Como diagnosticar um dependente

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Como se distinguir entre consumidores de álcool e outras drogas, quem é dependente ou não é uma das tarefas mais difíceis e mais complicadas para quem trabalha com esses usuários. A inteligência do tratamento está aí. Se, se trata de um usuário que não apresenta qualquer queixa relativa ao consumo, só temos que recomendar medidas preventivas para evitar que essas pessoas não passem a ter problemas com relação ao uso.
Se por acaso, a pessoa já se encontra abusando do consumo, ao ponto de já ter problema com o uso do álcool ou outra droga, teremos que recomendar um conjunto de medidas para que essa pessoa não agrave seu problema. Se, por acaso, a pessoa já é um dependente de qualquer uma dessas substâncias, as recomendações são outras e mais específicas, recomenda-se tratamento imediato antes que a situação se complique mais ainda. Por último, recomenda-se tratamento de reabilitação psicossocial nos casos em que a pessoa já se encontra em estágio final de sua doença e já apresenta muitas perdas ocasionadas pela evolução da doença.
A Organização Mundial da Saúde – OMS traz uma contribuição importante nesta área, quando elaborou critérios que nos permite identificar, entre os usuários de drogas, os que são ou não, dependentes, já que nem todos os consumidores o são. Abaixo discorremos sobre esses critérios com mais detalhes.
1 – Manifestações fisiológicas, comportamentais e cognitivas características.
Usuários ao se tornarem dependentes mudam sua forma de comportamento e estas mudanças, às vezes indisfarçáveis, são acentuadas. A rigor, mudam inclusive traços caracterológicos e de personalidade. Além do mais, sabe-se que muitas destas alterações psicossociais e comportamentais estão associadas diretamente aos efeitos deletérios das drogas sobre o cérebro, órgão responsável pela nossa saúde ou doença mental.
2 – Prioridade ao uso da substância.
A proporção que avança o consumo da droga e proporcionalmente se instala a dependência, vai havendo uma espécie de priorização ao consumo da substância em detrimento a outros comportamentos anteriormente importantes ao indivíduo, onde o consumo da drogas vai se transformando cada vez mais em algo relevante e prioritário à vida da pessoa.
As outras atividades ou interesses, anteriormente importantes, como por exemplo, esporte, artes, estudos, trabalho, responsabilidades do dia a dia, compromissos sociais e familiares e até mesmo pela atividade sexual e afetiva, vão cedendo lugar e sendo substituídos pelo interesse predominante e, cada vez maior, pela substância. Pode acontecer que no futuro, a pessoa não faça outra coisa que não seja beber ou usar drogas.
3 – Forte desejo de consumir a substância.
Popularmente chama-se “fissura”, entre nós e de “craving”, entre os ingleses. Representa um desejo sem limites, incontrolável para consumi-las. Às vezes, isto é tão forte, que os mesmos são capazes de fazerem qualquer coisa, no sentido de adquiri-las: agredir, delinquir, mentir, roubar, matar etc. Esse comportamento compulsivo é atualmente considerado um dos sintomas mais importante elementos de diagnóstico da dependência. E, todos esses comportamentos se agravam á medida que se agrava a doença.
4 – Recaídas, após a abstinência:
Recair significa retomar um padrão de consumo da substância que fora anteriormente rechaçado. Frequentemente muitos dependentes que param de usar e que posteriormente retornam ao uso do álcool ou de outras drogas, reproduzem o mesmo comportamento anterior em proporções piores. Isto é, recair é um fenômeno sempre um estado pior que ocorria antes da parada. O que se sabe é que, independente do tempo que passaram abstinentes, estes usuários ao voltarem a utilizá-las passam a fazê-lo intensamente e de forma descontrolada.
5 – Dificuldade em controlar o consumo.
Os dependentes têm dificuldades intensas de interromperem o consumo das drogas quando iniciam o uso tanto no começo, quanto no meio e no fim deste processo. Ao iniciar o consumo não param mais, e prosseguem ininterruptamente, até atingirem altos níveis de intoxicação. Este fato é determinado pela compulsão onde o sujeito fica impossibilitado, literalmente, de frear este consumo. A frase clássica para definir isto é: “fulano quando começa a beber não para mais”.
6 – Presença dos sintomas de tolerância.
Tolerância é um fenômeno biológico, que envolve inúmeros mecanismos biológicos e comportamentais e que surge a partir da relação do sujeito com a substância. Quando a tolerância se instala essas pessoas terão sempre que aumentar a doses da substância consumida para obterem os mesmos efeitos adquiridos quando usavam doses menores. Isto é, vão aumentando indiscriminadamente o consumo da droga.
7 – Sinais de abstinência.
Abstinência diz respeito a uma série de sinais e sintomas de natureza física, psíquica e emocional em geral desagradáveis que surgem sempre que os usuários interrompem ou diminuem a quantidade da droga consumida.
Algumas pessoas dependentes de tabaco ou de álcool ao deixarem de usá-los ou mesmo por diminuírem suas doses consumidas, passam a apresentar tremores, ansiedade, insegurança, sudorese, taquicardia, insônia, dificuldade na concentração, respiração acelerada ou mesmo outros sintomas mais complicados com crises convulsivas, alucinações e delírios (álcool, cocaína, barbituratos etc…), todas estas reações revelam a abstinência.
8 – Persistência do uso, apesar dos danos.
À proporção que a dependência avança os usuários não se dão conta dos inúmeros problemas psicológicos, emocionais, sociais ou outros transtornos e, por conseguinte não param de usá-las. Dependentes de álcool com cirrose, diabetes hipertensão arterial cânceres e diversas outras doenças não param de beber. Fumantes com câncer de pulmão, com problemas cardiovasculares e respiratórios não param de fumar. Pessoas com problemas emocionais, sociais e familiares adquiridos por uso de drogas não impedem que os mesmo parem de usar, e assim por diante.
De conformidade com a OMS, se alguém apresentar pelo menos três, dos oito itens acima citados, os mesmos já apresenta algum grau de dependência.

