A dependência do álcool é um dos maiores problemas de saúde pública na atualidade, é um tema que está relacionado com centenas de milhares de diferentes problemas, entre os quais: óbitos prematuros, grandes despesas arcadas pelos cofres públicos na área da saúde, acidentes de trânsito, suicídio, homicídio, sendo responsável por gastos vultosos e diretos pela Previdência Social, pois ocasiona perda da produtividade, absenteísmo no trabalho, aposentadorias precoces e, finalmene, o imenso sofrimento ocasionado às familias quando as mesmas apresentam esses problemas com algum parente.
Por isso mesmo a ciência busca incessantemente tratar esta questão com rigor e seriedade. Tratar alcoolismo envolve principalmente tres grandes abordagens: a comportamental, que visa, antes de tudo, utilizar meios psicológicos para orientar os enfermos a mudarem seus comportamentos diante da doença. Apsicoterapia atualmente mais recomendada para se tratar do alcoolismo é a terapia cognivo-comportamental. A outra abordagem á a de reabilitação psicossocial, que vis reparar os problemas adquiridos que a pessoa e a família adquirem por conta da doença. Muitos destes enfermos alcoólicos desenvolvem profundos problemas familires e sociais ocasionados diretamente pela doença e isto requer tratamento. E, por úiltimo, a abordagem psicofarmacológica, que através de medicamentos especializados visa reduzir ou aliviar os sintomas ocasionados pela interrupção do uso uso do álcool (abstinência), bem como evitar que as pessoas voltem a beber após pararem de usar o álcool ( recaída).
O estudo epidemiológico de maior abrangência e confiabilidade realizada nos Estados Unidos, envolvendo 20.291 pessoas da comunidade, estima prevalência da dependência em álcool em 13,5% e, entre esses, 37% apresentam, além do alcoolismo, outros transtornos psiquiátricos: dependência de outras drogas, transtorno de personalidade anti-social, transtorno de humor, esquizofrenia, depressão, etc. Demonstrou-se, assim, maiores evidências de que há interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais envolvidos nas causas do etilismo.
Tolerância e dependência física
São duas condições biológicas que resultam do uso crônico de álcool – a tolerância parece estar relacionada ao aumento do metabolismo do álcool etílico. Através da tolerância, o usuário passa a beber cada vez mais para sentir os mesmos efeitos que sentia quando bebia pouco. Isto é, a pessoa passa a beber cada vez mais. Um sinal de agravamento da dependência ocorre quando o usuário reduz a ingestão da bebida e isso provoca um grande desconforto, vindo a apresentar sintomas e sinais subjetivos pela falta da bebida (abstinência). Os sintomas incluem hiperatividade, ansiedade, taquicardia, hipertensão, arritmias, aumento do tônus muscular e tremores, náuseas e vômitos, insônia e um leve estado confusional com irritabilidade ou agitação. Entre os sintomas pronunciados de excitação neuronal estão os distúrbios de percepção (ex: ilusões auditivas ou visuais, alucinações) e hiperreflexia; alguns dos pacientes podem apresentar uma ou mais crises de convulsões tônico-clônicas. A manifestação mais grave da abstinência é o delirium tremens, um estado confusional severo caracterizado por profunda agitação, delírio, hiperatividade autonômica grave, hiperpirexia, tremores e convulsões. Esta condição, em geral, deve ser tratada em ambiente hospitalar segura.
O alcoolismo é uma doença crônica. É fundamental que se mantenha a continuidade do tratamento com o objetivo de prevenir as recidivas. Em 95% dos alcoolistas, a abstinência é expressa como síndrome leve a moderada. O início e o pico dos sintomas, em geral, ocorrem em seis a oito e em 24 a 36 horas, respectivamente após a suspensão da bebida. Nos outros 5% dos alcoolistas, os sintomas são mais graves e podem ser ameaçadores: geralmente atingem um pico em 96 a 120 horas, regredindo gradualmente nas 72 horas seguintes. O delirium tremens ocorre em menos de 5% dos pacientes hospitalizados.
A taxa de mortalidade é menor que 2% em indivíduos com síndrome de abstinência que recebem tratamento, mas chega a 15-20% em pacientes não tratados. Do ponto de vista farmacolóigico dois grupos de fármacos são utilizados na atualidade com muita efetividade para prevenção de recaídas de alcoólatras: os medicamentos ditos aversivos, que são os que não podem e não devem ser utilizados simultaneamente com álcool, pois as reações são insuportáveis podendo inclusive chegar à morte do usúario por parada cardiorespiratória. O protótipo desses grupos é o antabuse. O outro grupo são os anticompulsivos ou designados pelos ingleses como anti craving. O protótipo é a naltrexona, substância que tira a vontade de beber. Em ambos os grupos a recomendação número um é que ambas as substâncias sejam prescritas por médicos, considerando que o uso indevido por conta própria pode gerar graves problemas de saúde para o dependente e para seus familiares.