A prevenção é a melhor arma contra o suicídio

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Pesquisa do núcleo de epidemiologia psiquiátrica da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que 9,5% da população urbana brasileira já tiveram pensamentos suicidas e 3,1% tentaram tirar a própria vida. O resultado deste trabalho foi apresentado às vésperas do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, comemorado dia 10 de setembro em todo mundo. A intenção, ao se comemorar este dia, é justamente chamar a atenção do mundo para um dos temas mais importantes em psiquiatria, saúde mental e em saúde pública e que precisa ser melhor tratado para evitar que milhares de pessoas no mundo percam suas vidas.

O impacto afetivo, econômico e social do suicídio, como um fenômeno humano é gigantesco e sempre despertou muito interesse na esfera científica, para se conhecer suas bases fisiopatológicas e psicopatológicas, pois apesar de já se ter grandes conhecimentos sobre o assunto, ainda precisamos avançar muito para se ter uma compreensão fenomenológica e clínica, mais consistente.

Na data de sua comemoração foram desenvolvidas inúmeras atividade pelo Brasil afora com o mesmo objetivo, chamar a atenção da população brasileira para um dos mais importantes problema da saúde pública do mudo e deste país. O Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul são os dois estados que permanecem com os maiores índices de suicídio entre os demais estados brasileiros.

Ainda sobre o Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia, e a quantidade de tentativas é de dez a 20 vezes mais alta que a de mortes. Entre os jovens, a taxa multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4%. De tal forma que nos últimos 45 anos o número de suicídios cresceu 60%, de acordo com a OMS.

A OMS estima que, de 2002 a 2020, o aumento será de 74%, chegando a um suicídio a cada 20 segundos, hoje, a taxa é de um a cada 40 segundos. E, o que se sabe o que há de mais concreto é a associação de suicídio com transtornos mentais, principalmente a depressão. O Brasil é o país com a menor taxa de suicido no mundo, variando entre 3,9 a 4,5/100 mil habitantes. Mas, como somos um país de dimensões continentais e um dos mais populosos, estamos entre os 10 países com maior número absoluto de suicídio. O que mais nos comove é que esta taxa cresce entre os adolescentes, uma das mais importantes fases do nosso desenvolvimento pessoal e social.

Entre nós existe o Centro de Valorização da Vida – CVV, uma das mais respeitadas e importantes instituições que tata deste tema e nos informa que de 2005 a 2009, foram atendidas mais de um milhão de pessoas que apresentavam ideias sobre o assunto. O Ministério da Saúde (MS) trata o suicídio como um problema de saúde pública e recentemente reconheceu o CVV como a única entidade do terceiro setor, no Brasil, que faz o trabalho de prevenção de suicídio e valorização da vida. Isso demonstra a validade do trabalho da entidade, durante os mais de 48 anos de atuação, e aumenta a sua credibilidade junto ao público.

Este Centro de Valorização da Vida completou 50 anos, no ano passado, conta com aproximadamente 2.000 voluntários em 39 postos distribuídos pelo Brasil, e oferece apoio emocional 24h por dia através do telefone número 141. O apoio pode ser feito pessoalmente, por telefone, carta, e-mail e via internet, no portal www.cvv.org.br.

Um assunto que cada vez mais desperta interesse entre os investigadores é a relação entre suicídio e outras doenças mentais, isto é, o suicídio não tem vida própria, ocorre sempre secundariamente à existência de outra condição psicopatológica, entre estas a depressão responde por mais de 60% destas ocorrências.

O uso de álcool e de outras drogas especialmente os dependentes destas substâncias são também pessoas muito vulneráveis a cometerem suicídio. O próprio uso desregrado e disfuncional dessas drogas já pode ser considerado formas veladas de se auto – destruir.

Como sintoma, o suicídio pode ser prevenido como qualquer outro sintoma. Particularmente na depressão na maioria das vezes isto ocorre quando as pessoas estão se recuperando de episódio depressivo e nunca ou quase nunca no franco processo depressivo. De qualquer forma é um assunto que deve ser tratado na vigência de um tratamento por depressão.

 

 

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Personalidade Boderline

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Personalidade Boderline

Frequentemente ouve-se falar nos ciclos sociais ou na grande mídia um termo que é polémico em psiquiatria que é “Personalidade Borderline” referindo-se a um grupo de pessoas que apresentam diferentes alterações emocionais, sociais e comportamentais específicas em seu comportamento. Pela etimologia trata-se de um transtorno que se encontra situado na fronteira diagnóstica da neurose e da psicose.

