Alguém tem dúvidas que vivemos dias muitos ruins do ponto de vista das relações familiares? Os pais estão cuidando de fato de seus filhos? Esses filhos, da modernidade, têm respeito por pai ou mãe? Reconhecem a autoridade dos mesmos? Há dialogo, compartilhamento ou companheirismo nas famílias modernas? Nossos filhos estão engajados em alguma questão social, algum partido político, na comunidade, na igreja, em algum clube de serviço ou esportivo ou em qualquer outra atividade social? Os pais sabem, inteiramente, o que acontece com seus filhos, fora de casa?
Eis, algumas questões que estão na ordem do dia. Pode até parecer que estas perguntas, sejam duras, incisivas ou inquietantes, mas nem todas as famílias estão preparadas para respondê-las. Por outro lado, pode até ser que os pais, me respondam uma atrás da outra, sem titubear, com explicações dignas de nota, mas uma coisa posso garantir-lhes todas essas questões estão fazendo parte das nossas inquietações, do mal-estar geral de muitas famílias.
Quando se parte para discutir educação familiar, em qualquer ambiente, nas escolas, nas universidades, na comunidade, nas ruas, no trabalho ou dentro da própria família, a percepção de todos é que essa situação vai muito mal e a queixa é a sempre a mesma: a família está perdida e sem saber que rumo tomar.
Esse é o primeiro de três artigos, que irei dedicar a esse assunto. Sei antecipadamente, da enorme complexidade que recaem sobre o tema, e que para mudar o que está aí, terão que ser adotadas medidas radicais e complexas que exigirão tempo e esforço de todos, inclusive do estado e da própria família, no sentido de readquirirmos a funcionalidades necessária para que as famílias modernas possam viver melhor.
O primeiro fato que mencionarei, nessa série de artigos, é sobre a falência da autoridade dos pais na condução da educação de seus filhos. Quanto a isso todos sabemos o quão é grave essa situação e que colabora, sobremaneira, para os graves conflitos familiares. Os pais estão perdendo o comando, as rédeas, a autoridade na educação dos filhos, e não é de hoje que eles vêm se tornando reféns dos mesmos e não sabem o que fazer para mudar.
A falência da autoridade dos pais é demonstrada através de várias maneiras. Uma delas, e uma das que mais nos chama a atenção é vê que filhos, cada vez com menos idade, tenham vida própria, antes do tempo. Todos sabemos, que até certa idade, filhos dependem dos pais, se protegem nos pais, se espelham nos pais e se nutrem dos pais, em todos os sentidos. Porém, isso ocorre, à proporção que vão crescendo e se desenvolvendo na vida. Mas, na atualidade, esses filhos desde muito cedo “vão pondo as unhas para fora” e os pais se tornam submissos aos mesmos. Comportamentos dessas crianças que põem em risco a disciplina, o controle das regras, das normas de convivência familiar, indispensáveis, para uma boa educação.
Filhos, dependem dos pais, de tudo por tudo, até que adquiram autonomia e independência e a partir de então, adotarão o estilo de vida que lhes convier. Hoje, todavia, não é o que se vê. Eles agem desde cedinho como se fossem autônomos, independentes, cheios de vontade e donos de si e de todos. Fazem o que querem, fora e dentro de casa, dão as ordens na casa dos pais, e esses, progressivamente, vão se tornando refém, submissos e dependentes dos mesmos e sem força para contestar e comandar a p processo de educação. Não se posicionam em nenhum sentido, deixam os filhos tomarem conta da casa, um barco à deriva, sem saber que rumo tomar. Esse é um momento terrível na educação desses filhos, pois regra geral, um dos pais, passa a acusar o outro dessa perda de autoridade e desse fracasso. É um momento de acusações mútuas, atritos, e até embat4es corporais e de “busca dos culpados”, enquanto o isso, o filho reina sozinho.
A falência da autoridade dos pais, se revela quando esses pais adotam atitudes autoritárias, dominadoras, violentas, agressivas e cruéis. Maus tratos, negligencia na educação, falta da segurança e dos cuidados a esses filhos, ferem, profundamente, a alma dessas crianças e provocam profundas alterações emocionais, de caráter, comportamentais e afetiva, na vida futura desses filhos. Quando os pais substituem esses comportamentos por uma relação harmoniosa e fraterna, regada com diálogos e companheirismo, os filhos se tornam mais saudáveis, seguros e gratos.
A falência da autoridade dos pais se dá quando não há mais diálogo, não se conversam mais, se silenciam mutuamente e quando um não sabe sobre o outro. Essa estranheza domiciliar, gera monólogo e silencia todos. O silêncio impera entre Pai e mãe, entre irmãos, entre os pais e filhos, é a derrocada total. A falência da autoridade, nessas condições, é quando o silêncio ocorre, quando não se tem o mais que falar, ou quando os pais, por se sentirem culpados por os abandonarem, passam a ser permissivos, frouxas e sem autoridade e com medo de dizer não e de cobrá-los. Se sentem endividadas e submissos. A falta de limites, de ordem e de controle nas normas de funcionamento da casa, também expressa a falência da autoridade dos pais, condição fundamental para o desenvolvimento dessas crianças.
Às vezes, para encobrir tudo isso, são apresentadas desculpas esfarrapadas: uns, apontam a falta de tempo, para estarem com os seus filhos, devido aos compromissos, ao trabalho e isso nãos os deixam estarem mais presentes em casa e perdem o precioso tempo de verem esses filhos crescerem e se desenvolvem nas etapas da vida. Outros, atribuem a correria do dia a dia, porque têm que trabalhar, ganhar dinheiro e pagar as dívidas, outros ainda, atribuem à internet, às redes sociais, aos games etc. Explicações sobre esses desleixos não faltam.
Quanto a isso, a internet, os games, as redes sociais e outros entretenimentos online são a “bola da vez”, para explicar tais tragédias. O que houve em Suzano, foi atribuído, intensamente, a influência dos games violentos, os quais são hoje considerados os grandes vilões de muitas tragédias. Todos esses recursos eletrônicos e cibernéticos são hoje um importante meio de influenciar comportamentos humanas, sobre isso não há dúvida, mas dizer que os mesmos, são os grandes motivadores desses problemas familiares, não me convence. De tal forma, que o apego doentio, o uso compulsivo ou patológico de games, o uso indiscriminado e sem controle que ocorre dentro e fora de casa por crianças e adolescentes, às vezes, incentivados pelos próprios pais, já podem por si só, serem sinais inequívocos da desagregação profunda porque passa essa família.
Portanto, fiquemos atentos aos fatos que ocorrem em nossas famílias com vista a garantirmos sua sagada missão, qual seja, a de assegurar a saúde, a segurança e o bem social e o pleno desenvolvimento das nossas crianças e adolescentes.