A compulsão sexual, o prazer e a dor.

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O desejo sexual se manifesta de diversas formas e em diferentes intensidades. Sua fonte, a sexualidade, é uma condição que está presente nos indivíduos do nascimento á morte. É, e sempre foi, uma das funções humanas mais estudadas pela medicina, pela psicologia e pela neurociência. Essa, como outras funções, pode se disfuncionar e acarretar inúmeros problemas ás pessoas. Um dos distúrbios mais frequentes e mais importantes é o sexo compulsivo, transtorno grave revelado pelo descontrole do impulso sexual, onde a pessoa, entre outras coisas, não consegue resistir aos pensamentos e desejos, que precisam ser saciados imediatamente, no mesmo momento, não importando com quem. Quando esse transtorno se verifica entre as mulheres denomina-se ninfomania, entre homens hipererosia.
A compulsão sexual ocorre clinicamente da seguinte maneira: pensamentos sexuais ou atos compulsivos recorrentes os levam a “só pensar naquilo”, e tais pensamentos, ideias, imagens, ou fantasias giram em torno da sexualidade os quais penetram na mente do indivíduo, de forma intensa, repetida e de forma estereotipada, onde tais vivências podem ser angustiantes, violentas, repugnantes ou obscenas, sem sentido, e a pessoa não consegue demovê-las ou resistir a elas. Apresentam atos sexuais impróprios, exagerados ou cognições que causam sofrimento subjetivo e comprometimento das funções ocupacionais e interpessoais. Esse comportamento tem sido comparado a uma espécie de dependência (adição ao sexo). Há outras designações, para descrever esse transtorno: sexo impulsivo, compulsão sexual, sexo compulsivo, dependência do sexo e adito sexual.
Esse distúrbio ocorre frequentemente em pessoas na faixa dos 40 anos e, com o passar dos anos esse processo tende a ser mais denso e “aperfeiçoado”. Os portadores de sexo compulsivo, em geral não admitem ter o problema e dificilmente se dispõe a buscar ajuda médica ou psicológica. Atinge em torno de 3% a 6% da população, predominantemente homens, e costuma ter início no final da adolescência ou no início da terceira década de vida.
O sexo compulsivo evolui de forma crônica, com episódios alternados de piora e melhora. No curso clínico verifica-se inicialmente, um comportamento parecido ao estado de transe na qual a pessoa encontra-se completamente absorta em pensamentos de sexo, partindo para a busca obsessiva de se relacionar sexualmente. Em seguida, ocorre uma espécie de ritualização para realizar seu intento, isto é, desenvolve uma rotina que leva ao comportamento sexual, que serve para intensificar a excitação. Segue-se a gratificação sexual propriamente dita, mediante o ato sexual, onde a pessoa se sente incapaz de controlar seu desejo, de tal forma que, quanto mais intenso for esse desejo mórbido maior será o descontrole sobre ele. Por último, surge uma espécie de desespero, que vem após o ato sexual compulsivo e se caracteriza por uma sensação de impotência e desânimo, ás vezes culpa arrependimento.
Esses enfermos podem desenvolver complicações clínicas em decorrência direta dessa compulsão sexual, que incluem lesões genitais (contusões) e doenças sexualmente transmissíveis (hepatite B, herpes simples ou infecção pelo vírus da imunodeficiência humana). Podem ocorrer lesões físicas nos comportamentos sexuais de alto risco ou na atividade sadomasoquista. Nas mulheres, podem ocorrer gestações não-desejadas e complicações de aborto em razão desse descontrole sexual.
As causas do sexo excessivo, embora haja poucos estudos, há evidências de diferentes sistemas cerebrais envolvidos em sua causa. Lesões frontais, por exemplo, podem ser acompanhadas por desinibição, por resposta hipersexual impulsiva. Lesões ou disfunções estriatais podem ser acompanhadas por desencadeamento repetitivo de padrões de resposta gerados internamente. Lesões límbicas temporais podem ser acompanhadas por desequilíbrios do próprio apetite sexual, inclusive alteração do direcionamento do impulso sexual. Enfim, a neurobiologia desse transtorno está sendo muito estudada e acredita-se que em um futuro próximo essa situação seja melhor esclarecida.
As repercussões desse comportamento se dão em várias áreas: social, pode ocorrer desafetos com amigos e familiares, envolvimentos policiais, perda de emprego, perda da reputação social e moral e toda sorte de desadaptação social e familiar em decorrência direta de investidas, assédios e relacionamentos sexuais. Familiar: costumam ter relações conjugais complicadas. Primeiramente devido ao apetite sexual exagerado, vindo a submeter o parceiro (o) a uma atividade nem sempre prazerosa ou desejada. Em segundo, devido às maiores probabilidades à infidelidade e, em terceiro, devido à maior possibilidade de envolvimentos sexuais com amigos ou familiares, aumentando mais ainda o constrangimento. Por últimos os problemas pessoais, pois apesar dos inúmeros problemas que o transtorno pode ocasionar o mesmo não se dispõe a se tratar nem a mudar seus hábitos inspirados nessa condição.
O tratamento desse transtorno se dá sob dois aspectos: terapia comportamental, técnica através da qual os enfermos reorganizariam seus pensamentos, suas fantasias e seus desejos visando um maior controle e adequação dos mesmos. A outra forma de tratamento é realizado através de medicamentos, que os auxiliam a controlarem melhor seus impulsos e, atualmente existem medicamentos efetivos nesse sentido. Faz-se também, necessário uma avaliação laboratorial e clínica rigorosas, incluindo exames de imagem como a ressonância magnética do crâneo e outros exames laboratoriais para se descartar a existência de outros transtornos médicos, psiquiátricos ou comportamentais, que possam coexistir com essa doença.

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