transtornos mentais, destacam-se: transtorno depressivo (depressão), o Transtorno Afetivo Bipolar – TAB, e suas diferentes formas clínicas, os Transtornos de Ansiedade e seus tipos clínicos a Esquizofrenia e suas formas clínicas e outras psicoses. Destacam-se, também, as Demências, a deficiência intelectual e Transtornos de Desenvolvimento, incluindo o Autismo.

                A depressão, é o transtorno que tem o maior impacto epidemiológico entre as doenças mentais. É um dos principais transtornos e o que mais causa incapacidade laboral em todo o mundo. Afeta, predominantemente, mulheres e está muito relacionada ao suicídio. Globalmente, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo são afetadas por essa doença.

            Tristeza (patológica), perda de interesse ou prazer, sentimento de culpa ou rebaixamento da autoestima, alterações do sono e do apetite, cansaço e falta de iniciativa, alterações da concentração, da memória e da motivação, são sintomas frequentes. Os depressivos, em geral apresentam múltiplas queixas clínicas sem nenhuma causa aparente. A doença tende a ser crônica e se manifesta de forma recorrente. A capacidade laborativa, as relações sociais e familiares e o desempenho escolar estão formalmente prejudicados. Em seu estado mais grave, a depressão pode levar ao suicídio.

         Fatores e acontecimentos externos aos indivíduos podem influenciar fortemente o processo depressivo, não sendo, portanto, uma questão só determinada por fatores biológicos, genéticos ou hereditários. A situação pandêmica do presente momento, certamente, ocasionará um número bem maior desses transtornos, na população geral, em qualquer faixa etária. As frustrações, as grandes perdas a que estamos submetidos, principalmente por mortes, perdas do emprego e do trabalho, da renda, o isolamento social, a avalanche de notícias sobre a doença, são cada vez fatores que nos abalam, profundamente.

              Sobre o Transtorno Afetivo Bipolar, sabe-se que atinge cerca de 60 milhões de pessoas no mundo. Consiste tipicamente em episódios alternados de mania e depressão, intermediados por períodos de humor normal (intercrítico). Os episódios de mania envolvem humor elevado ou irritado, atividade exagerada, fala apressada, inquietação, irritabilidade, autoestima inflada e uma menor necessidade de sono. As pessoas que têm episódios de mania, embora não experimentam episódios depressivos, também são classificadas como tendo transtorno bipolar.

            A esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, são transtornos psiquiátricos graves que afeta cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo. Essas psicoses, entre as quais a Esquizofrenia, atinge 1% da população geral e se caracteriza por: distorções no pensamento, na percepção, nas emoções, na linguagem, no juízo de realidade, na consciência do “eu” e alterações na adequação do comportamento, alterações estas, que os levam a agir de forma bastante desorganizada. As alucinações (ouvir, ver ou sentir coisas que não ocorrem na realidade) e delírios (falsas crenças ou suspeitas firmemente mantidas mesmo quando há provas que mostram o contrário), são sintomas muitos comuns nessas psicoses. A doença, geralmente, tem início no fim da adolescência ou no começo da vida adulta. O tratamento farmacológico e o apoio médico e psicossocial são bastante eficazes, ao ponto desses suportes, médico e psicossocial, garantem o retorno desses enfermos a uma vida produtiva e integrada socialmente.

             Em razão da pandemia e com as limitações na oferta de serviços psiquiátricos, recomenda-se, que as famílias desses pacientes, que estejam em tratamento psiquiátrico ou mesmo os que já receberam alta médica, que reforcem esses cuidados com esses enfermos e redobrem os cuidados com eles, pois a possibilidade de recaídas em momentos de pandemia, torna essa situação bem mais difícil de ser manejada. Chamo atenção, especialmente, para a manutenção e regularidade no uso dos medicamentos que os mesmos fazem uso.

             Quanto as Demências, cerca de 50 milhões de pessoas as apresentam. É um transtorno crônico, evolui, em geral, de forma lenta e progressiva, havendo deterioração da função cognitiva (capacidade de processar o pensamento e outras funções mentais) fora do envelhecimento normal. As demências prejudicam a memória, o pensamento, a orientação no tempo e espaço, compreensão, a capacidade de calcular, a capacidade de aprendizagem, de linguagem e de julgamento. O transtorno deteriora o controle emocional, o comportamento social, a motivação e outras particularidades, como o pragmatismo e a capacidade executiva. Essas doenças, são ocasionadas por micro lesões do cérebro, entre essas, destaca-se a Doença de Alzheimer.

