Aviso aos navegantes, perigo a vista.

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 Mais uma vez o Instituto Nacional de Pesquisa sobre o Àlcool e outras Drogas – INPAD e a Univesidade Fedral de são Paulo – UNIFESP se aliam para brindar à população brasieira com novas pesquisas importantes e reveladoras sobre o consumo de álcool e doutras drogas em nossa população.

Desta feita, trata-se do II Levantamento Nacional sobre Álcool e Drogas – II LENAD publicado há tres dias atrás pela grande mídia nacional. Trata-se de uma pesquisa complexa, realizado em 149 municípios em todas regiões do país. Foram entrevistadas 4.607 pessoas com idade acima de 14 anos.

Um dos fatos mais mais relevantes é o aumento de 20% no consumo de álcool entre os que consomem álcool uma vez ou mais por semana, que é um padrão sócio-cultural de consumo de álcool do nosso país. Também houve aumento no número de pessoas que ingerem grandes quantidades de álcool (quatro unidades para mulheres e cinco para homens) em um curto período de tempo (duas horas) padrão de consumo denominado de “berber em bing”, isto é, as pessoas estão bebendo muito em pouco tempo. Entre esses consumidores, essa forma de beber passou de 45%, em 2006, para 59% no ano passado.

O II LENAD destaca ainda o aumento do consumo abusivo de álcool entre as mulheres, ao meu ver o fato mais preocupantes, Isto é as mulheres estão bebendo mais se aproximando muito do padrão de consumo de álcool verificado entre os homens. A pesquis revelou que a proporção das mulheres que passaram a beber uma vez ou mais por semana cresceu 34,5% já que em seis anos, onde o índice passou de 29% para 39%. As mulheres que ingerem quatro doses em até duas horas passaram de 36%, em 2006, para 49% no ano passado, isto é as mulheres estão bebendo mais e mais rapidamente um padrão histórico comum entre os homens.

A preocupação maior está no fato de que as mulheres se tornam mais facilmente dependente do álcool que os homens quando ambos tem o mesmo padrão de consumo. A pesquisa mostra ainda que quando comparamos os índices de consumo de álcool com o de outros países, a taxa de pessoas que não bebem no Brasil é baixa, cerca de 50% da população.

Para a mesma pesquisadora entre os fatores que podem explicar o crescimento desse modo nocivo de beber, está na ascensão econômica da população nos últimos anos, isto é , a população tem mais recurso para gastar com bebida. “A grande mudança de 2006 para cá foi o aumento da renda, especialmente nas classes C e D. Quem não bebia continua não bebendo. Por isso não tivemos aumento do número de bebedores. Agora, quem já bebia demonstraram a tendência de poder beber mais.

Outro pesquisaor e coordenador do LENAD Prof. Ronaldo Laranjeira destaca ainda, deficiências na política publica sobre o álcool como causa do aumento do consumo abusivo desta substância em nosso país, pois a falta de política pública desincentiva a ingestão de bebidas alcoólicas. “O mercado do álcool permanece intocado. Temos 1 milhão de pontos de venda que são estimulados a aumentar cada vez mais o consumo, com isto constata-se que para cada 200 pessoas há um ponto de venda de bebida alcoólica em nosso país sem qualquer controle médico social.

Diante destes fatos temos que repensar muitas coisas que não aparecem no grande debate público sobre drogas em nosso país. A prioridade absoluta no controle do consumo do craque nos deixando cegos ante o aumento do consumo nocivo do álcool, os preços baixos de bebidas alcoólicas, a propaganda vergonhosa para se vender bebidas, a juventude bebendo cada vez mais e com menos idade, a facilidade de acesso ao álcool, o fato das mulheres estarem bebendo mais, enfim temos que ficar atentos, pois daqui há pouco teremos olimpíadas, copa do  mudo, copa das confederações  e todas estes eventos patrocinados pelas grandes cervejarias internacionais o que acarretará mais consumo e por conseguinte mais mazelas por demais conhecidas provocadas pelo consumo abusivo de álcool.

