Frequentemente, nos colóquios, ouve-se: fulano, não presta, não vale nada, é mentiroso, enganador, safado. Cicrano, não tem escrúpulo, engana as pessoas, não tem o menor constrangimento, ou ainda beltrano é indecente, não tem pudor, é mau e insensível. Essas, são algumas designações atribuídas aos chamados maus-caracteres.
São figuras que se notabilizam por serem antipáticas, desconsideradas, mentirosas, que tem uma imagem social ruim, justamente, por se comportarem fora dos padrões éticos, serem complicados e agirem sempre em proveito próprio. Mas, antes tratar sobre essas figuras, vejamos rapidamente, o que venha a ser caráter. Em significado. com.br, caráter é um conjunto de características e traços relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo ou de um grupo.
É um feitio moral. É a firmeza e coerência de atitudes, próprias de alguém ou de um grupo. É o conjunto das qualidades e defeitos de uma pessoa, que irá determinar a sua conduta e a sua moralidade. Os seus valores e firmeza moral, definem a coerência das suas ações, do seu procedimento e do seu comportamento.Em Aurélio, caráter, é a qualidade inerente a uma pessoa, animal ou coisa, que os distingue de outras pessoas, animais ou coisas.
É sua marca registrada ou o conjunto dos traços particulares de alguém, é o modo de ser de um indivíduo ou de um grupo. É a índole, a natureza. Essas qualidades, podem ser boas ou más, as quais determinaram a conduta e a concepção moral dessas pessoas. Pode ser também coerência ou firmeza de atitude, domínio de si mesmo.Depreende-se, a partir dos conceitos acima, que caráter é algo marcante, inconfundível, próprio, peculiar de alguém ou de um grupo. É uma marca, expressa no conjunto das caraterísticas delas, que dá ênfase, sobretudo, à conduta moral, dos valores éticos de alguém ou de um grupo, muito embora, conceitualmente, outros aspectos, como os físicos, geopolíticos, socioculturais, genéticos, étnicos e biológicos, possam também colaborar essa designação. Sobre o mau-caráter, objeto desse artigo, são indivíduos, os quais comportam as descrições acima, mas de uma forma negativa, pejorativa.
Uma das mais contundentes caraterística é a inconfiabilidade. Isto é, o mau-caráter, é inconfiável, mentiroso e incapazes de estabelecerem relações permanentes, profícuas e duradouras. Essas relações quase sempre, resultam em decepções. Em princípio, são também desonestos, pois não apresentam firmeza de princípios ou de moral.Sabe-se, do ponto de vista das relações humanas, que confiar é um pressuposto vital, indispensável, para manter-se sólidas relações sociais. É fundamental, que se confie em alguém, com quem nos relacionamos. Quando isso não ocorre, qualquer relação, seja amorosa, de negócios, de fraternidade ou de amizade, estarão fadadas ao fracasso.
A confiança no outro é uma extensão da confiança em si mesmo, confiar em alguém é a base de relações seguras e duradouras. Confiar é a disposição de nos tornarmos mais íntimos, mais seguros, abertos e aceitos no trânsito das nossas intimidades. É uma prerrogativa vital e de garantias, que nossos sentimentos, nossos afetos, nossos desejos, sonhos e particularidades, mais profundos, possam ser compartilhados de forma autêntica e segura. E, é justamente, o que não ocorre quando se tem a infelicidade de nos relacionarmos com um sujeito de mau-caráter.
Geralmente, essas pessoas estabelecem relações utilitárias, aproveitadoras, e em situações que menos se espera, dão o golpe. Golpe esse que pode ser uma traição, uma desconsideração, uma falsidade ou uma maldade quase sempre no seu sentido próprio e de tirar proveito sobre a pessoa com as qual se relaciona. As relações não se aprofundam, são enigmáticas e fisiológicas, só a mantém, enquanto há interesses em se apropriar de algo ou de uma situação que possam desfrutar. Não zelam por ninguém, e por serem destituídas de apreço e afeição pelo outro, isso logo começa a ser percebido. São figuras, escorregadias, disfarçadas, camuflam e mimetizam trejeitos e sentimentos para os golpes.
São aproveitadoras e sempre saqueiam a boa-fé dos mais descuidados, mais crédulos, desatentos ou ingênuos. Se percebem que serão descobertos, adotam mais camuflagem de emoções, de sentimentos ou de atitudes, tentando enganar disfarçar suas realidades, mantendo-se na situação.Não compartilham, e se o fizerem, estão de olho nos dividendos. São incapazes de se compadecerem, de zelar ou fazer o bem a alguém, justamente por terem sentimentos de propriedade exuberantes e serem incapazes de aprofundarem sentimentos de consideração e apreço. A consciência do mau-caráter é imediatista, e sempre procuram ampliar seus interesses exclusivos, procurando sempre tirar proveito.
O mau-caráter, é sagaz, superficial, mentiroso, são obstinados na arte de enganar e dos disfarces, sempre na defesa de seus interesses. Esses comportamentos são invasivos e inflexíveis, surgem na infância e prosseguem, por isso mesmo, os repetem sempre da mesma forma, sob a mesma perspectiva, qual seja, o de tirar proveito e ganhar.São dissimulados, violentos e insensíveis. São impiedosos, e insensíveis. Geralmente, não revelam isso, imediatamente, no início das relações e sim posteriormente.
Em geral são simpáticos, agradáveis, benevolentes, gentis, inteligente e sagazes. São bons conversadores e contadores de lorotas. Se locupletam fácil, porém potencialmente estão latentes, suas idiossincrasias, aguardando oportunidades para se manifestarem. Do ponto de vista Psiquiátrico e psicopatológico, comportamentos dessas pessoas, maus-caracteres, são melhor explicados e encontrados nos Transtornos de Personalidade, sobretudo, no tipo Antissocial, onde a inexistência arrependimento, culpa e remorso, ante os danos que suas atitudes provocam aos outros, ocorrem indiferentemente.
Do ponto de vista social, nos dias atuais, o que não falta são os maus-caráteres, comportamentos muito incentivados pelo modelo social vigente das relações sociais. Onde, o oportunismo, a insensibilidade a dor dos outros, a indiferença afetiva, a possessividade e o privilégio de interesses individuais ante os dos outros, é exortado, cultivado.