Sexo compulsivo: as contradições do prazer

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O desejo sexual se manifesta de diversas formas e diferentes intensidades. Uma das condições muito estudada pela psiquiatria e pela neurociência, é o comportamento sexual compulsivo (sexo compulsivo) ou hipererosia. Para as mulheres, denomina-se ninfomania, termo que lembra as ninfas dos bosques greco-romanos que estariam sempre disponíveis ao sexo, e messalina, relativa à imperatriz romana que diziam sair às noites, disfarçada para orgias nas tabernas, além de manter escravos para satisfazer suas necessidades sexuais.

Mitologicamente a figura utilizada para designar esse fenômeno foi Príapo, para configurar a necessidade de excesso de sexo (criaturas metade bode e metade homem com chifres) que corriam atrás das ninfas dos bosques. Daí o nome priapismo ou satiríase, que diz respeito a uma ereção anormal, prolongada e dolorosa em que o pênis permanece ereto e intumescido por tempo indeterminado sendo, às vezes, necessária intervenção cirúrgica para torná-lo flácido.

Semelhante à outras disfunções, o sexo compulsivo se manifesta clinicamente com o seguinte quadro: pensamentos sexuais ou atos compulsivos recorrentes: “só pensam naquilo”, os pensamentos giram em torno da sexualidade: idéias, imagens ou impulsos que entram na mente do indivíduo repetidamente de uma forma estereotipada podendo ser angustiantes (violentos, repugnantes ou obscenos), sem sentido, e a pessoa não consegue resistir a eles. Podem ainda apresentar comportamentos sexuais impróprios, exagerados ou cognições que causam sofrimento subjetivo e comprometimento das funções ocupacionais e interpessoais. Esse comportamento tem sido comparado a uma espécie de dependência (adição ao sexo). Há outras designações como: sexo impulsivo e aditivo para descrever esses transtornos.

Ocorre frequentemente em pessoas na faixa dos 40 anos. O processo tende a ser mais denso e “aperfeiçoado” com o correr dos anos. Essas pessoas em geral não admitem ter o problema e dificilmente se dispõe a se tratar. Atinge em torno de 3% a 6% da população, predominantemente homens, e costuma ter início no final da adolescência ou no início da terceira década de vida.

O sexo compulsivo é um transtorno de natureza crônica, com episódios de piora e melhora. Existem quatro etapas na sua manifestação clínica: a primeira é a preocupação, na qual a pessoa apresenta um afeto semelhante ao do transe, estando completamente absorta em pensamentos de sexo e partindo para a busca obsessiva de se relacionar sexualmente. A segunda é uma ritualização: a pessoa desenvolve uma rotina que leva ao comportamento sexual, que serve para intensificar a excitação. A terceira é da gratificação sexual, mediante o ato sexual em propriamente dito, onde a pessoa se sente incapaz de controlar seu desejo. A quarta é o desespero, que vem após o comportamento sexual compulsivo e se caracteriza por uma sensação de impotência e desânimo.

Essas enfermos podem desenvolver complicações clínicas em decorrência direta de seu comportamento sexual, que incluem lesões genitais (contusões) e doenças sexualmente transmissíveis (hepatite B, herpes simples ou infecção pelo vírus da imunodeficiência humana). Pode ocorrer lesões físicas nos comportamentos sexuais de alto risco ou na atividade sadomasoquista. Nas mulheres, podem ocorrer gestações não-desejadas e complicações de aborto.

As causas do sexo excessivo, embora haja poucos estudos, há evidências de diferentes sistemas cerebrais envolvidos em sua causa. Lesões frontais, por exemplo, podem ser acompanhadas por desinibição, por resposta hipersexual impulsiva. Lesões ou disfunções estriatais podem ser acompanhadas por desencadeamento repetitivo de padrões de resposta gerados internamente. Lesões límbicas temporais podem ser acompanhadas por desequilíbrios do próprio apetite sexual, inclusive alteração do direcionamento do impulso sexual. Enfim, a neurobiologia desse transtorno está sendo muito estudada e acredita-se que em um futuro próximo o fato seja melhor esclarecido.

As repercussões desse comportamento se dão em várias áreas: social, pode ocorrer desafetos com amigos e familiares, envolvimentos policiais, perda de emprego, perda da reputação social e moral e toda sorte de desadaptação social e familiar em decorrência direta de investidas, assédios e relacionamentos sexuais. Familiar: costumam ter relações cônjuges complicados. Primeiramente devido ao apetite sexual exagerado, vindo a submeter o parceiro(o) a uma atividade nem sempre prazerosa ou desejada. Em segundo, devido às maiores probabilidades à infidelidade e, em terceiro, devido à maior possibilidade de envolvimentos sexuais com amigos ou familiares, aumentando mais ainda o constrangimento. Por últimos os problemas pressoais, pois apesar dos inúmeros problemas que o transtorno pode ocasionar o mesmo não se dispõe a se tratar nem a mudar seus hábitos inspirados nessa condição.

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