 

 

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Parte do ICMS do Rio de Janeiro deverá er destinado ao controle do uso de drogas

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http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/rio-destinara-icms-do-alcool-e-cigarro-a-dependentes-quimico

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Reinserção psicossocial dos dependentes de drogas

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            Um dos temas sobre os quais mais se debate em nosso país, na atualidade, é a questão das diferentes modalidades de internação que se deve oferecer ao dependente de álcool e outras drogas. Boa parte da celeuma gira em torno do tratamento involuntário e compulsório, previstos em lei. E, no foco da atenção, estão os pacientes que já se encontram em condições precárias do ponto de vista médico e psicossocial, não dispondo de recursos neuropsicológicos e emocionais para decidir se querem ou não se tratar.

            A moral da lei é garantir proteção da saúde e da vida dos enfermos e dos outros. Ela regulamenta procedimentos das instituições, dos profissionais e das famílias, além de definir as atribuições de cada um no curso do tratamento dos dependentes.

            Como especialista na área, entendo que só as garantias já definem a lei como um grande instrumento jurídico a favor da vida e da saúde. Pois, contrariamente ao que muita gente ainda pensa, os usuários de álcool e drogas, quanto mais afetados em sua saúde mental pelo uso da substância, perdem progressivamente sua capacidade de decidir, optar ou escolher o que é o melhor para si, sendo que, na maioria das vezes, quando o fazem, estão sob a influência dos efeitos da droga.

            Toda essa situação provoca dramas pessoais e sociais graves, em geral, afetando gravemente as famílias dos dependentes químicos, que ficam desesperadas, desiludidas e descrentes, não sabendo onde encontrar ajuda. Muitas já perderam tudo financeiramente, seja por conduta transgressora do dependente, que vende tudo de casa para se drogar, ou por já terem perdido o controle total da situação. Muitos familiares têm sua saúde mental abalada pelo sofrimento e frustração impostos pela situação e já perderam a esperança na recuperação.

O que agrava mais ainda a situação é que há deficiências grosseiras na política de saúde sobre este assunto, pela inexistência de leitos hospitalares para desintoxicação dos enfermos, pronto-socorro especializado para agudos, ambulatórios de especialidades que sejam referências às famílias e aos pacientes e, por último, deficiência de pessoal treinado e especializado para garantir a exequibilidade da assistência aos enfermos.

Duas estratégias relevantes nesta área e ainda muito pouco debatidas são prevenção e reinserção social de dependentes químicos, mas negligenciadas pelo poder público na composição de suas medidas. Elas compõem o quadripé das políticas públicas sobre este assunto: redução da oferta (tráfico de drogas), tratamento e reabilitação (saúde), prevenção e reinserção social (educação e social). Em nosso país a ênfase é dada prioritariamente a assistência e redução do tráfico de drogas, executadas muito bem pelas polícias, apesar de deficiências apontadas acima. Porém, sobre estratégias de prevenção e reinserção social, trata-se muito pouco ou quase nada.

Na linha do tempo, temos que preparar nossa juventude para assumir os papéis que hoje assumimos na vida social, na vida pública e na economia etc. Temos que promover mecanismos que garantam o crescimento e desenvolvimento saudável de nossa juventude, livre de drogas e que se reconheça que usar drogas é uma prática insalubre e nefasta que só traz problemas e que o prazer advindo do uso é uma espécie de arapuca em que, ao entrar nela, é difícil sair. Temos que garantir uma juventude que se perceba importante, participativa, de valor no cenário da vida social e institucional de nosso país. E, isto tudo deve ser construído e fomentado em políticas educacionais, sociais e de saúde bem elaboradas e bem executadas.

Reinserção social de dependentes de drogas deveria ser prioritária na política sobre este assunto, pois são estratégias que favorecem reaquisição de tudo, ou parte de tudo, que foi perdido do ponto de vista psicossocial em razão do uso de drogas, além de evitar um dos maiores problemas encontrados entre os enfermos, que são as recaídas. A reinserção social resgata a cidadania, os direitos individuais e sociais e o valor dessas pessoas e de suas famílias. Saem da condição de pária social, uma pecha maldosamente atribuída aos enfermos, para se transformarem em cidadãos dignos, livres e produtivos.