Este transtorno ocorre no desenvolvimento da personalidade de alguns indivíduos, portanto são doenças que ocorrem na formação e estruturação da personalidade. São transtornos diagnosticados e tratados pela psiquiatria contemporânea e por técnicas terapêuticas como as psicoterapias e a terapia ocupacional.

As características essenciais do Transtorno da Personalidade Borderline (TPB) são padrões comportamentais que sempre se iniciam na adolescência e invadem a vida adulta, muito embora alguns enfermos que já apresentam alguns sintomas do mesmo na infância.

O sintoma principal é a instabilidade afetiva verificados em seus relacionamentos interpessoais. Apresentam auto imagem muito ruim, isto é, são pessoas que não se gostam ou não se aceitam, são impulsivos e sempre querem que as coisas saiam sempre do seu jeito; são impulsivos, agressivos com flutuações momentâneas desses sentimentos. Não são chegados a planejar nada que fazem para conseguir as coisas e, quando não conseguem, apresentam “acessos de raiva intensa”, podendo apresentar reações violentas intempestivas e descontroladas, especialmente quando seus atos impulsivos são criticados ou impedidos em sua realização.

O TPB se manifesta predominante depois dos 18 anos, frente às mais diversas circunstâncias pessoais ou ambientais. São pessoas que fazem esforço muito grande para evitar um abandono real ou imaginado e quando ocorre uma separação, demonstram intensa raiva perante este fato. Não suportam e tem absoluta incapacidade de ficarem sós por isto mesmo aspiram sempre estar em companhias. Idealizam de forma exagerada as pessoas com as quais se relacionam, dotando-as de qualidades positivas, e exigem delas uma presença constante, sufocante, e um compartilhar de detalhes extremamente íntimos, já na fase inicial de um relacionamento.

Estas reações se modificam repentinamente quando suspeitam que a pessoa idealizada não está correspondendo com suas expectativas podendo inclusive mudar seus sentimentos de feição e carinho para os de raiva e desprezo.

São hábeis em manejar com os outros para adquirirem o que desejam e estimulam os outros a lhes propiciar aquilo que querem. Pode-se dizer que nas pessoas acometidas de TPB os sentimentos de carinho pelo outro estão relacionado com interesses para atender de forma incondicional às suas necessidades. Daí serem frequentes as mudanças súbitas e dramáticas de suas opiniões sobre os outros, que podem ser vistos alternadamente como bons e carinhosos ou como cruéis, maus e insensíveis.

Outra característica marcante são as flutuações de humor e do estado emocional que podem passar de um confortável sentimento de prazer à agressividade, e à explosividade. Podem passar rapidamente do papel de pessoa amável e carente de auxílio para o de vingador implacável e cruel, quando frustrados ou não amados da forma que idealizaram. São indivíduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fúria, em completa inadequação ao estímulo desencadeante. Essas crises de fúria e agressividade acontecem de forma inesperada, intempestivamente e, habitualmente, têm por alvo pessoas do convívio mais íntimo, como os pais, irmãos, familiares, amigos, namorados ou cônjuges, entre outros.

Por último apresentam também depressões entremeadas por sentimentos de prazer dependendo o dos objetivos alcançados. Podem em razão das disfunções cognitivas grosseiras apresentar graus variados de desconfiança podendo chegar a quadros graves de delírios de perseguição. Podem também apresentar quadros de mutilação corporal tentativas de suicídios ou mesmo chegar a executá-los.

Quanto ao tratamento desses pacientes deve-se sempre considerar os problemas interrelacionais, reacionais, afetivos e adaptativos que apresentam. São utilizados estabilizadores do humor, antidepressivos e, em alguns casos, neurolépticos. Há indicação de psicoterapia, principalmente psicoterapia cognitiva comportamental.

 

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Depressão: é melhor prevenir do que remediar

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Esse é um provérbio antigo e que tem um significado especial, apesar de muito pouco ser feito no sentido de sua ampla aplicação. Prevenir significa antecipar-se, chegar antes, impedir que algo aconteça evitar que um fato conhecido reapareça e cause danos ou problemas já conhecidos. A prevenção é uma das mais importantes ferramentas na área da saúde, embora não seja de fato aplicada em sua plenitude.