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Distinção entre compulsão e vontade de beber

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Entre os dependentes de drogas (álcool e outras drogas), existem diferentes sintomas que, de conformidade com a evolução da doença vão se estabelecendo progressivamente ao ponto de posteriormente passarem a ser típicos dessas pessoas. “Neste artigo, tratarei da compulsão vulgarmente chamada de “fissura” ou craving”, que é entre os sintomas de dependência um dos mais importantes para o diagnóstico dessas doenças. Esse sintoma interfere diretamente na disposição do enfermo para se tratar, bem como nas sucessivas recaídas que se observa no processo de recuperação e tratamento.
Fissura e compulsão são dois termos já largamente conhecidos pelo público em geral, graças às centenas de artigos já publicados a seu respeito, embora ainda não se tenha pleno conhecimento sobre sua natureza biológica e comportamental.
“Fissura” é um termo popular em nosso idioma. Entre os ingleses é denominada de “craving”, que nada mais é do que um desejo ardente, incontrolável, irrefreável de consumir a droga da qual dependa. Em princípio, só sente fissura quem é dependente, seja de que droga for. É um sintoma que pode estar presente em outros transtornos psiquiátricos, portanto não é exclusivo dos dependentes de drogas. Os alcoólatras e outros dependentes, portanto, sentem essa fissura sempre que param ou reduzem o volume de ingesta das substâncias das quais dependem. Este fenômeno apresenta as seguintes características:
1 – está presente na síndrome de dependência;
2 – surge quando o consumo da droga é interrompido;
3 – a ânsia (compulsão) de consumir é quase sempre superior ao seu controle;
4 – favorece sempre a recaída;
5 – a obtenção da droga cessa os sintomas;
6 – é classificada como leve, moderada ou grave.
7– sua intensidade está associada à intensidade da dependência;
8 -é involuntário, evolutivo e envolve mecanismos neurobiológicos, circunstanciais/psicológicos;
9 – há drogas que aliviam os sintomas do “craving”;
10 – interfere na decisão de se tratar;
A compulsão é uma distorção psicopatológica da vontade e/ou da volição. É uma disfunção volitiva. Enquanto que na vontade a pessoa exercita livremente sua capacidade de querer ou não usar uma substância, o compulsivo se vê obrigado imperiosamente ou compelido a fazê-lo. Portanto a grande distinção é essa. O dependente químico, não usa drogas porque quer, e sim por que é obrigado. Eis, o grande problema, porque a partir do momento em que alguém se vicia no uso de uma droga, ele se escraviza perde sua autonomia, sua capacidade de escolher o que quer e o que não quer, perde sua disposição e sua liberdade nas escolhas e nas opções que fará na vida daí pra frente. Será comandado por ações compulsivas em que o comando das mesmas já não se dará de forma efetiva, pois ele irá consumir a substância por motivos incontroláveis.
Estes 10 itens acima mostram claramente a gravidade deste problema e todos são muito importantes em sua caracterização, a dificuldade de aderir a um tratamento e as recaídas são indiscutivelmente as mais importantes consequências do “craving”, justamente por interferir no tratamento e na recaída.
Do ponto de vista da neurobiologia do “craving”, já temos acumulado um vasto conhecimento sobre como ele surge, muito embora se saiba que ainda falta muito para esclarecer totalmente sua natureza. O fato é que tudo se dá em determinadas áreas do cérebro intermediado por reações envolvendo os neurotransmissores cerebrais: dopamina, serotonina, acetilcolina e outros.
Estudos de neuroimagem utilizando técnicas como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) têm permitido a identificação de tais anormalidades neurofuncionais criando condições favoráveis para que em um futuro próximo se possa manejar melhor com este sintoma. Além do mais, graças aos recentes os avanços da ressonância magnética (RM) funcional, já se pode vislumbrar as áreas afetadas pela compulsão, fato que está certamente favorecendo uma maior compreensão da fisiopatologia desse fenômeno.
Do ponto de vista do tratamento, nos últimos 15 ano avançou-se muito no tratamento da compulsão. Na área farmacológica os avanços foram expressivos, sobretudo com o surgimento de drogas denominadas de anti-compulsivas, anti-fissura ou ainda, anticraving, as quais, impedem ou reduzem a busca incontrolável por álcool ou por outras drogas, e diminuem drasticamente o mal estar físico, psicossocial e emocional ocasionado pela privação do uso dessas drogas. Esses dois mecanismos de ação farmacológicos, são considerados atualmente como fundamentais para o manejo adequado dos dependentes de drogas.
Entre os transtornos que mais se beneficiaram com estes medicamentos foram o alcoolismo e o tabagismo. Outras drogas estão sendo testadas e que deverão ser lançadas em breve se destinam ao controle do “craving” dos dependentes de cocaína, através de mecanismos, diferentes aos anteriores.
Outros avanços significativos ocorreram na área ocupacional e psicossocial com técnicas avançadas no tratamento e reabilitação destes pacientes, as quais possibilitarão diretamente maior adesão aos tratamentos propostos, impedindo também, por conseguinte, altos índices de recaídas frequentemente encontrados ente estes doentes.