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Entrevista com Roberto Fernandes sobre Drogas

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Este link é sobre uma entrevista que concedi hoje ao jornalista Roberto Fernandes por ocasião do Jornal REporter Maranhão da TV BRASIL. Foi uma entrevista que gostei muito por ter nos dado chance de aprofundarmos um pouco sobre as deficiências encontrada na execussão de tratamentos propostos para dependentes químicose outras fragilidades que deverão ser modifidas para atingirmos os pontos mais favoráveis nesta área.ttp://www.facebook.com/#!/TvBrasilMaranhao?fref=ts

A TV Brasil é uma televisão pública com programação de abrangência nacional. Ela está presente no Maranhão, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e em mais 21 estados. Na TV Brasil você encontra programas artísticos, científicos, culturais e de cidadania. Hoje somos uma das maiores janelas de exibição…

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Saúde Mental e Uso de Cocaína e Crack

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Saúde Mental e Uso de Cocaína e Crack

 

Estima-se que, no mundo, 13,3 milhões de pessoas, 0,3% da população acima de 15 anos, consumam regularmente cocaína. Pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas – ONU revelou que o consumo de cocaína entre os nove países da América do Sul foi descrito como “estável”, porém, em nosso país, houve aumento do consumo de 1%, em 2001, para 2,6%, em 2005, pela população entre 15 e 64 anos.

Esta semana a Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP revelou o resultado de um estudo inédito em nosso país sobre o consumo de cocaína e crack na população brasileira e, sem causar grandes surpresas, aponta o Brasil como o maior consumidor de mundial crack.

É do domínio público que parte desses problemas são explicados pelo fato dessa substância chegar muito rapidamente ao cérebro e de ser uma droga com grande potencial de causar dependência, sendo certo que uma pessoa que experimenta a cocaína ou o crack não pode prever ou controlar a extensão de seu uso, daí que se recomenda sequer iniciar o consumo.

Os dados da pesquisa mostraram que quase 6 milhões de brasileiros, o que corresponde a 4% da população adulta, já experimentaram alguma apresentação de cocaína (merla, crack ou oxi ) na vida e 3% deste consumo se deu entre adolescentes, perfazendo um total de 442 mil jovens. No último ano 2,6 milhões de adultos e 244 mil adolescentes fizeram uso desta droga. Pelos números se pode notar o quão grave é o problema, sem qualquer indicação de haver perspectiva de controle ou solução.

Os mesmos equívocos do Ministério da Saúde, adotados por uma política elaborada há 10 anos, se mantêm, dentre os quais, o engessamento da assistência de drogados só pela via dos CAPS. Todos sabemos que haverá um momento no manejo dos enfermos que haverá necessidade de internação e outras abordagens, mas parece que o Ministério da Saúde resiste a idéia de criação de centros especializados nestes tratamentos.

Um outro aspecto importante poderia ser a implantação de uma grande rede de ambulatórios distribuídos pela cidade para atender os pacientes em diferentes graus de comprometimento da doença.

Onde estão os investimentos em prevenção ao uso de drogas através de uma rede de referência articulada com outros níveis de assistência para proteger estes enfermos?   Por onde andam os investimentos em capacitação de mão de obra especializada para atender estes enfermos e suas famílias.

Enfim sugestões não faltam para dotar este país de ferramentas adequadas para o enfrentamento do uso e tráfico de drogas. Isso não significa que o que se está fazendo não tenha valor ou importância. Acho, inclusive, que avançamos muito no sentido do enfrentamento do problema, porém os gestores públicos poderiam oferecer mas alternativas preventivas e assistenciais pra o controle efetivo médico e social da situação do uso de drogas em nosso país.

 

 

 

 

 

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Sobre Drogas, para onde nosso país quer ir?

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              Semana passada foi criada no país mais uma entidade, formada por políticos, empresários, cineastas, intelectuais e outros profissionais, com o propósito de examinar a problemática das drogas e buscar saídas mais honrosas para o enfrentamento do problema nacional. Para tanto, pretendem estabelecer um canal aberto com a sociedade para o debate.

           Acho, particularmente, uma iniciativa oportuna, considerando que, pela complexidade do assunto, uma das grandes saídas é fomentar um amplo e profundo debate para que todos possam manifestar suas opiniões sobre os pontos ambíguos e obscuros, que pairam sobre o assunto.

              A proposta do grupo, batizada como rede “Pense Livre”, é eleger quatros temas prioritários, que passarão a reger as discussões. Entre eles, estão a liberação do consumo de todas as drogas e, ao mesmo tempo, investir em abordagem de saúde pública, regular o uso medicinal e autocultivo da cannabis para consumo pessoal, investir em programas para a juventude em risco e viabilizar pesquisas médicas e científicas com todas as drogas.