            Segundo a OMS a “ deficiência intelectual é caracterizada pela diminuição de habilidades em várias áreas de desenvolvimento, como o funcionamento cognitivo e o comportamento adaptativo. Essa condição diminui a capacidade de adaptação às exigências diárias da vida”. A OMS, diz ainda: ”os sintomas de transtornos invasivos de desenvolvimento, como o autismo, são comportamento social, comunicação e linguagem prejudicados e uma estreita faixa de interesses e atividades, que são únicas para o indivíduo e realizadas repetidamente. Os transtornos de desenvolvimento frequentemente se originam na infância ou na primeira infância. As pessoas com esses transtornos ocasionalmente possuem algum grau de deficiência intelectual”.

            Semelhantemente, às recomendações fornecidas às famílias e aos depressivos, esquizofrênicos, portadores de transtornos ansiosos e de TAB, aqui também, no caso dos Autistas e deficiente intelectuais, os cuidados deverão ser redobrados, pois, esses pacientes em crises, terão dificuldades especiais em avaliar, rigorosamente, os riscos de adquirirem o COVID -19 e piorarem muitas suas doenças de base. Portanto, cuidem cada vez melhor de seus enfermos, para que se Deus quiser, transitemos melhor esses graves momentos.

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Consumo de álcool e pandemia II

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               O Brasil figura entre os países que mais bebem no mundo. Os índices são alarmantes e cada vez mais ocorrem problemas advindos desse consumo, no plano da saúde, do social, da segurança, da violência urbana e doméstica e da economia e estes problemas se sobressaem, entre os tantos outros que temos em nosso país, ao ponto dessa questão, ser considerada um problema de saúde pública.

           Em média, cada pessoa no mundo bebe 6,2 litros de álcool puro/ano. Apenas 38,3% da população mundial faz uso dessas bebidas. Isso é, a minoria bebe pela maioria. Os que bebem, na verdade, estão consumindo 17 litros/ano, em média. O alto consumo provoca mais de 3,3 milhões de mortes/ no mundo e por volta de 200 doenças, estão relacionadas direta ou indiretamente ao consumo excessivo de álcool.

              Há em nosso país, um milhão de pontos de venda de bebidas alcoólica, isso corresponde, a mais ou menos, um ponto de venda para cada duas mil pessoas e isso é um número bastante elevado considerando que essa aditividade comercial, colabora bastante para as pessoas beberem. Nosso padrão de consumo de álcool é excessivo regular, isto é, as pessoas em geral bebem de forma exagerada (beber em binge), até se embriagarem, padrão de consumo, nefasto à saúde física, social e mental.

            O álcool etílico, farmacologicamente, é uma substância de múltiplas ações no Sistema Nervoso Central- SNC. Ele, deprime as atividades do cérebro, muito embora, o consumo de baixas doses, é euforizante. Paradoxalmente, em doses baixas, reduz a ansiedade e promove certo relaxamento e bem-estar. Porém, em doses excessivas e regulares, faz o contrário, provoca crises de ansiedade e mal-estar difuso, sono irregular, alterações do apetite, da atenção, da memória de curto prazo e do pragmatismo.

            O álcool é também hedônico (induz ao prazer), pois age, preferentemente, em áreas cerebrais responsáveis pelo prazer humano. Essa área é designada, na nomenclatura científica, como área de recompensa cerebral – ARC ou área do prazer. Justamente, por ser uma região do cérebro altamente rica em DOPAMINA, neurotransmissor cerebral, encarregado, entre outras coisas, de proporcionar prazer. Por isso, o álcool ingerido em pequenas doses, melhora o desejo, o desempenho, o apetite sexual, a disposição, o interesse, a capacidade cognitiva e as relações sociais. Em excesso, é altamente patogênico e faz, justamente, o contrário.

                 Outro dado epidemiológico importante, é que 65% da população brasileira bebe e entre 10 a 13% dessa população são dependentes de álcool (alcoólatras). No Brasil, Quase 3% da população, acima de 15 anos de idade é considerada alcoólatra, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Representa mais de 4 milhões de pessoas, nessa faixa etária. Segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (II-Lenad), 32% da população brasileira bebe moderadamente e 16%, bebem de forma nociva.

                Como vimos acima, o uso de álcool ocasiona mais de 3 milhões de mortes por ano no mundo. No Brasil, cerca de 40 mil pessoas morrem por acidente automobilístico e 60 mil por homicídios. Esses dados mostram claramente a relevância desses problemas entre nós, nos chamando a atenção para a gravidade dessas questões.

             A OMS demonstra que o consumo de bebidas alcoólicas em pessoas acima de 15 anos, acelerou na década: em 2006 o consumo per capita/anual, era de 6,2 litros de álcool puro, em 2016 essa média passou para 8,9 litros/ano. O aumento é de 43,5%. Esses índices referendam estudos nos quais constatam que a população jovem brasileira está bebendo muito, ao ponto de, até 17 anos de idade 7% dessa população já serem dependentes de álcool. Isso é um problema muito grave do ponto de vista médico e psiquiátrico, pois todos esses jovens, com esse tipo de doença mental (alcoolismo), irão precisar de ajuda e tratamento profissionais.

