Mulheres, não bebam se estiverem grávidas!  

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Não é de hoje que o mundo todo chama nossa atenção para uma questão sumamente importante, qual seja, o uso de bebida alcoólica no período de gravidez. Há muito tempo que sabemos, também, que os danos à saúde do bebê e das suas mamães são enormes quando ambos se expõem ao uso dessas bebidas.

Mãe e filho (a) estão visceralmente ligados através da placenta e permanecerão assim por longo tempo, de tal forma que tudo que ocorra com ela em matéria de ingesta de alimentos, álcool ou outras substâncias, passará também para o corpo dessas crianças. Outra coisa importante, quanto ao uso do álcool, é que não há um uso considerado “seguro” que garanta a inocuidade em seres na vida intrauterina, independentemente, inclusive, da quantidade de álcool consumido, pois vários fatores podem interferir no metabolismo, mecanismo de ação e excreção dessa substância no corpo da mãe e do feto, especialmente nos três primeiros meses de gestação. A própria ingestão de bebidas deixa a gestação em situação perigosa, arriscada e com muitas possibilidades de inviabilizá-la. Quanto mais pesado for esse do consumo, piores serão as consequências.

Microcefalia, alterações faciais, renais, cardiopatias, retardo mental, dificuldades na aprendizagem, hiperatividade, deficit de atenção, alterações na psicomotricidade, na cognição e na adaptação psicossocial, podem ser consequências diretas do consumo do álcool, pelo feto, através da ingesta dessa bebida pela mãe.

Além dessas alterações, acrescenta-se o abortamento, natimortos e o principal transtorno, a Síndrome Alcoólico Fetal, conhecida pela sigla SAF. Essa não tem cura e as consequências para acriança são avassaladoras e para o resto da vida. Muitas crianças com SAF morrem antes de completar cinco anos devido a precariedade de seu nascimento, desenvolvimento e das suas defesas naturais.

Todos os órgãos e sistemas biológicos da mãe e do bebê são afetados pela ação do álcool etílico, principalmente o cérebro da criança pois está em processo de desenvolvimento. O cérebro é um órgão ultra complexo que comanda nossa vida. É um órgão nobre e um dos mais importantes dos seres humanos, sendo nele que age o álcool etílico. Ao ser afetado pode provocar graves transtornos neuropsiquiátricos e comportamentais.

O cérebro desempenha um papel preponderante em todas as atividades do corpo, das emoções, da cognição e do comportamento. É tão importante que na ausência de sua atividade define-se a morte clínica. A maturação do cérebro, desde o nascimento até idades posteriores, é mantida por um volume de mais de 100 bilhões de células nervosas, sendo que ao longo dos dois primeiros anos de vida com o crescimento contínuo do volume do cérebro, constitui-se um período de grande vulnerabilidade.

O cérebro em distintas fases do seu desenvolvimento sofre a influências de muitos fatores: estresse agudo e crônico, uso de álcool, tabaco e de outras drogas, traumas psicológicos e emocionais, problemas psiquiátricos, privações econômicas, desnutrição e muitas outras situações negativas, as quais podem interferir com sua funcionalidade.

A neuroplasticidade, capacidade de mudança e reorganização dos neurônios ocorre de acordo com mudanças ambientais, experimentais, sociais, físicas e lesões graves do cérebro, é o que nos garantirá a adaptação psicossocial e comportamental, por conseguinte, a presença do álcool nessas condições fatalmente afetará de forma negativa a saúde mental e o desenvolvimento psicomotor dessa criança. Outros fatores, como: som, tato, visão, olfato, comida, pensamentos, traumatismos e doenças sistêmicas e locais, bem, podem interferir também em sua funcionalidade.

A Sociedade Brasileira de Pediatria de São Paulo SBPP, esse ano, lançou uma campanha, de abrangência nacional, denominada “Gravidez sem álcool”, justamente, para reforçar o cuidado que deveremos ter com mulheres que bebem nessas condições de gravidez.  Ainda nesse ano, a Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro – SOPERJ reedita a campanha, juntamente com outras sociedades de especialidades médicas, como a de Ginecologia e Obstetrícia, com o mesmo propósito.

Os danos à saúde do bebê e das parturientes quando expostos ao álcool são por demais graves e conhecidos. Só para se ter uma ideia, em uma hora de ingestão, a taxa de álcool no corpo da mãe será a mesma da criança. A diferença é que a mãe bebe pela boca e a criança irá beber por uma veia. O álcool etílico é o responsável número 1 para casos de Retardo Mental e Teratogenias no mundo ocidental (deformidades e alterações graves no feto).

Uma das síndromes mais graves, ocasionada pela exposição do feto ao álcool, como já dissemos acima, é a Síndrome Alcoólico Fetal – SAF, que foi identificada pelo pediatra e pesquisador francês Lemoine, em 1968. Na França, ela atinge mais de 8 mil recém-nascidos/ano. No Brasil, cerca de 50 mil bebês/ano são vítimas da (SAF). No mundo, anualmente, este número chega a um milhão.

Diante do exposto, fica a pergunta: será que essas mães gestantes sabem claramente que ao beberem estão expondo seus bebês e a sua própria vida em situação de alto risco?

Será que os Gestores da Saúde, os Coordenadores de Programas Pré-natais ou de Aleitamento Materno, Diretores de Hospitais Materno – Infantis, de Ginecologia e Obstetrícia, não poderiam propor ações mais concretas para o enfrentamento desses problemas? Será que o Ministério da Saúde (MS) não poderia tornar a SAF sob notificação compulsória, para mostrar sua realidade em nosso país e nos ajudar a enfrentá-la? Será que as Universidades, que formam esses profissionais, não poderiam participar dessa luta e tratar esse tema com maior rigor nos diferentes cursos de formação em saúde?