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Álcool prejudica o descanso

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Pesquisa mostra que, apesar de inicialmente atuar como sedativo, substância provoca um aumento na potência de determinadas ondas cerebrais associadas a um sono agitado e pouco reparador

Tomar uma taça de vinho ou outra bebida antes de se deitar pode ajudar uma pessoa a dormir mais rápido, mas apesar de inicialmente atuar como sedativo, o álcool provoca perturbações no sono que atrapalham mais o descanso, diz estudo publicado ontem on-line em adiantamento à edição de fevereiro do periódico científico “Alcoholism: Clinical & Experimental Research”. Segundo os pesquisadores, embora a substância promova a atividade das chamadas ondas delta no cérebro, associadas a estágios de sono profundo sem sonhos, ela também traz um aumento na potência das ondas alfa na região frontal do órgão, vistas como reflexo de um sono agitado.
— As pessoas tendem a se focar nos relatos das propriedades sedativas do álcool, que se traduzem em um menor tempo para dormir, particularmente em adultos, do que nas perturbações que ele provoca mais tarde na noite — critica Christian L. Nicholas, cientista do Laboratório de Pesquisas do Sono da Universidade de Melbourne, na Austrália, e um dos autores do estudo.
A atividade das ondas delta no cérebro costuma ser maior na infância e vai caindo com a idade, passando por reduções significativas entre os 12 e 16 anos. Os cientistas acreditam que é por isso que as crianças e jovens dormem mais que os adultos e idosos, já que elas estão ligadas ao chamado “Sono de Ondas Lentas” (SWS, na sigla em inglês) e ao “Sono sem Movimento Rápido dos Olhos” (NREM, também na sigla em inglês), ambos estágios sem sonhos do período em que estamos dormindo. O problema é que também é justamente nesta época da juventude que as pessoas experimentam o álcool pela primeira vez, com o consumo em geral se elevando com o tempo.
— A redução na frequência das ondas delta nos eletroencefalogramas que observamos com a idade é vista como uma representação do processo normal de maturação do cérebro à medida que o cérebro adolescente continua a se desenvolver rumo à maturidade — lembra Nicholas. — E embora a função exata do sono NREM, e em particular do SWS, ainda seja motivo de debates, acredita-se que eles refletem as necessidades de sono e sua qualidade. Assim, qualquer perturbação neles pode afetar as propriedades restauradoras do sono e serem prejudiciais à funcionalidade durante o dia.
No estudo, Nicholas e sua equipe recrutaram 24 voluntários (12 mulheres e 12 homens) saudáveis com entre 18 e 21 anos de idade que beberam “socialmente”, isto é, menos de sete doses-padrão por semana, nos 30 dias anteriores. Cada um dos participantes da pesquisa foi então analisado com exames de polissonografia e eletroencefalogramas enquanto dormia sob duas condições: tendo consumido álcool antes de se deitarem ou apenas um placebo. Os resultados mostraram que o álcool de fato aumentou a atividade das ondas delta durante o SWS, mas que também houve simultaneamente uma alta nos registros de ondas alfa na região frontal do cérebro.
— Elevações similares na atividade das ondas delta e alfa, que estão associadas com um sono pobre ou pouco reparador, também foram observadas em indivíduos com dores crônicas — destaca Nicholas. — Assim, se o sono está sendo perturbado regularmente pelo consumo de álcool antes de dormir, particularmente ao longo de grandes períodos de tempo, isso pode ter efeitos prejudiciais significativos no bem-estar durante o dia e em funções neurocognitivas como os processos de aprendizado e memória. A mensagem a se levar deste estudo é que o álcool na verdade não é um bom auxílio para o sono mesmo que ele pareça te ajudar a dormir mais rápido. De fato, a qualidade do sono que você obtém foi significativamente alterada e perturbada por ele.

Portal Araruna Online

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Estimulação magnética transcraniana e dependência química

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Estimulação magnética transcraniana e dependência química

USP testa estímulo cerebral em viciados em drogas

FERNANDA BASSETTE DE SÃO PAULO

Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) estão testando o uso da estimulação magnética do cérebro para conter a fissura de pessoas dependentes de cocaína em pó e reorganizar o funcionamento cerebral. A técnica, chamada estimulação magnética transcraniana, é usada aqui desde 2006 no tratamento de depressão.

Segundo os médicos, não é invasiva e quase sem efeitos colaterais. Essa é a primeira vez que pesquisadores brasileiros resolvem investigar se os benefícios do método podem ser estendidos para dependentes crônicos da droga. Um grupo de Israel, por exemplo, estudou os efeitos da estimulação contra a fissura provocada pelo tabaco.

Os resultados mostram uma queda no desejo pela droga nos primeiros três meses. Segundo o último levantamento da Senad (Secretaria Nacional de Políticas Antidrogas), 2,9% da população brasileira já usou cocaína ao menos uma vez na vida. E 7,7% dos universitários experimentaram a droga ao menos uma vez. O psiquiatra Phillip Leite Ribeiro, responsável pelo teste na USP, explica que a ação da cocaína desorganiza os circuitos cerebrais, alterando o funcionamento das redes de neurônios. “A consequência é uma pessoa dependente da cocaína, com dificuldade de raciocínio e de decisão”, diz Ribeiro.

COMO FUNCIONA

A estimulação magnética transcraniana é aplicada em consultório, sem anestesia. O paciente usa uma touca de natação e o médico aproxima o aparelho na região do cérebro a ser tratada. As ondas penetram cerca de 2 cm. No caso da cocaína, o local exato da aplicação não foi divulgado por se tratar de algo ainda em estudo.

As sessões são feitas durante 20 dias e duram 15 minutos. Custam, em média, R$ 400 cada uma. Após um mês, o paciente faz tratamento para prevenir recaídas.

Por enquanto, os resultados preliminares mostram que há, de fato, uma diminuição na fissura. E, ao contrário do que parece, a estimulação magnética não provoca choques. É bem diferente da eletroconvulsoterapia -método em que o cérebro recebe uma descarga elétrica generalizada, entrando em convulsão. A estimulação transcraniana gera um campo magnético com uma pequena corrente elétrica. A ação é local, afirma Ribeiro.