             O consumo nacional de álcool está acima da média mundial, que é de 6,4 litros percapta/ano. Além do mais, o Brasil é o terceiro país na América Latina e o quinto em todo o continente com o maior consumo de álcool per capita, ficando atrás apenas de Canadá (10 litros), Estados Unidos (9,3 litros), Argentina (9,1 litros) e Chile (9 litros).

               Por último, sabe-se que o consumo excessivo do álcool está associado com mais de 60 condições clínicas (agudas e crônicas): entre estas, hipertensão arterial, diabetes e muitas outras doenças agravadas pelo consumo de álcool. Além, evidentemente de todos os outros problemas já citados anteriormente, sobretudo, sociais, como a violência doméstica e urbana, questões laborais, comportamento sexual de risco, entre outros. Sobre isso, o ponto que a OMS mais destaca é o impacto do consumo exagerado de álcool e o sistema imune. E, isso vem ocorrendo nessa época da pandemia do COVI-19. Estudos demonstram que houve um aumento de 50% no consumo de bebidas destilados e de 40% no de bebidas fermentadas.

                Evidentemente, que isso sinaliza para uma situação complicada considerando que o que mais precisamos, no presente momento, é que as pessoas estejam bem de saúde e, sobretudo com seu sistema de defesa arrojado (imunidade pessoal) para se contrapor à infecção pelo Corona vírus, tendo em vista que esse é um sistema é que irá nos defender dessa agressão viral. As angustias individuais, impostas pelas restrições sociais (isolamento social), o medo e pavor das pessoas de se contaminarem pelo vírus, as enormes frustrações por romperem suas atividades de trabalho, as perdas incomensuráveis financeiras, de emprego de renda, de outras atividades econômicas, as inúmeras mortes ocorridas de parentes, de pessoas queridas e amigos por complicações da COVID-19. Enfim, todas essas mazelas que estamos passando, são razões suficientes para explicar parte dos motivos das pessoas estarem atualmente bebendo mais.

            Observa-se, que a absoluta maioria dessas pessoas que estão bebendo excessivamente, já eram consumidores habituais e a pretexto desses fatores acima, enumerados, aumentaram, sobremaneira, esse consumo. Portanto, não é algo novo ocasionado pela pandemia. Pessoalmente, acredito que os novatos que estão iniciando a beberem agora, são bem menores.

            Outro fato, é que temos um número expressivo de jovens, adultos e da terceira idade, dependentes de álcool (alcoólatras), que se encontram em plena vigência de suas doenças e a maioria deles, sem qualquer tratamento psiquiátrico ou acompanhamento psicossocial, fato esse, os tornam mais vulneráveis às recaídas, portanto, mais propensos a beberem mais.

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Internar, um imperativo a favor do paciente.

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Esse é o segundo artigo que trata do assunto, internação em Psiquiatria, embora permaneça sendo amplamente discutido, ainda há uma celeuma, em torno desse assunto. Reconhece-se, que de fato é um tema deveras importante e que devemos realmente discuti-lo, abundantemente, para melhor entender como funciona esse processo.

 Internar alguém por um transtorno médico é um dever profissional e uma prerrogativa ética, moral e legal dos enfermos, em condições especiais no curso de uma doença as quais possam justificar tal indicação. Do ponto de vista médico, nenhum profissional, independente da espacialidade, sugeriria que se hospitalizasse alguém, sem uma base clínica e ética que a justifique. As condições agudas, com risco de morte e comportamentos autodestrutivos ou antissociais (psicóticas) figuram entre as manifestações médicas e psiquiátricas que mais justificam uma internação.

Nessa perspectiva, o uso de álcool e outras drogas representam questões médicas e psicossocial grave, que certamente representa um dos maiores problemas de saúde pública, segurança e bem-estar social, dos últimos anos. Os índices de morbimortalidade devido ao uso de drogas, na prática, superam em muito as estatísticas epidemiológicas de suicídios, homicídios, mortes ocasionadas no transito, canceres, guerras e por muitas outras doenças, que ocupam lugares de destaque nas estatísticas nacionais ou internacionais. Além do mais, a situação se complica, por se saber que o problema não se restringe somente aos usuários, mas às suas famílias, ao trabalho, as escolas e a todos que, de uma forma ou de outa, se relacionam e essas pessoas.

Múltiplos fatores, atualmente, colaboram para o expressivo aumento da demanda por álcool e outras drogas. Questões sociais, psicológicas, questões médicas e psiquiátricas, questões familiares, econômicas, desemprego, conflitos sociais, figuram entre as principais. Destacamos, também o incremento do tráfico ilícito de drogas de dimensão internacional e a inexistência de políticas públicas consistentes, eficiente e arrojadas na área da prevenção e do enfrentamento dessas questões.