Eis o grande mérito dos Pediatras, Ginecologistas e Obstetras de São Paulo, e suas Entidades Profissionais, ao proporem um evento com tamanha envergadura, alertando mães, autoridades, crianças e adolescentes sobre todos esses riscos do consumo de álcool durante a gravidez. A iniciativa fez parte da Semana de Combate e Prevenção à Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), promovida pela SPSP, Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Parabéns, aos colegas, fica aqui o recado!

 

 

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Os vícios da vida moderna

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Os vícios da vida moderna

O termo vício segrega, marginaliza e não define essencialmente o sentido para o qual é aplicado, muito embora ainda seja muito utilizado em diferentes sentidos e ocasiões. É um termo preconceituoso e excludente do ponto de vista pessoal e social. Em Dicionário Etimológico Nova Fronteira, do Latim, “vitiun”, significa “defeito grave que torna uma pessoa inadequada para certos fins ou funções”. O viciado se inclina para o mal e é considerado desagregado, descontrolado e sua conduta é desaprovada e condenável, sendo ainda considerado por alguns um “devasso licencioso”.

À luz da Psiquiatria moderna, o termo está em desuso e quando ainda se aplica relaciona-se aos indivíduos com maus hábitos, em especial para usuários de álcool, tabaco e outras drogas. Sobre esses usuários, ainda hoje predomina uma visão moralista sobre o assunto, por isso mesmo eram pessoas, injustamente, alijadas do convívio social. Modernamente, a designação de “viciado” foi substituída por “usuário disfuncional ou dependente”.

Com o avanço científico e tecnológico, marca indelével da vida moderna, vem surgindo diferentes comportamentos humanos, que do ponto de vista pessoal e social, não são muito diferentes dos que existiam antes do desenvolvimento destas tecnologias. Alguns dos comportamentos da modernidade e da pós-modernidade são bem parecidos aos comportamentos dos “antigos viciados em drogas”. A grande diferença é que no lugar das drogas de abuso, estão presentes os modernos equipamentos tecnológicos desta nova sociedade tecnocrática. Esses “vícios modernos”, produzidos pela era digital e tecnológica, e muitos outros comportamentos originados das modernas tecnologias, passaram a ser denominados “vícios eletrônicos”.

Capitaneando todas estas inovações e redefinido novos paradigmas nas relações humanas, está a internet, um recurso fabuloso inventado pelo homem moderno a partir da grande teia de computadores que está transformando o mundo real em um mundo virtual e o homem em um Cyberman. A internet o deixou menos singular e mais global, menos local e mais telúrico, menos material e mais virtual, mais cético e menos crítico, mais lógico e menos sensível.

Entre os filhotes dessas tecnologias modernas estão os tabletes, os smartphones, as redes sociais, os computadores modernos, as TVs inteligentes e interativas e muitos outros aparelhos eletrônicos, fabulosos, que conquistaram o homem moderno, definitivamente. Esses compõem a tecnologia digital contemporânea, os quais nos dão tudo que precisamos para viver com o menor esforço possível, o que nos agrada muito.

Os brinquedos e jogos eletrônicos, o ensino, o conhecimento, o lazer, o trabalho tornaram-se mais simples e fáceis, efetivamente ao nosso alcance. Os avanços prosseguem e a todo instante nos surpreendemos com tantas novidades, descomplicando a vida.  Houve tanta mudança nessa área que hoje namora-se, noiva-se, casa-se, viaja-se, forma-se, estuda-se, sem sair de casa ou do local onde se está.

As filhotas da internet são as redes sociais. O Brasil detém o terceiro lugar no ranking internacional de acessos às redes sociais, especialmente Faceboock, Instagran, Tweter e Linked-in. Talvez não haja algo mais sedutor e prazeroso do que você falar com todo mundo sem abrir a boca, cumprimentar a todos sem estender as mãos, tornar-se visível ao mundo com um selfie, ir a todos os lugares sem sair de casa.  Amar ou se apaixonar por alguém sem sentir seu cheiro, seu corpo ou sua voz. Seguir ou ser seguido por milhares de pessoas sem conhecê-las, sem apertar suas mãos, ou abraçá-las. De trabalhar, produzir e ganhar dinheiro sem sair de casa. E todos esses comportamentos carregados de muito prazer e contentamento. Que coisa fabulosa! Diante de tudo isso, o que mais queremos para o futuro?

Todos esses ganhos e benefícios fizeram com que os incautos e exagerados fossem “fundo ao pote”. Mergulharam de cabeça, profundamente, neste mundo virtual, maravilhoso e mágico e perderam os limites. Ficaram doentes e adoeceram suas famílias. Esta é a mais nova categoria de doentes mentais que se insurge nos tempos modernos, produzidos pela era eletrônica, ou seja, os dependentes em eletrônicos.

O perfil epidemiológico dessas pessoas, dependentes de redes sociais, smartphones, tabletes, WhatsApp, e outros meios e equipamentos tecnológicos, está sendo construído, acredito que em um futuro próximo se possa saber melhor psicopatologicamente quem são esses “viciados em tecnologias”. Por enquanto, de oficial, somente os dependentes de jogos eletrônicos estão incluídos na nosologia psiquiátrica pela Organização Mundial da Saúde – OMS. São enfermos tão graves quanto os dependentes de álcool e de outras drogas, pois se revelam de forma sutil, progressiva e insidiosamente e vão evoluindo lentamente. Quando menos se espera, já apresentam distúrbios comportamentais, emocionais, afetivos e relacionais graves, acompanhados de desadaptação psicossocial, ocasionados pelo apego disfuncional aos eletrônicos e redes sociais.

Para agravar mais ainda essa situação, a “enfermidade eletrônica” revela-se não somente pelo apego doentio a esses sistemas, apresentam também profunda solidão, não conseguem viver sem esses equipamentos ou redes sociais, referem ansiedade e desprazer. Ao não ter acesso aos mesmos, isolam-se de todos, passam mal, tornam-se desadaptados, abandonam outras atividades que lhes são importantes, desrealizam-se, apresentam medos na convivência, tornam-se desconfiados, inseguros e depressivos. Esses, são alguns dos atributos psicopatológicas encontrados nessas personalidades.