             Um dos mais importantes membros do grupo é o Sr. Fernando Henrique Cardoso, que já manifestou, por inúmeras vezes, seu ponto de vista favorável à descriminalização do uso das drogas. Na mesma linha de pensamento está a Comissão que propôs a reforma do Código Penal Brasileiro.

           Por outro lado, recentemente, a Universidade Federal de São Paulo e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Drogas nos informam que pelo menos 2,8 milhões de pessoas no Brasil usaram cocaína de forma inalada ou fumada, via consumo de crack ou de oxi, nos últimos 12 meses. Esses números transformam o País no segundo principal mercado consumidor de cocaína do mundo, atrás só dos Estados Unidos, onde 4,1 milhões usaram cocaína no último ano. Caso sejam considerados somente os que consumiram crack, o total chega a 1 milhão de pessoas no País, o que torna o Brasil o principal mercado consumidor do planeta.

          A pesquisa nos diz, ainda, que em relação ao mercado de cocaína, o Brasil fica à frente, até mesmo, de continentes inteiros como a Ásia, onde 2,3 milhões de pessoas usaram cocaína no mesmo período. No Reino Unido, que ocupa a terceira posição no número de consumidores, há 1,1 milhão de usuários. Sobre isso, em uma reportagem importante, o  jornalista Bruno Paes Manso, do Jornal O Estado de S. Paulo, diz claramente que o mapa da dependência química entre nós  é dramático e assustador. A trágica liderança do Brasil no mercado mundial de entorpecentes traz gravíssimos problemas de segurança pública, saúde e assistência social, decorrentes do consumo de drogas. Diz ainda o ilustre jornalista o hediondo mercado das drogas está, de fato, dizimando a juventude. Ele avança e vai ceifando vidas nos barracos da periferia abandonada e no auê dos bares e boates frequentados pela juventude abonada. Movimenta muito dinheiro. Seu poder corruptor anula, na prática, estratégias meramente repressivas.

         A prevenção e a recuperação, as únicas armas eficazes no médio e no longo prazos, reclamam um apoio mais efetivo do governo e da iniciativa privada às instituições sérias e aos grupos de autoajuda que lutam pela reabilitação de dependentes.

         Eis a questão, o debate está posto, e retorna com força total para se definir para onde levaremos nosso país. Por um lado, alguns teóricos propõem a descriminalização do uso de drogas em um país que já tem índices altíssimos de consumo, que, com a liberação ou descriminalização, fatalmente aumentará. Por outro lado, relevantes achados científicos mostram um quadro preocupante quanto ao uso dessas drogas. Então, meus amigos, temos mais um problema com que nos preocupar, qual seja, o de se definir para onde levaremos o nosso Brasil diante da terrível questão do uso de drogas

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Vacina promete fim do vício em cigarro; pneumologista faz alerta

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A vacina desenvolvida pelos pesquisadores americanos tem a intenção de evitar que jovens comecem a fumar Foto: Getty ImagesA vacina desenvolvida pelos pesquisadores americanos tem a intenção de evitar que jovens comecem a fumar

Cientistas da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, criaram uma vacina que bloqueia a ação da nicotina no organismo. No experimento, por enquanto testado em camundongos, o indivíduo vacinado recebe anticorpos que o impedem de sentir prazer ao fumar, já que eles bloqueariam a entrada da nicotina no cérebro. As informações são do Daily Mail.

Durante a investigação, os ratos vacinados receberam doses de nicotina, porém, os anticorpos impediram que 85% delas chegassem ao cérebro, sem que houvesse prejuízos comportamentais. Uma das intenções da pesquisas é evitar o surgimento de novos fumantes, principalmente os mais jovens.

Irma de Godoy, pneumologista da  Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, diz que ainda não é possível afirmar que a eficiência da descoberta, já que não garante que a quantidade de anticorpos produzidos seja suficiente para impedir a chegada da nicotina ao cérebro.

“Na verdade, a nicotina não é só dependência física, mas é também comportamental. Não se pode garantir que a pessoa vá parar de fumar só por isso. O tratamento tem que ter outras abordagens associadas”, completa a especialista brasileira.

A pesquisa está em estágio inicial e deve demorar ao menos 5 anos para chegar ao mercado.

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Semana Nacional sobre Drogas, o que temos que comemorar?

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Há 14 anos, como já é de costume, no período de 19 a 26 de junho comemora-se a Semana Nacional sobre Drogas. Esta data comemorativa foi instituída pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas – SENAD, órgão do Governo Federal encarregado, entre outras coisas, fazer cumprir a deliberações do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, o órgão máximo na hierarquia das instituições públicas encarregado de formular a Política Nacional sobre Drogas.