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POUCO USADA

Segundo Paulo Silva Belmonte de Abreu, chefe do serviço de psiquiatria do HC de Porto Alegre e presidente da Associação Brasileira de Estimulação Magnética Transcraniana, embora seja reconhecida, a técnica não é muito usada no país. Ela tem efeitos positivos na depressão, em psicoses que provocam alterações auditivas [como esquizofrenia], no tratamento da dor fantasma. Mesmo assim, poucos centros a usam, ainda tem muito preconceito, avalia.

Para Abreu, é importante que o método seja testado para tratar outros problemas. É uma ferramenta não invasiva que não lesa o cérebro. Quando não atinge os efeitos desejados, ela não faz mal. Segundo Abreu, a única contraindicação é para pessoas com histórico de convulsão a aplicação pode desencadear uma crise.

Os principais efeitos colaterais são leve dor local e desconforto durante a aplicação. O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, é mais cauteloso. É uma técnica que está sendo estudada para vários tipos de transtornos, mas não é totalmente eficaz. O que se sabe é que ela modifica circuitos neuronais, mas ainda não é possível dizer que resolve o problema, diz.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Há quatro anos trabalho com essa ferramenta (recurso) aqui em São Luis e modestamente fui o pioneiro  a trazer a EMT para nosso meio. Atualmente, minha filha Ludmila Palhano e eu fazemos esse tratamento no Instituto Ruy Palhano. Posso garantir que a EMT é um excelente método para se tratar paciente com depressões de diferentes tipos e alucinações auditivas e pacientes esquizofrênicos. A indicação para se tratar dependente de drogas ainda não foi autorizado pelo Conselho Federal de Medicina – CFM, nesse sentido, são as pesquisas que estão a todo vapor, especialmente por pesquisadores da  UNIFESP.

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Não estamos perdemos a “guerra para as drogas”

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Cerca de 210 milhões de pessoas em todo o mundo – 4,8 por cento da população entre  15 e 64 anos de idade, consumiu drogas no ano passado. Estes dados das Nações Unidas foi anunciado por seu setor encarregado desse assunto (UNODC), o qual aponta para uma “estabilização” quer do consumo esporádico quer do consumo abusivo. “Contudo, está em alta a procura desenfreada de substâncias fora do controle internacional”, diz o relatório, isto é, drogas que não estão nas listas internacionais de substâncias proscrita para o consumo. Entre essas os canabinóides sintéticos, com efeitos semelhantes aos da “cannabis” natural, também conhecidos por “especiarias”.

“Os ganhos a que assistimos nos mercados de drogas tradicionais estão a ser anulados por uma moda de consumo de “drogas designer” (desenho) ou drogas sintéticas que imitam os efeitos das substâncias ilegais”, afirma o Diretor Executivo da Agência, das Nações Unidas, o Sr. Yuri Fedotov.

Qualquer lado que se vá, aí estarão elas sempre conosco, sejam drogas sintética, semi-sintética ou natural. A busca por drogas é a tônica da sociedade contemporânea onde esse comportamento se inseri entre outros, também contraditórios, impostos pelos novos  tempos e paradigmas que estamos inventando para vivermos.

Se formos atrás das causas desse consumo compulsivo, teríamos muitas dificuldades para identificá-las pois uma das caraterísticas desse fenômeno é ter natureza multicausal, onde diferentes fatores pessoais, sociais e transculturais, irão exercer um papel importante na gênesis desses problemas.

Vejam. Nesta semana foram anunciados pela grande mídia a presença no solo brasileiro de duas outras drogas com caraterísticas psicoativas deletérias e que já se encontram na lista de substâncias proibidas da ANVISA, são a metilona e a 25i. Ambas as substâncias são deglutidas, alcançam o cérebro de forma muito rápida e apresentam efeitos comportamentais imediatos. Essas ações poderosas no cérebro pode inclusive provocar óbitos facilmente, segundo os toxicologistas.

A primeira delas, a metilona se assemelha à Dietilamida do Ácido Lisérgico – LSD, substância alucinogênica ( induz a alucinação)  e deliriogência (induz a delírios) ocasionando surto psicóticos agudos que evolui de forma dramática para muitas doenças mentais.

A outra, denominada de 25i, ainda desconhecida, parece com o Ecstasy, uma metanfetamina. Entre os efeitos da primeira, destaca-se a sensação de “despersonalização” que como o próprio nome diz, os usuários se desorientam quanto a si mesmos. Perdem sua identidade temporariamente ficando a mercê da própria sorte. Esse é um sintoma muito grave que em alguns casos pode ocorrer mesmo que a pessoa deixe de usar a droga.

A outra droga se assemelha ao ecstasy, uma metanfetamina. É denominada de 25I-NBOMe conhecida como 25i. Entre os sintomas que mais chama a atenção nesse produto é o comportamento extremamente violento que o usuário apresenta quando as coisas não estão saindo à contento.

Segundo informações da Polícia Federal, são drogas por demais conhecidas em alguns países. No Brasil, a metilona já foi encontrada em São Paulo e também no Rio Grande do Norte. A 25I, em São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso e segundo a própria Polícia as drogas são sintetizadas na Índia e na China. Mas o caminho obrigatório para vir para o Brasil é via Europa. Eram drogas, até bem pouco tempo, vendidas livremente na internet. Seus consumidores são jovens de classe média alta que as utilizam.

Nos Estados Unidos as duas drogas mataram pelo menos 19 pessoas no ano passado e lá,  como aqui, já foram proscritas. A metilona foi proibida nos Estados Unidos em abril do ano passado. A 25I, há apenas três meses. Reino Unido e Dinamarca também baniram as duas.  Outros países, como Rússia, Israel e Canadá, proibiram pelo menos uma delas.

