Há algumas semanas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, através do Boletim de Farmacoepidemiologia, nos surpreendeu com uma notícia QUE aponta para o aumento no consumo de metilfenidato na população brasileira, esta substância é conhecida comercialmente pelo nome de Ritalina, e está indicada para o tratamento de pessoas portadoras de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Pelo relatório o aumento foi de 75% e os consumidores foram crianças e adolescentes com idade de 6 a 16 anos, entre 2009 e 2011. Segundo o órgão da vigilância isto indica que está havendo “um diagnóstico mais apurado das alterações de conduta especialmente com hiperatividade e déficit de atenção” e que os médicos têm sido mais atentos quanto ao diagnóstico e efetivo tratamento do TDAH.
Há alguns anos este transtorno, predominantemente infanto juvenil, era designado pelo nome de Disfunção Cerebral Mínima – DCM e até 1994 esta síndrome era conhecida, tão somente, pela intensa hiperatividade que acometia estas crianças e adolescentes, daí por que muitas delas eram consideradas atrapalhadas, bagunceiras, peraltas, mal educadas e pelas dificuldades comportamentais que as mesmas apresentavam eram segregadas psicológica e socialmente.
Muitas destas crianças não conseguiam superar isto, indo com estes problemas até a vida adulta com todas as conseqüências que o fato de não terem sido tratadas acarretaria. Com o surgimento do metilfenidato ou Ritalina na década de 70 abriram-se novas perspectivas no prognóstico, no tratamento e na reinserção social destas crianças e adolescentes considerando que de fato trata-se de uma medicação efetiva no controle clinico desta síndrome.
As crianças de agitadas, desatentas e agressivas se tornam mais tolerantes, dóceis, amáveis e com melhor rendimento escolar pelo fato da substância melhorar a performance de várias funções cognitivas e conseqüentemente a desatenção, comum nestes pacientes. Por outro lado sabe-se que o metilfenidato é uma substância psicoestimulante poderosa (excitante cerebral) que age em nosso cérebro semelhantemente às anfetaminas e a cocaína exigindo, portanto, dos órgãos de fiscalização federa e estadual um rigoroso controle tanto na prescrição médica quanto na utilização desta droga especialmente por serem os usuários crianças e adolescentes.
Ouro fato importante é que temos notícias do abuso (sem indicação médica) de metilfenidato entre adolescentes e adultos jovens que estão utilizando-o para outras finalidades que não seja aquelas para as quais seu uso é indicado do ponto de vista médico.
Então podemos estar entrando em mais uma tremenda enrascada do ponto de vista da saúde pública diante do aumento surpreendente de metilfenidato pela população brasileira, isto é se de fato, o aumento do consumo, for atribuído por indicação médica devemos aplaudir a classe médica por ter melhorado os instrumentos de diagnóstico e tratamento destes jovens paciente com TDAH e certamente estarão colaborando para a melhoria da saúde mental e social desta população se, por outro, lado este aumento estiver atrelado ao uso abusivo desta substância será lamentável, pois, o abuso de metilfenidato , que parece que é o que também está havendo estaremos entrando em mais um problema grave de abuso de drogas. Vejam, por exemplo, que em 2009, foram vendidas 156.623.848 miligramas (mg) do medicamento, já em 2011, o mercado atingiu um montante de 413.383.916 mg do produto.
O boletim aponta ainda que, em 2011, foram comercializadas 1.212.850 caixas do referido medicamento nas farmácias e drogarias do país. Esse número representa uma alta de 28,2 % em relação a 2009 (557.588 caixas de metilfenidato), já considerando o aumento do fluxo de informações recebidas pelo sistema da ANVISA neste período. Portanto vamos ficar muito atentos a este fato para evitarmos maiores problemas.