Do ponto de vista da saúde pública existem três modalidades de prevenção: primária, secundária e terciária. A prevenção primária evita que um fato por demais conhecido ocorra a um indivíduo ou a uma sociedade. Como exemplo, temos o processo de vacinação da população, através da qual evita-se que inúmeras doenças apareçam na população em  geral.

Na prevenção secundária, o problema já aconteceu, todavia, procura-se impedir que o mesmo evolua e gere mais danos ao indivíduo ou à sociedade. Na prevenção terciária, procura-se reparar os danos ocasionados pelos problemas, isto é, procura-se reabilitar os indivíduos em suas diferentes funções físicas ou psicossociais.

Nesse sentido, a depressão é uma das doenças mais prejudicadas por não se prevenir sua recorrência. Sabe-se que é um transtorno que reaparece ao longo da vida, que até 2030 será a doença mais prevalente entre os seres humanos, que é a segunda principal causa de incapacidade funcional até 2020, e, mesmo assim, ainda não se dispõe de políticas em saúde que impeçam seu reaparecimento.

A depressão atinge mais de 120 milhões de pessoas no mundo e responde por mais da metade dos suicídios, acarretando muitos sofrimentos à humanidade. Uma em cada 4 mulheres e um em cada 10 homens terão depressão ao longo da vida e um terço dos que já tiveram, recairão. Quem já teve uma crise de depressão na vida terá 50% de chance de ter outra; quem já teve duas crises, terá mais de 65% de chance de ter a terceira e, quem já teve mais de três crises de depressão na vida, terá 100% de chance de ter outras. Sendo assim, atualmente, recomenda-se que a partir da segunda crise depressiva, o médico institua inexoravelmente medidas preventivas para evitar que esta doença reapareça.

Devemos, portanto, adotar três grandes medidas diante da depressão: tratar a crise atual; prevenir a ocorrência de outras e reparar os danos que as crises anteriores determinaram na vida desta pessoa (reinserção). Se forem adotadas todas essas medidas já consagradas pela experiência e pelo conhecimento científico, estes enfermos não mais adoecerão. Essas medidas deverão ser tomadas em bloco para serem efetivas. Um relatório recente a OMS mostra que 45% das recaídas de depressão são atribuídas a pacientes que deixaram de tomar seus medicamentos ou interrompem o uso de forma inadequada, tornando-os vulneráveis a mais crises da doença. Neste contexto, conclui-se que o uso correto destes medicamentos evitará que haja recaídas.

Além da utilização criteriosa dos medicamentos, dispomos de dois outros meios físicos para se prevenir recaídas largamente utilizadas na Europa no Canadá e Estados Unidos: a Estimulação Magnética Transcraniana – EMT e a Eletroconvulsoterapia – ECT, ambos os tratamentos efetivos na prevenção de recaídas de depressão.

Sem prevenção, fatalmente ocorrerá sucessivas recaídas, os pacientes se tornarão refratários aos efeitos dos medicamentos, sua recuperação será mais difícil, as crises se tornam mais longas, profundas e mais severas e tenderão a se cronificar. Ao contrário, se forem prevenidas tais crises tudo pode se evitado, pois se manterão assintomáticos por muitos anos.

Devemos investir maciçamente na prevenção de recaídas entre os depressivos, pois é umas das poucas doenças em que a recuperação é plena, isto é, as pessoas se recuperam completamente, o que não ocorre quando o paciente recai várias vezes. Além do mais, já se dispõe de um vasto conhecimento de suas causas, de seu tratamento e do seu prognóstico.

Os avanços com novos fármacos para depressão e o surgimento de modernas técnicas de psicoterapia e reabilitação psicossocial através da terapia ocupacional deram um grande passo no tratamento, na recuperação e na prevenção de recaídas da doença. Portanto, vamos evitar que os pacientes voltem a adoecer, agora é a vez da prevenção.

 

 

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Depressão: é melhor prevenir do que remediar

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Esse é um provérbio antigo e que tem um significado especial, apesar de muito pouco ser feito no sentido de sua ampla aplicação. Prevenir significa antecipar-se, chegar antes, impedir que algo aconteça evitar que um fato conhecido reapareça e cause danos ou problemas já conhecidos. A prevenção é uma das mais importantes ferramentas na área da saúde, embora não seja de fato aplicada em sua plenitude.