É uma ocasião repleta de eventos pelo Brasil a fora, onde grande parte dos municípios brasileiros, especialmente as capitais, realiza uma série de atividades de diferentes matizes tendo como um dos principais motivos é chamar a atenção da sociedade brasileira sobre as distintas questões relativas ao uso e tráfico de drogas.

Ao longo destes quatorze anos houve muitas mudanças no trato e nos conceitos sobre o assunto. E, estas mudanças modificaram alguns paradigmas que predominavam até então sobre a questão. Um dos principais que ocorreu foi a mudança que houve sobre a visão repressiva, discriminatórias e descriminalizante que havia sobre o uso de drogas ao colocar-se este tema no âmbito de políticas publicas possibilitando entre outras coisas o debate social amplo e democrático deste assunto.

A partir deste ponto abriram-se as portas para debate público, sem restrição, sem medo, e de forma responsável, concedendo a todos a possibilidade de dele participar em todos os sentidos. Com isto, uma das mais importantes consequênias, foi demolir os preconceitos existentes, os quais colocavam os usuários e a própria temática na marginalidade.

Muitas coisas ainda deverão mudar com a implementação deste paradigma para se poder de fato dar um significado especial a este momento. Na área da restrição da oferta (repressão do tráfico) de drogas percebe-se que houve o aperfeiçoamento significativo nas ações de combate as organizações criminosas encarregadas de fornecer drogas pra a sociedade muito embora ainda espalhem medo e o terror na população, todavia a situação está sendo enfrentada de forma competente pelo trabalho desenvolvido, especialmente pela Polícia Federal e as polícias estaduais.

Na área da assistência houve avanços significativos embora seja necessários ajustes em sua operacionalidade e em alguns conceitos sobre tratamento e recuperação. Estes avanços foram mais significativos do momento em que se passou a entender que o problema do uso de drogas não é um caso de polícia e sim de saúde pública. Daí pra frente foi sendo alocados equipamentos e ferramentas médicas e psicossociais para assegurar o tratamento e recuperação de dependentes de drogas, bem como a alocação de recursos financeiros para efetivamente bancarmos os custos com estes tratamentos destes enfermos.

No âmbito da prevenção primária, por não haver muita consistência sobre o que está sendo feito a sociedade permanece perplexa, atônita e muitas vezes sem saber o que fazer para impedir que um filho seu, adentre nesta experiência catastrófica e movediça que é a experiência com drogas. Falta, portanto medidas mais abrangentes, efetivas e seguras a serem desenvolvidas, sobretudo na área da educação para se perceber efetivamente os efeitos destas medidas.

Talvez esta seja a grande atitude que falta desabrochar na mente dos gestores públicos e dos governantes, a de entenderem que o problema do tráfico e uso de drogas são faces distintas de uma mesma moeda e que este fenômeno é evitável, como o são todos os grandes e graves problemas humanos. A adoção de medidas consistente, sérias, arrojadas e corajosas no âmbito de políticas educacionais, de saúde, de segurança e sociais corroboraria o cerco que devemos estabelecer sobre este problema. Aí sim, estaremos de fato impedindo que gerações futuras se protejam destes problemas, o que lamentavelmente não aconteceu com a nossa. Felicidades a todos nesta semana nacional sobre drogas

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O “oxi” vem aí

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Ruy Palhano
Ex-Presidente da Academia Maranhense de Medicina – AMM
Professor de Psiquiatria do Curso de Medicina da UFMA