Do ponto de vista médico, o diagnóstico e o tratamento desses enfermos se constituirá como um dos mais importantes desafios para a Psiquiatria moderna, para a Psicologia e para a saúde mental, pois o número deles é cada vez maior e os danos à saúde mental e social são avassaladores.

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Sobre o viver bem

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                                                                   Recentemente vi circulando nas redes sociais, um vídeo do Ayrton Senna, o qual em uma entrevista, entre as centenas que dera na vida, revia seus feitos, suas lutas e desafios. No vídeo, depois de uma reflexão sobre sua vida, se dizia um homem feliz de sucesso, um privilegiado e possuidor de uma vida muito boa. Mais adiante, assinalava que independente de quem sejamos ou o fazemos, independentes das condições sociais de cada um e, independentemente, da idade que se tem, deveríamos, na vida fazer tudo com dedicação, com perseverança, com um desejo ardente de vencer, no seu caso, usou disso não só como piloto de Fórmula 1 e sim na sua vida. Dizia ainda, que o que venhamos a fazer o façamos com determinação, com muito amor e fé em Deus que assim se chega onde si quer.

                   Ouvi atentamente a mensagem do Senna e me pus a refletir sobre suas “recomendações” pois, ao que se sabe, fora um homem realmente muito bem-sucedido em sua profissão como esportista, como empresário e na vida pessoal, portanto, é bom ouvir o que essas pessoas têm a nos dizer. Viveu bravamente, conquistou muitas coisas, muitas homenagens, vitórias, troféus, medalhas e muitos outros prêmios, além de conquistar aplausos, o coração das pessoas em sua volta e, sobretudo, o reconhecimento internacional de um grande campeão como piloto de fórmula 1, teve uma vida gloriosa.

        Quando ele nos fala de dedicação, de perseverança, de desejo ardente de vencer, de determinação, amor e fé em Deus, ele não está se referindo a nada exótico, exotérico ou fora do nosso alcance. Está falando de algo razoável, de algo simples, de algo que todos, de uma forma ou de outra poderia exercitar. De algo que se espera que todos façam para alcançar seus desejos. Ayrton Senna, não falou de nada em que nós em condições normais de vida, não possamos dispor. Ele chama a atenção justamente para isso, isto é, para se viver bem, rumo ao que se quer, é preciso que haja esforço, empenho e dedicação e afinco.

           Todas aquelas virtudes, por ele citadas, fazem parte dos nossos atributos, do repertório das habilidades humanas os quais estão potencialmente dentro de cada de nós. Muitos, infelizmente, ainda não souberam como explorar sua intimidade e estimular tais prerrogativas em seu próprio benefício.

           Exercitando adequadamente esses atributos a vida se torna mais simples e a chance de vencer na vida é maior, devemos, pois, acordar essas virtudes e se lançar para o mundo. De fato, as pessoas que vencem na vida e se dão bem com a vida que levam, de uma forma ou de outra, souberam explorar essas qualidades, de ter foco, determinação e denodo e dedicação no que fazem. Usam bem essas ferramentas mais que as outras pessoas que fracassaram na vida.

          Esse fato me fez lembrar outro acontecido. Recentemente, o ler alguns textos sobre audácia, me veio à mente um de Linda Bortoletto, ex-comandante de polícia na França que se tornou aventureira, conferencista e organizadora, na atualidade, de um movimento denominado de “Marcha pela Audácia” e nesse texto ela diz: audácia é um mecanismo que surge mais frequentemente em pessoas que se conhece melhor e quem têm mais intimidade consigo mesmo.

             Ouvindo o Ayrton exortar aquelas virtudes e relacionando-o ao dizer da escritora escreveu, verifica-se que há algo comum, pois em ambas as situações se exorta as virtudes ou dotes do interior do ser humano. Dedicação, perseverança, determinação, audácia, amor e fé em Deus, condições que brotam de nossas entranhas, da nossa interioridade. Essas virtudes não estão nos objetos que se compra, no que se vê ou veste. Não está nos carrões, na joia nem no volume de dinheiro que alguém usa ou guarda. Não está na idade, na sua profissão ou no que és ou fazes na sociedade. Esses dotes estão dentro de cada sujeito, dentro de cada um de nós, em nossas entranhas.

           Nesse momento, mais uma vez, me veio à mente a beleza e a importância do aforisma atribuído ao grego Tales de Mileto, Nosce te Ipsum, Conhece-te a ti mesmo, condição que nos leva para nosso interior e nos dá a garantia de saber quem somos, o que queremos e para onde caminhamos. Essa é a chave do sucesso na vida. Através do autoconhecimento você chega facilmente aos seus dotes, às suas virtudes e a esse arsenal gigantesco de força e poder que temos guardado dentro de nós e em geral não usamos ao longo da vida

            É através do autoconhecimento que ampliamos nossa consciência sobre nós mesmos e sobre o mundo e isso é a principal e mais importante maneira ao nosso dispor de vencermos na vida. Essas ferramentas indispensáveis para vivermos bem e ter uma vida exitosa que o Ayrton Senna nos falava, faz parte do arsenal das habilidades humanas, e semelhantemente a muitas outras, basta que cheguemos até elas e as estimulemos para que possamos desenvolvê-las para nos fortalecer.

             Dedicar-se ao que se faz, nada mais é, que empenhar-se ao máximo à tudo que fazemos. É nos abstrairmos de outras coisas ou tarefa e focarmos em uma. É nos concentrarmos em nossas atividades. É ter zelo, denodo estima e empenho nos nossos afazeres. Dedicar-se e conhecer mais e mais fundo nossos feitos.