Do ponto de vista da saúde pública existem três modalidades de prevenção: primária, secundária e terciária. A prevenção primária evita que um fato por demais conhecido ocorra a um indivíduo ou a uma sociedade. Como exemplo, temos o processo de vacinação da população, através da qual evita-se que inúmeras doenças apareçam na população em  geral.

Na prevenção secundária, o problema já aconteceu, todavia, procura-se impedir que o mesmo evolua e gere mais danos ao indivíduo ou à sociedade. Na prevenção terciária, procura-se reparar os danos ocasionados pelos problemas, isto é, procura-se reabilitar os indivíduos em suas diferentes funções físicas ou psicossociais.

Nesse sentido, a depressão é uma das doenças mais prejudicadas por não se prevenir sua recorrência. Sabe-se que é um transtorno que reaparece ao longo da vida, que até 2030 será a doença mais prevalente entre os seres humanos, que é a segunda principal causa de incapacidade funcional até 2020, e, mesmo assim, ainda não se dispõe de políticas em saúde que impeçam seu reaparecimento.

A depressão atinge mais de 120 milhões de pessoas no mundo e responde por mais da metade dos suicídios, acarretando muitos sofrimentos à humanidade. Uma em cada 4 mulheres e um em cada 10 homens terão depressão ao longo da vida e um terço dos que já tiveram, recairão. Quem já teve uma crise de depressão na vida terá 50% de chance de ter outra; quem já teve duas crises, terá mais de 65% de chance de ter a terceira e, quem já teve mais de três crises de depressão na vida, terá 100% de chance de ter outras. Sendo assim, atualmente, recomenda-se que a partir da segunda crise depressiva, o médico institua inexoravelmente medidas preventivas para evitar que esta doença reapareça.

Devemos, portanto, adotar três grandes medidas diante da depressão: tratar a crise atual; prevenir a ocorrência de outras e reparar os danos que as crises anteriores determinaram na vida desta pessoa (reinserção). Se forem adotadas todas essas medidas já consagradas pela experiência e pelo conhecimento científico, estes enfermos não mais adoecerão. Essas medidas deverão ser tomadas em bloco para serem efetivas. Um relatório recente a OMS mostra que 45% das recaídas de depressão são atribuídas a pacientes que deixaram de tomar seus medicamentos ou interrompem o uso de forma inadequada, tornando-os vulneráveis a mais crises da doença. Neste contexto, conclui-se que o uso correto destes medicamentos evitará que haja recaídas.

Além da utilização criteriosa dos medicamentos, dispomos de dois outros meios físicos para se prevenir recaídas largamente utilizadas na Europa no Canadá e Estados Unidos: a Estimulação Magnética Transcraniana – EMT e a Eletroconvulsoterapia – ECT, ambos os tratamentos efetivos na prevenção de recaídas de depressão.

Sem prevenção, fatalmente ocorrerá sucessivas recaídas, os pacientes se tornarão refratários aos efeitos dos medicamentos, sua recuperação será mais difícil, as crises se tornam mais longas, profundas e mais severas e tenderão a se cronificar. Ao contrário, se forem prevenidas tais crises tudo pode se evitado, pois se manterão assintomáticos por muitos anos.

Devemos investir maciçamente na prevenção de recaídas entre os depressivos, pois é umas das poucas doenças em que a recuperação é plena, isto é, as pessoas se recuperam completamente, o que não ocorre quando o paciente recai várias vezes. Além do mais, já se dispõe de um vasto conhecimento de suas causas, de seu tratamento e do seu prognóstico.

Os avanços com novos fármacos para depressão e o surgimento de modernas técnicas de psicoterapia e reabilitação psicossocial através da terapia ocupacional deram um grande passo no tratamento, na recuperação e na prevenção de recaídas da doença. Portanto, vamos evitar que os pacientes voltem a adoecer, agora éandre a vez da prevenção.

 

 

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Diagnóstico e tratamento da depressão na infância e na adolescência

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Ao contrário do que muitos pensam, crianças e adolescentes podem também sofrer de depressão, uma condição que agrava mais ainda as perspectivas sobre a doença. A depressão que sempre pareceu ser um mal exclusivo dos adultos, hoje atinge cerca de 2% das crianças e 5% dos adolescentes do mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde – OMS.

A OMS diz, ainda, que nos próximos 20 anos (até 2030), a depressão deverá tornar-se a doença mais comum do mundo, atingindo mais pessoas do que o câncer e as doenças cardiovasculares. Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas por transtornos mentais diversos, a maioria delas nos países em desenvolvimento.