A sociedade parece parcialmente imobilizada sem saber nem por onde começar para participar adequadamente desta questão, pois como as medidas públicas são insuficientes e fragmentadas isto favorece a desmobilização social para o enfrentamento da situação, adotando conduta meramente contemplativa.  Apesar do tamanho do problema e da imobilização social há atualmente setores da sociedade que se encontram bem engajados nesta luta. Entidades públicas, filantrópicas, privadas, religiosas, comunitárias, empresariais que, congregando pessoas preparadas, fornecem aconselhamento, permitem a troca de experiências e proporcionam tratamento e assistência aos dependentes químicos.

Talvez seja a família, um dos segmentos sociais mais afetadas, pois as mães e pais desesperados batem às portas das instituições públicas, relatando que já perderam tudo: a paz, o sono, a saúde, o patrimônio. Agora, estão prestes a perder a esperança e a vida, devido o comportamento suicida, agressivo, psicótico de um filho (a) ou familiar que adentrou ao uso de drogas e não tem condições para sair sem o devido apoio profissional.

As opiniões sobre a melhor forma de tratar dependente de drogas álcool, são divergentes, embora todas elas possam dá suas contribuições. A dependência química é um transtorno grave que exige tratamento imediato, mesmo à revelia dos enfermos. O sucesso desta iniciativa, como qualquer intervenção médica responsável, depende do acerto entre a medida indicada e as necessidades do paciente. Qualquer atividade de atenção e assistência a esses enfermos devem estar em consonância com os princípios médicos é ticos e legais, é o que estabelece a Lei 11.343/06.

São raros os casos de dependentes de drogas e de álcool, que se recuperam sem o auxílio da família, dos profissionais ou de terceiros, nesse sentido de apoiar esses enfermos. Uma pesquisa americana revelou que 50% dos dependentes químicos apresentam algum tipo de transtorno mental, sendo o mais comum deles a depressão, transtorno de personalidade e outros transtornos mentais. Muitos são inaptos para avaliara a própria doença e a nocividade do seu comportamento, por isto mesmo, não aceitam qualquer tipo de ajuda.  

A Lei Federal, acima citada, busca apoia-lo, protege-lo e dar-lhe seu direitos e garantias e total apoio a suas demandas, médico, sociais e de direito a ele e a suas famílias, procurando garantir-lhe o melhor de uma assistência, ambulatorial ou hospitalar.   

Estudos recentes mostram que o fato de alguém se internar em um hospital para se tratar involuntariamente, voluntariamente ou de forma compulsória não macula o resultado destes tratamentos através dessas modalidades de internação, pois os pacientes podem se beneficiar do que lhe é oferecido através das mesmas. O que não se concebe mais nos dias atuais é esperar que um doente mental grave como são os dependentes de álcool e outras drogas decidam, tão somente, se querem ou não se tratar já que lhes faltam estas prerrogativas em razão de suas doenças.

A dependência química é uma condição médica e psicossocial grave que impõe a esses enfermos, a seus familiares e a sociedade em geral, alterações profundas em seu comportamento pessoal e social. A consciência, a cognição, os afetos, as emoções e o desses enfermos estão comprometidas profundamente, altercando-lhes, por conseguinte sua autocrítica, sua auto avaliação e as capacidade de só se recuperar, havendo, por conseguinte uma necessidade imperiosa de se tratar e muitas das vezes, pelas razões acima, em um ambiente hospitalar.

Em havendo indicação médica especifica, suporte, apoio e autorização familiar para proceder uma internação involuntária que será para proteger esses enfermos de cometerem atos contra si e contra os outros, ameaçando-lhes a própria vida. De tal forma, que não é maldade, violência, ou restrição de direitos humanos nessas internações, involuntárias ou compulsórias (judiciais), pelo contrário, todas estão a serviço da família e dos enfermos.

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   Transtorno Sistêmico Eleitoral – TSE

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Pode-se afirmar que as eleições, que ocorrem periodicamente para escolha dos representantes dos poderes legislativo e executivo, correspondem a um dos mais importantes contributos à democracia. Nessas ocasiões, escolhemos, entre os candidatos aos respectivos cargos, os que mais nos convêm.

Quando as eleições se aproximam, o voto surge nesse cenário com carga total, passando a ser tratado como uma pepita de ouro, o mais importante objeto de desejo, tanto para os candidatos quanto para os partidos políticos. Nas campanhas, os candidatos aproximam-se dos eleitores de forma cautelosa, sorridente, afável e sorrateira, dando-nos a impressão de “um tigre que se aproxima de sua presa”.

Os candidatos, em períodos pré-eleitorais, partem com toda garra para cima dos eleitores, fazem de tudo para conquistá-lo. Tratam-no com pão-de-ló, os cumprimentam com deferência, os abraçam, prometem mundos e fundos, atendem aos pedidos, os bajulam, os ouvem como se fossem grandes amigos, dão tapinhas nas costas e prosseguem, ávidos, pronto para devorá-los.