            Perseverar sempre, é insistir, persistir é não desistir nunca ante teus propósitos e metas na vida. É manter sua determinação em uma possibilidade. Muitas vezes as dificuldades, os embates e os contratempos se esbarram na consecução desses ideais e nessas ocasiões, muitos desistem e se deixam levar por desalentos, desestímulos e desencantos, se deixando abater por tais eventos. Porém, há de se permanecer perseguindo o que se quer a luta não se encerra, é justamente nesses momentos que se deve perseverar, manter-se convencido onde quer chegar e o que deve fazer para tanto. Deve permanecer lutando e prosseguir no rumo do que ela quer.

                   Dizia ainda o Senna, para fechar com chave de ouro suas palavras, que tudo façamos com amor e Fé em Deus. Condições imprescindíveis para se viver, para se lutar sobre o que se quer e para vivermos bem na vida, sem essas duas condições dificilmente as outras se efetivarão. O amor é nossa força inspiradora, é o que nos inspira, nos protege e nos garante a prerrogativa da vida. A fé nosso combustível, das vivências humanas é que nos fortalece e nos guarda. É quem nos faz suportar as agruras, a dor e o sofrimento dos fracassos e insucessos que eventualmente se nos sucedem. A fé é a certidão de garantia das nossas atitudes e propósitos.

 

 

 

 

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As graves incongruências do dia a dia

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Hoje assistir duas cenas inconciliáveis. De um lado os noticiosos anunciam que o Congresso Nacional passa a mão na cabeça do Senador Aécio Neves e o acolhe de braços abertos, devolvendo-lhe todos os seus direitos e prerrogativas, apesar das atitudes e ações que o mesmo, despudoradamente,  tomara junto a família Batista. Por outro lado, há poucos minutos, na entrevista concedida a Globo News, o ilustre Juiz Sérgio Moro, exortava, a necessidade de que os políticos brasileiros adotassem medidas e ações mais arrojadas, a partir dos ensinamentos da Lava – a Jato, no sentido de proteger o país de forma mais conclusiva, dos corruptos e desonestos. Dá pra entender?

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A crise na política e dentro de nós

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Atualmente o que mais se ouve falar é de crise. Crise de todos os tipos e de diferentes gravidades. Como um evento humano, é através dela que se promovem as mudanças fundamentais nos processos vitais. As crises, independentemente de sua natureza, têm de ser identificadas, enfrentadas e modificadas. Esses são os três grandes desafios sobre os quais as crises se sustentam. São etapas necessárias à sua expressão e ao seu manejo.

Crise, etimologicamente, é alteração, desequilíbrio dúvida, incerteza, tensão conflito. É um momento transitório de desequilíbrio ou de instabilidade, em que se evidencia e se sinaliza a necessidade de mudança, mais ou menos radical, em um dado processo ou momento. As crises se instalam em condições inevitáveis pois é um fenômeno, naturalmente presente em situações, épocas e fases da vida e ocorrem em processos físicos, geográficos, políticos, sociais e humanos, pois como seres viventes e em movimento permanente, entram em equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio constantemente.

A crise, seja qual for, nunca se define ou se encerra em si mesma. É Sempre contextualizada em sua expressão e em sua magnitude. Se sucede, se interrompe e se sucede, eis a crise. Um constante interceder e intercalar de eventos, todos em direção ás mudanças e a evolução. Em condições naturais, as crises sempre evoluem em uma direção.

É utópico imaginarmos um mundo sem crises, em qualquer etapa ou momento em que ele se encontra. São eventos indispensáveis e sem as quais a própria vida perde o sentido e se desnaturaliza. Os eventos ocorrem e as crises se sucedem e em cada uma delas dentro e fora de nós, e assim prosseguimos.

No imaginário social, cultural e psicológico, sempre se associam as crises com algo ruim, fatal, e inexoravelmente trágico. Nessa expectativa, passa a ser uma condição que nos inspira medos, inseguranças e perplexidade. A rigor nos conduz a expectativa, contemplação e imobilismo, sobrevindo interrogações: e agora, para onde vamos, o que vai acontecer, o que podemos fazer? Nossa geração vem enfrentando crises sucessivas predominantemente políticas, econômicas, éticas e todas graves e desfavoráveis. Em todas nos sentimos frágeis.

Nossa história é repleta disso. Na história do homem, no globo, o que não faltam são momentos ou estados de crise que ocorrem desde os primórdios da humanidade. E, se voltarmos a visão para nós mesmos veremos que tais fenômenos, na dimensão ontológica, fazem-nos perceber que nossa vida é uma sucessão infinita de crises, sem as quais não avançaríamos.

Mas, se é assim, porque tanta reclamação? Tanto descontentamento? Tanta frustração, tanto medo e tanta expectativa negativa pairando na cabeça das pessoas? Guardando as devidas proporções, cada um de nós vive esse momento, de forma muito particular, assim como particulares são as respostas que cada um atribuirá a seu momento, seu tempo e a sua história.

Abstraindo-nos um pouco da visão filosófica e antropológico-existencial que dei ao conceito de crise no primeiro momento desse artigo, essas que vivemos atualmente, com fortes bases éticas, são impostas. Não são naturais, foram condições que se nos impuseram irresponsavelmente e de forma impiedosa. São situações impostas, de forma artificial e incongruente, portanto, evitáveis. Gera ameaças social, psicológica e cultural, manipuladas. Essas crises que se nos impuseram não estão a favor da vida, da mudança ou a serviço da plenitude dos seres humanos. Estão a serviço da arrogância, do despudor, e da violência do grupo político que cuida desse país.

São condições determinadas, por pessoas indiferentes, insensíveis e vaidosas, que fazem parte de quadrilhas poderosíssimas e que defendem grandes interesses econômicos, financeiros e de mercado. São crises importas por ditadores, sabidos, larápios, criminosos e aproveitadores da boa-fé de todos e preferentemente dos mais humildes. Crises fabricadas por grupos políticos indiferentes ao sofrimento e ao bem-estar social.