Entre as crianças, o índice de depressão também é preocupante. Nos últimos 10 anos, o número de diagnósticos de depressão em crianças, entre 6 e 12 anos, passou de 4,5 para 8%, o que representa um problema ascendente. “Setenta por cento dos adultos que apresentam quadro de depressão crônica têm histórico da presença da doença desde a infância. Ou seja, se não tratarmos o paciente enquanto criança, isso pode contribuir para que ele se transforme em um adulto depressivo”, comenta Fábio Barbirato, neuropsiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Pelas próprias características dessas idades, diagnosticar depressão é bem complicado, pois nas crianças, os sintomas depressivos podem ser confundidos com mal-criação, birra, mau humor, tristeza e agressividade, irritabilidade ou nervosismo. Porém, o que vai distinguir uma coisa da outra é a evolução e as características clínicas das queixas apresentadas por essas pessoas. Na adolescência, o diagnóstico de depressão é também complexo, pois a mesma pode se revelar de diferentes maneiras, particularmente, no aspecto das relações sociais: desinteresse, apatia e retraimento social e no bem-estar geral e, nesta fase, o mais preocupante são os elevados índices de suicídio que podem ocorrer, especialmente quando a situação não é adequadamente diagnosticada e tratada.

Não devemos confundir depressão com as angústias provenientes dos conflitos naturais próprios da adolescência, pois o processo do adolescer é muito delicado e se caracteriza, entre outras coisas, pelas contradições, rebeldias, insatisfações constantes e ânsias de mudanças comuns nesta época da vida de tal forma que os sintomas próprios da depressão podem estar mascarados com estas peculiaridades naturais da idade, dificultando muito o diagnóstico da doença.

Entre os principais sintomas de depressão estão: alteração de humor, com irritabilidade e ou choro fácil, ansiedade, desinteresse em atividades sociais, como ir à escola, brincar com os amigos ou com brinquedos, falta de atenção e queda no rendimento escolar, distúrbios de sono, como dificuldade pra dormir ou ter sono o dia inteiro, perda de energia física e mental, reclamações por cansaço ou ficar sem energia, sofrimento moral ou insatisfação consigo mesmo, sentimento de que nada do que faz está certo, dores na barriga, na cabeça ou nas pernas, sentimento de rejeição, condutas anti-sociais e destrutivas, distúrbios de peso (emagrecer ou engordar demais), enurese e encoprese (xixi na cama e eliminação involuntária das fezes). Para a OMS se a pessoa apresentar cinco, entre os 13 sintomas referidos acima, o diagnóstico poderá ser efetivado.

E, neste caso ante os primeiros sinais ou sintomas da depressão, os pais devem encaminhá-los a um profissional o mais rápido possível. Na maioria das vezes, o apoio da família e a psicoterapia são suficientes para ultrapassar a situação. Se, a partir dos 9 anos de idade, persistirem ou se agravarem tais sintomas, faz-se necessário, em alguns casos, intervir com medicamentos. Além do mais a depressão infantil pode desencadear várias outras condições médicas, tais como: anorexia, bulimia, etc.

Um fato importante é que depressão tem base genética e que filhos de pais com depressão têm mais chance de ter a doença, o que não significa que não se possa tratar, prevenir e curar esta condição. O importante é que tanto o diagnóstico quanto o tratamento devem ser o mais precoce possível para evitar cronificação prematura do quadro depressivo. A psicoterapia é recomendada para crianças com até 9 anos, embora a depressão possa ser diagnóstica a partir dos 4 anos. E, a partir dos 9 anos de idade, pode-se recomendar o uso de medicamentos, sempre associados à psicoterapia, pois a associação de ambos pode proporcionar respostas satisfatórias em até 95% dos casos.

 

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Realidades sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC

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Também conhecido como TOC o transtorno obsessivo-compulsivo é uma das doenças que no âmbito da psiquiatria ainda causa muita estranheza e dificuldades no seu diagnóstico e tratamento.

É um transtorno que cursa de forma lenta e insidiosa ao ponto da pessoa após certo tempo de exposição aos seus sintomas, já apresenta graus variados de sofrimentos a partir, entre outras coisas, de rituais psicopatológicos impostos pela doença. O TOC apresenta um quadro clínico exuberante, cuja descrição é praticamente universal, embora clinicamente seu diagnóstico não seja fácil.