No curso das eleições, a guerra prossegue. Partidos e candidatos se articulam em alianças políticas, por trás da famigerada coligação partidária. Chefes, líderes políticos e os cabos eleitorais se articulam para disputarem, milimetricamente, os votos. Partidos e candidatos, em geral, fazem uma espécie de zoneamento territorial, ou curral eleitoral, por região e por município, visando a obtenção de um maior número de apoiadores.

No corpo a corpo, a disputa é acirrada e todos se tornam atentos aos seus concorrentes e se preocupam, predominantemente, com o financiamento da campanha, que foi objeto recente de muitas mudanças pelo Supremo Tribunal Federal – STF, impedindo que empresas privadas financiem campanhas de candidatos a qualquer cargo público. Hoje, o que vigora é o financiamento público de campanhas e/ou doações de pessoa física. Isso pode de certa forma impedir a sangria ética criminosa que predominou há anos em nosso país, onde os políticos e partidos funcionavam mais para grandes empresas do que para a população.

Durante muitos anos isso foi acintoso e gerou muitos problemas éticos na política.  Por isso, caminhe-se no rumo de uma proposta de financiamento de campanha mais decente e menos mercantil. Nessas novas propostas, o dinheiro terá sua origem claramente identificada e as empresas estão proibidas de apoiar. A ética de tudo isso é destronar o dinheiro como o vetor mais importante de uma campanha eleitoral, deixando a ética e moralidade pública serem mais relevantes.

Sobre o plano das ideias e das propostas políticas, em geral, quase não se ouve falar. Propostas inteligentes, sensatas de como resolver os graves problemas por que passa a nação brasileira é o que menos se vê. Programa de governo consistente, eficiente e duradouro e como ou para quem se vai legislar, são raros. Os candidatos entram mudos e saem mudos e surdos em suas campanhas.

Ao se elegerem, em geral, encastelam-se em seus mandatos, sentem-se vitoriosos, somem dos eleitores, distanciam-se dos compromissos de campanha e de suas bases eleitorais e só reaparecem anos depois, com os mesmos trejeitos comportamentais e voltam à cena com todo fulgor e encantamento, convencidos de que cumpriram muito bem seus mandatos e fizeram o melhor para seus eleitores.

Em nosso país, essa relação TSE/candidato/eleitor é profundamente ambígua e contraditória a ponto de predominar um clima de desacreditação, desrespeito e desconfiança geral nos partidos e nos candidatos. É uma relação ambivalente de infidelidade, traição, amor e ódio, que vigora entre o Tribunal os candidatos e eleitor, camuflada por uma paz harmonia fictícia.

Há um tácito faz de contas, onde um tira proveito do outro. Há captação ilícita de sufrágio, corrupção, promessas vãs, mentiras, tapinhas nas costas, através de um “conluio maledicente e cínico”, pois de fato o que há é uma a relação dissimulada e traiçoeira, camuflando o ódio, o oportunismo e a pouca-vergonha.

Essas contradições são efêmeras e sazonais, pois em geral só ocorrem nas eleições. Semanas ou meses depois, a maioria dos eleitores não sabem nem o nome do candidato em quem votaram. Há uma espécie “apagamento mnêmico” revelado pelo silêncio que irá imperar entre eles doravante. Eleito e eleitor, a partir daí, não se comunicam. Nem um telefonema ou e-mail, ou um cartão de visitas ou mesmo um aperto de mão com seu candidato, fugindo um do outro como como o “diabo foge da cruz”, isto é, divorciam-se e voltam a se encontrar sob o mesmo “modus operandi” anos depois.

Essas ambiguidades prosseguem por anos a fio. Tem candidato que nunca foi a um determinado município e sai de lá transbordando de votos, outros nunca pisaram em um povoado e se elegem para cargos no executivo ou no legislativo. O eleitor, de um lado, permanece dando seu voto para o mesmo candidato que o esqueceu.  O candidato, sabido e esperto, permanece calado, em silêncio, fazendo de contas que está trabalhando para seu eleitor.

É uma relação bizarra complicada e disfuncional. É tão complicado que a maioria das pessoas atualmente só votam por obrigação ou para não pagarem multas, tal é o descrédito e desconfiança que impera nessa prática. Se a Organização Mundial da Saúde – OMS se dispusesse a dar uma nomenclatura para essa conturbação ou disfuncionalidade eleitoral e política, diria que há um distúrbio psicopatológico eleitoral ou, simplesmente, Transtornos Sistêmico EleitoralTSE.

          “Transtorno” porque esses comportamentos provocam graves problemas e alterações e contratempos às cidades, ao estado e ao país, com repercussões profundas na vida dos indivíduos e da sociedade. Apresentam profundos prejuízos nas instituições públicas. Eleições malsucedidas ou as que elegem candidatos inóspitos, incompetentes, inconfiáveis e oportunistas geram, realmente, graves problema.