Dessa forma, o que está em jogo não é uma crise em seu sentido antropológico e filosófico, como procurei demonstrar acima. O que está em jogo é o sentimento de mal-estar geral e de indignação profunda, que a cada dia nos abate ao percebermos que os fatos se agravam. O que está em jogo é o sentimento de frustração e decepção oriunda da inépcia de gestores públicos, no trato da coisa pública. O que está em jogo é a revolta de assistirmos impávidos as negociatas, as impunidades, as injustiças, os crimes, a violência, a improbidade, etc.

O que está em jogo é a frustração de termos sido enganados em nossa credulidade e inocência ao se constatar a decadência moral revelada pela face triste de uma criancinha, com fome que não tem onde morar. Ou de uma mãe ou um pai desempregado que não sabe o que fazer. Ou ainda, o desespero da professorinha, que já não sabe se ensina ou se educa, ou qual é mesmo seu papel pelas incongruências, onde família, escola, sociedade e o estado, não se entendem.

Eis a crise insana, impostas por políticos insanos e desumanos, que se nos impõe uma ordem social, desumana e decadente, gerando perversidades e injustiças. Políticos inescrupulosos que ocupam cargos importantes na vida pública para se locupletarem negligenciando suas obrigações e deveres.

Devemos agora, já que a cada dia são reveladas as ambiguidades pessoais e os esquemas criminosos envolvidos nessa corrupção desvairada, lutar, ir as ruas, denunciar, fortalecendo um amplo movimento nacional de indignação e a favor da justiça e da paz entre as pessoas sérias desse pais. A luta não é simples nem fácil, mas, em uma altura dessas, não devemos nos abater nem nos conformar ou ficar só reclamando de crise. Os responsáveis por todas essas situações que nos impuseram pagarão caro, como já estão pagando de tal forma que não podemos perder as esperanças de fazer com que esses arrogantes, petulantes, cínicos e falastrões, paguem por seus crimes. Falar que estamos em crise não adianta nada, o que nos adianta agora é empunharmos nosso coração e banir esse grupo de impostores de seus postos para deixar nosso país livre para crescermos com ele.

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Atividade física e saúde mental

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Atividade física e saúde mental

A cada dia crescem as evidências que o homem contemporâneo, produto de uma era repleta de novos conhecimentos, pode viver mais e melhor. Esta é, certamente, uma das mais importantes informações, que todos nós queríamos ouvir, pois a busca da longevidade e da vida eterna é uma das mais antigas aspirações dos seres humanos e isto está se concretizando a passos largos.

Nos últimos 50 anos demos um salto muito grande na qualidade e em nosso estilo de vida atingindo índices de longevidade nunca antes alcançados, pois estamos vivendo mais e melhor. Sabe-se, que para atingirmos isto houve uma coincidência de diferentes fatores que garantiram estas conquistas: os avanços da Nutrologia, da Bioquímica, da Imunologia, da Genética, da Farmacologia de Neurofisiologia e das Ciências Comportamentais. Não se pode também desconsiderar os avanços imprescindíveis no campo da tecnologia médica, os avanços sociais e econômicos e a maior participação de todos na cadeia produtiva e no trabalho.

Por outro lado, há um contrapondo, importante, que se estabelece, contrários aos avanços citados acima.  A Revista Médica Britânica “Lancet”, há alguns anos, publicou artigo mostrando que 5,3 milhões de mortes por ano no mundo estão relacionados ao sedentarismo. Para os pesquisadores, a falta de atividade física diminui a expectativa de vida da mesma forma que o tabagismo e a obesidade. E essa condição, responde por 10% das doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e problemas cardíacos.

Em outro estudo, Pedro Hallal, da Universidade de Pelotas, informa que 30% da população mundial adulta é fisicamente inativa, e que 80% dos jovens entre 13 e 15 anos não se exercitam o suficiente. Outras informações mostram que 49% da população brasileira adulta não praticam atividade física, embora se saiba que o sedentarismo responde por 13% das mortes por infarto, diabetes e câncer de mama e do intestino.

Dados do programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUP, de 2016, nos dão conta que, a cada ano, cerca de 300 mil brasileiros morreram em decorrência de doenças relacionadas à inatividade física. Em outras palavras, o sedentarismo, que como se viu, mata 5,3 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, causa no Brasil uma epidemia de doenças relacionadas à inatividade.

Especificamente sobre a saúde mental, um trabalho realizado com um grupo de mais de 700 indivíduos idosos sem demência, desenvolvendo níveis elevados de atividades físicas nas 24 horas, avaliada objetivamente pela actigrafia (que mede o ciclo de atividade/repouso através dos movimentos do pulso), verificaram que estes indivíduos apresentavam um menor risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, bem como uma taxa mais lenta de declínio cognitivo. Esta descoberta dos pesquisadores apóia os esforços dos mesmos para incentivar a atividade física, mesmo em pessoas muito idosas.

Portanto, a atividade física, diminui o risco de declínio cognitivo e demência. Isto é, uma pessoa com baixa atividade física diária, apresenta um risco 2 vezes maior de desenvolver Doença de Alzheimer (DA), em comparação com um exerça uma atividade física regular. O nível de atividade física cotidiana global está associado com uma taxa mais lenta de declínio cognitivo global, particularmente para a memória episódica, memória de trabalho, velocidade na percepção e habilidades visuais / espaciais. Isto é, todas as funções cognitivas se beneficiam com atividade física regular.

Os estudos também demonstram que não é só através do exercício físico, que se vive bem, o incremento das atividades cognitivas, ocupacionais, a arte, a criatividade, e outras atividades intelectuais, são condições que também estão associadas com um maior desempenho cognitivo e com a qualidade de vida na velhice. Indivíduos mais velhos, para quem a participação no exercício formal esteja limitada por problemas de saúde, pode se beneficiar de um estilo de vida mais proativo através do aumento de todo o espectro de atividades de rotina. Isto é, mesmo que a pessoa não pratique formalmente o exercício, mas se tem uma vida ativa, também se beneficiam evitando muitos transtornos neuropsiquiátricos.