Em geral os sintomas iniciais da doença fazem com que muitos pacientes os mantenham escondidos, pois embora reconheçam que seu comportamento não vai bem, eles tem muito medo de serem ridicularizados ou de serem descriminados pela presença destes sintomas. Em geral são pensamentos ou atitudes repetitivos que se instalam em sua mente e sobre os quais não tem mais comando ou controle. São pensamentos, idéias ou imagens contrárias a sua convicção, moralidade ou crença e condenáveis e ameaçadores que sobre os quais não consegue expulsá-los da mente.

Uma publicação recente da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP mostra que o TOC é um transtorno com sintomas heterogêneos, com um grande número de possibilidades de apresentações fenomenológicas.  Os diversos sintomas tendem a ocorrer no mesmo paciente e mudar de conteúdo ao longo do tempo.

 Além disso, frequentemente os sintomas do TOC se relacionam com sintomas de outras doenças, caracterizando a comorbidade psiquiátrica que é a existência de mais de uma doença no mesmo sujeito, fato que dificulta mais ainda seu manejo terapêutico e seu diagnóstico. A comorbidade mais freqüente do TOC é com a depressão e com outros transtornos de ansiedade tipo doença do pânico, fobia social e ansiedade generalizada.

Ainda no trabalho da ABP, são identificadas várias manifestações psicopatológicas que ocorrem no TOC, envolvendo principalmente alterações da vontade, do pragmatismo, do humor/afetividade, do pensamento e do juízo e de realidade, não havendo, todavia consenso sobre quais destes distúrbios é o mais importante na fisiopatológica (causa) deste transtorno.

Como vimos acima, um das características principais da doença é a persistência de idéias, pensamentos, ou outras vivências psicológicas, que se impõe na mente destas pessoas ameaçando seu equilíbrio e paz interior pelo caráter absurdo das idéias, pensamentos ou imagens que povoam sua mente ao mesmo tempo não consegue demove-los, a isto denomina-se obsessão.

Quando a obsessão vem acompanhada de rituais físicos, como limpar as mãos dezenas de vezes, ou examinar inúmeras vezes se fechou ou não a porta da geladeira, da janela ou do quarto ou mesmo outras dúvidas sobre suas atitudes, de forma descontrola, onde a própria pessoa reconhece o absurdo destas atitudes e não consegui alterá-las, denomina-se de compulsão. Portanto a compulsão tem haver com a atitude e a obsessão com o pensamento, as idéias ou as fantasias.

O tratamento do TOC é realizado com medicamentos e com psicoterapia. A técnica recomendada é a Terapia Cognitivo Comportamento – TCC e os medicamentos recomendados para seu tratamento são os anticompulsivos e anti obsessivos da categoria dos antidepressores e ansiolíticos. A aplicação destas duas estratégias tem oferecido um prognóstico favorável a estes pacientes. Podemos ainda sugerir a opção do tratamento com estimulação magnética transcraniana – EMTr um recurso formidável para o controle deste transtorno.

 

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O suicídio e a doença mental

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O suicídio constitui-se como um dos temas mais fascinantes e que sempre despertou muito interesse pela psiquiatria, muito embora ainda existam muitos medos tabus e preconceitos em seu entorno. Apesar de tudo, do ponto de vista da saúde mental, é um tema atualíssimo considerando o aumento vertiginoso nas taxas de suicídio no mundo de tal forma que tem levado muitos países a desenvolverem estratégias mais seguras e consistentes voltadas para o controle e a prevenção desta ocorrência na área da saúde pública.

Este é o segundo artigo que dedico este ano ao assunto, com o intuito de ajudar a quebrar os preconceitos sobre obre este assunto o que dificulta muito seu manejo em todos os sentidos e principalmente na sua prevenção. Outro achado epidemiológico importante é o aumento das taxas de suicídio entre jovens o que torna o mais preocupante, necessitando de medidas eficazes para se prevenir esta ocorrência.

Suicídio do ponto de vista psiquiátrico é um sintoma grave, que pode esconder patologias de tipos diferentes.  Portanto, é uma manifestação psicopatológica que se revela através de pensamentos ou em atos suicidas. É um sintoma muito grave, pois o que está em jogo é a interrupção da vida pela própria pessoa, que na realidade é o que temos de mais valioso e importante em nossa existência, de tal forma que quando alguém chega a pensar ou a praticar o suicídio, ele de fato está muito doente, pois ninguém desfrutando plenamente de sua saúde mental, incorreria a esta prática.