           É “sistêmica” porque atinge todo sistema de vida, tanto das pessoas individualmente quanto na sociedade. As repercussões são gigantescas, vide a Operação Lava-Jato, desmontando quadrilhas, criminosos revestidos de funções políticas. A maior prática da corrupção sem precedentes na história de nosso país, praticada por políticos eleitos legitimamente e exercendo as mais importantes funções de notoriedade pública, quase destruíram nosso país.

É “eleitoral” porque o fenômeno ocorre no domínio das eleições. A epidemia é via eleitoral. Quando há candidatos corruptos, desonestos, falsos, mentirosos e conchavados, o resultado é pior do que uma sepse (infecção generalizada), pois pode destruir a ética e as instituições de um povo, de um governo e de uma sociedade. Não é à toa que tanto o Tribunal Superior Eleitoral, quanto as redes de comunicação, fazem campanhas para ensinar a população a votar melhor, a escolher conscientemente seus candidatos e para tentar cessar a sangria ética que há na política brasileira.

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A crise na política e dentro de nós

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Atualmente o que mais se ouve falar é de crise. Crise de todos os tipos e de diferentes gravidades. Como um evento humano, é através dela que se promovem as mudanças fundamentais nos processos vitais. As crises, independentemente de sua natureza, têm de ser identificadas, enfrentadas e modificadas. Esses são os três grandes desafios sobre os quais as crises se sustentam. São etapas necessárias à sua expressão e ao seu manejo.

Crise, etimologicamente, é alteração, desequilíbrio dúvida, incerteza, tensão conflito. É um momento transitório de desequilíbrio ou de instabilidade, em que se evidencia e se sinaliza a necessidade de mudança, mais ou menos radical, em um dado processo ou momento. As crises se instalam em condições inevitáveis pois é um fenômeno, naturalmente presente em situações, épocas e fases da vida e ocorrem em processos físicos, geográficos, políticos, sociais e humanos, pois como seres viventes e em movimento permanente, entram em equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio constantemente.

A crise, seja qual for, nunca se define ou se encerra em si mesma. É Sempre contextualizada em sua expressão e em sua magnitude. Se sucede, se interrompe e se sucede, eis a crise. Um constante interceder e intercalar de eventos, todos em direção ás mudanças e a evolução. Em condições naturais, as crises sempre evoluem em uma direção.

É utópico imaginarmos um mundo sem crises, em qualquer etapa ou momento em que ele se encontra. São eventos indispensáveis e sem as quais a própria vida perde o sentido e se desnaturaliza. Os eventos ocorrem e as crises se sucedem e em cada uma delas dentro e fora de nós, e assim prosseguimos.

No imaginário social, cultural e psicológico, sempre se associam as crises com algo ruim, fatal, e inexoravelmente trágico. Nessa expectativa, passa a ser uma condição que nos inspira medos, inseguranças e perplexidade. A rigor nos conduz a expectativa, contemplação e imobilismo, sobrevindo interrogações: e agora, para onde vamos, o que vai acontecer, o que podemos fazer? Nossa geração vem enfrentando crises sucessivas predominantemente políticas, econômicas, éticas e todas graves e desfavoráveis. Em todas nos sentimos frágeis.

Nossa história é repleta disso. Na história do homem, no globo, o que não faltam são momentos ou estados de crise que ocorrem desde os primórdios da humanidade. E, se voltarmos a visão para nós mesmos veremos que tais fenômenos, na dimensão ontológica, fazem-nos perceber que nossa vida é uma sucessão infinita de crises, sem as quais não avançaríamos.

Mas, se é assim, porque tanta reclamação? Tanto descontentamento? Tanta frustração, tanto medo e tanta expectativa negativa pairando na cabeça das pessoas? Guardando as devidas proporções, cada um de nós vive esse momento, de forma muito particular, assim como particulares são as respostas que cada um atribuirá a seu momento, seu tempo e a sua história.

Abstraindo-nos um pouco da visão filosófica e antropológico-existencial que dei ao conceito de crise no primeiro momento desse artigo, essas que vivemos atualmente, com fortes bases éticas, são impostas. Não são naturais, foram condições que se nos impuseram irresponsavelmente e de forma impiedosa. São situações impostas, de forma artificial e incongruente, portanto, evitáveis. Gera ameaças social, psicológica e cultural, manipuladas. Essas crises que se nos impuseram não estão a favor da vida, da mudança ou a serviço da plenitude dos seres humanos. Estão a serviço da arrogância, do despudor, e da violência do grupo político que cuida desse país.