Um fato digno de nota é que somente em 2014, mais de 30 drogas desconhecidas foram levadas para análise no Instituto Nacional de Criminalística, no Distrito Federal, demonstrando a corrida frenética por drogas de todos os tipos, como dissemos acima, para o consumo abusivo. Acorrida entre oferta de novas drogas e a procura das mesmas é tão intensa que “todas as novas drogas sintéticas e semissintéticas que chegam no território nacional deveriam ser inseridas imediatamente, após a apreensão em situação de crime naturalmente, em uma lista que vai caracterizá-las como drogas proscritas, proibidas”, diz Carlos Antônio de Oliveira, da Associação Nacional dos Peritos Criminais.

A luta, às vezes, parece desigual, nos dando uma “sensação de desalento angustiante” ou como dizem alguns, “perdemos a guerra para as  drogas”. Ocorre, que esses não entendem que a guerra que estamos enfrentando não é “conta as drogas”, pois essas não guerreiam, é sim contra um estado desorganizado que não dispõe de política pública eficiente sobre esse tema, contra um estado desigual, injusto, incompetente, contra uma organização criminosa cada vez mais poderosa que nos ameaça a todos, é contra um ser humano autofágico e desorientado na vida, que não  sabe sobre seu rumo. Essa é a guerra que teremos que enfrentar. As drogas em si não nos ameaçam, até porque não podem fazê-lo, embora todas elas tem um poder de nos destruir, mas o que está em “jogo é seu uso” e é sobre isso que temos que guerrear e lutar sempre.

 

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A família e o tratamento de dependentes de drogas

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A dependência química é uma patologia grave, em que inúmeros fatores colaboram para sua configuração clínica e psicossocial. Desenvolve-se de forma lenta e insidiosa e vai aos poucos tomando conta do sujeito. Considero, entre todas as doenças mentais, ser a que tem o maior poder deletério, considerando que praticamente todas as dimensões humanas são destruídas pela doença. Aos poucos vai (re)definindo a vida e o comportamento dos usuários, provocando uma verdadeira “mutação ontológica” chegando a ser tão patogênica que os próprios usuários não se dão conta  das mudanças que estão ocorrendo.

Baseando-se nas transformações que vão ocorrendo nesse sujeito devido à progressão do consumo das drogas, pode-se dizer que há uma personalidade antes e depois de se adoecer. Adotam um novo estilo de vida e quanto mais dependentes, maiores serão tais mudanças. As novas características comportamentais que vão surgindo se dão com a evolução da doença, os comportamentos anteriores vão dando lugar a comportamentos antiéticos, irresponsáveis, desajustados, violentos, podendo inclusive surgir sintomas psicopatológicos graves provocados pelos danos cerebrais por uso dessas substâncias.

Por outro lado sabe-se que as pessoas que adentram ao mundo das drogas são sujeitos sociais, que não estão desvinculadas dos contextos sócio-ambientais e que não estão sós na vida. Têm família, amigos, patrões, colegas e se relacionam com muitas áreas que fazem parte de sua existência. Além do mais, muitos estudam, trabalham, produzem, de tal forma que as transformações nele provocadas certamente atingirão outras dimensões relacionais de diferentes maneiras.

Em razão disso, a família, por ser a instância mais próxima de nós e a mais importante da formação de nossa personalidade, é a mais afetada por esse problema. Concomitantemente às mudanças que vão ocorrendo com o usuário de droga, existirão progressivamente novas adaptações funcionais na sua família.

Passam então a travar uma luta inglória e ferrenha contra o problema que se insurge. Resistirão a se “ajustar” a esse “novo sujeito”. Passam, então, a viver uma vida cruel e sofrida onde o sentimento predominante é de desalento, desamparo, revolta, indignação, pena, tristeza e solidão, além de frustração e impotência.

A família não é apenas a mais afetada, é também a primeira a buscar ajuda e apoio diante do problema. Buscam esse apoio primeiro entre si, depois em outros parentes, amigos, vizinhos, padre, pastor, patrão e assim por diante.  Mesmo assim, a ajuda e a mudança esperada muitas vezes não chegam.

A angústia, a revolta, o medo crescerão, passarão a fazer parte dessa família, ao ponto de algumas delas se desesperarem sem saber o que fazer. Apesar de ser nela que desaguarão todas essas mazelas, é também nela que estão as bases para se ajudar o usuário. É na família que haveremos de encontrar  apoio e orientação para se ajudar um dependente químico. Desde a motivação para fazer um tratamento, até mudanças comportamentais entre os próprios membros da família, necessárias à recuperação desse enfermo.

É tão importante o apoio que a família deve dar a essas pessoas, que pode definir o prognóstico de recuperação dos doentes. Os dependentes químicos que têm apoio familiar recuperam-se bem mais se comparados com aqueles que não têm esse apoio. Apesar disso, nessa luta, nem sempre os pais são vitoriosos, tendo em vista a gravidade desse transtorno. Ao mesmo tempo, não se pode pensar em desistência, pois há sempre uma esperança de recuperação .

Porém, quando ocorre o infortúnio de a família também adoecer, juntamente com o dependente químico, o que é muito comum nos dias atuais, a ponto de se fragilizarem e não terem mais condições de ajudar o dependente, recomenda-se que busquem tratamento não só para o doente, mas em seu próprio benefício.

 

 

 

 

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Uso problemático de eletrônicos, de jogos e da internet

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Este é o segundo artigo que publico neste jornal exaltando os problemas que vem surgindo na sociedade moderna a partir do uso disfuncional de objetos eletrônicos, da internet e de jogos.  Para a finalidade desse artigo, definiremos uso disfuncional como sendo o mau uso, ou sem finalidade precípua, ou ainda, uso patológico ou disfuncional que é o realizado por diferentes razões as quais prejudicam a vida ou funções de quem o executa. O uso disfuncional é patológico sem finalidades funcionais e prejudicial a todos, especialmente  o sujeito.