Portanto atividade física é algo adstrito, só a promoção da beleza, mas também e principalmente, a saúde, a vitalidade e a longevidade, pois essas práticas impedem o surgimento de muitos transtornos físicos, psíquicos e sociais graves e avassaladoras, especialmente, em populações de idosos.

Não é de hoje que se sabe que a ocupação é fonte de saúde. Desde que essa ocupação seja inspirada por prazer e disposição. Isto é, exercer atividades prazerosas e que lhe dê contentamentos. Muitas pessoas, equivocadamente, ao se aposentarem de seus trabalhos habituais, ou por tempo de serviço ou por idade, abandonam inteiramente as atividades que lhes eram comuns, e se se entregam a uma vida improdutiva, ociosa, desocupada, achando que já trabalhou muito e, portanto, deve “ficar sem fazer nada”. Vejo nisso um tremendo equívoco de avaliação. Essas pessoas ao se aposentarem, o fizeram, de uma atividade formal, regular e corriqueira, porém a vida de cada uma prossegui, continua, sem interrupção e isso vai permanecer, aposentado ou não.

A vida permanece, o cérebro permanece os órgãos estão ávidos por atividades e quando se tornam impedidos disso, essas pessoas pagarão um preço caro com o surgimento de muitas doenças originarias dessa inatividade.

           Entre as doenças neuropsiquiátricas e emocionais muito comuns nessas condições, encontra-se quadros depressivos graves e outros transtornos emocionais, sobretudo, transtornos ansiosos por desadaptação ou disfuncionalidade, justamente, por se estregarem, entre outras coisas, a um sistema de vida ocioso e sedentário, duas condições absolutamente contrárias a saúde plena.

Ainda do ponto de vista da saúde mental e psiquiátrico, sabe-se, que ao nos exercitarmos, estimulamos a funcionalidade de uma rede enorme de neurotransmissores cerebrais, substâncias imprescindíveis à nossa saúde global (física, psíquica e social), sem os quais, dificilmente, desfrutaríamos com plenitude de saúde e bem-estar. São substância proteicas, vitais para garantir as funções do cérebro e de muitos outros órgãos indispensáveis à saúde.

Nossa vitalidade e nosso comportamento, depende da funcionalidade do cérebro e dos neurotransmissores cerebrais, os quais, resumidamente, são eles quem nos darão o equilíbrio necessários para vivermos plenamente. Eles garantem o que fazemos, o que pensamos, sentimos, reagimos, e nos comportamos. A atividade física, regular, sob orientação profissional, nos dá isso de graça, daí porque, quem pratica um esporte, sabe que depois de uma boa sessão de academia, uma boa caminhada, uma bela natação e ou outras práticas esportivas, você se sente relaxado, tranquilo, satisfeito, sorridente e pronto para o dia a dia.

 

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As amizades em crise

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         Em conversa recente com alguns amigos, onde falávamos sobre as amizades e as dificuldades em fazê-las, especialmente nos dias de hoje, fiz algumas ponderações a esse respeito, dizendo-lhes que entendia, ser a amizade, na perspectiva das relações humanas, algo singular, especial bem como destes com outros animais.

            Dizia ainda, que a amizade se dá no tempo, e está sempre acima de interesses das partes envolvidas nesse processo. É uma relação promissora, autêntica e se consolida de forma lenta e progressiva, se aprofundando à proporção que cada qual vai se conhecendo. É um relacionamento profundo, de concessões e de desinteresses e se dá de forma confiante, amável, solidária, afetuosa, carinhosa, respeitosa, protetiva e, amorosa. É uma relação inspirada em sentimentos nobres e profundos, confluentes, simultâneos e altruísticos.

As amizades tendem a ocorrer de forma fortuita, embora possa surgir na maioria das vezes na convivência e, quando ocorrem, consolidar-se-ão, no tempo. Nascem da confluência desses atributos positivos e se dirigem em um único sentido, onde os amigos se dão mutuamente.  Isto é, na amizade, há uma sincronia afetiva, há uma simpatia mútua, unidos por sentimentos positivos, de confiança e segurança mutua.

Até aí, parece que todos concordaram com o que havia dito. Um dos amigos, fez alusão a pontos de interesses comuns que deve haver ente os amigos e outros, ainda, retrucaram, alegando que mesmo que haja discordâncias entre ideias, essas divergências ocorreriam no plano dos pensamentos, e que, sem grandes esforços, a própria amizade, as suplantaria e essas seriam elo de união e não de separação pois, são simplesmente, diferentes formas pensar de cada um.

Toda amizade precisa ser mantida, regada, cultivada, pois as mesmas são bases especiais dessas experiências humanas. Isto é, da mesma forma como se deve regar uma plantinha para que ela cresça e se desenvolva, de forma sadia e promissora, sentimentos como a fé, a confiança, o amor, o respeito e o carinho, que inspiram as amizades, devem também sê-los. As amizades devem ser preservadas, protegidas e cultivadas.

As amizades, como outros sentimentos humanos, não deverão estar exclusivamente à mercê de contatos frequentes, visitas ou mesmo as voltas com sentimentos de posses exclusivistas de alguém sobre alguém. O amigo não é dono do outro. Tenho amigos, que passo anos sem vê-los, porém, quando nos encontramos, a impressão é que se tem é que o tempo não passou. E assim a amizade brota e se mantém.

Também nesse ponto não houve qualquer divergência. Isto é, não se define uma amizade pelo número de encontros, frequência de visitas ou pelo tempo que cada um passa com o outro. A amizade está muito acima dessas peculiaridades e transcende o tempo.

Nenhuma amizade deve subjugar os amigos entre si. Isto é, preserva-se a autonomia, a liberdade de pensar, de sentir e de agir de cada um, em respeito à personalidade e ao caráter do outro. Não é concordando sempre, com que ambos pensam, que as amizades se consolidam, pode-se discordar das diferentes formas de pensar e nem por isso a relação se abala, desde que haja respeito pelas ideias.

Se fizermos, um recorte entre as ponderações feitas acima e as condições atuais com que ocorrem os relacionamentos, torna-se difícil se desenvolver boas amizades.