A grande imprensa brasileira tem se encarregado nas últimas semanas de nos informar sobre a presença sorrateira de mais um composto que vem sendo utilizado como substância de abuso. Trata-se de um composto excitante do cérebro obtido de uma das etapas de fabrico da cocaína, denominado de OXI, termo simplificado da palavra oxidado.
Apesar de só agora ser objeto de destaque da grande mídia, o uso da droga já é realizado há alguns anos, especialmente nos países andinos como Peru e Bolívia. No Brasil, há indícios de que o Acre foi o estado onde começou a circular a substância e hoje, a Polícia Federal já registra sua presença no Pará, Brasília, Rio de Janeiro e em alguns pontos de São Paulo.
É importante recordar que o processo de fabricação e refino da cocaína é longo e exige técnica apurada, embora rudimentar. Ocorre a adição de várias substâncias (solventes orgânicos) até obter-se a liberação do alcalóide contido nas folhas da coca. Sabe-se que, inicialmente, as folhas de coca são arrancadas dos pés e levadas a tendas escondidas na floresta, onde são trituradas com o auxílio de cortador de grama ou manualmente e armazenadas em pequenas quantidades para, em seguida, serem manipuladas.
Sobre as folhas são colocadas porções de cimento, usados na construção civil, e, em seguida, molha-se as folhas com uma mistura composta de soda cáustica, amônia e gasolina, por meio de um regador.
A outra etapa do processo é o pisoteio, por meio do qual se macera as folhas andando sobre elas por horas, ocasião em que se adiciona uma quantidade definida de cal virgem, matéria prima do gesso utilizada em pintura. Em seguida, permanecem pisoteando a mistura para adicionar gasolina, e, posteriormente, solução de ácido sulfúrico e, depois, de amônia. Deixam o composto descansar por algum tempo em tonéis, sendo o resultado dessa mistura a pasta básica, “basuco”, “basuca” ou ainda “free base”, expressão inglesa que significa base livre. Nesse momento do processo do fabrico, já se encontra uma quantidade grande de alcalóide (substância do pó de coca).
São adicionados posteriormente outros processos químicos, como acetona e outras substâncias para formar o famoso pó branco. Quando chega finalmente nas mãos dos traficantes, esse pó é misturado com vidro moído, fermento em pó, lidocaína, procaína, benzocaína, pó de giz, pó de mármore, dentre outros produtos, para, só então, ser colocado a venda, no tão disputado e perigoso mercado do tráfico.
É de se pensar sobre os milhões de viciados que se espalham pelas favelas e condomínios de luxo por todo o Brasil, que normalmente desenvolvem graves doenças mentais a ponto de se internarem em hospitais psiquiátricos. Imaginem as inúmeras doenças orgânicas que adquirem por conta de todos esses produtos químicos e impurezas utilizadas no complicado processo de fabricação da cocaína?
Os laboratórios clandestinos ainda empregam técnicas rudimentares para adquirirem a cocaína. Estima-se que 500 kg de folhas da coca são transformados em 2,5 kg de pasta de coca; 2,5 kg de pasta de coca viram 1 kg de sulfato base de cocaína; 1 kg de sulfato base destilado resulta em 1 kg de hidrocloridorato de cocaína (pó branco); 1kg de hidrocloridrato recebe a adição de talco e outros produtos e resulta em 12 kg de droga, que finalmente é vendido ao consumidor desavisado.
O Oxi, que é um subproduto dessa cadeia de fabricação. Ocorre, todavia, que a concentração de alcalóides é maior, considerando que o Oxi é obtido logo na fase pasta base (free-base), ocasião em que se adiciona gasolina e outros solventes orgânicos.
Considerando que a concentração de cocaína é maior, os efeitos certamente são maiores, portanto, piores que seu irmão mais próximo, o crack. Assim, os usuários de Oxi estão mais sujeitos a desenvolver dependência, além de intoxicação, pois esses processos estão na razão direta da concentração (quantidade) da droga consumida, bem como na razão direta do tempo em que a substância atinge o cérebro do usuário que, no caso, ocorre de 05 a 07 segundo depois de inalada.
Há informações de que a droga é mais barata do que o crack, o que facilitaria sua aquisição. Todavia, o preço de um produto obedece a “leis” do mercado, sendo certo que as notícias não são nada amimadoras nos tempos atuais. Mais drogas, mais problemas, mais danos aos indivíduos e à sociedade, mais gastos públicos para se enfrentar o problema e mais tristeza para os pais e para todos nós.
Queiramos nós ou não, o grande desafio deste século é a questão do uso de drogas. Isso exige soluções imediatas, consistentes e duradouras no enfrentamento da problemática. No Brasil, cerca de 2% da população já é dependente de crack e ainda não foram vistos resultados práticos desde a implantação da política nacional de enfrentamento do crack, especialmente na área da saúde pública.