A condição de uso disfuncional de algo pode ocorrer em qualquer contingência, entre as quais o uso da internet em seus diferente aspectos. Pode ocorrer com o uso de álcool e de outras drogas, com sexo, com comida, com mentira, com jogos e com outras ações etc. Em qualquer das condições capazes de provocar esse transtorno, o prazer, o bem estar e a satisfação, se destacam entre suas motivações e reforço. Com o surgimento da internet em 1994 com a perspectiva de facilitar a vida do homem moderno, de ampliar seus conhecimentos,  de incrementar seus estudos, de facilitar as pesquisas, de melhorar as relações entre os seres humanos e o mundo, a internet passou a propiciar muito prazer e contentamento a todos os usuários. Isso tudo reforçado pela forma simples de acessá-la, pois basta digitar um endereço no www e utilizar @, em frações de segundos as pessoas se conectam com tudo e com todos em uma velocidade surpreendente  nunca antes visto.

A internet então redefini o mundo em dois  momentos: um antes e outro depois do seu surgimento. Tudo muito rápido e sem esforço. De fato é um sistema ultra-complexo que levou anos de evolução para chegarmos onde chegamos. Foi uma invenção científica e tecnológica surpreendente em todos os sentidos pois ao longo da vida jamais houve algo assim, apesar dos bilhões de anos vividos  na face da terra.

Foi uma descoberta que proporcionou ao homem contemporâneo muitos privilégios, prerrogativas e muitos ganhos. Transformou-se em algo tão importante que hoje não imaginamos o mundo, uma empresa, um negócio ou uma sociedade, sem a utilização da internet. Fica difícil nós conseguirmos viver sem os recursos dessa ferramenta, sob qualquer ponto de vista, além do mais está sempre evoluindo e aperfeiçoando suas finalidades e seus alcances. Está mudando tudo tanto em nossa volta, quanto dentro de nós mesmos.

Com o advento dos mais variados tidos de artefatos eletrônicos, cada vez mais sofisticados e eficientes, surge uma geração de usuários que estão adoecendo, pois já perderam a noção do uso funcional do www. Se tornaram aficionados, obcecado pela web ao ponto de perderem o limite de seu uso, onde o sentido de suas vida está exclusivamente baseados na relação com esses objetos ou atividades a ela relacionada. Praticamente tudo se torna subordinado à internet: se comunicar, ler as notícias em tempo real, saber tudo sem sair de casa, brincar, se comunicar, falar, sorrir, se distrair conversar com alguém, se relacionar, pesquisar etc., com uma notável expansão nos últimos anos.

Dentro dessa perspectiva e com avanço tecnológico surgem os jogos eletrônicos, que se transforma em são outros desafios. Desde os trabalhos iniciais de Alan Turing em 1950, sobre a  Inteligência Artificial, até os jogos que são praticados atualmente por crianças, adolescentes e adultos, muita coisa mudou e evoluiu muito. Os jogos são atividades que podem ser aplicados a qualquer ambiente virtual: educação (aprendizagem), área terapêutica (no tratamento de diversas doenças), no entretenimento, na competição, na diversão na vida real. Jogar é brincar, brincar constitui uma das maiores aspirações dos seres humanos nas fases da vida e tudo que e divertido gera atração.

O surgimento de um mundo novo, sedutor e apaixonante via internet e o aperfeiçoamento dos jogos eletrônicos como disse anteriormente fez com que um grande números de pessoas adoecessem também com esses jogos. Os estudos em torno desse transtorno cresce a cada dia não só pelo volume cada vez maior de pessoas acometidas por esse problema, quanto pela sua severidade. É tão importante isso que já está sendo cogitada a inserção de novos diagnósticos em manuais psiquiátricos designados de: dependência de jogos eletrônicos e de dependência de Internet. Em escala mundial, estima-se que haja em torno de 3% de dependentes de jogos eletrônicos e 9% apresentando uso problemático ou já são dependentes da internet. Estima-se que haja no Brasil 8 milhões de pessoas dependentes de internet. O transtorno acomete predominantemente pessoas do sexo masculino, especialmente adolescentes e adultos jovens.

Eis algumas dicas que nos auxiliam na identificação do problema: preocupação persistente com a Internet; utilizar a Internet com frequência cada vez maior; insucesso frequentes em controlar, diminuir ou parar o uso da Internet; os usuários passam mal, sentem-se cansados, instáveis, deprimidos ou irritados quando tentam parar o uso da Internet; ficam conectados mais tempo do que planejado; comprometem relacionamentos importantes como o emprego,  os estudos ou outros compromissos, devido ao uso da Internet; mentem para terceiros sobre a quantidade de tempo que utiliza a Internet; usam a Internet como forma de escapismo de problemas cotidianos. No caso de dependentes de jogos eletrônicos, praticamente os sintomas são os mesmos. Portanto, muito cautela para não adoecer nesse sentido pois é uma doença grave, com prognóstico desfavorável e que exige um tratamento especial para a reabilitação desses enfermos.

 

 

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As famílias e os dependentes de drogas

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No último dia três deste mês, foi anunciado dados de mais um trabalho de pesquisa realizado pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, sob a coordenação do Prof. Ronaldo Laranjeira, que desta feita tratou de questões relevantes sobre as famílias que possuem dependentes químicos, assunto importante porém pouco tratado em políticas públicas sobre a temática das drogas.

O Levantamento Nacional de Famílias de Dependentes Químicos mostrou que cerca de 28 milhões de brasileiros vivem com um dependente químico. Foi uma pesquisa inédita que mostrou também o impacto que ocorre na família, quando alguém do seu núcleo, faz uso de álcool e de outras drogas.

O levantamento mostrou que entre os parentes entrevistados, 80% são  mulheres, sendo que 46% delas são mães dos dependentes de drogas. Mais da metade delas (66%) são responsáveis pelo tratamento. Essas mães também são consideradas chefes da família, fazendo com que, além da sobrecarga de cuidar do filho usuário de drogas, cuidam tambem dos outros membros da casa.