Vive-se em um mundo de rápidas e constantes transformações, onde o hoje, o ontem e o amanhã, parecem se confundir, ao se darem em um mesmo plano. O tempo parece curto e curtas são as relações. As coisas se passam rápido demais, colaborando com vivências fugazes e transitórias. Relações inconstantes sem profundidade virou marca registrada nos tempos modernos das diferentes experiências humanas. Essas marcas, colaboram para que haja relações sem profundidade, maquiadas, efêmeras, utilitárias e, em muitos sentidos, mercantis.

As pessoas, inseguras em si mesmas, se dão muito pouco umas ás outras, nesse contexto de transitoriedade. A maioria absoluta delas estão isoladas e circunscritas aos seus egoísmos. As relações estão sem o selo de garantia. Estabelecem-se de forma predominantemente sem efetividade. O mundo se notabiliza por relações fisiológicas e oportunistas, onde todos tendem a tirar proveito dos outros se moldam a partir desses pretextos.

Em sendo assim, poderíamos falar de amizades, em seu significado mais profundo, onde o que deveria imperar era a confiança e o respeito entre as pessoas, sendo o que menos ocorre?

Poderíamos pensar em amizade em um mundo onde a insegurança, a desconfiança e a desfaçatez predominam? Onde a insensibilidade, a insensatez e o egoísmo, tem suas presenças garantidas em qualquer relação, e, por isso mesmo, todos acabam tendo sempre um pé atrás, ante cada um?

Poderíamos pensar em amizade onde não há gratidão, admiração e carinho entre as pessoas, em um mundo, predominantemente, repleto de ódio e competição, em suas diferentes formas de expressão?

Poderíamos pensar em amizade onde as pessoas não se relacionam mais de fato e de direito, e sim, sob o império da virtualidade, através dos meios eletrônicos, onde muitos nem se conhecem e passam a “estabelecer relações profundas”?

Como se pensar em amizade, onde as pessoas nem se dão conta de si mesmas e que, ao mesmo tempo, querem aparecer e serem notadas, mesmo que para tanto, façam muito pouco um pelo outro?

Fiquem pensando sobre isso! Todos fomos responsáveis até onde chegamos. Amizade, contrariamente ao que muitos pensam, é uma relação vital, indispensável entre os humanos e destes com outros seres viventes. É uma condição de promoção e de proteção da vida. Não é, tão somente, uma coisa simples, que ocorre entre um e outro, ela se dá em um plano de prorrogação e manutenção da vida. Devemos promove-la, protege-la, defendê-la e cultivá-la e é a ela, que haveremos de recorrer quando nos sentirmos cada vez mais sós e solitários.

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Aposentar-se da vida ou do trabalho?

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Uma questão que me parece absolutamente relevante e que vem merecendo pouca atenção, por parte do estado e de muitas empresas empregadoras nesse país, é o destino de muita gente que, ao se aposentar, passam a apresentar graves problemas emocionais, comportamentais e sociais, em razão direta da aposentadoria.

Para muitos, aposentar-se ao invés de representar uma conquista, um novo e agradável modo de vida, uma oportunidade a mais de ser feliz ou de virem a realizar planos saudáveis na vida, a aposentadoria representa um “inferno” uma tortura ou uma coisa muito ruim. Muitos ficam à deriva, sem saber o que fazer, sem saber para onde ir, sem fazer nada e à margem das atividades sociais e ocupacionais. Outros, torna-se ansiosos, depressivos, fóbicos, inseguros, retraídos, ocasionado pela mudança abrupta de seus “modus vivende”, para o qual não foram preparados.

Em geral, quando o assunto é aposentadoria, uns se assustam, outros se preocupam e se retraem e não querem falar sobre o mesmo, e, há os que tem até medo de chegar a essa época. E, ao tratar sobre ela, as principais questões são sempre as mesmas: reclamações, revoltas, previdência, salários, direitos, desassistência, etc. São queixas comuns, que se destacam sobre qualquer outro assunto e, um dos que menos se fala, são dos sentimentos, vivências, expectativas e projeto de vida que cada pessoa apresenta ao se aposentarem. Ao meu ver, um assunto absolutamente relevante, que deveria ser melhor tratado, do ponto de vista médico, psicológico, social e previdenciário.

Para mim, como um psiquiatra e como observador das questões sociais e humanas, não estranho, esse descuido sobre essas questões quando o estado nem as empresas não se preocupam em fazê-lo, muito embora possa haver danos importantes na saúde e no comportamento dos muitos que aposentam.

Infelizmente, não há um olhar especial sobre os aposentados, isto é, sobre a pessoa que passou a vida toda trabalhando, produzindo, colaborando com a sociedade, que, ao se aposentar, via de regra, é deixado de lado literalmente, abandonado a sua sorte, pela ausência de uma política efetiva, regular, abrangente e humanizada, que venha dar a essas pessoas as garantias mínimas, de proteção, valor e os meios adequados para se organizarem para entrar nesse novo ciclo de vida.

Restringirei meus comentários, nesse artigo, sobre os aspectos psicológicos e comportamentais das pessoas que se aposentam. E, nesse sentido, resgato parte de uma conversa que tivera, há alguns anos atrás, com um dileto amigo, Evandro Carvalho, quando discutíamos algumas questões sobre as aposentadorias. Ele, por muitos anos, dirigiu a Caixa de Previdência dos Funcionários do antigo Banco do Estado do Maranhão, a CAPOF e na época, me convidara para ser médico desse órgão.

Entre as conversas que tínhamos, Evandro, enfaticamente dizia: aposentar-se do trabalho, não é aposentar-se da vida. E dizia isso a partir de algumas observações minhas lidando com servidores especialmente aposentados os quais procuravam-me para consultas. Entre essas queixas, a de depressão era enorme. Uns se sentiam inúteis, com baixa estima pessoal. Outros, ainda, referiam dificuldades de adaptação a nova vida, ou se sentiam ansiosos, inseguros e culpados, ou ainda, passavam a beber muito e até usar outras drogas. Referiam somatizações clínicas frequentes e conflitos familiares. Houve um caso, que me lembro até hoje, quando uma Sra., referindo-se ao seu marido, recém aposentado, me dissera, Dr.: não aguento mais esse homem, depois que ele se aposentou, está insuportável e se transformou completamente.