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O Beber em Binge

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Ruy Palhano
Ex-Pres. da Academia Maranhense de Medicina – AMM
Prof. de Psiquiatria do Curso de Medicina da UFMA

Há algum tempo, não menos que quinze anos, estudiosos de nosso país e de outras partes do mundo, dedicados aos estudos de problemas relacionados com o consumo de álcool e de outras drogas, têm se debruçado com afinco sobre a análise de um modo de ingerir bebidas alcoólicas: o beber pesado episódico (BPE), também conhecido como beber em binge ou binge drinking. Trata-se de um padrão especial de consumo de bebida que se define como sendo o consumo de cinco ou mais doses de bebidas alcoólicas em uma única ocasião por homens, ou quatro ou mais doses de bebidas alcoólicas consumidas em uma única ocasião por mulheres.
Uma dose de bebida alcoólica tem em torno de 8 a 13 gramas de etanol, sendo que se embriagar sempre que bebe é uma das consequências diretas dessa forma de beber. O NIAAA (National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism), dos Estados Unidos, uma das mais importantes instituições americanas que trata do álcool e do alcoolismo, em 2005, definiu esse fenômeno dentro dos mesmos padrões apontados acima, tanto para homens quanto para mulheres.
A definição de BPE foi criada a partir de evidências científicas crescentes de que essas quantidades (5+/4+) aumentam o risco de o indivíduo apresentar problemas de diferentes matizes relacionados ao consumo do álcool, sendo uma das piores a pessoa sempre se embriagar. Tal comportamento é muito comum e já se sabe que os maiores problemas identificados quanto o consumo do álcool se dá entre os abusadores e não entre os dependentes, especialmente quanto aos acidentes trânsito, além de agressões, brigas, homicídio, entre outros.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, há duas definições usualmente aceitas para caracterizar esse fenômeno: a) a ocasião de beber que leva à intoxicação, frequentemente; e b) um padrão de beber pesado que ocorre por um período estendido de tempo e relacionado a definições mais clínicas de abuso ou dependência.
Estudo recente realizado em uma amostra de 165 estudantes universitários do Rio Grande do Sul relatou prevalência de aproximadamente 68% de BPE entre estudantes universitários em nosso país, com predomínio semanal desse padrão de beber. Os prejuízos mais relatados pela amostra foram o descontrole na forma de beber e todas as consequências médicas e psicossociais que este fato acarreta.
No Brasil estudos revelam que a forma de beber pesado (binge) é mais praticada por homens e está associada ao iniciante do consumo de bebidas, antes dos 15 anos. Em geral, são de baixa renda, de baixo nível educacional e indivíduos tabagistas pesados. O beber pesado em mulheres foi prevalente em todas as idades e entre solteiras.
Um ponto que nos chama atenção é a possibilidade desta prática vir a se firmar como um padrão social e cultural de consumo e bebidas alcoólicas, o que já representaria um agravo a mais associado aos inúmeros problemas relacionados ao consumo de álcool na população brasileira.
A nosso ver, vários aspectos podem, de certa forma, favorecer o desenvolvimento desse fenômeno, sendo o início precoce do consumo, quiçá, o mais importante desses fatores, isto é, a população brasileira está bebendo muito e iniciando muito cedo, aos 09 anos de idade.
Algumas pesquisas revelam que condições socioeconômicas exercem muita influência na configuração psicossocial no “beber pesado” ou em binge. Estudo realizado em Porto Alegre e outro realizado em todo o Estado do Rio Grande do Sul revelaram que o padrão beber pesado (mais de 30 g de álcool por ocasião) era mais comum entre indivíduos de baixo nível educacional e baixa renda do que o verificado em outras camadas econômicas, porém esse achado não fecha a questão, pois há outro estudo realizado em Salvador que mostra essa realidade também entre indivíduos de elevado poder aquisitivo.
O aspecto relevante de todos esses estudos que abordam facetas diferentes do problema é se perceber que, pela frequência e regularidade com que ocorre nos dias atuais, especialmente na população jovem da nossa sociedade, o beber em binge já se incorporou em nossa cultura, provocando maiores preocupações além das já conhecidas de todos.
O beber controlado é uma arte e saber beber é uma virtude que as pessoas podem apresentar e por isso mesmo desfrutar dos bons momentos e das ocasiões em que bebem. A embriaguez é uma condição que nos expõe a situações de muito risco pra si e para os outros. É uma condição em que a pessoa perde inteiramente o senso de controle sobre seus atos, deixando-os exclusivamente a mercê dos efeitos da bebida. Perdem inteiramente a razão e o prazer de beber ao ponto de não desfrutar plenamente de momentos agradáveis.

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