Dependentes de eletrônicos e redes sociais
O apego disfuncional ou patológico por computadores, jogos eletrônicos, redes sociais e Internet, passou a ser, entre outras coisas um problema de saúde. Nos Estados Unidos, país que lidera em acessos estes sistemas (rede), a estimativa realizada pela Associação Psiquiatra Americana – APA, que é uma das mais importante instituição no mundo que trata das doenças mentais, mostrou que entre 6 a 10% dos 189 milhões de internautas deste país, sofrem de dependência. E, como já havíamos dito em artigos anteriores neste Jornal, dependência do ponto de vista psiquiátrico, quando conceituada fora dos seus limites funcionais é uma enfermidade.
Trata-se portando, de uma relação doente que se estabelece entre o usuário e estes sistemas eletrônicos. No Brasil, as estatísticas são imprecisas, mas sabe-se que já é grande o número, especialmente de crianças e adolescentes enfermos que procuram consultórios de psiquiatras para se tratarem.
Do ponto de vista fenomenológico e comportamental, há muita semelhança entre os distúrbios compulsivos que ocorrem nestas atividades (jogos eletrônicos, internet, uso de redes sociais, telefones celulares, etc) com as compulsões verificadas entre os dependentes químicos (de álcool e outras drogas), pois em ambas as condições há um elo comum, qual seja o prazer ocasionado pelo uso destes atrativos. Neste sentido os estudos levam a crer que a área cerebral estimulada para a obtenção deste prazer é uma região denominada de área recompensa cerebral, uma minúscula região encontrada em áreas profundas do cérebro formadas por estruturas ricas em dopamina, um neurotransmissor indispensável a nossa saúde mental.
O grande desafio que a neurociência ainda não desvendou é distinguir o exato momento em que houve a transposição da condição de usuário funcional destes sistemas e se transformarem em viciados ou dependentes destas diferentes situações. De tal forma que, embora se saiba que existam as duas condições na utilização destes atrativos, nem sempre é fácil identificar o momento em que as pessoas adoecem.
O apego doentio às redes sociais tais como, facebook, twitter, orkut, Linkedin), já é identificado. No Brasil, campeão mundial de acesso a redes sociais é o país em que os usuários passam maior tempo conectados segundo, o último relatório do instituto ComScore. Aponta ainda que 90,8% dos brasileiros que acessam a internet acessam redes sociais. E vejam que apenas 37,8% dos brasileiros estão conectados à internet. As mulheres são as que mais os acessam estas redes, chegando a consumir 58% do tempo gasto em acessos a estas redes.
Um aspecto relevante nesta constatação é a comorbidade que há entre os dependentes destes sistemas, e doenças mentais previamente existentes, pois muitas destas pessoas que apresentam estes transtornos já tinham outras doenças que simplesmente desenvolvem através destes atrativos da internet. Neste caso o tratamento para a recuperação destas pessoas é bem mais complexo.