São condições determinadas, por pessoas indiferentes, insensíveis e vaidosas, que fazem parte de quadrilhas poderosíssimas e que defendem grandes interesses econômicos, financeiros e de mercado. São crises importas por ditadores, sabidos, larápios, criminosos e aproveitadores da boa-fé de todos e preferentemente dos mais humildes. Crises fabricadas por grupos políticos indiferentes ao sofrimento e ao bem-estar social.

Dessa forma, o que está em jogo não é uma crise em seu sentido antropológico e filosófico, como procurei demonstrar acima. O que está em jogo é o sentimento de mal-estar geral e de indignação profunda, que a cada dia nos abate ao percebermos que os fatos se agravam. O que está em jogo é o sentimento de frustração e decepção oriunda da inépcia de gestores públicos, no trato da coisa pública. O que está em jogo é a revolta de assistirmos impávidos as negociatas, as impunidades, as injustiças, os crimes, a violência, a improbidade, etc.

O que está em jogo é a frustração de termos sido enganados em nossa credulidade e inocência ao se constatar a decadência moral revelada pela face triste de uma criancinha, com fome que não tem onde morar. Ou de uma mãe ou um pai desempregado que não sabe o que fazer. Ou ainda, o desespero da professorinha, que já não sabe se ensina ou se educa, ou qual é mesmo seu papel pelas incongruências, onde família, escola, sociedade e o estado, não se entendem.

Eis a crise insana, impostas por políticos insanos e desumanos, que se nos impõe uma ordem social, desumana e decadente, gerando perversidades e injustiças. Políticos inescrupulosos que ocupam cargos importantes na vida pública para se locupletarem negligenciando suas obrigações e deveres.

Devemos agora, já que a cada dia são reveladas as ambiguidades pessoais e os esquemas criminosos envolvidos nessa corrupção desvairada, lutar, ir as ruas, denunciar, fortalecendo um amplo movimento nacional de indignação e a favor da justiça e da paz entre as pessoas sérias desse pais. A luta não é simples nem fácil, mas, em uma altura dessas, não devemos nos abater nem nos conformar ou ficar só reclamando de crise. Os responsáveis por todas essas situações que nos impuseram pagarão caro, como já estão pagando de tal forma que não podemos perder as esperanças de fazer com que esses arrogantes, petulantes, cínicos e falastrões, paguem por seus crimes. Falar que estamos em crise não adianta nada, o que nos adianta agora é empunharmos nosso coração e banir esse grupo de impostores de seus postos para deixar nosso país livre para crescermos com ele.

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Pesquisa investiga saúde mental de mães de bebês com microcefalia

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             Cuidar de quem cuida. Esta é a linha de um estudo inédito realizado por pesquisadores do Hospital Oswaldo Cruz (Huoc), que fica no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, sobre a saúde mental de mães de bebês com microcefalia. O projeto, realizado por médicos de várias áreas do hospital, foi submetido ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco para aprovação na segunda-feira (29).

            Cuidar de quem cuida. Esta é a linha de um estudo inédito realizado por pesquisadores do Hospital Oswaldo Cruz (Huoc), que fica no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, sobre a saúde mental de mães de bebês com microcefalia. O projeto, realizado por médicos de várias áreas do hospital, foi submetido ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco para aprovação na segunda-feira (29).

            A pesquisa é coordenada pela psiquiatra do Huoc e pesquisadora Kátia Petribú, que desenvolveu a temática a partir da própria experiência nos corredores da unidade de saúde. “Eu trabalho há 21 anos no hospital e passo quase que diariamente pela pediatria. Eu nunca tinha visto tanta desolação como no caso das mães de bebês com microcefalia. Elas tinham um olhar de choque, perplexidade. Foi a partir deste comportamento que resolvi dar início ao estudo”, afirma a psiquiatra.

             A metodologia de pesquisa já havia começado de maneira mais informal com conversas na sala de espera; cerca de 40 mães participaram desta primeira parte. O estudo vai ser dividido entre mães de bebês com microcefalia e mães de bebês sem a malformação, que nasceram no mesmo período, para fazer um quadro comparativo. A primeira parte da pesquisa vai estudar bebês com até 20 semanas e, nas seguintes, crianças de 1 ano a 1 ano e meio.

             Em boletim divulgado pela Secretaria de Saúde nesta terça (1º), foram contabilizados 1.672 casos notificados de bebês com microcefalia em Pernambuco. Destes, 215 foram confirmados como tendo realmente a malformação através de exames de imagem.

“A gente precisa fazer algo por elas. Na maioria das vezes, só sabemos de caso de depressão pós-parto. Esses bebês, por exemplo, não se desenvolvem da mesma forma porque a mãe não dá o mesmo afeto, a mesma estimulação. Em casos de bebês com algum problema de saúde o risco do adoecimento mental dessas mães cresce inúmeras proporções. Se a mãe não estiver bem, logo, o bebê também não ficará”, pondera.