Esse dado nos faz refletir sobre o papel de homens e mulheres em nossa cultura e no ambiente familiar pois, quem assume mesmo a lida com esses doentes são as mulheres. E, de fato, é o que se verifica na prática, pois na maioria dos casos são elas que tomam a frente para conduzir o tratamento recomendadado para esses dependentes quimicos.

Pelo estudo, mais da metade (57,6%) das famílias têm outro parente  usuário de drogas, isto é, não se trata somente de um caso, o que já seria por si só muito difícil, mas são mais de um. Para as pessoas entrevistadas, (46,8%) acreditam que maus  companhias e baixa autoestima pessoal dos usuários (26,1%) são fatores de risco mais relevantes que influencia no problema.

Na realidade, o ambiente onde se vive, as companhias, a auto-estima, as frustrações, o desengajamento em atividades sociais e no trabalho, o baixo nível educacional, a presenca outras doenca mentais ou problemas sociais, psicológicos ou comportamentais, são situacoes relevantes como fatores de risco para o uso de drogas, além de influenciarem nos mecanismos de recaídas que se veifica entre esses doentes.

A pesquisa avaliou também o tempo que as familias gastam para buscarem ajuda após o reconhecimento do uso dessas drogas, que é de três anos. Entre os usuários de cocaína e crack, o tempo é menor, dois anos. E, entre  usuarios de álcool esse tempo sobe para 7.3 anos.

 

Tempo muito longo para se buscar ajuda, para usuários de crack e cocaina, pois essas drogas provocam dependência em pouco tempo. Entre os consumidores de álcool,  sete anos também já é um tempo longo, embora se saiba que o álcool provoca dependência por maior tempo de uso. Em ambos os casos, muitos já apresentam sinais de cronificação da doença, fato que dificulta sobremaneira a recuperação dessss pessoas. Sabe-se hoje, que quanto mais cedo se empreender prevenção, as famílias evitarão muitos dissabores relacionados com o uso dessas substâncias.

Um terço dos parentes (44%) descobriram o uso de drogas entre familiares por causa da mudança de comportamento e apenas 15% por terem visto o paciente usar droga fora de casa e que se gasta muito com o tratamento desses enfermos, pois 58% desses tratamentos foram custeados exclusivamente pela família, afetando drasticamente o orçamento das mesmas, em 45% dos casos.

Esses fatos demonstram claramente a necessidade dos governos investirem mais em prevenção e em reabilitação psicossocial desses doentes. Oferecer uma rede de atendimento mais abrangente e mais eficiente que cubra as necessidades dessas famílias, deveria estar em primeiro plano nas políticas desse setor.

Podemos concluir, a partir desses dados, que as famílias de dependentes químicos estão praticamente sozinhas e desamparadas, não têm a quem recorrer, essa que é a realidade! Volto a dizer: tem-se que investir massicamente em prevenção e rabilitação psicossocial, para evitar os alarmantes índices de recaídas que se verifia entre essas pessoas. Alem do mais, ampliar a rede de cuidados primários para identificação precoce da dependência e começar desde cedo a tratá-los, pois, quanto mais cedo, maiores serão as chances de se livrarem desses problemas.

 

 

 

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A sede por álcool e outras drogas

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                No curso natural da dependência do álcool e de outras drogas, existem diferentes sintomas que, de conformidade com a evolução da doença, se destacam entre os outros. Neste artigo, tratarei da “compulsão” vulgarmente chamada de “fissura”, que é um dos mais importantes sintomas para o diagnóstico dessas doenças. O mesmo interfere diretamente na disposição do enfermo de se tratar, bem como nas sucessivas recaídas que se observa no processo de recuperação e tratamento.

Fissura e compulsão são termos largamente conhecidos pelo público em geral, graças aos artigos já publicados a seu respeito, embora, ainda não esteja completamente esclarecido como fenômeno psicológico e comportamental.

“Fissura” é um termo popular em nosso idioma e, entre os ingleses é denominada de “craving”, se referindo a um desejo ardente, incontrolável, irrefreável de consumir determinada substância da qual dependa. Em princípio, só sente fissura quem é dependente, além do mais, o mesmo pode estar presente em outros transtornos psiquiátricos, portanto não é exclusivo dos dependentes de drogas. A compulsão apresenta as seguintes características:

1 – está presente na síndrome de dependência;

2 – surge quando há privação ou redução no consumo da droga;

3 – a ânsia (compulsão) de consumir é quase sempre superior ao seu controle;

4 – favorece sempre a recaída;

5 – a obtenção da droga diminui os sintomas;

6 – é classificada como leve, moderada ou grave.

7– sua intensidade está associada à intensidade da dependência;

8 – é involuntário, evolutivo e envolve mecanismos neurobiológicos, neuroquímicos

Circunstanciais e psicológicos em sua natureza;

9 – há drogas que aliviam os sintomas do “craving”;

10 – interfere na decisão de se tratar;

Estes 10 itens acima mostram claramente a gravidade deste problema e todos são muito importantes em sua caracterização, a dificuldade de aderir a um tratamento e as recaídas são indiscutivelmente as mais importantes consequências do “craving”, justamente por interferir no tratamento e no processo de recaída.

Do ponto de vista da neurobiologia do “craving”, já temos acumulado um vasto conhecimento sobre como ele surge, muito embora se saiba que ainda falta muito para esclarecer totalmente sua natureza. O fato é que tudo se dá em determinadas áreas do cérebro intermediado por reações envolvendo os neurotransmissores cerebrais: dopamina, GABA, serotonina, entre outros.

Estudos de neuroimagem utilizando técnicas como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) têm permitido a identificação de tais anormalidades neurofuncionais criando condições favoráveis para que em um futuro próximo se possa manejar melhor com este sintoma. Além do mais, graças aos recentes os avanços da ressonância magnética (RM) funcional, já se pode vislumbrar as áreas afetadas pela compulsão, fato que está certamente favorecendo uma maior compreensão da fisiopatologia desse fenômeno.

