Há 14 anos, como já é de costume, no período de 19 a 26 de junho comemora-se a Semana Nacional sobre Drogas. Esta data comemorativa foi instituída pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas – SENAD, órgão do Governo Federal encarregado, entre outras coisas, fazer cumprir a deliberações do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, o órgão máximo na hierarquia das instituições públicas encarregado de formular a Política Nacional sobre Drogas.
É uma ocasião repleta de eventos pelo Brasil a fora, onde grande parte dos municípios brasileiros, especialmente as capitais, realiza uma série de atividades de diferentes matizes tendo como um dos principais motivos é chamar a atenção da sociedade brasileira sobre as distintas questões relativas ao uso e tráfico de drogas.
Ao longo destes quatorze anos houve muitas mudanças no trato e nos conceitos sobre o assunto. E, estas mudanças modificaram alguns paradigmas que predominavam até então sobre a questão. Um dos principais que ocorreu foi a mudança que houve sobre a visão repressiva, discriminatórias e descriminalizante que havia sobre o uso de drogas ao colocar-se este tema no âmbito de políticas publicas possibilitando entre outras coisas o debate social amplo e democrático deste assunto.
A partir deste ponto abriram-se as portas para debate público, sem restrição, sem medo, e de forma responsável, concedendo a todos a possibilidade de dele participar em todos os sentidos. Com isto, uma das mais importantes consequênias, foi demolir os preconceitos existentes, os quais colocavam os usuários e a própria temática na marginalidade.
Muitas coisas ainda deverão mudar com a implementação deste paradigma para se poder de fato dar um significado especial a este momento. Na área da restrição da oferta (repressão do tráfico) de drogas percebe-se que houve o aperfeiçoamento significativo nas ações de combate as organizações criminosas encarregadas de fornecer drogas pra a sociedade muito embora ainda espalhem medo e o terror na população, todavia a situação está sendo enfrentada de forma competente pelo trabalho desenvolvido, especialmente pela Polícia Federal e as polícias estaduais.
Na área da assistência houve avanços significativos embora seja necessários ajustes em sua operacionalidade e em alguns conceitos sobre tratamento e recuperação. Estes avanços foram mais significativos do momento em que se passou a entender que o problema do uso de drogas não é um caso de polícia e sim de saúde pública. Daí pra frente foi sendo alocados equipamentos e ferramentas médicas e psicossociais para assegurar o tratamento e recuperação de dependentes de drogas, bem como a alocação de recursos financeiros para efetivamente bancarmos os custos com estes tratamentos destes enfermos.
No âmbito da prevenção primária, por não haver muita consistência sobre o que está sendo feito a sociedade permanece perplexa, atônita e muitas vezes sem saber o que fazer para impedir que um filho seu, adentre nesta experiência catastrófica e movediça que é a experiência com drogas. Falta, portanto medidas mais abrangentes, efetivas e seguras a serem desenvolvidas, sobretudo na área da educação para se perceber efetivamente os efeitos destas medidas.
Talvez esta seja a grande atitude que falta desabrochar na mente dos gestores públicos e dos governantes, a de entenderem que o problema do tráfico e uso de drogas são faces distintas de uma mesma moeda e que este fenômeno é evitável, como o são todos os grandes e graves problemas humanos. A adoção de medidas consistente, sérias, arrojadas e corajosas no âmbito de políticas educacionais, de saúde, de segurança e sociais corroboraria o cerco que devemos estabelecer sobre este problema. Aí sim, estaremos de fato impedindo que gerações futuras se protejam destes problemas, o que lamentavelmente não aconteceu com a nossa. Felicidades a todos nesta semana nacional sobre drogas