Há três semanas assistimos a duas grandes mobilizações sociais que ocorreram respectivamente nos dias 18 e 23 de novembro em nossa cidade na Avenida Litorânea. Uma promovida pela Maçonaria denominada Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito, a outra organizada pelo Ministério Público do Estado, denominada “Conte até Dez”.
Em ambas a manifestação observou-se a participação de muitas pessoas que juntos aos organizadores buscavam sensibilizar e chamar a atenção dos outros para os graves problemas da violência em suas várias expressões bem como a necessidade de buscarmos continuamente a paz social.
“Conte até 10” é uma expressão antiga que foi muito utilizada em uma novela, onde Paulo Gracindo em seus rompantes contava até dez para controlar seu ímpeto para não agir com violência. Só a guisa de informação em 2010 no Brasil foram cometidos 49.932 homicídios por pessoas que nunca mataram antes e que mataram por impulso. Sendo as situações mais comuns, brigas de trânsito, discussões em bares e outros desentendimentos por motivos fúteis que acabaram tendo um final trágico. Portanto o grande mérito da campanha é termos serenidade mesmo em momentos de exaltação de nosso ânimo para não engrossarmos a lista de crimes cometidos de forma intempestiva e impulsiva.
A campanha da Maçonaria realçando a memória pelas vítimas de trânsito revelou a dor, o sofrimento pelas perdas inaceitáveis de pessoas que morreram prematuramente e de forma violenta, ocasionadas por um trânsito desorganizado, cruel e criminoso em consequência da incúria do poder público em não nos oferecer um trânsito seguro e saudável, pois falta entre outras coisas, leis mais ostensivas contra os que cometem tais crimes.
Na realidade sob qualquer enfoque, vive-se em uma sociedade insegura, temerosa e assustada. As pessoas parecem estranhar uma as outras, pois a impressão geral que se tem é que todos podem lhe dá o calote ou tirar proveito uns dos outros. Há uma espécie de desconfiança mórbida entre todos e, a partir destas incongruências psicossociais surge a violência como uma característica desta mesma sociedade. Devidos os altos índices de problemas médicos, econômicos, sociais e previdenciários, a violência em nosso país se tornou predominantemente uma questão de saúde pública provocando altos índices de morbi-mortalidade em nossa população.
No Brasil nos últimos cinco anos 850 mil pessoas morreram por fatores diretamente ligados a violência, número este que não é qualquer doença chega a atingir epidemiologicamente. Ocorre que o mais preocupante de tudo, é o fato de não dispormos de medidas de claras e bem definidas a serem aplicadas de curto, médio e longo prazo ara controlar esta situação, pois se verifica que muito pouca coisa efetivamente está sendo feita para o controle social e epidemiológico da violência na sociedade. Psicológica e socialmente toda pratica violenta guarda consigo algo em comum que é a dor e o sofrimento em suas vítimas, só isto ao meu ver, deveria influenciar os distintos poderes na priorização das medidas para o enfrentamento da situação psicossocial social da violência, justamente para garantir o bem maior que todos aspiram, que é o de vivermos em paz.
Por isso quero parabenizar o ministério público que juntamente com outros órgãos, entre os quais o poder judiciário, por desenvolverem esta campanha, bem como a Maçonaria de nosso Maranhão pelo brilhantismo de sua iniciativa e que sirvam de exemplos e inspiração para outros seguimentos da sociedade lutar para a garantirmos a PAZ para todos.