Do ponto de vista do tratamento, nos últimos 10 anos, avançamos muito no controle e na prevenção da compulsão. Na área farmacológica os avanços foram expressivos, sobretudo com o surgimento de drogas denominadas de anti-compulsivas, anti-fissura ou ainda, anticraving, as quais, impedem ou reduzem nos pacientes a busca incontrolável pelo álcool ou por outras drogas, e diminuem drasticamente o mal estar físico, psicossocial e emocional ocasionado pela privação do uso da droga. Esses dois mecanismos de ação farmacológicos, são considerados atualmente como fundamentais para o manejo adequado dos dependentes de drogas.

Entre os transtornos que mais se beneficiaram com estes medicamentos foram o alcoolismo e o tabagismo. Outras drogas estão sendo testadas e que deverão ser lançadas em breve se destinam ao controle do “craving” dos dependentes de cocaína, através de mecanismos, diferentes aos anteriores.

Outros avanços significativos vêm ocorrendo em outras áreas que também controlam a expressão clínica da fissura, como por exemplo, na área ocupacional, psicoterápica e sócio-cultural com o desenvolvimento de técnicas avançadas aplicadas no processo do tratamento e reabilitação destes pacientes, as quais possibilitarão diretamente maior adesão aos mesmos, impedindo também, por conseguinte, os altos índices de recaídas frequentemente encontrados ente estes doentes.

 

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A sede por álcool e outras drogas

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No curso natural da dependência do álcool e outras drogas, existem diferentes sintomas que, de conformidade com a evolução da doença, se destacam entre os outros sintomas. Neste artigo, tratarei da compulsão vulgarmente chamada de “fissura”, que é um dos mais importantes sintomas para o diagnóstico dessas doenças. Esse sintoma interfere diretamente na disposição do enfermo para se tratar, bem como nas sucessivas recaídas que se observa no processo de recuperação e tratamento.

Fissura e compulsão são dois termos já largamente conhecidos pelo público em geral, graças às centenas de artigos já publicados a seu respeito, embora ainda permaneça obscuro do ponto de vista de sua origem.

“Fissura” é um termo popular em nosso idioma. Entre os ingleses é denominada de “craving”, que nada mais é do que um desejo ardente, incontrolável, irrefreável de consumir a droga da qual dependa. Em princípio, só sente fissura quem é dependente, seja de que droga for. É um sintoma que pode estar presente em outros transtornos psiquiátricos, portanto não é exclusivo dos dependentes de drogas.  O alcoólatra, portanto, sente fissura sempre que para de beber ou reduz a dose da quantidade de álcool; o tabagista sente o mesmo; o dependente de cocaína e de outras substâncias também sentirá fissura e assim por diante. Este fenômeno apresenta as seguintes características:

1 – está presente na síndrome de dependência;

2 – surge quando o consumo da droga é interrompido;

3 – a ânsia (compulsão) de consumir é quase sempre superior ao seu controle;

4 – favorece sempre a recaída;

5 – a obtenção da droga cessa os sintomas;

6 – é classificada como leve, moderada ou grave.

7– sua intensidade está associada à intensidade da dependência;

8 -é involuntário, evolutivo e envolve mecanismos neurobiológicos, circunstanciais/psicológicos;

9 – há drogas que aliviam os sintomas do “craving”;

10 – interfere na decisão de se tratar;

Estes 10 itens acima mostram claramente a gravidade deste problema e todos são muito importantes em sua caracterização, a dificuldade de aderir a um tratamento e as recaídas são indiscutivelmente as mais importantes consequências do “craving”, justamente por interferir no tratamento e na recaída.

Do ponto de vista da neurobiologia do “craving”, já temos acumulado um vasto conhecimento sobre como ele surge, muito embora se saiba que ainda falta muito para esclarecer totalmente sua natureza. O fato é que tudo se dá em determinadas áreas do cérebro intermediado por reações envolvendo os neurotransmissores cerebrais: dopamina, serotonina, acetilcolina e outros.

Estudos de neuroimagem utilizando técnicas como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) têm permitido a identificação de tais anormalidades neurofuncionais criando condições favoráveis para que em um futuro próximo se possa manejar melhor com este sintoma. Além do mais, graças aos recentes os avanços da ressonância magnética (RM) funcional, já se pode vislumbrar as áreas afetadas pela compulsão, fato que está certamente favorecendo uma maior compreensão da fisiopatologia desse fenômeno.

Do ponto de vista do tratamento, nos últimos 10 anos se avançou muito no controle e na prevenção da compulsão. Na área farmacológica os avanços foram expressivos, sobretudo com o surgimento de drogas denominadas de anti-compulsivas, anti-fissura ou ainda, anticraving, as quais impedem ou reduzem a busca incontrolável pelo álcool ou por outras drogas, e diminuem drasticamente o mal estar físico, psicossocial e emocional ocasionado pela privação do uso da droga. Esses dois mecanismos de ação farmacológicos, são considerados atualmente como fundamentais para o manejo clínico dos dependentes de drogas.

Entre os transtornos psiquiátricos que mais se beneficiam com estes medicamentos são o alcoolismo e o tabagismo. Outras drogas estão sendo testadas e que deverão ser lançadas em breve se destinam ao controle do “craving” dos dependentes de cocaína, através de mecanismos, diferentes aos anteriores.

Outros avanços significativos ocorreram na área ocupacional e psicossocial com técnicas avançadas no tratamento e reabilitação destes pacientes, as quais possibilitarão diretamente maior adesão aos tratamentos propostos, impedindo também, por conseguinte, altos índices de recaídas frequentemente encontrados ente estes doentes.

 

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