É notória a ênfase que a grande imprensa brasileira vem dando ultimamente na divulgação dos transtornos psiquiátricos, fato que não acontecia especialmente pelos enormes preconceitos que existia em torno das doenças mentais e de seus correlatos. As telenovelas, os noticiosos os filmes e muitos outros meios de comunicação e de divulgação freqüentemente tratam destes assuntos. Entre todos os mais badalados estão os sobre dependências de drogas do alcoolismo e dos problemas depressivos e da ansiedade.
Neste artigo trato do transtorno afetivo bipolar (TAB) doença que vem tendo uma alta incidência na população em geral inclusive entre crianças e adolescentes e que causa um enorme problema para o portador e para sua família que muita das vezes não sabe como tratar seus pacientes.
Do ponto de vista psiquiátrico o TAB surgiu em medicina na última classificação das doenças mentais realizada pela OMS em 1973, vindo a substituir o termo psicose maníaco – depressiva – PMD.
Clinicamente o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é caracterizado por alterações do humor que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade. Diferentemente dos altos e baixos normais por que passam todas as pessoas, os sintomas do transtorno bipolar são graves. Eles podem ocasionar danos profundos nos relacionamentos sociais e afetivos, no desempenho laboral e no pragmatismo, no desempenho escolar e muitos outros problemas.
O transtorno se origina por inúmeros fatores por isto mesmo é considerado um transtorno de origem multifatorial, porém tem base genética sendo atualmente uma condição irrefutável e bem estabelecida: 50% dos portadores apresentam pelo menos um familiar afetado, e filhos de portadores apresentam risco aumentado de apresentar a doença, quando comparados com a população geral.
O TAB acarreta incapacitação e grave sofrimento para os portadores e suas famílias. A mortalidade dos portadores de TAB é elevada, e o suicídio é a causa mais freqüente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio ao menos uma vez na vida e 15% efetivamente o cometem. Também doenças clínicas como obesidade, diabetes, e problemas cardiovasculares são mais freqüentes entre portadores de Transtorno Afetivo Bipolar do que na população geral. A associação com a dependência de álcool e outras drogas não apenas é comum (41% de dependência de álcool e 12% de dependência de alguma droga ilícita), como agrava o curso e o prognóstico do TAB, piora a adesão ao tratamento e aumenta em duas vezes o risco de suicídio na população de dependentes.
O início dos sintomas na infância e na adolescência é cada vez mais descrito e, em função de peculiaridades na apresentação clínica, o diagnóstico é difícil. Não raro as crianças recebem outros diagnósticos, o que retarda a instalação de um tratamento adequado. Isso tem conseqüências devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes portadores de TAB. Assim como a diabetes ou as doenças cardíacas, o transtorno afetivo bipolar é uma doença de duração longa, que tem de ser controlada cuidadosamente durante a vida da pessoa.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha tido um episódio depressivo e receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno afetivo bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro.
Os sinais e sintomas no episódio de euforia (maníaco) incluem: energia e atividade aumentadas, inquietação; humor excessivamente elevado, bom demais, eufórico; Irritabilidade extrema; pensamento acelerado e falar muito e rapidamente, pulando de uma idéia para outra; distraibilidade, não consegue se concentrar direito; pouca necessidade de sono ( insônia); crença super-valorizadas das próprias capacidades e poderes; juízo crítico deficiente; gastos excessivos; aumento do impulso sexual; abuso de álcool e drogas; agressividade e irritabilidade exagerada.
Na fase depressiva predominam humor triste, ansioso ou vazio duradouro; sentimentos de desespero ou pessimismo; sentimento de culpa, remorso e arrependimento e de menos valia; sensação de impotência ou incapacidade sexual; perda do interesse ou prazer em atividades que eram anteriormente apreciadas, incluindo sexo; diminuição da energia, uma sensação de fadiga ou de estar “devagar”; dificuldade de se concentrar de recordar e tomar decisões; inquietação ou irritabilidade; dorme demais, ou não consegue dormir; alteração no apetite e/ou perda ou ganho de peso não intencional; desinteresse, apatia etc.
O tratamento do TAB é farmacológico para ambas as fases e fora das mesmas é prevenção, pois caso não haja prevenção pode existir recidivas freqüentes chegando a índices de 80 a 90% de recidivas ao longo da vida. Outras abordagens são nas terapias comportamentais e cognitivas além da terapia ocupacional reabilitadora. A orientação familiar é indispensável para orientar estas famílias a manejar melhor com seus enfermos

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Médico Neuropsiquiatra, Professor de Psiquiatria do Curso de Medicina da (UFMA), Mestre em Ciências da Saúde (UFMA), Especialista em Dependência Química pela (UNIFESP), Presidente da Academia Maranhense de Medicina.
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