Nessa semana, de acordo com a médica, mães de bebês com microcefalia receberão atendimento psiquiátrico gratuito no ambulatório do hospital. Haverá também um grupo de psicoterapia duas vezes por semana na unidade de saúde. O Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer (GAC) também deve treinar voluntárias para darem assistências a essas mães com orientações dentro do hospital.

Fonte: ABP

http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2/

 

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A felicidade e a crise

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Nós humanos, a cada dia, nos damos conta do quão distante estamos daquilo que mais desejamos que é viver bem e ser feliz, ao longo do tempo sempre foram essas e sempre serão, as maiores das nossas aspirações. Ser feliz, invariavelmente não custa muito porque sua revelação se dá de forma invisível e muito dos que não a conseguem é porque ainda não a conquistaram. Não é preciso se ir muito longe, para se saber que a felicidade, contrariamente ao que muitos pensam, não se consegue, se conquista, não se herda se constrói. É finita em sua expressão e todos, mesmo assim, querem vivê-la. A felicidade é um “bem maior” e seu valor está na transcendência, pois nos conduz a imortalidade temporariamente.
É uma das poucas coisas na vida que nos dá paz, serenidade e nos conduz a um estado de bem estar geral, conosco e com os outros. Faz-nos exortar bondade, ternura, humanismo, amor pelos outros, e nos leva a bem-aventurança. Uma condição especial, que só em estados como esses se consegui experimentar. A felicidade nos enaltece, nos recompensa nos motiva, nos protege é nos conduz a fé e a Deus.
A grande contradição, que vive o homem contemporâneo é que a felicidade está cada dia mais difícil de experimenta-la. Em nosso momento presente, o que mais se exorta, até de forma exagerada, é a busca incessante do prazer e dos bens materiais. Como resultado desta procura “o ter, passou a ser a regra e o ser, uma condição secundária”. Criou-se uma cultura material, onde tudo se pesa e se mede. Uma cultura ponderável, mercantil e utilitária. Onde todos só têm valor, se tiver. Essa cultura formatou o ser humano que se se troca se vende e não mais se governa. É vaidoso, ostentador e pragmático, e descuida de valores como a bondade, a ternura, a verdade, a franqueza, a ética, o respeito, a esperança, a crença, fé e a justiça. Condições que nos conduzem á felicidade. E, não há homem, nem sociedade e nem cultura que se mantenham ou sobrevivam sem estes valores.
Por extensão, a destruição destes valores, destruiu também, o reconhecimento de que sem eles, não viveremos. Como consequência direta desse processo aparece um homem anônimo, sem alma, incrédulo e sem fé. Um homem que se distancia de si mesmo, incapaz de si olhar. Resta-nos saber através desse novo ser enigmático e com novas perspectivas para onde quer ir. Eis a cries, vital, mas ameaçadora, nos amedronta e nos deixa atônitos. Esse momento de desconstrução de valores, notório e ostensivo, nos dificulta distinguir sobre o que é certo ou errado, justo ou injusto, bem ou mau, antigo ou moderno. O fato é: pra onde estamos indo?
As crises nos faz avançar na vida, apesar do preço, ás vezes caro. Seja qual for: psicológica, social, cultural, financeira, ética, moral ou todas juntas. Não vivemos sem crise, seja aonde ela se dê. Da mesma forma que como a felicidade, que nos incentiva a viver, as crises, nos reformulam.
Que surja o novo, inclusive o novo homem, mas que isso, não leve a destruição de valores estabelecidos e transcendentes, como a ética, a moralidade, o pudor, a sensatez, a honra, a fé, a solidariedade e a fraternidade, inevitáveis á felicidade. A imoralidade pública, materializada pela corrupção, mentiras e falcatruas, práticas nocivas aos que nos prejudicam a todos e atrapalham nossos destinos, a corrida desvairada pela posse, pelo poder e pelo dinheiro, pela ganância da forma universal como ocorre, virou um fundamento humano, que se contrapõe á natureza da crise, pois essa muda e constrói e nos faz avançar e o novo que esta aí, desconstrói.
Que as mudanças que se insinuam preservem valores como a fraternidade, o humanismo, o altruísmo, a caridade, o amor, a vergonha, a decência e a modéstia, fragmentada no cotidiano, mas que mesmo assim, se distancie do orgulho, da vaidade, a da arrogância e o do poder, que nos cega.
Que as mudanças façam surgir homens menos contraditórios, menos confuso menos inescrupuloso, menos utilitarista, menos descrente e menos arrogante. Que este novo homem emergente reconstrua um mundo com regras mais claras de convivências e com mais princípios. Um mundo mais simples de viver, onde se possa olhar mais sobre si mesmo. Que tenha menos medo da incerteza seja mais seguro de si mesmo, que acredite mais no tempo e na sua história. Um homem moderno que não despreze sua memória do então e que esteja mais próximo do futuro que há dentro de cada um.

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