Essas alterações de comportamentos, em minha avaliação, estavam ligadas diretamente ao fato de se aposentarem e não estarem, entre outras coisas, preparados para tanto, algumas dessas pessoas, quando voltavam a trabalhar, tempos depois, observava-se uma drástica redução dessas queixas, isto é, melhoravam sua qualidade de sua vida. Essas observações me convenceram que a aposentadoria, ou era a causa principal desses problemas, ou a mesma funcionava como gatilho para desencadear alguns desses comportamentos. Em uma condição ou outra, percebi e ainda percebo, que são muito tímidas as ações institucionais que oferecem medidas de prevenção a essas reações comportamentais desadaptativas, tão frequentes entre os aposentados, deixando-os vulneráveis a essas idiossincrasias.

Sabe-se, que trabalhar é uma das melhores e mais importantes formas de se promover, assegurar e prevenir doenças mentais e ocupacionais, especialmente nessa população de vulneráveis que são os aposentados. A ocupação, em si mesma, é um meio indispensável de se prevenir doenças e agravos psicológicos. Os danos à saúde em uma aposentadoria mal trabalhada, é enorme, e, é preciso que haja, no âmbito dos serviços públicos ou privados, políticas ou ações específicas, nas áreas sociais ou de RH, que trabalhem de forma antecipada e sistematicamente, com seus servidores a condição de virem a se aposentar. Além do mais, recomenda-se, que haja igualmente, ações específicas destinadas ás famílias desses que se aposentam para evitarem maiores problemas a partir desse novo modo de vida.

Essas e outras medidas, são de caráter preventivos-assistenciais, que poderiam ser implementadas ainda no ambiente de trabalho, muito antes de efetivamente se aposentarem. Isso, ao meu ver, facilitaria a transição dessa condição de uma vida produtiva para a de aposentado, dirimindo os efeitos negativos desse processo.

Aposentar-se, é salutar e que nem sempre representa problemas, muito pelo contrário, muitos ganham qualidade de vida, tempo livre e se expandem do ponto de vista existencial, além de terem a chance de trabalharem em outras atividades que não sejam as habituais, o que é muito interessante do ponto de vista psíquico e laborativo.  Ocorre, que como nem todos reagem assim, há os que ficam à mercê de graves problemas comportamentais e de adaptação pessoal e social, a esses, deveria ser oferecida medidas protetivas para uma boa transição entre o trabalho e a aposentadoria.

 

 

 

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É, de fato, muito importante que haja esse arroxo na fiscalização e na penas …

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É, de fato, muito importante que haja esse arroxo na fiscalização e na penas aplicadas aos infratores do trânsito, pois os acidentes, muitas das vezes com… – Ruy Palhano – Google+

Fonte: É, de fato, muito importante que haja esse arroxo na fiscalização e na penas …

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Pesquisa investiga saúde mental de mães de bebês com microcefalia

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             Cuidar de quem cuida. Esta é a linha de um estudo inédito realizado por pesquisadores do Hospital Oswaldo Cruz (Huoc), que fica no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, sobre a saúde mental de mães de bebês com microcefalia. O projeto, realizado por médicos de várias áreas do hospital, foi submetido ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco para aprovação na segunda-feira (29).

            Cuidar de quem cuida. Esta é a linha de um estudo inédito realizado por pesquisadores do Hospital Oswaldo Cruz (Huoc), que fica no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, sobre a saúde mental de mães de bebês com microcefalia. O projeto, realizado por médicos de várias áreas do hospital, foi submetido ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco para aprovação na segunda-feira (29).

            A pesquisa é coordenada pela psiquiatra do Huoc e pesquisadora Kátia Petribú, que desenvolveu a temática a partir da própria experiência nos corredores da unidade de saúde. “Eu trabalho há 21 anos no hospital e passo quase que diariamente pela pediatria. Eu nunca tinha visto tanta desolação como no caso das mães de bebês com microcefalia. Elas tinham um olhar de choque, perplexidade. Foi a partir deste comportamento que resolvi dar início ao estudo”, afirma a psiquiatra.

             A metodologia de pesquisa já havia começado de maneira mais informal com conversas na sala de espera; cerca de 40 mães participaram desta primeira parte. O estudo vai ser dividido entre mães de bebês com microcefalia e mães de bebês sem a malformação, que nasceram no mesmo período, para fazer um quadro comparativo. A primeira parte da pesquisa vai estudar bebês com até 20 semanas e, nas seguintes, crianças de 1 ano a 1 ano e meio.

             Em boletim divulgado pela Secretaria de Saúde nesta terça (1º), foram contabilizados 1.672 casos notificados de bebês com microcefalia em Pernambuco. Destes, 215 foram confirmados como tendo realmente a malformação através de exames de imagem.

“A gente precisa fazer algo por elas. Na maioria das vezes, só sabemos de caso de depressão pós-parto. Esses bebês, por exemplo, não se desenvolvem da mesma forma porque a mãe não dá o mesmo afeto, a mesma estimulação. Em casos de bebês com algum problema de saúde o risco do adoecimento mental dessas mães cresce inúmeras proporções. Se a mãe não estiver bem, logo, o bebê também não ficará”, pondera.

Nessa semana, de acordo com a médica, mães de bebês com microcefalia receberão atendimento psiquiátrico gratuito no ambulatório do hospital. Haverá também um grupo de psicoterapia duas vezes por semana na unidade de saúde. O Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer (GAC) também deve treinar voluntárias para darem assistências a essas mães com orientações dentro do hospital.

Fonte: ABP

http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2/

 

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