            Estima-se que mais de 80% dos suicídios ocorra entre pessoas portadoras de transtornos psiquiátricos e dentre estes estão: transtornos de humor com taxas em torno de 1/3; dependência e abuso de drogas, 7 a 15 %; transtornos de personalidade especialmente os do tipo Boderline; esquizofrenia; transtornos comórbidos, como por exemplo, alcoolismo e depressão, ocorrência muito frequente.

Nunca se estudou tanto sobre o suicídio quanto se estuda hoje e, parte deste interesse se atribui a curiosidade científica aliada aos inúmeros prejuízos emocionais, afetivos, sociais e financeiros ocasionados por este fenômeno.

            No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia, mas o número deve ser 20% maior, pois muitos casos não são registrados. As tentativas são dez a 20 vezes mais alta que a de mortes e a taxa de suicídio entre jovens, multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4%. De tal forma que nos últimos 45 anos o número de suicídio cresceu 60%, e que até 2020 a taxa global será de 2,4% e que no ano de 2020 ocorrerá 900.000 mortes por suicídio no mundo, de acordo com a OMS. Portanto ocorrerá uma morte a cada 35 segundos na população com idade entre 15 e 35 anos, passando o suicídio a figurar entre as três maiores causas de morte do planeta.

            Nosso país é o que apresenta a menor taxa de suicido no mundo, variando entre 3,9 a 4,5 para cada /100 mil habitantes, mas como é um país de dimensões continentais e populoso, estamos entre os 10 países com maior número absoluto de suicídio. Um fato que vem ocorrendo aqui e alhures é a migração de grupo de mais idade para grupos de mais jovens que tentam se matar. Nos estados Unidos esta prática está entre as 10 principais causas de morte, pois em sua população a taxa de morte por suicídio passou de 11º em 2008 para 10º em 2009 respondendo por um quarto (1/4) da carga global de doença no ano de 2002 neste país.

            Com estes novos conhecimentos acredita-se que seja mais fácil adotarem-se medidas preventivas mais eficientes evitando com isto a morte prematura e evitável de milhares de seres humanos. Suicídio, trata-se e evita-se. 

 

 

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Depressão

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Generalidades
Depressão é uma palavra freqüentemente usada para descrever nossos sentimentos. Todos se sentem “para baixo” de vez em quando, ou de alto astral às vezes e tais sentimentos são normais. A depressão, enquanto evento psiquiátrico é algo bastante diferente: é uma doença como outra qualquer que exige tratamento. Muitas pessoas pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem mais mal do que bem, são incompreensivos e talvez até egoístas. O amigo que realmente quer ajudar procura ouvir quem se sente deprimido e no máximo aconselhar ou procurar um profissional quando percebe que o amigo deprimido não está só triste.
Uma boa comparação que podemos fazer para esclarecer as diferenças conceituais entre a depressão psiquiátrica e a depressão normal seria comparar com a diferença que há entre clima e tempo. O clima de uma região ordena como ela prossegue ao longo do ano por anos a fio. O tempo é a pequena variação que ocorre para o clima da região em questão. O clima tropical exclui incidência de neve. O clima polar exclui dias propícios a banho de sol. Nos climas tropical e polar haverá dias mais quentes, mais frios, mais calmos ou com tempestades, mas tudo dentro de uma determinada faixa de variação. O clima é o estado de humor e o tempo as variações que existem dentro dessa faixa. O paciente deprimido terá dias melhores ou piores assim como o não deprimido. Ambos terão suas tormentas e dias ensolarados, mas as tormentas de um, não se comparam às tormentas do outro, nem os dias de sol de um, se comparam com os dias de sol do outro. Existem semelhanças, mas a manifestação final é muito diferente. Uma pessoa no clima tropical ao ver uma foto de um dia de sol no pólo sul tem a impressão de que estava quente e que até se poderia tirar a roupa para se bronzear. Este tipo de engano é o mesmo que uma pessoa comete ao comparar as suas fases de baixo astral com a depressão psiquiátrica de um amigo. Ninguém sabe o que um deprimido sente, só ele mesmo e talvez quem tenha passado por isso. Nem o psiquiatra sabe: ele reconhece os sintomas e sabe tratar, mas isso não faz com que ele conheça os sentimentos e o sofrimento do seu paciente.

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